Domingos em Belém lembram-me sempre passeios em família, com visita aos Pastéis de Belém, corridas pela relva, fotografias junto à fonte luminosa.
Mas os meus domingos em Belém em idade adulta são outros. São sempre a incerteza, se vou ter vaga ou não para fazer uma feira que agradeço pelos turistas mas que abonimo pelo ambiente, pela vizinhança, pela falta de critérios e até de coerência.
As manhãs dos meus domingos em Belém são sempre longas, de um humor nem sempre aconselhável. E hoje não foi excepção.
Mas os meus domingos em Belém também têm coisas boas. Têm o sentar na relva, o encostar às árvores e descontrair o suficiente para absorver da relva e das árvores todo um outro estado de espírito.
É deixar-me ficar ali, encostada às oliveiras, a tocar na relva, a olhar para o céu por entre os ramos. É encostar-me a um tronco retorcido pela idade e deixar-me levar pela música. É simplesmente estar ali, assim, quieta, por uns minutos. E {quase} tudo melhora nos meus domingos em Belém.
E é chegar ao final do dia e descobrir carimbos. Esculpidos em pedaços de madeira com motivos indianos. Carimbos tal como os que procurava há tanto tempo.
E se hoje de manhã jurava que não voltava a repetir os meus domingos em Belém, chego ao final do dia com vontade de voltar. Por um único motivo: carimbos. E só por isso hoje valeu a pena mais um domingo em Belém.