Monthly Archives: November 2023

{#334.032.2023}

Noite interrompida. Não foi a gata, foi a minha cabeça que me acordou. Duas vezes. Sendo que a segunda vez prolongou-se por duas horas até voltar a dormir. E, mesmo assim, mesmo depois de uma noite muito má, acordar relativamente cedo…

Claro que o dia não rendeu nada. Muito sono todo o dia até apagar por meia hora no sofá…

Todas as noites existe uma conchinha de bichinho de conta que me aconchega antes de dormir. E que procuro de novo quando acordo a meio da noite. É essa conchinha de bichinho de conta que me tem permitido serenar a cabeça à noite. E só é pena essa conchinha de bichinho de conta estar tão longe…

Mas fico contente porque existe. E não se prevê que vá embora depois do que tem vindo a conhecer. Se for sei que não será culpa minha. Será a vida a dar as voltas que a vida dá.

Mas não quero pensar nisso agora…pensarei nisso se esse dia chegar.

E o dia que não rendeu nada mas que teve direito a uma conversa com quem diz as coisas só por dizer, que já foi muito importante e que há um ano deixou de ser. O café passou a urgente, diz ele. E eu, como sempre, fiz de conta que acreditei. Afinal, a ajuda que eu queria dele, actualizar o CV, deixou, para mim, de ser urgente. Não sei quando vou voltar ao trabalho e só nessa altura irei iniciar uma busca por condições melhores. Porque quero. Porque mereço. Porque preciso… Esse café, logo se vê se vai existir. Se for como o jantar prometido há um ano…

Também não quero pensar nisso agora. Está comigo quem quer estar. Quem não quer também não é obrigado.

Agora, à minha frente, uma nova noite que se quer inteira, sem acordar. Mas, claro, com conchinha de bichinho de conta. Amanhã logo se vê…

{#333.033.2023}

Dia 333 do ano 2023. Aquele que, em simultâneo, nos diz que faltam 33 dias para acabar o ano.

São números, apenas, não querem dizer absolutamente nada. Mas eu gosto quando os números arranjam forma de brincar como hoje.

Dia, também, de mudar o penso da omoplata. Uma ida até Almada, agenda preenchida para enfermagem até meio de Dezembro.

No regresso, uma passagem pela vila e voltar para casa a custo por vir a pé.

Hoje era dia de Yoga, mas não posso. Ainda não posso. Os pontos são muito recentes, o esforço não é permitido.

Já em casa, receber um telefonema do professor de Yoga a quem já tinha informado que não podia ir. Telefonema para saber como estou, como correu a pequena cirurgia, que hoje eu devia aproveitar para descansar e que no sábado espera por mim para uma aula adaptada.

Soube bem esse telefonema. E também soube bem ter-me dito que me achava bem disposta e que isso era bom sinal. Seja. Não me apetece estar de mau humor. Tenho muita coisa a consumir-me, e ele está a par, mas não quero perder a boa disposição.

E à distância de um clique, uma manhã de partilha, de dar-me a conhecer um pouco mais, falar de coisas que ainda magoam mas com as quais já sei conviver de forma pacífica. Foi bom haver esta partilha. Dar-me a conhecer um pouco mais. E, do outro lado, ser aceite tal como sou e entendida. Não me canso de repetir isto, mas o que existe à distância de um clique é muito bom e importante para mim. Pela primeira vez sinto que sou correspondida e sabe tão bem.

Agora, 22h20m, ainda não é muito tarde, mas é a minha deixa para recolher, aninhar e enroscar. Amanhã prevê-se mau tempo e o dia todo em casa. Mas tenho exercícios de Yoga que posso fazer e que me podem ajudar a trabalhar o equilíbrio. Por isso, amanhã será um dia bom. Por hoje já chega.

{#332.034.2023}

Por breves momentos, brevíssimos mesmo, perdido no noção do tempo. Não sabias ao certo que dia da semana é. Para mim já era noite de sexta feira. Mas, de repente, lembrei-me que ontem foi segunda, portanto hoje só podia ser terça. E é, de facto.

