Cansada de ser bombeira involuntária.
Mas depois há isto ♥
{posso fugir por uns dias? Por favor…}
Cansada de ser bombeira involuntária.
Mas depois há isto ♥
{posso fugir por uns dias? Por favor…}
Há sempre uma saída. Que por vezes também serve de entrada.
Há sempre uma saída. Nem que seja vomitar palavrões menos próprios para aliviar a irritação provocada por factos nem-tão-importantes-assim-mas-que-me-tir
Há sempre uma saída. Por vezes demora a chegar lá. Ou até mesmo a encontrá-la.
Mas há sempre, sempre uma saída.
♥
Do dia de hoje? Nada e tanta coisa. Cabeça num turbilhão e sem tolerância para o caos que Lisboa pode ser. Querer despachar-me para atravessar a cidade dos arrabaldes até à baixa e encontrar estradas cortadas com obras, o trânsito infernal das 17h, os condutores que, certamente, têm as lâmpadas dos piscas fundidas. Ou um código da estrada exclusivo para eles. Ou ambas.
E a cabeça sempre a mil depois daqueles 50 minutos quinzenais que nunca começam à hora marcada mas que terminam sempre à hora certa e que, sinto-o, já não me ajudam tanto como deveriam. Como era suposto. Como eu gostaria. Ou…
Cabeça a mil no caos do trânsito de Lisboa. Ir do Campo das Cebolas até Santa Apolónia atrás de uma carripana que nas rectas não dava mais de 40 e na subida atingiu uns maravilhosos 20km/hora. Sem conseguir ultrapassar porque quem vinha atrás tinha pressa e não havia como escapar.
Conseguir finalmente fugir dali. Para mais ou menos 1 km mais à frente, no Poço do Bispo, encontrar um camião que tive que acompanhar até ao final do IC2. Porque, lá está, havia mais quem tivesse pressa e ultrapassar e fugir daquilo era tarefa impossível.
E a cabeça a mil. A dez mil. A cem mi! A vontade de encostar mesmo ali, largar o carro e simplesmente fugir para parte incerta. Porque ter a cabeça a mil não ajuda.
Chegar ao destino exausta. Não fisicamente mas com a cabeça completamente esgotada. A vontade de me sentar à mesa do café, deixar cair a cabeça nos braços e chorar porque a cabeça está exausta, esgotada.
Não gosto de andar a correr de um lado para o outro. E neste momento não só não gosto como não tenho capacidade para. Não depois daqueles 50 minutos quinzenais, sempre mal medidos e de que já pouco me adiantam. Quando tudo o que quero quando saio de lá é parar. Parar para respirar. Para me reencontrar. Para me recentrar.
Mas terminar o dia com material reposto sabe bem. Mesmo que para isso tenha que atravessar o caos de Lisboa dos arrabaldes à baixa com ruas cortadas. Distribuir cor num dia cinzento. Sabe bem. Faz-me bem. Mesmo que esgote fazer vários, muitos kilómetros atrás de carripanas e camiões.
Tudo para proporcionar à minha Mãe um jantar especial em família e ainda trazer comigo o sorriso de felicidade do meu Um, do meu Miguel, do meu Minhoca. E as brincadeiras a dois. A todos. Os abraços. Os beijos. Os “gosto de ti” ditos por mim e os “oh, eu já sei” dele.
Olhando para trás? Dia de contrastes. O cinzento e as cores. Os arrabaldes e a baixa. O vazio e o cheio. E, a esta hora, ainda a cabeça a mil.
Mais um dia. Dos menos maus, apesar de tudo. Cansativo. Esgotante. Mas, ainda assim, menos mau. Por causa da cor. Das cores. De vários tipos num dia cinzento.
Da Maior Mulher que conheço. A Mais Forte de todas as Mulheres.
Amiga, companheira incondicional nas horas boas, nas menos boas, nas horas felizes e nas horas doídas e doridas, sócia na hora do trabalho e na hora da parvoeira.
Porto de abrigo. Luz de presença. Com o seu Brilho que tanta gente lhe vê.
É Mulher, Irmã, Tia, Prima, Avó e Mãe. A minha Mãe.
Parabéns, Mãe ♥
Repôr stocks de fechos é, também, repôr stocks de cor. Cores. Muitas.
É sair da loja contente porque desta vez havia maior variedade e pensar “boa! 18 cores de fechos. Desta vez não me queixo que me faltam cores!”
