Monthly Archives: March 2024

{#091.276.2024}

O programa para esta tarde, depois de uma noite muito má, difícil e complicada, era simples: enroscar no sofá e ver, na televisão, o filme que não consegui ir ver ao cinema, O Mistério do Colar de São Cajó.


Vi o início e não devo ter conseguido ver mais de 10 minutos (se é que chegou a tanto) antes de adormecer. Quando acordei, ainda apanhei a frase “bem-vindo ao final do filme, Eduardo”. E mesmo depois disso não vi nada. Ou seja, mais uma vez se confirma que eu e o meu sofá temos tido uma relação muito próxima. Demasiado próxima.

A noite ontem não foi nada fácil. Uma dor de cabeça intensa e persistente como há muito tempo não tinha. Aliás, tão forte, intensa e desesperante como a de ontem à noite acho que nunca tive. Ao ponto de não conseguir dormir descansada, sempre hipervigilante até que, às 3h30 da manhã, não deu mais e chamei por ajuda. Não sei que medicação posso ou não tomar para além do Ben-u-Ron que tem o mesmo efeito que beber um copo de água. Segui então as indicações da médica de família quando, há um ano, comecei a ter dores de cabeça intensas e persistentes que duraram pelo menos dois meses: Nolotil. A verdade é que pode ter demorado um bocadinho mais do que eu gostaria, queria um efeito imediato, mas às 4h15 da manhã a dor de cabeça aliviou e consegui, finalmente, descansar.

O que é que causou tamanha dor de cabeça? O tempo que passei ao telefone? Não sei, mas foi aí que começou. Está relacionado com isto que me apanhou na curva? Não faço ideia. Na minha situação o Nolotil era o mais adequado? Se calhar não, mas até no Hospital me deram Nolotil na veia quando fui à urgência com dores de cabeça intensas mas ainda sem sequer suspeitar que tinha o que tenho.

Até indicação em contrário, já sei ao que recorrer. E o Mistério do Colar de São Cajó vai ter que esperar mais um bocadinho.

{#090.277.2024}

Ainda sobre o jantar de ontem: não posso dizer que foi bom, mas tenho que dizer que foi MUITO BOM. Nunca menos que isso.

Confirmei que sou uma miúda de sorte. De muita sorte. E ontem, ao juntar 15 pessoas, percebi isso. E percebi também que não são apenas pessoas que gostam de mim. São pessoas que gostam MUITO de mim.

Houve surpresas muito boas, começando logo com a presença da Maria Inês de 8 anos que ainda não me conhecia mas que, mal chegou, a primeira coisa que fez, depois de se apresentar, foi dar-me um abraço apertadinho e dizer “tu és muito fofinha”. Eu sei que sou conquistada muito facilmente, basta um abraço apertadinho com 8 anos de idade e umas palavras doces e ficamos amigas para sempre.

Houve mais surpresas. Muitas. Algumas que me deixaram sem palavras (e isso em mim é difícil de acontecer). Houve recordações com 30 anos, houve criação de novas memórias.

Quem esteve presente talvez não se tenha apercebido, mas eu estava bastante emocionada e, como sempre, a esconder as emoções daquele meu jeitinho bruto que ainda ontem foi recordado 30 anos depois.

Já o disse acima: sou uma miúda de sorte. De muita sorte. E consegui ter junto a mim e por minha causa Amigos que gostam de mim. Ou, como me disse o Pedro já em casa, “que gostam muito de ti”. E gostam. E eu sou tão grata por ter cada um deles por perto.

Não escrevi mais cedo sobre o jantar porque ainda estou na ressaca das emoções de ontem. E que foram tão boas. Mas tinha que escrever, claro. Porque, no meio do carrossel (tantas vezes manhoso) que é a vida, o que realmente importa é isto: estar com as pessoas que gostam muito de nós.

Eu não queria prendas, mas tive-as. Queria presentes. E, para além de mim, estiveram ali presentes mais 14 pessoas por minha causa. E foi tão bom.

Como disse, ainda estou a ressacar das emoções de ontem. Muito obrigada a todos os que estiveram presentes. E agora peço-vos: o que aconteceu n’O Norte da China fica n’O Norte da China, mas podemos repetir rapidamente.

Muito obrigado aos 14 magníficos que me confirmaram que sou uma miúda de sorte. E que sim!, tenho por perto muita gente que gosta de mim.