Perder a noção dos dias é perfeitamente normal para quem está há dois meses de baixa. PS dias são sempre iguais. Pouca coisa tem dia fixo durante a semana. Na realidade, só o Yoga tem lugar na agenda. Quarta feira ao final da tarde, sábado logo de manhã. De resto, é tentar não errar antes de ver a data no telemóvel.

Não é fácil viver assim, sem rumo, sem nada para fazer, à espera de uma marcação de uma consulta catalogada como urgente. Uma espera que me traz ainda mais ansiedade quando percebo as dificuldades que já tenho. E hoje foi impossível não dar por elas.

Caminhar está cada vez mais difícil. E hoje foi particularmente complicado…assim como manter o equilíbrio.

Lidar com isto não está fácil…e o diagnóstico ainda não está fechado. Só quando estiver fechado é que vou ter real noção do que me espera. E só nessa altura é que vou ter orientação e apoio que preciso tanto…

Estou assustada, claro que sim. E preocupada. E a fazer o possível para não entrar na fase “porquê eu?” quando não há uma resposta simples e/ou concreta…

Sei que o tempo não me vai trazer nada de bom neste campo. Ou não fosse uma doença neuro degenerativa…e eu tenho medo.

Sinto-me perdida. Mas não estou sozinha. Cada dia que passa aumenta essa certeza. E, já o disse tantas vezes antes, é tão bom e tão importante. Mas por hoje é hora de enroscar e aninhar para descansar. Tentar dormir a noite toda. Sem repetir a última noite, interrompida a meio e um despertar demasiado cedo para quem não tem nada para fazer. Nem a medicação me ajuda a dormir a noite toda…e eu preciso de dormir e descansar. Assim como preciso de chorar e também não consigo…

Chega por hoje. Amanhã é dia de tratar do penso nas costas. E depois logo se vê…

{#331.035.2023}

Dia de cirurgia. Mini cirurgia dermatológica. Procedimento tranquilo. Aquilo a que eu chamo sessão de corte e costura que resultou em oito pontos na omoplata esquerda. Agora, nem 12 horas depois, não dói. Mas o pontos dão comichão! E o penso só será mudado ao fim de 48 horas, portanto é aguentar a comichão até ser dia de passar no Centro de Saúde.

Como disse, procedimento tranquilo. Mas nem nesta situação estive sozinha. E isso é tão bom. Cada vez gosto mais deste não estar sozinha. Não (só) de não estar sozinha mas também de quem me acompanha. Porque este gostar é especial, é único, é bom e é bonito.

Não estou sozinha, mas estou cansada. Deste dia que foi preenchido no final da manhã/início da tarde que me obrigou a caminhar muito na ida, no hospital e no regresso.

De resto, mais do mesmo. Um dia, ou uma tarde, vá!, igual às outras. Resta-me agora dormir e descansar. Amanhã prevê-se que chova, mas tenho que passar no Centro de Saúde para marcação do penso, por isso com ou sem chuva vou dar uso às pernas. E, mesmo que se torne um dia igual aos outros, vou tentar que tenha algo diferente e que faça o dia valer a pena.

Por agora é hora de enroscar e aninhar e deixar-me levar pelo sono imposto pela medicação. Amanhã logo se vê…

{#330.036.2023}

Domingo. Ou mais um dia igual aos outros. Com a diferença da partilha. Partilha de mim, de quem sou, do que sinto, como sinto. É importante esta partilha. E soube-me bem.

De resto? Nada a declarar. Consulta com o terapeuta fofinho de manhã, adormecer no sofá pouco depois. Nada de novo, portanto.

Mas poder dizer boa noite a quem diz “estou presente” é tão bom. E, agora, neste momento pré-sono, nada mais importa. O resto? Já o disse antes: para já, não quero saber.

{#329.037.2023}

Sábado e manhã de Yoga. E o desequilíbrio sempre presente. Exercícios para fazer em casa para trabalhar o equilíbrio. Tenho mesmo que os fazer. Preciso de combater isto de alguma forma. Já sei que não há como reverter o cenário, portanto resta-me trabalhar o que posso como posso.

