Category Archives: {#2023.Maio}

{#151.215.2023}

Quarta feira, dia do meio. Dia nim, nem não nem sim. Ou, para quem está ausente do trabalho, mais um dia igual aos outros.

Estou a recuperar do cansaço físico, não tanto do mental e emocional. Porque, sempre que penso em trabalho ou falo sobre isso, altero-me. E não é para melhor. E só de pensar em voltar a apresentar-me no local de trabalho me deixa mal disposta, ansiosa, nervosa. Porque sei que, assim que voltar, serei eu a próxima a abater. Dificilmente será de outra forma.

Amanhã é dia de tentar falar com a psiquiatra. E ser o mais honesta possível com ela. E não, ainda não me sinto capaz de voltar. E enfrentar tudo aquilo. Aquela gente…

Li hoje um email que foi enviado por quem já não está lá. Mas que conhece muito bem o poço dos infernos que é aquela casa. E as palavras que deixa só dão vontade de bater com a porta. Mas não o posso fazer enquanto não tiver alternativa. Por isso, mantenho o que tenho dito: um dia de cada vez. Sem pressa e sem pressão. Muito menos auto-imposta.

Sim, amanhã é dia de dizer que não!, ainda não estou bem. Porque não estou mesmo. Depois? Logo se vê…mas não, ainda não…

{#150.216.2023}

Terça feira tranquila e preguiçosa todo o dia. Um passeio até à praia ao final da manhã e aproveitar para apanhar Sol e armazenar Vitamina D.

Voltar para casa, nada a declarar o resto da tarde. Até ao final do dia, momento de esplanada. E, finalmente, ter uma conversa com uma colega de trabalho há já vários dias prometida, sem pressas. E ficar a saber que o meu local de trabalho está transformado num poço dos infernos.

Já sabia, há uns meses, que não estava muito bom. Não sabia que estava como está. Dizer que está mau é ser simpática. A verdade é que está pior do que isso…e eu não quero voltar para lá. Mas, aquilo que me pareceu ter-me caído no colo, teima em não desenvolver. Nem sim, nem sopas…e eu estou cansada da indefinição.

Sei que há um trabalho a fazer. Que tem que ser feito por mim. E não o tenho feito. Mas há alturas em que chego a duvidar que resulte…

Não vou pensar muito mais nisso por hoje. Amanhã logo se vê. Mas vai ser um bom dia. Porque eu quero que assim seja. Preguiçoso ou não, vai ser bom. O resto? Logo se vê…

{#149.217.2023}

Segunda feira que, para variar, começou cedo. Não de madrugada como quando vou trabalhar, é verdade, mas para quem está em casa foi cedo…

Sair de casa antes das 11h, ir confirmar o Yoga mais próximo de casa, voltar pelo caminho mais longo que significa passagem no paredão e ver o Mar ali tão perto. Apanhar muito vento e um bocadinho de Sol para armazenar a Vitamina D que tanta falta me faz neste momento… Voltar a cruzar o parque urbano vazio por ser dia de escola e trabalho. E confirmar que gosto mesmo muito do parque. E que, tê-lo à porta de casa, é um privilégio.

Três quilómetros e pouco depois, regressar a casa. Cansada, muito cansada. Porque estes 3 km, não sendo uma distância por aí além, são um esforço muito grande neste momento. Implicou, claro, várias paragens pelo caminho. Mas é preciso obrigar o corpo a mexer-se. E, se hoje custou, amanhã vai custar um bocadinho menos.

Amanhã? Logo se vê. Porque, ao contrário de hoje, não tenho nada programado, nenhum sítio onde ir. Mas vou mexer o corpo e tentar apanhar um bocadinho de Sol se o céu estiver azul.

Andar. Preciso de andar todos os dias um bocadinho. E, a cada novo passo, não me esquecer que isto é um processo doloroso e solitário, assim como também é lento, demorado…

Mas, se sobrevivi ao murro no estômago que aconteceu há exactamente um ano e que me deitou muito abaixo, também vou sobreviver a isto. São duas situações muito diferentes, eu sei, mas ambas me mexem onde dói mais: no lado emocional.