{#089.278.2024}

Sou uma miúda de sorte e tenho, à minha volta, muita gente que gosta de mim e eu não tinha noção do quanto…

{#088.279.2024}

Manhã de acordar muito cedo e sair para tratar de burocracias e perceber que há leis que não fazem sentido. E quando mexem com baixas médicas ainda menos sentido fazem.

Segurança Social, Centro de Saúde, Hospital. Muitas voltas dadas em menos de 4 horas. E, claro, não aguentar as voltas da manhã e adormecer antes do almoço. Dormir 3 horas porque a fadiga me derruba. Porque agora, para além de tudo o resto, também a fadiga me acompanha. E fadiga e cansaço, tenho aprendido, não são a mesma coisa… A fadiga pesa demasiado e condiciona…

Mas não me apetece pensar nisso agora. Mas tenho que programar muito bem o dia de amanhã. Começo a manhã com uma aula de Yoga de duas horas para compensar a aula cancelada pelo mau tempo ontem. Logo de seguida Yoga Nidra. Meditação e relaxamento profundo. Já sei que, quando chegar a casa, vou querer e precisar de dormir. Só assim vou estar em condições para o meu jantar de aniversário que está marcado para as 21h em Lisboa.

Sábado não tenho nada programado a não ser descansar e um café com um amigo à tarde. Espero não ser um dia difícil no que diz respeito à fadiga. Logo se vê.

Agora é hora de enroscar e aninhar e sentir, à distância de um clique, aquele abraço quentinho e protector que todas as noites me aconchega e onde eu gosto tanto de ficar.

{#087.280.2024}

E depois há aquele dia em que, a meio de um exercício simples de fisioterapia em que tive algumas dificuldades, isto nem a meio da sessão íamos, o fisioterapeuta te diz para descansar, olha muito sério para ti e diz “não sei o que se passou consigo, mas hoje está muito pior do que na segunda feira passada”.

Pois estou…e até que enfim que alguém, que não eu, notou.

Enfim…já sei que melhorar é difícil, ficar boa novamente não vai acontecer e, o que me resta fazer, é ir vivendo um dia de cada vez e aprendendo todos os dias… Seja!

Não, não estou melhor. Não, ainda não tenho acesso a medicação porque os resultados dos exames não estão prontos. Ando a viver ao sabor do vento.

E, entretanto, chega mais uma marcação de consulta. Uma nova especialidade. Neuropsiquiatria. Onde mais testes e mais exames vão ser feitos. Já estou por tudo. Se me dizem que tenho que ir, eu vou. Mas, que já estou cansada deste carrossel, estou.

Fui apanhada numa curva. Não fiz nada para ter tudo isto que agora me acompanha e que é para sempre. E sim, sinto-me um pouco perdida. Felizmente, já encontrei quem me entenda porque já está diagnosticada há algum tempo e entende tudo o que estou a passar. É um conhecimento recente, referenciada por uma amiga comum e tem tudo para ser muito importante neste percurso.

Novamente: um dia de cada vez. Não mais do que isso. Depois? Logo se vê. Mas o que me espera é tudo menos bom…

{#086.281.2024}

47 hoje. Ou 27 com 20 de experiência, como queiram. Porque, se eu ontem não me sentia com 46, não é hoje que, à força da data, me vou sentir com 47.
Parei nos 27. Fui acumulando anos de experiência e assim vou continuar.
O que estava programado para hoje, picnic no parque ao almoço com os meus sobrinhos, não foi possível concretizar devido ao mau tempo. Mas tê-los em minha casa vale por muito mais do que um picnic no parque.

E resumo das prendas de aniversário? É tão simples! O poema que é algo muito para lá de uma mera prenda de aniversário. Acho mesmo que é, de longe, a mais bonita prenda que alguma vez me deram. Está num patamar mais elevado. Porque não é só um simples poema. É uma espécie de resumo dos últimos meses onde estão, à vista de todos, os mais pequenos detalhes de nós.

Está tudo o que eu sou e está, também, o olhar sobre mim. E por isso mesmo é muito mais do que um simples poema ou uma prenda de anos.

Tirando o poema não recebi prenda nenhuma. Mas recebi de braços abertos dois presentes em forma de sobrinhos e um presente em forma de mãe que me atura há 47 anos e nunca, no decorrer desse tempo, desistiu de mim. Esteve sempre ao meu lado, do meu lado. E mesmo agora que não está nada fácil para mim, lá está ela, ao meu lado. Às 9h da noite estava a fazer um bolo para que não me faltasse um bolo de aniversário.

E se isto não foi um aniversário perfeito, então não sei o que foi. Melhor só se o frio não tivesse regressado em força trazendo com ele a chuva e o vento. Amanhã o tempo vai piorar, é dia de fisioterapia e organizar o pouco que falta para o meu jantar de aniversário na sexta feira.