Não ter previsão para voltar ao trabalho faz-me sentir absolutamente inútil. E não posso sentir isso. Voltar à máquina de costura parece-me uma boa hipótese para me manter ocupada.

E a vontade de chorar que continua intensa e as lágrimas que teimam em não cair…

Mas depois há uma voz do outro lado do telefone que me aconchega. Que me relembra que não estou sozinha. E, digo-lhe eu, nem que seja só para falar. E é só o que preciso para confirmar que não estou sozinha nisto.

Devagarinho vou reencontrando o caminho, embora não o tenha perdido por completo. Entrei numa espécie de negação. Até ter consulta e todos os exames feitos não quero saber. Sei que dificilmente se tratará de um erro de diagnóstico por isso quando houver confirmação e diagnóstico fechado trato da aceitação. Até lá não quero saber.

{#328.038.2023}

Uma consulta está feita. E o empurrão para desbloquear a que está em falta foi dado. Com carácter de urgência… E o primeiro diagnóstico está feito: doença desmielizante. Desta já não me livro. Resta agora fazer os exames em falta para perceber melhor a extensão do dano. Que é irreversível e neurodegenerativo…

…ainda estou a processar tudo e numa espécie de negação. Não quero pensar até ter respostas às questões que ainda não sei que vou fazer. E, entretanto, sinto-me completamente perdida e sozinha. Que não estou. Sozinha pelo menos. Porque a resposta que recebi foi algo como “como é que combatemos isso? Como é que lutamos contra isso?”. E esse plural não tem preço, especialmente agora.

…e a vontade de chorar hoje está em força mas, claro, não verto uma lágrima. E hoje tenho tantos motivos para chorar e simplesmente não consigo. Frustração. Revolta. Apreensão. Medo. E nem uma lágrima…

Não sei se amanhã será melhor, quero acreditar que sim. Mas neste momento já não sei o que esperar. Só peço que seja um dia tranquilo. O resto logo se vê…

{#327.039.2023}

Um dia sem História ou histórias, mas com um final de dia como há muito tempo não via.

Os dias vão correndo devagar, as lágrimas teimam em não cair mas o nó na garganta continua apertado.

Valem-me as mensagens que vão chegando à distância de um clique, que me aconchegam e me fazem sentir segura.

De resto, a confusão interna prevalece sobre tudo o resto. Se gosto de estar assim, em modo inútil? Nem um bocadinho. Porque é inútil que me sinto.

Amanhã será melhor, até porque a partir de amanhã alguma coisa terá que mudar. Reajuste de medicação e orientação do que fazer para melhorar, é isso que vou pedir amanhã. Por isso, será melhor. O resto será igual, mais um dia igual aos outros. Seja então. Depois? Logo se vê…

{#326.040.2023}

Sabes que algo está mal quando até o início de uma aula de Yoga te dá vontade de chorar.

Mas não choras.

Porque não consegues…

{#325.041.2023}

Pessoas que desvalorizam a Depressão: não o façam. Porque aquilo que era a Depressão de há 8 anos não é a mesma de agora. E a Depressão dói.

E dói ainda mais quando esse sofrimento é desvalorizado pelos outros.

Tenho a minha forma de exorcizar fantasmas. E esta é uma delas: falar sobre o que dói. E se, há 8 anos, sabia exactamente o que ainda me fazia doer, hoje não sei. Sei apenas que dói. Muito. Por isso não, não desvalorizem a Depressão. Porque a Depressão corrói-nos por dentro. Pior ainda quando não sabemos apontar o que nos faz doer…

{#324.042.2023}

Poder dizer a alguém “Gosto de ti!” e, como resposta, ter correspondência é tão bom. E é tão importante. Não me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu antes do momento presente, em que todos o dias o digo, em que todos os dias mo dizem. E é sempre importante quando isto acontece, mas ganha outro peso quando nos sentimos menos bem, quando a Depressão teima em dar sinais de estar de volta…

A Depressão come-nos por dentro. E, quando ataca, não há sítio pior para estar do que dentro da própria cabeça… Como eu estou agora. Presa dentro do que não interessa, a minha cabeça. Cheia de ruído, de vozes que me atacam, que me diminuem. Mas depois, e à distância de um clique, está quem faz a diferença e me relembra, todos os dias, que eu sou mais e melhor do que as vozes na minha cabeça apregoam.