Neste momento, no entanto, para além do lado emocional também está afectado, e muito!, o lado físico. E, diz quem sabe, o lado espiritual… Aquele lado que eu levantei um bocadinho do véu mas ainda não tive coragem para explorar um bocadinho mais. Porque eu não tenho problemas em fechar portas. Mas tenho, claro, medo de as abrir…

Enfim…uma coisa de cada vez. Eu em primeiro lugar. Mas não me posso esquecer que o Eu é constituído por três campos, todos eles importantes, todos eles essenciais: o físico, o emocional/mental e o espiritual…

Perco-me tanto no caminho. Acho que quero alcançar tudo de uma vez só. Mas não me posso esquecer de que tenho que dar um passo de cada vez. Baby steps. E sem medo. Porque não estou sozinha. Deste lado ou do outro, nunca estou sozinha.

Cansada, sim. Muito cansada. E sem coragem para sair do cadeirão e aterrar na cama. Já sei que, do outro lado do Mundo, há quem esteja à espera de um sinal meu para confirmar que está tudo bem…

Mas por hoje já chega. Amanhã será melhor. Haja Sol ou não, amanhã será melhor. Porque eu quero que assim seja. Um passo de cada vez. Baby steps. Sem pressa nem pressão. Muito menos auto-imposta…

{#148.218.2023}

Domingo, aquele dia em que o despertador toca às 10h das manhã para ter a consulta com o terapeuta fofinho às 11h. Só que hoje, por qualquer motivo estranho acordei às 6h45, sem motivo e sem necessidade, depois de ter adormecido bem depois da meia noite e meia.

Depois da consulta, e estando sozinha em casa, acabei por adormecer no sofá. Dormi durante duas em meia e só não foi mais tempo porque acordei com calor…

Obriguei-me a sair de casa, como faço todos os dias, ao final da tarde. E, no regresso, tive uma conversa com a minha mãe sobre o meu estado actual. Ela diz que me entende e que já percebeu que eu não estou mesmo nada bem…e que não estou em condições de regressar ao trabalho…pelo menos não ainda. E recordou-me que, quando falar com a psiquiatra esta semana, tenho que pedir a renovação da baixa. Pelo menos mais uma semana, porque não!, eu não estou bem e preciso de recuperar um bocadinho antes de regressar ao trabalho…

O dia foi longo pelas horas a que, estupidamente acordei. Neste momento olho para o Relógio e penso que, já sendo 22h50, está mais do que na hora de recolher e enroscar.

Amanhã? Logo se vê. Mas por hoje já chega…

{#147.219.2023}

Sábado, em situações ditas normais, é aquele dia aborrecido da semana. Em que nada acontece. Onde não se via a lado nenhum. Hoje era suposto ser um dia de descanso. Mais um. Acordei muito cedo e pensei que a tarde fosse só para mim, para tentar dormir um pouco, porque não? Não aconteceu. Logo depois do almoço, que aconteceu cedo, saí. Era suposto ser só para configurar um acesso e fazer um envio de um documento.

Dei por mim num novo almoço fora de casa, numa esplanada muito barulhenta on de me custou muito permanecer. A minha cabeça está muito intolerante ao ruído e à confusão. Mas consegui ficar até ao fim. Não foi fácil, a vontade era sair de lá rapidamente. Mas o corpo muito cansado também não me iria levar longe dada a tremenda falta de energia.

Ainda houve lugar a visitar duas lojas. Passar lado uma eternidade e meia. E o meu corpo a arrastar-se devagar e com sérias dificuldades em mover-se…

Regressei a casa quatro horas depois de ter saído. E cheguei a ter dúvidas que conseguisse chegar.

Sim, o meu estado anímico está assim tão mau. Ninguém tem noção do quão cansada me sinto. Mas agora já entendo melhor o porquê deste cansaço extremo. Existem, de facto, razões para ele. E só descansar não é o suficiente. É preciso, com urgência, repôr os níveis do que está em falta e depois, sim, conseguir descansar e recuperar.

Hoje foi, novamente, um longo dia. Quatro horas fora de casa que me deixaram de rastos. Amanhã a manhã começa com o despertador a tocar às 10h. Mas acredito que, mais uma vez, vou acordar mais cedo.

É dia, também, de consulta com o terapeuta fofinho. E preciso tanto desse tempo em que posso verbalizar as minhas preocupações, os meus medos. Que, neste momento de cansaço extremo como nunca senti, existem. Preciso que alguém me oiça sem julgamentos e sem desvalorizar o que sinto.