Agora? É descansar e dormir quase a correr porque amanhã é dia de acordar cedo. E, antes de ir dormir, vou voltar a ler o meu poema e retirar de lá o aconchego que me faz tão bem…

{#085.282.2024}

Segunda feira é dia de regresso ao Hospital para a fisioterapia. E hoje foi, novamente, dia de regressar ao sexto piso, onde já estive internada 5 dias e onde tenho ido em busca de relatório médico para Junta Médica da Segurança Social e que demorou a aparecer. Mas hoje, já depois da administrativa me ter dito que ainda não tinha o relatório, eis que o médico apareceu com 7 páginas de informação clínica que eram na realidade o relatório que eu tanto preciso.

Ainda deu para trocarmos algumas palavras. Facilmente me reconheceu e prontamente me pergunto se amanhã iria à consulta no CDP. Obviamente disse que sim, sem imaginar que uma pessoa hora depois recebia o cancelamento da consulta de amanhã e remarcação para dia 30 de Abril…

Tive ainda oportunidade de me queixar das dores de cabeça e pernas. Infelizmente mais uma vez me disse que sem diagnóstico fechado não saberia como me medicar e que só me resta esperar… Continuar a esperar.

Depois da fisioterapia e já de regresso a casa ganhei coragem e li o relatório. E está tudo lá tudo. Incluindo a lista de resultados que faltam e a apontar numa direcção muito má. Que, diz quem sabe por também estar diagnosticada, é uma merda. Já sei que podia ser pior mas, pelo pouco que já li, é muito mau…e eu continuo a fazer a pergunta que não tem resposta: porquê eu?

O dia hoje não foi fácil. Na fisioterapia foi dorido. Ler o relatório também. Mas, já sei, tenho que continuar a aguardar, a viver um dia de cada vez, ao sabor do vento e sem saber como contornar as dores e as dificuldades que vão aumentando.

E, no meio deste carrossel, chego ao fim dos 46. Amanhã inicia-se mais um ciclo de 365 dias. E quero muito acreditar que esses 365 dias me trarão também coisas boas e positivas porque também as mereço. Não, os 46 não foram muito positivos. Para os 47 vai ser obrigatório aprender a aceitar uma vida nova mantendo a pessoa que sou…

{#084.283.2024}

Domingo e, muito provavelmente, a última consulta com o terapeuta fofinho. O eminente aumento da família a isso exige. Vai-me custar não ter com quem falar de tudo sem constrangimentos, sem grandes inibições e, pelo meio, aparvalhar e brincar. Já são muitos anos de trabalho e presença constante. Desde Agosto de 2016 até agora é uma vida. Agora é tentar perceber como é que consigo, através do Hospital e no seguimento do que me apanhou na curva, aceder ao apoio psicoterapêutico. Vamos ver…se, até para ter o acompanhamento de neurologia no seguimento dos exames que tenho feito e do diagnóstico que nunca mais sai, está difícil…

Amanhã vou tentar perceber o que se passa para ainda não ter diagnóstico e consequente medicação e acompanhamento. Vou, também, mais uma vez insistir com o relatório pedido a 8 de Março.

Ando ao sabor do vento. E não posso continuar assim. Diz-me quem sabe porque passa pelo mesmo que eu não posso andar assim. A piorar, com dores e sem ter com quem falar e quem me acompanhe de forma terapêutica…

Estou cansada. Constantemente cansada. Já percebi que não é cansaço apenas. É fadiga. Que rouba toda e qualquer energia. E que também faz parte da doença. E que eu considero bastante debilitante…

O que é que eu quero? Duas coisas: o relatório médico e o diagnóstico e tudo o mais que vem com ele. Não peço mais. E não peço demasiado. Só peço ajuda. Porque andar ao sabor do vento não é solução e nem pode continuar a acontecer.

Amanhã? Acredito que, como hoje, as dores nas pernas vão continuar. Mas vou, de novo, ao secretariado do sexto piso fazer perguntas e, desta vez, não apenas sobre o relatório. Vou, no fundo, pedir ajuda…porque não aguento mais. E a vontade é de baixar os braços, desistir e chorar…

{#083.284.2024}

E depois há aquele dia em que, no caminho de volta para casa depois do Yoga, as tuas pernas te dizem “não dá mais”. Com dores nas pernas desde quarta feira, hoje foi dia de voltar ao Yoga que fica a 1km de casa. Não houve propriamente trabalho de pernas, mas as dores continuavam presentes.

