Category Archives: {#2023.Dezembro}

{#365.001.2023}

Último dia do ano. Altura para fazer balanço. Que não faço porque todos os dias vou fazendo o balanço diário. Seja como for, se tiver que descrever o ano que agora termina digo que foi o ano em que tropecei na ponta de um icebergue… Só saberei a verdadeira dimensão do icebergue algures no decorrer de 2024, mesmo que já tudo aponte numa direcção. Dificilmente será algo diferente…

2024 prevê-se que seja um ano de descoberta, de mudança e adaptação. Não se prevê que seja nada de bom, nada de positivo.

É o que for…

O dia passou lento, mas quando menos esperava o telefone tocou. E do outro lado estava quem está todos os dias à distância de um clique. E foi uma surpresa tão boa que me aconchegou num momento em que precisava tanto de colo.

Já não falta muito para a meia noite. 2023 está a dar as últimas. E eu não estou em casa, onde queria estar. Felizmente não estou longe. E quem me acompanha diariamente mantém-se presente mesmo que esteja a trabalhar.

Adeus 2023. 2024, sê simpático.

Amanhã será melhor.

{#364.002.2023}

“50 anos não são 50 dias”, disse o padre. E não são mesmo. Mas os meus tios estão cá para provar que é possível.

Hoje foi dia de regresso às origens e regresso ao ponto de fuga de 2014. Foi dia de família e amigos. Primos, muitos. Tios também. Foi um dia longo mas bom.

E, à distância de um clique, aquela presença de todos os dias que me sabe tão bem, que me faz tão bem.

Por hoje estou aconchegada. Amanhã fecha-se o ano e programa-se o próximo. Não faço planos, deixei de os fazer há muito tempo. Mas há uma ou outra coisa que quero alcançar.

Aconchegada, brilhozinho nos olhos, sorriso ao canto da boca. E assim segue para fechar o ano. Amanhã? Logo se vê.

{#363.003.2023}

Dizem que é sexta feira. Na minha cabeça, por algum motivo, foi Sábado…

Não me lembro de metade do dia. Da manhã não há registo. E é tão estranho não me lembrar… Sei que não aconteceu nada. Agora, ao fazer um esforço, lembro-me que fui à rua beber café e comprar tabaco já muito perto da hora de almoço…depois e até voltar a sair de casa para ir à vila não me lembro…

É muito estranho sentir a memória em branco. Mas também é verdade que nos meus dias não se passa nada…

À tarde sim, lembro-me. Fui à vila tratar de mim. Depois uma rápida passagem pelo supermercado. E o regresso a casa.

Mas depois há aquela presença à distância de um clique que, cada vez mais, me sabe tão bem, tão certo. Não há tempo certo ou errado, há tempo e o que se faz com ele. E, neste momento, é isto o mais importante: o que é sentido e vivido a dois, ainda que os kilometros que nos separam sejam 135…

Devagarinho vou-me rendendo a um amigo ou outra palavra certa…a medo, claro. A voz da experiência grita-me a recordar-me de experiências anteriores que não correram bem mesmo que não tenha dado uso às palavras certas. Sei que, desta vez, tem tudo para dar certo, para correr bem. E daí a vontade de dar uso às palavras…

O que está do outro lado, o que está à distância de um clique é o que mais sentido faz. É o que é certo. Mesmo com tanta coisa pelo meio. E há muito tempo que não me sentia assim…

Amanhã vai ser um dia longo. Mas vai ser um bom dia. Porque, à distância de um clique, está a pessoa certa que me acompanha sempre e para todo o lado. E que me aconchega só por estar lá.

{#362.004.2023}

Quinta feira fria e uma ida a Lisboa. Quase visita de médico. Duas horas e meia entre ir e vir.

E, do outro lado, à distância de um clique, as palavras que não são ditas mas onde tudo é dito. Não é preciso dizer as palavras que teimo em não dizer. Porque ambos sabemos o que sentimos e, muito importante, o que o outro sente. Tudo diz o que é sentido. Mesmo não dizendo nada. Não é preciso dizer o que já ambos sabemos. E é tão bom quando é assim.

O respeito pelas palavras. O peso das palavras. Um dia…um dia atrevo-me a nomear isto que trago comigo, em mim, que partilho todos os dias. E insisto nisto: o que existe é bonito. Muito bonito. Pela forma como nasceu. Pela forma como tem crescido mesmo com tantos Mas pelo meio.

Fazer acontecer… Quero muito fazer acontecer. Quero o olhar nos olhos. Quero o toque. Quero o cheiro. Quero o beijo. Quero (tanto) o abraço. Quero o sorriso cúmplice. No fundo, quero vencer a distância. Meet me half way, will you?

Pode parecer que quero muita coisa. Não é muita coisa. Quero criar memórias. Como tatuagens na pele. Mas daquelas memórias com toque. Com cheiro. Daquelas memórias que ficam para sempre com uma história para contar.

A caminho dos 7 meses ainda não percebi como chegámos aqui. Mas chegámos. Se calhar estava escrito. Tinha que acontecer. Não sei. Mas sei que não quero andar para trás. Não quero de volta aquele cenário pré 5 de Junho. Não tenho dúvidas que aquele olá foi a melhor coisa que podia ter feito. Porque, na sequência desse olá, veio o melhor que me aconteceu. Sem esperar. Sem pressa. Sem pressão.