Por hoje já chega. Preciso de dormir. Descansar para conseguir recuperar. Depois? Logo se vê…

{#146.220.2023}

Dia muito comprido. Demasiado comprido. Excessivamente comprido. Que começou às 8h da manhã e não pairou até agora, 22h40.

Não posso dizer que seja tarde. Não é. E muito menos é para uma sexta feira à noite. Mas são muitas horas de actividade e 6 km nas pernas. Podemos dizer-se que 6 km não é muito. E, de facto, não é. Mas quando se está em burnout e com uma anemia a que ainda acresce a Depressão, juntando todos os factores dar um simples passo que seja deixa-me de rastos. E é de rastos que me sinto. Muito, muito, muito cansada. É assim que estou.

Por outro lado, o dia foi passado em larga medida ao telefone. E isso faz-me bem. Conversar faz-me bem. E hoje, pela primeira vez, conversei de viva voz com alguém com quem converso por escrito há 20 anos. E foi muito bom, soube muito bem.

Agora? 20h45 é hora de parar e desligar por hoje. O corpo já aninhou, agora é acalmar a mente, desligar a cabeça e dormir. E preciso tanto dê dormir…!

Amanhã? Não será um dia tão exageradamente comprido como o dia de hoje. Será um sábado normal, daqueles sem agitação e habitualmente aborrecidos. E, às vezes, é preciso um dia assim para nos obrigar a parar. Como agora. Em que parar é a prioridade. Parar por mim. Porque em primeiro lugar estou eu…

Logo se vê como será o dia amanhã. Mas sei que fazer novamente 6 km a pé não vai acontecer…

22h50, hora de recolher, desligar e enroscar. Amanhã logo se vê…

{#145.221.2023}

Quinta feira. E o dia muito longo, que passou muito devagar, sem nada de extraordinário a acontecer.

Recebi os resultados das análises e, como previsto, uma série de valores estão abaixo do que é suposto. Ferro, Ácido Fólico e Vitamina D já viram melhores dias. Nada que suplementos, melhoria da dieta e Sol não resolvam. Até lá, é certo que esses défices justificam, em grande parte, o meu estado actual.

Tenho, mesmo!, que tratar de mim. Tarde toda passada sozinha em casa, tinha programado tentar dormir no sofá à tarde. Não aconteceu. Passei a tarde entre o sofá e o cadeirão, mas não consegui dormir. Consegui, isso sim, conversar com quem já não conversava há muito tempo. E que me recordou da importância de me priorizar. Pensar em mim. Tratar de mim. Foi muito bom, e importante!, falar com quem falei hoje. Passei a tarde nisto, para ser sincera. E, pela primeira vez, conversei também com um vizinho de quem pouco conheço e do pouco que, de facto, conheço não sou fã. Mas foi meia hora de conversa nas escadas que acabou por me saber bem. Porque me senti ouvida, compreendida e apoiada. Até porque não há como não ser apoiada. O que me fez fazer tilt e me trouxe a um processo de Burnout não foi inventado. Foi algo demasiado ridículo, mas foi real. Aconteceu de facto.

Já me têm apontado caminhos a seguir. Hei-de segui-los, mas não para já. A seu tempo. Para já a prioridade é recuperar da melhor forma. Recompôr-me física, mental e emocionalmente. E a vontade de chorar continua presente. Sem conseguir chorar…

O fardo emocional vai aumentando. O peso, a carga emocional é cada vez maior. Mas não consigo chorar. Acho que sequei as lágrimas em 2017 quando comecei a recuperar daquela Depressão Major que me levou a sítios muito estranhos. Já tive motivos para chorar desde essa altura. Nunca consegui fazê-lo. Como agora não consigo.

Do outro lado do Mundo está alguém que, sei, me daria colo. Mesmo sem pedir. E esse carinho e preocupação têm feito a diferença nos últimos dias. Nas últimas semanas. No último mês…

Não estou sozinha. Tenho várias pessoas de olho em mim. Sei que não me vão deixar cair. E isso é tão importante!