Mais uma pequena volta pela vila e o penoso regresso a casa. A pé, claro. E, a meio do caminho, já as pernas me gritavam para parar. Que já não aguentavam muito mais.
Não sei, na verdade, como é que consegui voltar para casa, só sei que não havia outra hipótese.

Ao todo, no caminho de ida e volta, fiz 2,7km. Que não é nada. Mas que, para mim, hoje foi demasiado.

Descansei a tarde toda. Que é o mesmo que dizer que dormi das 16h às 19h. E as dores nas pernas sempre lá. Mesmo depois de acordar…

Precisava de beber um café. Podia ter ido sozinha? Em dias melhores talvez. Mas hoje tive que ir acompanhada. Não só por causa das dores mas também porque, de há 2 dias para cá, o desequilíbrio está em alta.

Na fisioterapia dizem-me que vêem progressos. Eu não os sinto. Também me dizem para tentar não me apoiar quando ando em casa, por exemplo. Não é possível. Não há parede ou móvel que não me sirva de apoio em casa. E até na rua, apesar de levar sempre a muleta comigo na mão esquerda, tantas vezes tenho que apoiar a mão direita nem que seja numa parede, numa árvore ou num simples poste ou sinal de trânsito…

Estou cansada disto… Claro que tomei um Ben-u-Ron para tentar aliviar as dores nas pernas. Mas o efeito foi o mesmo que beber um simples copo de água…

Não, os dias não têm sido fáceis. E as dores teimam em não passar. Já percebi que a vida que tinha antes, sem dores ou desequilíbrios, não vai voltar. Só me resta aceitar o que me apanhou na curva e aprender a lidar com isto, um dia de cada vez.

É o que temos. E se alguém souber como tirar as dores que tenho nas pernas e que me dificultam muito o simples acto de caminhar, sinta-se à vontade de partilhar…

Entretanto, a única vontade que tenho é de chorar, por causa das dores e de tudo o resto…

Amanhã logo se vê se as dores continuam. Espero sinceramente que não…

{#082.285.2040}

Sexta feira e mais uma voltinha, mais uma viagem. Ao Hospital, claro. De manhã, mais uma série de exames. Depois do almoço, fisioterapia. E chegar a casa demasiado cansada, como sempre.

Novamente o sofá. Novamente dormir. Mas, desta vez, apenas duas horas. Necessárias, claro. Mas que podiam (deviam?) ter sido aproveitadas de outra forma. Mas não foram.

Dizem-me para ouvir o meu corpo. E fazer o que ele pede. E o que ele pede todos os dias é dormir à tarde…

Continuo sem o diagnóstico fechado pelo neurologista. Ou, pelo menos, oficializado. Mas, mais uma vez, em consulta de outra especialidade me foi afirmado “você tem esta doença”. Portanto, já sei parte do diagnóstico ou, pelo menos, o nome desta doença. Que ainda não me atrevo a nomear. Preciso de saber mais. Preciso de ouvi-lo pelo neurologista. Para saber também a dimensão que tem. E aí fazer as perguntas que ainda não sei que tenho.

Preciso, com urgência, do relatório que está pedido desde dia 8 de Março e que foi feito também o pedido por email a explicar a necessidade. Continua a não estar feito. Continuo à espera. Já nem peço uma consulta para diagnóstico. Só peço o relatório para a Junta Médica.

Está difícil ir sobrevivendo ao sabor do vento. Mas é assim que tenho andado. A fisioterapia ajuda? Talvez eu não dê por isso, mas quem observa de fora diz que sim. Sinto-a como um desafio. Onde me obrigo a fazer um bocadinho mais do que me pedem. Se vai resolver? Não faço ideia…

Amanhã é dia de Yoga logo pela manhã. Hoje, ao contrário dos outros dias, tenho que dormir cedo. E, de preferência, sem interrupções.

À tarde? Quero ir ver o pôr do Sol. Se vou conseguir? Não faço ideia…

{#081.286.2024}

Mais um dia estupidamente desperdiçado. Não que tenha muita coisa para fazer, que não tenho mesmo nada, mas de que serve acordar relativamente cedo para tomar o pequeno almoço, mudar de roupa, ir um bocadinho à esplanada do costume beber café, voltar para casa, não fazer nada até ao almoço e, logo a seguir ao almoço adormecer no sofá durante 4 horas e meia e acordar ao fim do dia sem ter feito absolutamente nada?