É chegar a casa, separar os fechos por cor para os arrumar e, ao passar na inspecção da desajudanta de 4 patas receber aquele ar de reprovação de quem diz “18 cores…? Estás contente porquê? Onde é que estão os amarelos? E os laranjas? E os verdes clarinhos? Os rôxos? Os liláses? Os azuis turquesa? Estás contente com 18 cores porquê?”
Está bem, gata. Tens toda a razão. Prometo que na próxima semana vou à procura dessas cores que faltam, sim?
{isto de ter uma desajudanta-inspectora tem muito que se lhe diga…!}
Faltam cores. Sim. Mas ainda assim há cor, muita, à minha volta. E é isso que importa ♥
Para um aniversariante Minhoca, um bolo de minhocas.
{e ver os olhinhos felizes dos 5 anos vale tudo ♥ parabéns meu Um, meu Miguel, meu Minhoca.}
Há exactamente 5 anos, a esta hora, fazia frio. Muito mesmo. Havia vendaval lá fora, daquele de rasgar toldos de parques de estacionamento. Como rasgou.
Havia chuva também. A suficiente para incomodar quando batida a vento.
Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia uma ansiedade enorme que crescia desde as primeiras horas da manhã, ali a roçar o fim da madrugada. Mas era uma ansiedade daquela que deixa respirar. Apenas não deixa tirar os olhos do telemóvel sempre à espera de notícias. DA NOTÍCIA!
Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia em Santa Maria um acampamento. De futuros. Duas futuras avós. Dois futuros avôs. Uma futura tia. Um acampamento de futuros que, de vez em quando, recebia uma visita rápida para um cigarro de um futuro pai. Enquanto, lá em cima, algures num daqueles muitos pisos, para lá de escadarias, corredores, portas e mais corredores, uma futura mãe esperava a chegada de 3 futuros: o futuro filho, o futuro neto, o futuro sobrinho. Um futuro que já nos era totalmente presente, faltava apenas aquela passagem para o termos connosco.
Há exactamente 5 anos, a esta hora, fazia frio. Muito mesmo. Havia vendaval lá fora, daquele de rasgar toldos de parques de estacionamento. Como rasgou.
Havia chuva também. A suficiente para incomodar quando batida a vento.
Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia uma ansiedade enorme que crescia desde as primeiras horas da manhã, ali a roçar o fim da madrugada. Mas era uma ansiedade daquela que deixa respirar. Apenas não deixa tirar os olhos do telemóvel sempre à espera de notícias. DA NOTÍCIA!
Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia em Santa Maria um acampamento. De futuros. Duas futuras avós. Dois futuros avôs. Uma futura tia. Um acampamento de futuros que, de vez em quando, recebia uma visita rápida para um cigarro de um futuro pai. Enquanto, lá em cima, algures num daqueles muitos pisos, para lá de escadarias, corredores, portas e mais corredores, uma futura mãe esperava a chegada de 3 futuros: o futuro filho, o futuro neto, o futuro sobrinho. Um futuro que já nos era totalmente presente, faltava apenas aquela passagem para o termos connosco.
Há exactamente 5 anos, a esta hora, essa passagem ainda fazia parte de um futuro que se fazia demorado, que nos fez esperar ainda muitas horas. Mas que, quando finalmente esse futuro se fez presente, fez também mudar tudo. Fez mudar o Mundo como o conhecíamos. Porque o conhecíamos apenas sem o meu Um, sem o meu Miguel, sem o meu Minhoca.
Há exactamente 5 anos, a esta hora, eu já sabia que as coisas iam mudar. Para melhor, claramente. Não sabia, não podia saber, que ser tia do meu Um, do meu Miguel, do meu Minhoca, seria uma bênção tão grande ♥
Se o Mundo está melhor, mais rico, com a presença do meu Um, do meu Miguel, do meu Minhoca? Sem dúvida. Houvessem mais como ele… =)
Hoje, a esta hora, como há exactamente 5 anos, espero. Impaciente. Para, amanhã, poder abraçar o meu Um, o meu Miguel, o meu Minhoca, enchê-lo de beijos, cantar-lhe os parabéns e dizer em coro com ele, muito alto, aos saltos e de braços no ar “VAMOS FESTEJAR OS CINCO ANOS”!
Apesar de tudo, ao contrário do usual, há focos que não perdi.
Cor. Muita. Focar-me no que é bonito, e o mundo dos tecidos sabe sê-lo.