Mesmo não estando sozinha, mesmo sabendo que há níveis a precisar de reposição, mesmo com grande confusão mental e um grande peso emocional, mantenho o mesmo foco desde o primeiro dia: eu sou o mais importante! E, para recuperar, preciso de duas coisas: de tempo e de mim mesma. Um dia de cada vez. Sem pressa. Sem pressão. Muito menos auto-imposta.

Amanhã? Será mais um dia tranquilo. E será um bom dia. Porque eu quero que assim seja. E porque em primeiro lugar estou Eu! O resto é só isso mesmo: o resto. Cada for o seu tempo, será o seu tempo. Até lá, EU estou em primeiro lugar. Depois? Logo se vê…

{#144.222.2023}

Quarta feira. Dia do meio, aquele dia nim, nem não, nem sim. Mais um dia para perceber este meu estado actual. Não, não é depressão… Quanto mais vou lendo, quanto mais vou sentindo e mais vou percebendo o que faz disparar os níveis de stress, mais reconheço o Burnout.

Curiosamente, os níveis de ansiedade que, em mim, disparam tão depressa, estão tranquilos. Mas os níveis de stress disparam assim que o assunto é o meu trabalho…

E hoje foi dia de falar com uma colega de trabalho. Com quem não falava há precisamente um mês, no meu último dia de trabalho antes disto. E o stress disparou. Claro. Há já uns dias que não tinha dores de cabeça. Ao falar com ela voltou a dor de cabeça intensa… Mesmo ao fim de três horas ainda não passou…

Do outro lado do Mundo chega-me a preocupação e dicas de como ultrapassar isto. Recebo-as e vejo que em 8 pontos de recuperação apenas não cumpro duas: fazer exercício físico e encontrar formas de combater os níveis de stress. O exercício físico não é o meu forte e o meu estado anímico também não me ajuda a mexer-me. Sei que o devia fazer, claro. Mas não o faço. E encontrar formas de combater os níveis de stress…não sei fazê-lo. Não sei como bloquear os pensamentos intrusivos, não sei como não contar o tempo que ainda tenho de baixa que não sei se será prolongada ou não, não sei como lidar com tudo o que se passa comigo neste momento…

Já sei que é um dia de cada vez. Já sei que preciso de tempo. Já sei que não posso pensar em trabalho. Já sei tudo isso. Mas não sei como fazer ou o que fazer para sair disto. E, preferencialmente, sem grandes danos colaterais…que não sei, ainda, se terei.

Tempo. O meu principal aliado. Um dia de cada vez. E desligar a cabeça…

Hoje foi dia de confirmar que, de facto, o gatilho de tudo isto foi o trabalho. Não o trabalho em si. Mas quem está à frente de uma equipa. E não sabe fazê-lo…

Hoje acabou por não ser um dia dos melhores. Porque falei de trabalho. E não posso. Amanhã? Recuso falar do mesmo assunto. Será melhor. Porque tem que ser melhor…

{#143.223.2023}

Terça feira e já muito cansada. Manhã novamente de volta à vila com regresso pelo caminho mais longo. Ver, novamente, o Mar. E perceber que está mais tranquilo do que eu. Mar quase chão, quase sem ondas. E eu num reboliço interno.

Voltares a atravessar o parque. Que, em pleno dia da semana e perto da hora de almoço, estava vazio. Vazio de gente, apenas! Porque, a julgar pelo canto dos pássaros, há uma imensidão de vida por ali. Ontem foi dia de me cruzaram no caminho de um escaravelho. Hoje foi apenas um melro, mesmo ouvindo à distância tantos outros que não sei identificar. Mas confirmei aquilo que nunca tinha parado para pensar: há tanto vida naquele parque mesmo quando está vazio de gente.

Mais um dia a cozinhar o que vai na minha cabeça. Que não encontra descanso porque não desliga. E o tempo que passa e o calendário que começa a apertar. E a ansiedade de ter que regressar a um sítio on de já não sounds feliz. E não quero voltar lá…

Não estou sozinha. Não posso esquecer-me disso. Mas custa estar dentro da minha cabeça neste momento.