Ainda não consegui perceber se é efeito de toda a medicação que tomo de manhã ou se é disto que me acompanha e que ainda não posso, outro não devo!, nomear porque ainda não tenho o diagnóstico fechado. Mas tudo me cansa. Muito. E, já sei, a fadiga faz parte disto.

Amanhã, quando chegar a casa, vou tentar resistir ao sofá. De manhã, mais uma consulta no Hospital, depois do almoço a fisioterapia. Vou chegar cansada. Muito cansada. E não posso ceder ao sofá…mas não sei se vou conseguir aguentar.

São assim os meus dias agora. Não há volta a dar. Mas dormir toda a tarde não pode ser…

Mas é…

Já sei que é um dia de cada vez, sempre. E tudo a um ritmo lento. Mas estou cansada que seja assim…sempre cansada, sempre com sono, sempre com dores.

E o diagnóstico que nunca mais sai…

Mas amanhã será melhor. Será mais um dia igual aos outros. Apenas um pouco mais activo na minha nova rotina: Hospital, seja para consultas, exames, fisioterapia. O que for. É uma nova rotina à qual ainda não me habituei e acho que não me vou habituar tão cedo…

Logo se vê. Amanhã é outro dia. Por agora desligo para descansar. Descansar de quê? Pois…não sei…

{#080.287.2024}

Dia de merda. E hoje só me apetece dizer asneiras.

Não fui à fisioterapia porque há burocracias que não fazem sentido. Mas pronto, eles lá saberão.

A Primavera chegou e com ela, em força, o horrível vento frio ao fim do dia. E prevê-se que seja para durar. Paciência.

Último dia para confirmar presenças para o meu jantar de aniversário. Claro está que não atingi o objectivo. Nada que não esperasse. Seremos poucos. Mas já nem quero saber.

A aula de Yoga correu bem. A meditação a seguir à aula é que foi difícil. Foi difícil regressar. Doeu. Não fisicamente, mas o regresso doeu…

Agora? É esquecer o Mundo por hoje e ir dormir. Amanhã? Logo se vê…

{#079.288.2024}

Última Lua deste Inverno, em fase crescente iluminada a 75%. Saí de casa e lá estava ela, à minha frente, a olhar por mim.

Falta exactamente uma semana para o meu aniversário. E, desta vez, há jantar! Quem não pode vir pode sempre enviar postais.


Descobri (ou melhor, confirmei!) hoje o meu raio de Sol. E que bom é senti-lo. Sei que também é o meu luar. Porque, apesar da distância, tanto o Sol como a Lua estão lá para os dois. Nós os dois.

Esta é a última Lua deste Inverno. O Equinócio acontece esta noite às 3h06m e, com ele, chega a Primavera, finalmente.
Por isso, quem quiser, olhe para cima e despeça-se deste longo Inverno que custou a passar. E a Lua, como sempre, está linda. Nem podia estar de outra forma.

{#078.289.2024}

Mais um início de semana e o que se prevê é que seja mais do mesmo, para variar. Fisioterapia, sofá, Yoga ao fim da tarde de quarta feira seguido de Yoga Nidra que é meditação guiada, e o resto do tempo é nada. Vazio. Sinto falta de me sentir útil, é um facto. Estou em condições para regressar ao trabalho? Não, não estou.

O dia hoje foi estranho. Adormeci muito tarde para acordar cedo e estar despachada a horas da chegada do transporte dos Bombeiros. A chegada ao hospital ocorreu 1 hora e 10 minutos antes da hora marcada para a fisioterapia. Deu-me tempo para passar no secretariado de neurologia para confirmar a receção do meu email de ontem à noite e fiquei a saber que a administrativa que me atendeu na sexta feira está em cima do assunto. Seja. Agora é esperar. E se, até sexta feira, não tiver qualquer resposta o que ficou combinado foi passar lá novamente.

Acredito que há bons profissionais e funcionários dedicados mesmo entre aqueles de quem toda a gente fala mal: nos funcionários públicos. Eu sei que é mais fácil apontar o que corre mal e os profissionais que se destacam pela negativa. Mas também sei que há os que se destacam pela positiva. Tenho um desses exemplos cá em casa, embora já reformada há quase 14 anos: a minha Mãe.

Mais um dia de fisioterapia, agora com os estagiários novos que ainda não se sentem à vontade com quem não conhecem: eu. Vamos dar tempo ao tempo. Eu tinha prescrição para 12 sessões, terei a última prevista esta quarta feira, mas já sei que será para continuar. Por isso, vamos dar tempo ao tempo, dar tempo aos rapazes para se integrarem e se habituarem.