Gosto de ti. Muito. Tanto, tanto. E é tão bom saber que sentes o mesmo que eu sinto. E que não me deixas sozinha.

Tatuagens na memória. Tatuagens que ficam gravadas. E que me ajudam a silenciar as vozes na minha cabeça.

Sim, a Depressão é um bicho filho da mãe. Já lá estive antes e não queria voltar. Mas, por algum motivo, estou lá novamente. E não quero. Mas, apesar de tudo, não sei como sair de onde estou. Porque sim, já saí antes. Mas não sei ao certo como. E agora também não sei como sair. Sei, sim, que o não estar sozinha é muito importante. Mas também é um peso para quem está do outro lado. E não é justo…

Prometo a mim mesma, todos os dias, que não vou deixar-me levar pelo caminho mais fácil que é deixar-me ir pela melancolia e até pelo medo. Mas todos os dias acabo por ir mas um bocadinho…

É como o caminhar…tenho que me obrigar a andar para lutar contra a dificuldade na mobilidade. Porque, já sei, se hoje não andar amanhã será pior. E isso não pode ser. E é também essa dificuldade que me empurra para este estado que não quero.

No fundo é uma pescadinha de rabo na boca: quando ando, sinto a dificuldade e a descoordenação. E cresce a frustração e a revolta. E sou atirada para um estado de Depressão que pesa e dói. Ao mesmo tempo é uma bola de neve que cresce todos os dias um bocadinho e eu não sei como travá-la.

Sinto-me diminuída e consequentemente mais desanimada e frustrada. Mas depois, à distância de um clique, há quem me oiça e me estenda a mão. E me diga “Gosto de ti” mesmo que eu não o diga primeiro.

É, os últimos tempos têm sido estranhos. Difíceis, até. Mas faz-me bem saber que não estou sozinha. A Depressão aproxima-se a passos largos de um lugar de destaque nos meus dias. E eu tenho que lutar contra ela. Mas fica difícil quando vejo tudo cinzento e todos me dizem que a vida é colorida…

Não, não estou sozinha. Sim, digo “Gosto de ti” sem receber silêncios constrangedores do outro lado. Recebo exactamente a mesma frase.

Gosto de ti. Muito. Tanto, tanto. E só posso agradecer por estes 5 meses em que aprendi a importância de quem está à distância de um clique.

{#323.043.2023}

Domingo que podia ser um dia um bocadinho mais activo e não foi.

De manhã, a consulta com o terapeuta fofinho. Falar do que me preocupa e assusta neste momento: a dificuldade na mobilidade. Uma coisa tão simples e que se tem revelado tão complicada. Caminhar. Ir, a pé, do ponto A ao ponto B. Vou. Sempre. Mas a grande custo…

Agora é esperar pela marcação da consulta que foi pedida, com carácter de urgência, em Agosto e que, no início deste mês, ainda não tinha saído da parte administrativa e não tinha ido sequer a triagem médica… É esperar e tentar aligeirar a ansiedade, a frustração e a revolta. Três factores que estão presentes e não me permitem estar tranquila. Porque o medo, esse, cresce um bocadinho a cada novo dia de dificuldade…

A tarde foi para descansar e recuperar das noites mal dormidas e fazer aquilo que estava a precisar: dormir. Tão somente dormir. Ainda ponderei ir à rua ao fim do dia para beber um café e apanhar um bocadinho de ar. Mas a vontade rapidamente passou. Amanhã. Amanhã saio de casa e apanho ar. Hoje foi mesmo dia dedicado à preguiça. Também mereço. E também preciso.