Amanhã? Logo se vê. É tentar dormir, descansar e não pensar. Acima de tudo não pensar. Depois? Logo se vê… Mas amanhã será melhor. Porque eu quero que assim seja…

{#142.224.2023}

Dia muito comprido, o de hoje. Análises feitas, uma ida aos Correios enviar uma encomenda que chegou durante o fim de semana, o regresso a casa pelo caminho mais longo. Foram quase 5 horas fora de casa de manhã. O suficiente para fazer o que tinha que fazer, ver o Mar de quem tinha tantas saudades e cansar o corpo. E, ao mesmo tempo, tentar distrair a mente.

Claro que cheguei ao final do dia cansada mas ainda com aquela estúpida vontade de chorar. Uma carga emocional pesada que tem que ser aliviada, diz-me o terapeuta fofinho. Tenho que chorar, diz-me ele. Mas, na verdade, portanto muita vontade que tenha simplesmente não consigo…

Depois disto, o sofá, claro. E, antes de voltar a sair, um telefonema de 73 minutos que começou em casa e terminou na esplanada.

O outro lado do Mundo continua presente, a todas as horas dentro da diferença horária. As novidades que quero receber é que continuam a tardar. Mas, mais dia menos dia, irei receber qualquer feedback.

O tempo vai passando. E sei que dia 7 de Junho o mais certo é ter que me apresentar no local de trabalho. E não me sinto em condições para isso. Nem preparada. Muito menos recuperada. A verdade é que não sei como sair disto nem o que serei depois disto

O urgente, para já, é descansar. Dormir. Amanhã? Logo se vê…

{#141.225.2023}

Domingo, dia de consulta com o terapeuta fofinho. E hoje, ao contrário do que tem sido hábito, não foi uma consulta tranquila. Foi, claro, o reflexo daquilo que estou neste momento: inquieta, irritável, intolerante. Não que tenha sido isto para ele, nada disso. Mas fiz questão de dizerem como isto está comigo: difícil.

Disse-lhe que, quando chega o final do dia, só me apetece chorar. E esta noite não está a ser diferente. Diz-me ele que, da forma como estou, preciso de descarregar a carga emocional que carrego. E simplesmente chorar quando sentir vontade. A questão aqui é que há muito tempo que deixei de conseguir chorar. E sei que, se ele estivesse mais próximo, seria fácil de o fazer com a ajuda dele. Que me ajudou tantas vezes a deitar tudo cá para fora, mesmo em situações difíceis em que era preciso descarregar o peso da carga emocional. E, se me ajudava a começar a chorar, também me ajudava a regressar, a acalmar, a parar.

Mas a verdade é que ele está a 300 km de distância. E, apesar de ser possível manter o trabalho terapêutico, falta a presença física…

O que foi que fiz o dia todo? Acordei a meio da noite, voltei para a cama, acordei a horas para a consulta, voltei para a cama, acordei para almoçar à hora do lanche, fui à rua ao café, dei a volta completamente ao quarteirão, voltei para casa, tratei da encomenda recebida, estive no cadeirão, estive no sofá, fui permitindo que os 5.726 km fossem avançando um bocadinho mais naquilo que nem eu sei muito bem o que é mas que me sabe tão bem. Ou seja, não fiz nada…mas sinto-me muito cansada… Dizem-me que, na minha situação actual, é normal continuar a sentir-me cansada, fazendo parte.

Mas já passa das 23h50m. Está mais do que na hora de recolher e enroscar. E tentar não pensar. Um dos trabalhos de casa do terapeuta fofinho para esta semana é, precisamente, criar estratégias para desligar a cabeça e não pensar. O que, para um overthinker como eu, é extremamente difícil…mas vai ter que acontecer.

O sono está a apertar bastante, por isso vou aproveitá-lo e tentar dormir rapidamente. Amanhã é dia de acordar cedo, é dia de análises. Por isso, sim!, vou dormir já. Quem está à minha espera do outro lado do Mundo, com um fuso horário com 5 horas de diferença, vai ter que esperar até amanhã.,.

E amanhã será melhor. Porque eu quero. Porque eu mereço. Porque sim.

{#140.226.2023}

Sábado. Acordar cedo para começar o dia com um TAC Craneo Encefálico para tentar perceber o porquê da dor de cabeça intensa e persistente. Sei que o resultado vai ser limpo. Sei porque não imagino que possa ser de qualquer outra forma. Vai-se perceber que, a dor de cabeça intensa e persistente, nada mais é do que o cansaço acumulado, o burnout, o não conseguir desligar a cabeça quando tudo o que preciso é desligar do que me está a fazer mal e, de facto, descansar.

