Daily Archives: 04/04/2024

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Acordar de manhã sem televisão, telefone e Internet… Saber que só amanhã poderá estar resolvido. Perceber que estou completamente desligada do Mundo. Não poder comunicar. Com ninguém. Ter que ir até à esplanada do costume beber café só para ter acesso ao Wi-Fi. Sim, posso dizer que estou demasiado dependente da Vodafone para poder ter acesso às minhas pessoas, aquelas que me acompanham todos os dias sem excepção. Mesmo que não se diga nada de jeito. Não interessa. São essas pessoas que me fazem sentir que, apesar de estar em casa desde Setembro, ainda pertenço ao Mundo. São essas pessoas que me impedem de pensar porque é que ainda estou aqui. E, também por isso, são 22h15m e eu voltei à esplanada do costume onde raramente, muito raramente, venho a esta hora…

O dia passou demasiado devagar. Nem à música tive acesso. E essa parte custou bastante. Porque eu já não sei estar sem música. É, provavelmente, ruído que abafa o barulho que vai dentro da minha cabeça. Não sei. Sei que, sem música, o barulho na minha cabeça deixa-me muito desconfortável…

À tarde, o desafio da minha mãe: uma caminhada até ao parque. “Até onde conseguires ir”, disse-me ela. E, de repente, com maior ou menor dificuldade, chegámos ao paredão para ver o Mar. Porque eu sou teimosa e vou sempre um bocadinho mais além do desafio que me é proposto. Para lá, não houve grande dificuldade. Mas, para voltar, as pernas já não obedeciam correctamente.

Todo o dia me queixei. Dor de costas logo ao acordar como acontece todos os dias, dor de cabeça que não me larga, dores nas pernas que teimam em se fazer sentir todos os dias. Agora? Não sei muito bem como consegui vir de casa até ao café e vou ter que regressar daqui a pouco sozinha. Dói-me tudo. Sou aquilo a que costumo chamar de “poço de dores”. Eu sei que preciso de caminhar. Não o fazia desde Janeiro por causa do frio e da chuva. Mas agora, com a Primavera a instalar-se, tenho que retomar os passeios até ao paredão. Mesmo que me custe muito e chegue a casa muito cansada e com vontade de chorar…

Mas a vontade de chorar está cá sempre. Porque ainda não aceitei o que me apanhou na curva e muito menos entendo. A única coisa que me é óbvia é que as dificuldades aumentam todos os dias…

Enfim…amanhã é dia de fisioterapia. Novamente vou dizer que não aguento mais. Que tudo me dói. Que sinto que as minhas pernas não me obedecem. E os desequilíbrios continuam demasiado presentes.

Já sei que ainda não há diagnóstico fechado porque os resultados dos exames ainda não estão todos disponíveis. E, sem diagnóstico, não há medicação. E toda a gente me diz que a medicação me vai ajudar. E é só isso que eu quero…que alguma coisa me ajude!

Não, estar isolada do Mundo não me faz bem. Mas andar, como ando!, ao sabor do vento, também não me ajuda nada.

Só peço que não me larguem a mão agora. Porque, sozinha, já sei que não aguento…