Há um ano queria {ser} uma estrela do mar.
Há um ano deixava, aos poucos, de falar.
Afinal, as estrelas do mar não falam.
Há um ano era o vazio. Físico. A ausência. As ausências. Porque me faltava tanto mais do que o vazio que trazia comigo.
Também por isso as palavras se ausentaram.
Hoje. Hoje tenho vontade de falar. Falar o que ficou por falar deste dia de há um ano. Mas, também hoje, não falo. Não pela ausência das palavras. Simplesmente porque não. Porque já passou tanto tempo. Porque, se calhar, não faz sentido. Ou faz. Já não faz. Faria. Para mim faria. Mas não. Não falo. Não falarei. A menos…
A menos que nada. Um ano depois, o mesmo que há um ano. Nada. Vazio. Ausência.
Hoje. Lua Nova. Um silêncio gritante. Um primo quase a chegar. O fecho de um ciclo. O início de um novo. Out with the old. In with the new.
…e uma cabeça que não pára, não desliga. Não abranda, não sossega. Fora de foco, novamente. Focada no último ano que já é mais do que 365 dias. O que de bom aconteceu, mas sobretudo o menos bom. E, também, aquilo que inicialmente pareceu ser bom mas que se tornou numa espécie de dor de cabeça que podia ter sido um pesadelo por causa de abusos que não são meus. Dor de cabeça da qual quero, mais do que nunca, desligar-me de vez. Porque “o problema não és tu, sou eu” só que ao contrário. Porque o problema não sou, definitivamente, eu. És mesmo tu. E esse uso e abuso doentio da ausência da realidade.
Lua Nova. Repito. Para mim.
E sim, quero.
E não, não quero mais.
E quero falar. E não quero chorar. E quero soltar-me. E quero entregar-me. E quero libertar-me. E quero. Sim, quero. Um dia de cada vez. Um passo atrás do outro atrás do um. Devagar. Porque, digo-me tantas vezes, não tenho pressa. Nem tenho Tempo para perder Tempo.