A noite de ontem não foi fácil até finalmente adormecer. A cabeça a mil e a vontade de chorar. A cabeça a mil e o enjôo. No fundo, a cabeça a mil a dar cabo de mim…

Hoje o cenário repete-se. Com uma intensidade um bocadinho menor. Mas, chegada a noite, veio também a vontade de chorar.

Já passa das 23h30m. Já devia estar a dormir. Mas, novamente, a cabeça a mil…

Não me posso esquecer: em primeiro lugar estou eu. E sigo um dia atrás do outro. Um passo de cada vez. Baby steps. O resto? Logo se vê… Agora o que importa é a minha saúde, física e mental. O resto é só isso mesmo: o resto.

Amanhã? Dia de consulta com o terapeuta fofinho. E depois tentar voltar a dormir. Porque hoje, quando cheguei a casa depois do exame, já não consegui desligar a cabeça e dormir mais um bocadinho… Mas amanhã vou tentar fazê-lo. Porque preciso. Tanto. Preciso de tempo para mim. Preciso de me reencontrar. Porque esta que todos os dias anda por aí, que se arrasta por aí, não é a plenitude do que sou. Sou muito mais e muito melhor do que isto...

Dizem-me que vou melhorar. Que vou dar a volta a isto. Não duvido. Mas tenho pressa. E não a posso ter. Sinto pressão de todos os lados. E não posso deixar que essa pressão me incomode. Mas ela existe. E sim!, incomoda. Bastante! E não pode…

Chega por hoje. É hora de ir para a cama e tentar desligar a cabeça. E dormir por exaustão…

{#139.227.2023}

Das coisas boas de hoje: os Jacarandás, claro.
Das coisas menos boas de hoje: andar a mil desde as 10h30m da manhã, serem 22h55m e ainda não ter conseguido desligar a cabeça que, claro, está a mil desde esta manhã. Ou desde ontem. Ou desde sei lá eu quando… E, ao chegar a esta hora, percebo que, por causa do cansaço, só me apetece chorar…

Dizem-me que eu tenho que “stop thinking“. Mas eu sou uma overthinker, não há nada a fazer. E ainda não encontrei o interruptor para deixar de pensar…

Vontade (doida) de chorar, apenas e só porque estou cansada. Muito cansada. Exausta…

Mas depois lembro-me das várias coisas boas do dia de hoje. Não foram só os Jacarandás. O almoço de sushi. O ir onde fui fazer o que fiz. O falar com dois ex-supervisores que me fazem tanta falta mas já saíram daquele lugar do demo. E ambos dizerem-me a mesma coisa: pensar em mim primeiro.

Sim, só me apetece chorar. Mas também isto vai passar. Amanhã começa-se o dia logo cedo com um TAC para tentar entender a dor de cabeça. Depois? Lamento, mas o sofá será o meu melhor amigo.

Agora, vou só ali tentar desligar a cabeça. Se encontrar o interruptor…

E não me posso esquecer de outra coisa boa do dia de hoje: é dia 19 e dia de Lua Nova. Altura de fecho de ciclo, início de outro. E esse novo ciclo tem tudo para correr bem.

{#138.228.2023}

Quinta feira e não me lembro do que se passou o dia todo. Aliás, não houve nada a acontecer durante o dia que fosse digno de nota. Acordar cedo, sair de casa para comprar algumas coisas que precisava, ir à esplanada do costume e encontrar a Shara, 8 anos de Rafeiro Alentejano. Um bocadinho de conversa, um café, voltar para casa. Sei que tudo isto aconteceu de manhã, mas não tenho das horas a que aconteceu. O resto do dia? Não se passou rigorosamente nada…

Por um lado, é disto que estou a precisar: dias que não obrigam a grande esforço, seja físico ou mental. Por outro lado, faz-me falta a rotina de sair de casa, de ir trabalhar, de interagir com mais pessoas. Faz-me lembrar os tempos do início da pandemia em que, de repente, me vi obrigada a reajustar os meus dias. Mas aí fui eu e toda a gente. E, apesar dessa realidade estranha, havia trabalho para fazer, ainda que de forma remota. Agora, sei que também há trabalho para fazer e, de facto, sinto-lhe a falta. Mas ainda não me sinto em condições de o enfrentar. Não o trabalho em si, mas o que o envolve…

Ainda tenho algum tempo para recuperar. Ainda tenho algum tempo para mim. Ainda tenho algum tempo para uma mudança de paradigma. Mas, como sempre, baby steps e um dia de cada vez.