Focar-me no que gosto. Um dia de cada vez. Um passo de cada vez. Mas melhor. Hoje. Muito.
#takingbabysteps
A regressar aos dias melhores. Tranquilos. Serenos. A caminho do reencontro com a minha Paz.
Longe, muito longe, de estar sozinha. E grata, tanto, por isso.
♥
#comingbackfromaverydarkplace
Acordar com recados. Mensagens que me fazem chegar. De quem, estando ausente, está tão mais perto quando é mais preciso do que eu alguma vez imaginei. Sabia possível, nunca pensei que comigo. Ou simplesmente esqueci-me que. Mas sim, também comigo. Tão mais perto. Tão quando mais preciso. E saber-me assim, acompanhada, de uma forma que eu entendo e tantos recusam, saber-me assim, protegida mas acima de tudo apoiada, tanto, por quem quer ajudar-me quando mais preciso…
Saber-me assim, destinatária de uma mensagem de puro Amor.
Não foi uma manhã fácil. Mas foi. Ouvir. Sentir. Receber. Aceitar. E apenas saber. Sim, foi fácil.
E deu-me as ferramentas que precisava, preciso ainda, para tornar mais um dia que seria mais um dia muito mau, num dia melhor.
Sim, têm sido dias demasiado intensos, demasiado doridos, demasiado maus.
A acreditar que estou sozinha, não o estando sem saber. Sem me lembrar que.
Não estou sozinha, não interessa como nem porquê. Simplesmente não estou.
E tive de volta quem me fazia tanta falta e de quem tinha tantas saudades.
Tenho, ainda, um longo caminho a percorrer. Mas saber-me acompanhada desta forma ajuda-me a ser ajudada por quem está comigo para me ajudar.
Volto ao aqui e agora. Ao Amor. Ao foco em coisas positivas. Boas. Acima de tudo bonitas.
Porque sou eu quem comanda os meus dias. O meu todo.
E por tudo isto e tudo o resto que guardo para mim, sou grata. Tanto. Porque protegida. Porque abençoada. Porque Amada.
Porque sim ♥
“(…)
I’m the captain of my heart
I’m the captain of my life
I’m the captain of my whole
I’m the captain, the captain of my soul”
.:.Rita Redshoes.:.
Os meus Dois.
♥
#stilltryinghard
Em Ano {Novo} de Cabra, mimos de Porca.
E abraços du Best. Ou melhor, doS Best.
Obrigada, Super Tio Joe, Tia iAna du Best, Ricardito-a-caminho-de-Ricardão e Trufa Negra. Pelos abraços e mimos que só vocês sabem dar ♥
#stilltryinghard
184 azul.
{só que – ainda – não}
#stilltryinghard
183
{já acabou? Não?}
#stilltryingreallyhard #untilonedayItrynomore
Não escrevo para contabilizar likes, como tanta gente que conheço.
Escrevo, acima de tudo, para mim. Não escrevo para agradar a ninguém. Escrevo como terapia. Para mim.
Faço-o “publicamente”, é verdade. Por fazê-lo no meu perfil de Facebook. Repito, no MEU perfil.
Escrevo o que quero, quando quero. Mas, acima de tudo, quando preciso.
Não me interessam números. Muito menos likes. Não é para os outros gostarem que escrevo. É para eu reler quando for preciso. Para me relembrar que assim como há dias maus também há os bons.
E quando os dias são bons, falo deles. E quando são maus falo deles também.
Não embarco na prática do perfil fantasioso, onde tudo é cor de rosa e brilhante e cheio de festas e almoços e jantares e brindes e prendas.
O meu perfil de Facebook, repito, o MEU perfil de Facebook, é o que eu sou. Volto a dizer: não contabilizo likes. Assim como não contabilizo número de amigos. Ou antes, “amigos”. Ou, chamemos-lhes antes, contactos.
Já o disse, não escrevo para os outros. Lê quem quer. Quem não quer, faça scroll down. Ou, se estiver farto, é só ir ali algures e eliminar-se da minha lista.
Não, a vida não é sempre uma festa, não é sempre corderosinha e coisinhas boazinhas e amiguinhos e amorzinhos e festarolas e brindes e férias e o que for. A vida é também o oposto de tudo isso. São os dias doridos, cinzentos, frios. São um pesadelo muitas vezes. Como agora. Como nos últimos dias. Como na última noite. Como hoje.