Amanhã será melhor. Prevê-se um dia um bocadinho mais activo. Quero ir até ao paredão. Ver o Mar. Apanhar Sol se este não estiver escondido atrás das nuvens. Logo se vê. Mas amanhã será melhor. Porque eu quero que assim seja. Hoje foi só o que tinha que ser, como tinha que ser.

{#322.044.2023}

Sábado e, novamente, uma noite interrompida. Duas vezes… O suficiente para me fazer pensar se iria ao Yoga de manhã ou ficava a recuperar da noite em que pouco consegui dormir. Optei por, a custo, ir. E valeu a pena.

Terminei a manhã com mais de 3 km percorridos, sem saber muito bem como, e com uma conversa sobre a (minha) saúde mental.

Fica a dúvida que me ocorre tantas vezes apesar do diagnóstico e dos vários testes feitos: Borderline, sou ou não? Ele acha que não. Amanhã, dia de consulta com o terapeuta fofinho, volto a questionar. A verdade é que a dúvida em mim existe há muito tempo. Agora foi só levantada a suspeita, sem testes ou avaliação clínica. Acredito, no entanto, que o diagnóstico esteja correcto. E eu apenas tenha alguns traços da Perturbação de Personalidade Borderline…

Não interessa, interessa sim a conversa que foi tida com o professor de Yoga que é formado em psicologia e conhece os meandros da saúde mental. E para mim é sempre importante falar. Ajuda a exorcizar os meus fantasmas. Falámos, também, da questão neurológica, mas muito mais por alto.

Não interessa. Interessa ter falado, ter conversado, ter ouvido, ser ouvida. E quando dei por mim tinha mais de 3 km nas pernas.

Chegar a casa e pensar que era boa ideia usar a tarde para fazer o que não fiz à noite: dormir. Mas, por algum motivo, o sono foi substituído por uma vontade grande de sair e ir ao Fórum. E fui.

Regressei agora a casa. Com mais de 6 km nas pernas no total do dia… Eu sabia que era asneira ir. Porque esses 3 km extra foram percorridos a custo. Se por um lado sei que é importante andar, por outro tenho medo…de tropeçar, de cair, de não ser capaz de dar mais um passo. Mas, e como sempre, opto por contrariar a vontade de ficar quieta…

Amanhã descanso o que não descansei hoje. Por hoje já só vou andar do cadeirão até à cama, mesmo que a custo. De manhã consulta com o terapeuta fofinho, o resto do dia dedicada a nada e a coisa nenhuma. Excepto, claro, tudo o que estiver à distância de um clique. Que é peça fundamental nos meus dias para ter a certeza de que não estou sozinha.

O dia de hoje não foi mau. Mas amanhã será melhor. Agora é descansar. E o resto logo se vê.

{#321.045.2023}

Um passo. A seguir outro. Sempre um passo de cada vez. E tantas vezes a custo. De tal forma que só eu sei o que me custa…

Hoje de manhã mais 4,5 km. Repetir análises. Praia. Parque. Casa. Porque 4,5 km não é muito para a grande maioria das pessoas. Mas, para mim, é.

E, apesar da dor e da frustração e também da revolta que tudo isto me traz, sei que não estou sozinha. À distância de um clique há um porto seguro, uma luz de presença. Que, de certa forma, me ouve e puxa por mim. Há 5 meses e meio. Que parece que foi ontem, que parece que foi toda a vida.

É um conjunto de pequenas coisas que vai preenchendo os meus dias. E essa presença à distância de um clique é a parte boa que vem equilibrar tudo o resto.

Não, os dias não estão a ser fáceis. Mas não estou sozinha. E saber e sentir que não estou sozinha é meio caminho andado para que cada novo passo custe menos um bocadinho.

5 de Junho é um dia que fica marcado. Porque bastou um olá meu ao Mundo para que se iniciasse uma bonita aventura…daquelas que fazem ter um sorriso ao canto da boca e um brilhozinho nos olhos, com vontade de saltaricar por aí.

Podia ser pior. Dia 5 de Junho podia ter sido só mais um dia sem nada a declarar. Mas ainda bem que não foi.