Amanhã? Logo se vê como será, como corre essa tentativa de mudança de paradigma. Por agora não quero pensar muito. O friozinho na barriga está cá. E o que tiver que ser…será.

Mas, e não posso esquecer-me!, em primeiro lugar estou eu. Sem pressa e sem pressão. De ninguém. Muito menos minha.

{#137.229.2023}

Quarta feira. And good things come to those who wait. Mas, acima de tudo, coisas boas chegam para quem faz por isso. E se, há umas semanas, não procurei o que me caiu no colo e que sei que quero, não tendo ainda resposta tanto tempo depois, comecei a mexer-me. Porque, também não há muito tempo, dizia que estava bem onde estou. Mas já não o consigo dizer. Por isso, está na hora de me mexer.

Talvez uma coisa leve à outra. Talvez nenhuma leve a lado nenhum. Não sei. Mas, e é mais do que notório, ficar onde e como estou já não é solução.

Agora? É esperar. Sexta feira mexo mais um bocadinho na direcção que quero. Depois? Logo se vê.

Amanhã será um dia bom. Hoje não foi mau de todo. Apesar de ter acordado demasiado cedo, consegui, pouco depois, fazer aquilo que preciso tanto: dormir! Pode, às vezes, parecer uma perda de tempo. Mas, neste momento, não é. É tudo o que de mais urgente preciso. E, amanhã, se conseguir repetir vai ser muito bom.

Depois, já se sabe: logo se vê.

{#136.230.2023}

Terça feira. Ando um bocadinho perdida no calendário, mas não me posso esquecer de que hoje é terça feira. Não sei se ainda, não sei se . Só sei que é terça feira.

Já não sei bem há quantas semanas estou em casa, se duas, se três. Talvez sejam duas mas também não me apetece ir confirmar. Dá-me igual. Até porque até dia 6 de Junho ainda falta algum tempo.

E ainda tanta coisa pode acontecer. E quero, muito, que aconteça! Não depende de mim, claro, mas faço o que me compete fazer. O resto logo se vê.

Entretanto, do outro lado do Mundo, a 5.726 km, num fuso horário com 5 horas de diferença, continuam a chegar as palavras, as promessas. Não pode, claro, chegar muito mais. Mas, seja isto o que for, mantém-me ocupada, mantém-me entretida, talvez até um pouco distraída. E sim, está a saber-me bem.

A dor de cabeça continua presente. Hoje, com nova medicação, teve algum tempo de ausência. Mas está a ameaçar regressar. Não há nada que possa fazer, para já, para aliviar. Depois do exame de sábado e das análises de segunda feira logo se vê…

Agora é hora de fazer uma das coisas que estão ao meu alcance para que algo de bom aconteça. Há outra coisa que cabe a mim fazer mas que tenho, estupidamente, posto de parte. Mas tenho que regressar a ela, sem falta. Porque há coisas que só me cabe a mim fazer… E desenrolar este novelo que me prende há tanto tempo é uma delas.

Não prometo retomar essa acção ainda hoje. Mas de amanhã não vai passar. Não pode passar. Porque não adianta apenas dizer que quero alguma coisa. Também é preciso fazer por isso e demonstrar essa vontade. E isso está nas minhas mãos.

{#135.231.2023}

Segunda feira e dia de consulta com a médica de família. Finalmente ser observada, medicada para as dores de cabeça e encaminhada para TAC e análises. Subir à balança e perceber que, de Dezembro para cá, se perderam algures pelo caminho 5 kilos sem esforço. Também pode não ser bom sinal, eu sei. Mas estavam cá a mais…

Muito cansada e ser ter conseguido descansar durante a tarde. Pelo menos a cabeça… O corpo aninhou no sofá, mas não o tempo suficiente para parar a cabeça que esteve sempre a mil. E, claro, a dor de cabeça intensa presente…

Já não falta muito para fazer o exame e as análises. Até lá é preciso conseguir descansar…

Já devia estar a dormir. Mas a agitação interna mantém-me demasiado desperta…Muito cansada, mas demasiado desperta…

Amanhã não há, como houve hoje, necessidade de acordar cedo com hora marcada. Por isso vou tentar simplesmente dormir… Depois? Logo se vê…

{#134.232.2023}

Domingo. Daquele longos que começam cedo e acabam tarde mas em que nada se passa para além da consulta semanal com o terapeuta fofinho.