Nunca me coibi de ser online o mesmo que sou offline: absolutamente transparente. Porque não sei ser opaca. Nem de outra forma. Se estou contente, digo-o. Demonstro-o. Vivo-o. Sinto-o. Se estou feliz também.
Mas, se algo me dói, queixo-me. Se a dor se torna insuportável, choro. Grito se for preciso. Porque a vivo. Porque a sinto. E porque chega, como ontem, como hoje, a ser insuportável. E é preciso, é-ME preciso extravasá-la. Esvaziar-me dela. Deitá-la para fora.
Escrevo sobre o que me faz bem. Escrevo, também, e acima de tudo, sobre o que me faz mal. Numa espécie de exercício de exorcismo. Porque o peso é demasiado grande para ser suportado sozinha. Porque a dor, aquela que rói e corrói por dentro, não pode ser silenciosa. Silenciada. E, por isso mesmo, a atiro para o éter. Porque tenho que a atirar para algum lado. Mas, ao mesmo tempo, preciso que me esteja disponível no éter para quando precisar de me lembrar que já tive dias piores. E, também, que já tive dias melhores e que também esses irão voltar.
Estou à beira do meu limite. Como há muito tempo não estava. Acredito na resiliência. Acredito na força para dar a volta por cima. Acredito que amanhã é outro dia e que vai ser melhor. Mesmo que não seja. Hoje, por exemplo, era para ser melhor que ontem. Não foi. Não está a ser. E prevê-se outra noite como a última. De pesadelo. De uma dor insuportável que corta o ar. De um peso que carrego comigo porque dói. E, simplesmente porque dói, continua a pesar.
Estou, de facto, à beira do meu limite. Se nos últimos seis meses trabalhei para não voltar ao abismo, hoje é lá, à beira do abismo, que estou de novo. É cíclico, dizem-me. Não pode ser, digo. Não com esta intensidade, com esta força, com este peso.
Todos os dias me esforço. Há 182 dias que me esforço para que cada dia conte. Para que em todos os dias, mesmo nos menos bons, haja sempre alguma coisa boa. Por mínima que seja. Há 182 dias que conto os dias que passam para poder olhar para trás e dizer “vê onde já chegaste”…
Mas depois há dias, como os últimos, como hoje, que já nada disso parece importar. Porque voltei a cair. E voltaram as dores que me trouxeram aqui. Mas voltaram como se fosse o primeiro dia. Com demasiada força para as suportar sozinha. E é sozinha que tenho que as suportar. E é sozinha que as tenho suportado. E é sozinha que digo que já não aguento mais. Que já não sei como conseguir olhar em frente novamente. É sozinha que penso, tanto, em desistir. De vez. Sim, penso nisso muitas vezes. Quando os dias, como os últimos, como o de hoje, se tornam demasiado insuportáveis e quando a dor sufoca, penso tantas vezes que o esforço, muitas vezes a roçar o sobre-humano, é inglório.
Porque não aguento mais. Não suporto mais. Não consigo mais.
Não contabilizo likes, não contabilizo contactos, mas contabilizo dias. E cada vez contabilizo mais dias maus, ou mesmo muito maus, do que bons ou apenas menos maus. E, também por isso, me sinto no limite. De tudo o que é humanamente suportável.
O dia de hoje? Contabilizo-o como mais um que está prestes a acabar. O bom deste dia? Dizem que ainda tenho pulsação. Consta que sobrevivi a mais um dia. E é só.
{e não me venham com o discurso, mais do que gasto, de “tu não reages como as outras pessoas”. Pois não. Eu não sou os outros. Eu sou eu. Nem sequer sou 1 num milhão. Sou 1 em mais de 7 mil milhões de pessoas no mundo. Não me peçam para ser, reagir ou sentir, “como as outras pessoas”. Eu sou EU. Reajo como EU sei reagir. Sinto como EU sei sentir. E, infelizmente, admito que sinto tudo, o bom e o mau, com demasiada intensidade. Mas, essa, sou EU. Não sei ser de outro modo.}
#tryingreallyhard
É Agosto em Fevereiro. Frio. Cinzento. Escuro. Dorido. Doído.
Um dia encontro a saída.
{não parece, mas todos os dias contam}
O Universo tem, de facto, formas curiosas de nos demonstrar que nem tudo pode ser apenas mau. E que mesmo num dia muito mau e dorido e doído como o de hoje, assombrado pela força das memórias do que não chegou a ser, também há coisas boas.