Durante muito tempo procurei o equilíbrio entre o que de bom e o de mau a vida me trazia. E acho que encontres isso mesmo, à distância de um clique.

Andar custa. Mas o caminho faz-se caminhando. E não estando sozinha custa menos. Por isso, um pé à frente do outro. Por isso, um passo den cada vez. Amanhã? Não prometo andar muito. Mas será mais um dia bom.

{#320.046.2023}

3,76 km depois só me apetece chorar…tal como ontem. Tal como todos os dias. A distância não é grande. Mas a aventura é…
O remédio, se é que há, é continuar. Andar todos os dias um bocadinho, mesmo que andar, simplesmente andar!, se transforme numa grande aventura…

…falta muito para marcarem a consulta que foi pedida com carácter de urgência…? Estou à espera desde Agosto. E os 3 meses previstos para a marcação estão-se a esgotar… E eu aqui vou estando perdida… Preciso de respostas. Rapidamente…

E se, entretanto, conseguir chorar, já sei que não vai resolver nada. Mas vai exorcizar os medos e a revolta…

{#319.047.2023}

Ir ao Yoga tem a sua piada. É bom. Faz bem. Mas o pior é voltar… Já há algum tempo que me apercebi de que alguma coisa estava um bocadinho off.

Hoje confirmei. Caminhar, algo tão simples como andar!, não pode ser uma actividade dada como garantida…neste momento, quando saio do Yoga, pareço uma pata choca a andar. Não é bom. Nem é bom sinal. Mas é um daqueles factos que me tiram do sério e me dão uma forte vontade de chorar… Ia resolver alguma coisa? Ia voltar a andar normalmente? Não. Nada disso. Mas ia permitir-me aliviar a pressão e exorcizar os meus medos…

Não, caminhar não é uma actividade garantida. E eu estou a perceber isso a cada dia que passa. Hoje com mais de 5km nas pernas e sem saber como voltei para casa…

…e a consulta de neurologia ainda não foi marcada…

{#318.048.2023}

Terça feira, aquele dia em que nada aconteceu. Ou melhor, aconteceu tatuagem na memória, mas essa guardo comigo, para mim. Tirando isso, nada.

Mas hoje fiz aquilo que há 6 meses não conseguia: dormir. Noite interrompida, claro, para acordar de manhã já não sei a que horas. Voltar a dormir. Acordar. Adormecer no sofá…

Hoje não houve momento na esplanada, não houve café na rua ao fim do dia, quase não houve ida à rua. E a única que houve foi tão rápida e curta que nem devia contar…

Mas houve tatuagem na memória. E cada vez mais há a certeza de que a vontade é para concretizar. Não sei como, não sei quando, sei apenas que é para tornar realidade. Logo se vê. Não nego que, como está, está a ser muito bom. É ter, à distância de um clique, muito mais do que alguma vez ousei imaginar ser possível. Mas é. Ainda não me atrevo a dar-lhe um nome. Nem precisa. Mas é muito e é bom. O que faz com que seja muito bom.

À distância de um clique está um mundo. Um mundo de coisas boas. Que vivencio a cada segundo. E sinto. Permito-me sentir. Sem medos, sem receios, que seriam naturais mas que nunca surgiram. Porque me sinto segura à distância de um clique.

Terça feira em que nada, para além de nova tatuagem na memória, aconteceu. E, no entanto, sinto-me cansada como se tivesse sido um dia corrido. Pouco passa das 22h15m e sinto-me a adormecer aos poucos… É também parte do meu processo de metamorfose.

Amanhã será melhor. Amanhã tenho que sair ao fim da tarde para a aula de Yoga, por isso amanhã saio de casa ao contrário do que aconteceu hoje. Agora é hora de enroscar e aninhar e descansar de não sei o quê. Mas sim, amanhã será melhor.

{#317.049.2023}

Hoje não há Lua. Visível, pelo menos. Noite de Lua Nova com planetas facilmente encontrados ao olhar para cima. Quais são, não faço ideia. O que sei é que gosto sempre de os encontrar.