Depois do regresso a casa, a necessidade urgente de ir até à esplanada. Desde manhã que a cabeça queria estar em todo o lado menos em casa. Até na fisioterapia me custou estar. Cheguei lá como saí daqui: com vontade de chorar.

Depois do café na esplanada, voltei para casa para enroscar e aninhar no sofá e adormecer quase de imediato. Duas horas ali. Quentinha, confortável, e a desligar-me do que me pesa.

Passa das 22h20m e a vontade continua a mesma: chorar. Não consigo explicar o porquê, mas é assim que me sinto. Falta-me um colo físico para deitar a cabeça e deixar-me ficar o tempo que eu precisar enquanto me mexem no cabelo. Tenho esse colo à distância de um clique, eu sei que sim. Mas falta-me esse mesmo colo à distância de um toque de pele com pele.

Não falta muito e vou enroscar e aninhar na minha cama. Pode ser só sono. Pode ser que passe. Logo se vê como será amanhã. Já sei que estarei sozinha a tarde toda. Por isso logo se vê…

Agora? É descansar. Porque se há coisa que isto me trouxe, seja lá isto o que for, foi a fadiga, o cansaço constante. E por isso durmo tanto e adormeço depois do almoço ou quando regresso da fisioterapia.

Por isso, dou o dia por terminado por hoje. Amanhã? É um novo dia, provavelmente igual a tantos outros para trás e até, eventualmente, para a frente. Por isso, boa noite para quem fica.

{#077.290.2024}

Costumo dizer, a brincar, a frase “só me gozam”. Há muito tempo que digo isso, ainda antes desta coisa que ainda não tem nome dado pelo médico. Mas eu sou a primeira a gozar comigo mesma. E chego a rir com isso. E quando eu digo que só me gozam sei que não o estão a fazer.

Eu opto sempre pelo caminho da brincadeira. Do riso. Torna tudo tão mais fácil.

E hoje, mais uma vez, disse a alguém que só me goza. Isto porque eu não sei, continuo a não saber!, fazer resumos. E hoje tive que enviar um email importante e optei por escrever primeiro o rascunho no caderno A5 que me acompanha sempre, todos os dias, em todo o lado. O email é um pedido de relatório médico, mas foi necessário explicar muita coisa, desde o que aconteceu que me levou a fazer o pedido até ao meu estado actual e tanto mais. Foram 7 páginas e meia escritas à mão que me levaram algum tempo a acabar de escrever. E depois foi mais uma hora a passar do papel para o email. No telemóvel. Se tivesse sido no computador talvez tivesse demorado menos, mas não me apeteceu ir buscar o portátil. Não quis saber.

O que sei é que já é MUITO tarde (passa da 1h da manhã…) e amanhã é dia de acordar cedo para ter tempo de acordar devagarinho, tomar o pequeno almoço, tomar banho, tentar encontrar tempo para um café, almoçar pelas 11h e meia porque os bombeiros deverão chegar pelo meio dia e pouco para me levarem para a fisioterapia.

A verdade é que tenho muito sono mas pouca coragem para sair do cadeirão para ir para a cama… Mas vai acontecer.

Por hoje chega. Foi um dia muito comprido e estranho, muito estranho. Não sei bem porquê, mas talvez a estranheza seja a viagem de comboio e Metro desde o Entroncamento até ao Jardim das Amoreiras. Passou das 2 horas, falou-se de tudo e de nada. Fiz uma viagem mais ou menos longa sem sair de casa. E isso é estranho.

Mas agora chega! Cama! Já! Amanhã logo se vê.

{#076.291.2024}

Há mudanças que chegam para ficar. E há quem não as aceite de início, outros há que não aceitam nunca. Há mudanças às quais é muito difícil de nos habituarmos. Mas elas estão cá e não vão a lado nenhum.

Para quem assiste de fora à chegada de todas essas mudanças pode ser frustrante não saber como lidar com essas mudanças que são, muitas vezes, novas necessidades. Já me perguntaram como podem ajudar, o que podem fazer. E eu respondo sempre “basta estares aí”, porque de facto é-me suficiente saber que, apesar da minha condição actual que pode ainda vir a ser mais complicada, as pessoas que gostam de mim continuam presentes.

Sim, eu TENHO uma doença. Mas NÃO, eu NÃO SOU a doença. Sou tão mais do que apenas isso. E continuo a mesma, mesmo que esteja ainda a aprender esta nova realidade e a ajustar o meu corpo às dificuldades e mudanças.