Um telefonema com uma pergunta e uma afirmação: “queres? É tua!”.
E eu apenas consegui dizer obrigada depois de não saber o que dizer ao ser apanhada de surpresa.
Se o dia não foi bom, foi até muito mau como há muito tempo não era, a noite veio equilibrar tudo. E o Universo sabe, de facto, que ponto usar para um trabalho perfeito.
Grata, tanto, por estes gestos que para mim não têm tamanho de tão grandes que são.
Grata, tanto, por saber que recebemos, todos, na mesma medida em que damos.
Grata, tanto, por estas surpresas do Universo.
♥
Saudades tuas, muitas. Tantas…
Falo contigo de mim para ti, como se existisses. Como se ainda existisses cá dentro, a crescer, a deixar-me enorme, a deixar-me inchada de Amor por ti.
Falo-te todos os dias. Ouves-me? Sentes-me? Eu não te sinto, já. Na verdade, nunca cheguei a sentir-te realmente. Não houve tempo para isso… Mas senti as mudanças durante aqueles 42 dias que me diziam, mesmo sem te sentir, que crescias dentro de mim.
Hoje sinto a tua falta, como todos os dias desde o primeiro dia que foi o último. Quando deixaste de ser. Porque não podias ser, dizem-me. Mas trago-te comigo, em mim, todos os dias. Mesmo que as lágrimas me visitem amiúde, mesmo que as memórias me doam, trago-te sempre comigo.
Mesmo sabendo que falta pouco menos de 6 semanas para o meu aniversário. O mesmo dia que seria também o teu aniversário, pelas contas do calendário que não chegou a ser. Quando soube de ti, sorri e pensei “nunca mais vou passar um aniversário sozinha”. Não sabia, no entanto, que esse dia nunca chegaria a ser também o teu dia, o nosso dia. Vai continuar a ser só o meu dia, sozinha. Porque por muita gente que esteja comigo nesse dia, vou continuar a estar sem ti.
Dói muito, sabes? Gostava de poder apagar a memória. Para não doer. Para não chorar como agora. Mas, por outro lado, não iria lembrar-me de ti, o meu bebé. O meu filho. Que não chegou a nascer e que, por isso, me faz doer tanto cá dentro.
Tenho saudades tuas. Muitas. Tantas. Não tem explicação esta imensidão de saudades de algo que não chegou a ser. Do meu filho que não chegou a nascer.
Amo-te muito. Quero que o saibas. Nunca o tinha dito, nunca o tinha escrito, nunca quis pronunciar esta frase porque tu não está cá. Porque cheguei a pensar que não tinha tido tempo para me apaixonar por ti. Porque foste-me tão breve. Mas ser-me-ás eterno. Mesmo que não estejas aqui para te sentir dentro de mim, mesmo que não estejas aqui para te ver crescer a partir do dia do meu aniversário. Que seria também o teu. Seria o nosso dia. E seria sempre de festa. Porque tu estarias ali comigo como o meu maior presente. Mas não estás, não estarás…e serás sempre, para sempre, o meu maior ausente.
Amo-te muito. E sei que nunca te irei esquecer, mesmo que me tenhas preenchido apenas por 42 dias…
O caminho é para a frente. Quando não é possível então que se faça para cima, crescendo.
Como hoje.
Depois de ontem veio o hoje. E se o ontem foi o que foi, mau, magoado, dorido, zangado, triste, o hoje foi {mais} tranquilo.
A mágoa, a desilusão, continuam cá. Mas de hoje, o que conta mesmo, o que foi realmente importante, foi a nota de alta.
A partir de hoje, 8 meses depois, aquela porta volta a estar ali assim, à distância. Onde passei tantas vezes e, lembro-me bem, de cada vez que passava baixava a cabeça para fazer de conta que aquela porta, entrada para resolução de dores, não existia. Porque sempre achei que se evitasse olhar para ela, nunca teria que a cruzar.
A partir de hoje, dia de alta 8 meses depois, quando por ali passar, olharei para aquela porta de cabeça erguida. Por já a ter cruzado e porque faz parte da minha História. Olharei para aquela porta à distância porque não quero precisar de voltar a cruzá-la. Mas estarei sempre profundamente grata pelo que acontece para lá daquela porta.
E hoje foi um dia bom só por isto. Aliás, não só por isto. Mas essencialmente por isto. Nota de alta.
Sim, hoje FOI um dia bom.