Lua Nova. Fim de um ciclo, início de outro. E eu, em processo de metamorfose, só peço que o novo ciclo seja de transformação para borboleta. Não me apetece nada a metamorfose do sapo…

Seja como for, qualquer metamorfose passa por momentos menos agradáveis antes de terminado o processo de transformação. E é exactamente aí que estou neste momento.
Por agora é continuar o meu caminho. O meu processo. E continuar a olhar para cima e ficar sempre encantada com os planetas em noite de Lua Nova. E quando a Lua voltar a ser visível, manter o encanto de a poder observar.

E, pelo caminho, há aquela vontade enorme de gravar tatuagens na memória. Tatuagens que ficam gravadas e fazem sorrir. Ou, até, sonhar. Sonhar com um momento que sei, sabemos, ser difícil de acontecer. Mas que não é totalmente impossível.

Até lá, vou olhando para cima. Porque sei que o que vejo daqui também é visível à distância de um clique. Hoje planetas. Brevemente a Lua. E um dia tatuagens na memória.

{#316.050.2023}

Domingo muito preguiçoso. Conseguir dormir até tarde depois de mais uma noite interrompida…

Sair ao final do dia para beber um café e apanhar um bocadinho de ar. E, ainda no elevador, querer fugir de volta para casa. Há muito tempo que não acontecia. Mas também não é habitual o que aconteceu que me fez querer voltar para casa. Mas, mãos uma vez, disse a mim mesma que não é a ansiedade ou o que seja que vai controlar a minha vida. Sou eu. Parei, respirei fundo e saí. Foi fácil? Nunca é.

Não entendo o que se passou. Sei que não gostei. Mas também sei que voltar para casa era a opção mais fácil e que não me iria levar a lado nenhum. Recordo ainda o tempo das crises de pânico, em que cada uma era mais forte que a anterior, mesmo em casa. E já nessa altura a opção foi sempre de sair de casa e ir! Fosse para onde fosse, voltar para casa não era opção. E foi assim que consegui lidar com os ataques de pânico e crises de ansiedade. O que aconteceu hoje não foi nem de longe tão forte como um desses cenários e nem me atrevo a dizer que foi ansiedade, porque não foi. Foi apenas uma tontura que não sei de onde veio, mas que me fez parar e equacionar se ia à rua ou voltava para casa. Voltar para casa era o mais fácil. Optei por ir à rua. O caminho mais fácil não é para mim.

Fui, mas sempre à espera que se repetisse. Não repetiu. Fiquei no café o tempo que quis até sentir que estava farta de estar ali. E voltei para casa sempre à espera de sentir tudo a fugir novamente. Não aconteceu, felizmente.

Mas o que aconteceu hoje foi uma espécie de lembrete que, venha o que vier, vou sempre seguir o meu caminho, que não será necessariamente o mais fácil.

Enfim…amanhã logo se vê. Mas será melhor. Porque eu quero que assim seja. Por hoje nada mais há a registar.

{#315.051.2023}

Sábado, dia de Yoga. Que é aquela actividade que já sei que vai doer mas vou na mesma. Aliás, não me vejo a não ir. O caminho até lá é lento apesar de não ser tão longe assim. O caminho de regresso é mais lento ainda e dorido. Mas vou. E só eu sei o quanto me custa percorrer o caminho, na ida mas especialmente na volta..

A tarde tinha tudo para ser aborrecida. Mas foi decidido que a melhor opção era sair e ir. Foram 2 horas na rua, 4 km percorridos a juntar aos 2,5 km feitos de manhã. E confirmei nesses 4 km a dificuldade que tenho em simplesmente andar. A direito já sei que não acontece. Mas ter que parar para recuperar o equilíbrio consegue ser frustrante. E, ao longo desses 4 km, a vontade de chorar intensificou-se. Por pura frustração.

Sei que pode não ser nada, que pode ser só a minha ansiedade de mãos dadas com a hipocondria a fazer filmes. Mas, seja lá o que for, o sentimento agora é de pura frustração. Porque andar está difícil.

Agora é recuperar do rolo compressor que me atropelou e amanhã logo se vê.