A cabeça, apesar de eu tentar passar a ideia de que estou bem, também tem dias menos bons. E o que sobressai de imediato são as minhas sempre presentes inseguranças. Mas esses dias menos bons acabam por passar e o sorriso fácil reaparece.

E a única coisa que peço, a única coisa que preciso e que, de facto, me ajuda é que quem gosta de mim se mantenha presente. Porque eu continuo a ser eu. Muito mais do que apenas uma doença.

Sim, ainda estou a aprender a lidar com isto. Não, ainda não aceitei. Mas, já aprendi, é um dia de cada vez.

E depois há 18 minutos ao telefone que fazem tanta diferença!

Relembro: eu continuo a ser eu. Sim, eu TENHO uma doença. Não, eu NÃO SOU a doença. Sou tão mais do que apenas isso.

E a única coisa que realmente preciso é que não desistam de mim e que continuem desse lado como antes disto

{#075.292.2024}

As pessoas e os pequenos poderes. Todas elas que têm, como função, fazer-se valer de pequenos poderes devem ter no CV obrigatoriamente mestrado e pós graduação em Total Desumanidade com especialização em Falta de Empatia. Dá-se preferência a quem desconheça por completo o que é Empatia.

Pequenos poderes. Desde sempre que não posso com eles, não os aceito e não sei lidar.
E, pelos vistos, na Segurança Social eles andam por lá. Nunca me tinha cruzado com estas criaturas antes. Hoje foi a estreia. Das vezes anteriores eu tinha autorização para falar e até entregar toda a documentação clínica disponível. Hoje? Não demorei 2 minutos no gabinete, não fui autorizada a abrir a boca para dizer fosse o que fosse, foi recusada toda a informação clínica que levava. Foi-me exigido um relatório que ainda não existe porque o diagnóstico ainda não foi fechado. Assisti ainda a um momento de pura adivinhação quando uma das criaturas me fechou, logo ali, o diagnóstico e assumiu que eu, sendo funcionária de um call center, estava mais do que em condições de fazer outras coisas que não atender telefonemas, quando, num call center, as funções são unicamente atender telefonemas.

Gente desumana, sem qualquer tipo de empatia e muito feliz pelos pequenos poderes que tem em mãos. Penso que, também por isso, toda a gente, e foram muitos, que entrou naquele gabinete antes de mim não demorou mais do que 2 minutos.

Pequenos poderes. Há quem não viva sem eles…

………

Por outro lado, há aquelas pessoas que passam por nós brevemente e que, quando o trabalho assim o exige, se vão embora deixam uma espécie de vazio. Foi isso que aconteceu esta tarde com os estagiários de fisioterapia que tão bem me acompanharam desde o primeiro dia. Deixaram, logo desde o início, que eu fosse tal e qual aquilo que sou e que várias vezes lhes repeti e eles, juntamente comigo, riam sempre: “sou um bocadinho palerma e meio pateta”. Isto tudo porque tenho levado sempre os tratamentos a rir e a brincar mesmo quando trabalhávamos forte. Havia sempre tempo e disponibilidade para rir. E eles já sabiam também que eu optava sempre pelo mais difícil, mesmo em exercícios aparentemente mais fáceis. Disse-lhes várias vezes que não gosto do caminho mais fácil. E ia sempre um bocadinho mais além.

Tantas vezes, em exercícios com bola no chão, parecíamos miúdos no recreio da escola a jogar à bola.

Hoje houve despedida. A custo. Mas houve bolo a que também tive direito, houve beijinhos e abraços. Houve, da parte deles, agradecimento pela confiança no trabalho deles. Respondi que eu é que agradecia pelo trabalho que tiveram comigo.

Provavelmente nunca mais nos cruzaremos. Mas deixei-lhes o recado: riam! Muito! Ajuda em tudo!

Sei que, para o estágio deles, sou um Estudo de Caso. E espero, sinceramente, que no meio de tanto disparate, o resultado do estágio seja muito bom. Não peço menos que isso.

E, ao vir-me embora, ainda tive tempo para lhes dizer: “desejo-vos tudo de bom, seja a nível pessoal, seja a nível profissional”…

Dizem eles que segunda feira chegam dois novos estagiários também bem dispostos e que lhes iriam passar o testemunho. Acredito nas palavras deles. Mas nada vai substituir estes dois meninos, provavelmente por terem sido os primeiros ou simplesmente por serem como são. Nunca saberemos. Segunda feira conheço os novos estagiários. Let’s wait and see.