Vale-me, claro, o que se vai passando a 5.726 km de distância e um fuso horário com 5 horas de diferença. O que se vai passando lá mas que está directamente ligado ao que se passa cá.

Há quem diga que palavras são só palavras. Mas, e agora digo eu, é com as palavras que se comunica. E, através dessa comunicação, podem nascer coisas bonitas. Boas, para já, estão a nascer todos os dias. Bonitas só o tempo saberá se serão.

23h25m. Já devia estar a dormir, amanhã é dia de acordar cedo para, finalmente, ser vista pela médica de família. Questionar este cansaço e a constante dor de cabeça. Vamos ver…

Agora, vou ligar-me a um fuso horário com 5 horas de diferença por um bocadinho. Amanhã? Logo se vê.

{#133.233.2023}

Sábado e a dor de cabeça todo o dia presente e intensa…

Ainda muito atrapalhada com o bicho que me apanhou, mas continua a ser um resultado negativo. E só isso já é bom.

De resto, a vida vai acontecendo entre a cama, o sofá e o cadeirão… Com uma breve ida à esplanada do costume, de onde fugi rapidamente.

De resto, amanhã será melhor. E depois? Logo se vê.

{#132.234.2023}

Sexta feira. E uma noite dormida por inteiro. Acordar cedo. Tomar o pequeno almoço. Ir beber o primeiro café na esplanada do costume. Voltar para casa. Como sempre, tudo a grande custo. Depois disso? Alternar entre o cadeirão na varanda e o sofá a fazer de conta que vejo televisão.

Muito apanhada do nariz, não páro de espirrar. A febre, mesmo baixinha, a fazer-se presente. Em compensação, a dor de cabeça que resolveu não chatear muito.

Resto do dia passado em casa. Não fazer nada, mesmo que sem dormir durante o dia, também é descansar. E é disso que preciso. Disso e de resolver na minha cabeça o que me trouxe até este ponto. E tentar não pensar. Nem pensar demais, nem pensar, ponto.

Sei que preciso de ajuda. E sei que a vou ter. Porque processar isto sem ajuda não é possível. Felizmente, não estou sozinha. Não só tenho acompanhamento especializado a nível clínico como também tenho relatos de quem já passou pelo Burnout. E que me garante que sim!, é possível sair deste estado absurdo de exaustão física e mental.

Mais um dia que passa. E os 5.726 km de distância continuam tão perto. As 5 horas de diferença no fuso horário fazem um bocadinho de confusão. Mas, para já, ajustam-se os dias. Onde é que isto nos vai levar? Não sei. Mas também não tenho pressa. Como no processo de Burnout, aqui também se aplica aquela velha máxima de ser um dia de cada vez.

Não, não tenho pressa. De nada. E o que tiver que ser será. Para já a minha prioridade sou eu. Recuperar desta gripe/constipação/infecção-respiratória/riscar-o-que-não-interessa, recuperar do Burnout. E depois, quando estiver bem, regressar à rotina. De preferência com novas armas e novas capacidades para lidar com o que me derrubou.

Hoje, sexta feira, está a chegar ao fim. O fim de semana promete a continuação do que tivemos toda a semana: nortada. Vento forte. Daquele que incomoda e arrefece. Por isso o mais certo é continuar sem sair de casa. Apetece-me (muito) ir até à praia, mas não com este vento. E já sei que, para ir até lá, tem que ser devagar, com tempo, sem pressa. Um dia destes vou até lá, sem falta.

Agora? Sendo 21h40 cá, são 16h40 lá. Ainda se trabalha. Mas por aqui fecha-se o dia. Amanhã? Logo se vê. Mas, dentro do que me é possível, será um bom dia. Porque eu quero que assim seja. E a primeira prioridade sou eu. O resto logo se vê. O resto é só isso mesmo: o resto.