Sexta feira. Embora todos os dias sejam um longo dia de fim de semana, só mudam um bocadinho as actividades. E hoje foi, mais uma vez, dia de fisioterapia.
São já perto de 30 sessões realizadas e faltam apenas 4 a serem realizadas no hospital para terminar a fisioterapia hospitalar. De seguida, mantém-se a fisioterapia em clínica. Não sei ainda por quanto tempo nem quantas sessões serão. Mas, na verdade, são já notórias as melhorias.
Até há bem pouco tempo eu própria não sentia nem via essas melhorias. Mas já me diziam que sim, que estava melhor. Fisioterapeutas, médicos, bombeiros, a minha mãe, o professor de Yoga, toda a gente via. Menos eu. Que sou sempre a última a ver em mim o que é positivo. E desta vez não foi excepção.
Lembro-me de, em Dezembro, ao voltar do paredão apoiada à minha mãe, já com dificuldade em manter o caminhar equilibrado, ao ver a minha dificuldade o Meu Um, Metade do Meu Tudo, ter olhado para mim e ter dito: “oh tia, não te preocupes. Um bocado de fisioterapia e isso fica bom outra vez!”. E, como sempre, o Miguel tinha razão.
Não sei se vou conseguir ou não largar a bengala. Esta parte está mais ligada à parte psicológica do que à parte física. Porque, para variar, tenho medo. Sei que já fiz perto de 3 km sem bengala e sem apoio, mas não estava sozinha e, para manter o equilíbrio, bastava-me esticar o braço e tinha ali a minha mãe. Sei que disse à fisiatra que o meu objectivo é, de facto, largar a bengala. Mas também me lembro da resposta dela: “com as lesões que tem, não sei se vai conseguir”…
Logo se vê. Para já continua a ser um dia de cada vez. Na quarta feira já voltei do Yoga sozinha, ao fim de vários meses sempre na companhia da minha mãe, primeiro agarrada a ela para me equilibrar e depois, já de canadiana e posteriormente a bengala, porque não me achava capaz de fazer o caminho sozinha novamente. Mas fiz. E, amanhã, voltarei a fazê-lo.
Sim, já sinto e vejo melhorias. Felizmente. Ainda há algum trabalho a fazer, mas aquele que eu achava ser o mais difícil, voltar a ter equilíbrio a caminhar, está bem encaminhado. Não diria concluído porque tenho noção que posso regredir. Mas, sim, está muito bem encaminhado. E só posso agradecer à equipa que tem tratado de mim. Eram estagiários? Ainda a terminar o curso? Eram. Mas souberam fazer o seu trabalho muito bem. E, apesar de ter havido dias de trabalho pesado, também houve espaço para rir e brincar. E isso foi tão importante.
Aquela porta ainda se irá abrir para mim mais umas poucas vezes. 4, se não estou em erro. Mas foi para lá daquela porta que reaprendi a andar, que recuperei o equilíbrio e que reencontrei uma parte de mim que julgava perdida. E foram perto de 30 passagens para lá daquela porta que valeram muito a pena…