Agora, e depois de um dia longo, surreal e de emoções à flor da pele, está mais do que na hora de enroscar e aninhar. Amanhã há Yoga logo cedo. E à tarde o telemóvel deve tocar. Por isso é hora de, finalmente, descansar. Amanhã há mais.

{#074.293.2024}

Quinta feira, aquele dia em que não tinha nada marcado na agenda, nem consultas, nem exames, nem fisioterapia. Decidi que seria um dia dedicado ao que estava a precisar: descansar.

Acordei às 6h da manhã, para variar, tomei o pequeno almoço e um comprimido para a dor de cabeça que me acompanhava desde ontem, voltei para a cama às 7h30 e dormi. Muito. Estava tanto a precisar disso…

Fui ao café, muito barulho na esplanada, novamente (ou ainda?) a dor de cabeça e a intolerância ao ruído. Voltei para casa e dediquei-me, finalmente, a fazer e enviar o convite para aquilo que eu quero muito que aconteça: o meu jantar de aniversário. Que, nos moldes que estão propostos, não me parece que vá acontecer. Para ter acesso ao menu de grupo no restaurante que escolhi preciso de 13 confirmações. Tenho 3. E uma delas sou eu…

Logo se vê…

Agora, mesmo passando pouco das 22h, é mais do que tempo para dar o meu dia por terminado. Amanhã há mais. E depois logo se vê. Mas por hoje já chega. O dia amanhã vai ser longo…

{#073.294.2024}

Quarta feira. À hora de almoço fisioterapia, perto da hora de jantar Yoga, aula normal, seguida de Yoga Nidra, meditação guiada.

Uma dor de cabeça que não me larga desde que saí para a fisioterapia ao meio dia. São 23h56 e ela cá continua.

E o que também continua é a insegurança. Confiei e agora não sei. Não sei mesmo. E também não sei como esclarecer, dissipar a dúvida, voltar a confiar, voltar a acreditar. Ou simplesmente aceitar que é uma coisa inocente. Já não sei… Nada! Kooka a ser Kooka. E, aqui, aplica-se a qualquer cenário. Logo se vê. Por muito que me esteja a custar, por muito que queira esclarecer, não sei como aguentar nem como esclarecer. Sei que não gosto do que me faz sentir quando o que sentia há dois dias era muito mais bonito.

Amanhã é dia sem agenda, portanto vai ser amanhã que vou conseguir fazer o que todos os dias digo que vou fazer: dedicar-me ao Photoshop. E é se quero um jantar de aniversário que não sozinha. Que é o habitual e que me deixa profundamente deprimida, mesmo. Por isso, amanhã é dia de fazer o que já devia estar feito e enviado.

De resto, é acreditar que é só a minha insegurança reforçada pela distância a falar.

Amanhã? Logo se vê…

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Acho que estou chateada. Ou zangada. Ou o que for. Mas é, acima de tudo, comigo mesma.

Mais uma voltinha, mais uma viagem ao Hospital, mais uma análise, desta vez mais rotineira e cujo resultado irei saber na consulta da próxima semana. Menos mal. Mas nunca me imaginei a ir tantas vezes ao Hospital com no último mês e meio…

Tirando isso, estou chateada. Ou zangada. Ou, pior do que tudo isso, é uma grande dose de insegurança aliada a uma pitadinha de ciúmes. There, I said it.

Não gosto de silêncios. Não dizem nada de bom. Não vou marcar presença. Não me vou impor. Eu em primeiro lugar, certo? Seja. Mesmo depois de 9 meses, pela primeira vez a dúvida, desde sempre a insegurança.

Não. Não serei eu a quebrar o silêncio. Depois? Logo se vê. A insegurança fala muito alto. Chega a gritar. E, neste momento, não quero dar-lhe ouvidos.

Tenho muito com que me preocupar. E toda essa preocupação é comigo. Só comigo. Por isso, quem quer estar, está. Quem não quer, siga viagem. Em primeiro lugar estou eu.

Hoje o dia foi comprido e cansativo. Pelo menos a manhã. A tarde, que tinha destinado ao Photoshop, acabou por ser de recuperação da manhã. Estava exausta 4 autocarros depois.

Amanhã. Depois da fisioterapia, antes do Yoga, não posso ceder ao sofá.

Tudo o resto? O silêncio, a insegurança? Ficam para depois. Não agora. Mas não vou, nem posso!, ser eu a quebrar o silêncio…

9 meses depois, a dúvida, a insegurança e aquela pitadinha azeda de ciúmes…

Whatever!

Amanhã logo se vê. Hoje não. Não quero. Amanhã.