Sinto-me aconchegada. Protegida. Acompanhada. Compreendida. Aceite tal como sou. E, já o disse antes, e agora admito que arrisquei o uso da palavra, mas sinto-me amada. E sei, sem qualquer dúvida, que o sou. E não duvido que também sabes que és.

2023 pode ter sido um ano estranho e não muito positivo. Mas trouxe-me quem estava tão perto há tantos anos e nenhum de nós sabia que tinha que acontecer.

Amanhã não vai haver ida a Lisboa para visita de médico. Não vai haver grande coisa, na verdade. Mas vai haver frio mais uma vez. E eu vou continuar aconchegada e quentinha porque do outro lado, à distância de um clique, está a pessoa certa. E só isso importa.

{#361.005.2023}

Cheio, intenso e sem açúcar. E, sem máquina de café em casa, é preciso enfrentar o frio da rua. A custo tenho saído todos os dias duas ou três vezes para consumir a dose diária recomendada de cafeína. Mas o frio…

O frio que está na rua e o frio que está em casa. Tira a coragem para fazer seja o que for… E só me consigo lembrar de que ainda não estamos em Janeiro.

Por outro lado, há coisas que me aquecem por dentro. São pequenas coisas mas que porque serem o que são e de quem são se tornam enormes. Se há 6 meses e meio me tivessem dito que isto iria tomar esta proporção, eu ter-me-ia rido por achar que me estavam a gozar…

Continuo sem conseguir nomear isto ou o que sinto. O que sentimos. Porque eu tenho muito respeito pelas palavras e não gosto de usá-las em vão. E não vejo necessidade, para já, de nomear seja o que for. Quero muito fazê-lo. Dizê-lo. Porque o sinto. E eu sou de sentir. Tudo. Mas não quero nomear seja o que for. Não ainda. Medo? Receio…claro que sim. Tudo a seu tempo.

O dia hoje foi difícil por causa do frio, mas depois houve tantas coisas boas que me aconchegaram e aqueceram e tornaram o dia mais leve.

Não me dou bem com este frio. E o Inverno começou nem há uma semana. Recordo-me de outros Invernos difíceis mas sempre em Janeiro. Cheguei a duvidar que conseguisse sobreviver ao frio. Também é verdade que nesse Janeiro o meu lado emocional estava muito fragilizado deixando-me mais sensível a tudo. No momento presente já não acontece o mesmo, mas o frio entranha-se…

Amanhã será melhor. E será também amanhã que começo a medir palavras, a sentir-lhes o peso, para no momento certo poder usar as palavras certas. Por agora recolho a uma conchinha a dois, de bichinho de conta. E amanhã logo se vê como estará o frio.

{#360.006.2023}

Frio. Muito frio. Daquele frio que tira a vontade de fazer seja o que for. Mas que a presença à distância de um clique atenua. Sim, fico mais aconchegada e, de certa forma, mais quentinha.

E, de repente, a vontade de fazer acontecer traz ideias de como concretizar. Parece ser algo muito simples de realizar, mas existe sempre um Mas nesta história… Estamos a um mês de distância. Ideias irão surgir. Têm que surgir. Porque a vontade de fazer acontecer é muito grande. E, se não for agora, não sei se alguma vez será…

Há 29 anos nesta mesma data também estava a fazer acontecer de mochila às costas e botas Doc Martens nos pés. Foram 27 horas de comboio para cada lado, sozinha. Aos 17 anos já sabia o que queria. Já acreditava que a distância não era impedimento para duas pessoas que se gostam desta maneira. E por isso fui. Agora já não tenho Doc Martens nos pés nem mochila às costas. E muito menos tenho 17 anos. Mas continuo a acreditar que a distância não é impedimento. E, desta vez, quaisquer duas horas (ou menos) de Expresso e o encontro acontece. Acontece o toque. O abraço. O beijo. O sorriso cúmplice. O olhar olhos nos olhos. O sussurro ao ouvido porque o Mundo não tem que ouvir as palavras que quero dizer. Mas, sem dúvida, o abraço. Aquele que aconchega. Que segura. Que protege.

Sim, a vontade de fazer acontecer é muito grande. A um mês de distância ainda é possível tentar encontrar o que falta para que tudo isto possa acontecer. Ainda acredito que é possível.

E de novo, ou ainda?, o frio que me gela as mãos. Amanhã não se prevê que melhore. Mas, à distância de um clique, está alguém que me aconchega e me aquece. E só por isso já sei que o dia vai ser bom. Como tem sido todos os dias desde há 6 meses. E o brilhozinho nos olhos e sorriso ao canto da boca estão cá desde o primeiro dia. E isso é tão bom…

Sim, amanhã será um dia bom. Frio, de certeza. Mas bom.

{#359.007.2023}

Segunda feira, dia de Natal e ainda os sobrinhos na ressaca das prendas. E é tão fácil deixá-los felizes.

E o frio…tanto.

O dia não foi mau, mesmo com tanto frio. Mas amanhã será melhor. Porque eu quero que assim seja. E vou querer dizer de viva voz a dimensão do que sinto e que insisto em não nomear…

{#358.008.2023}

Véspera de Natal. Nada a declarar, portanto. Sempre uma data deprimente e hoje não foi excepção.

Quem está à distância de um clique esteve presente como e quando pôde.

De resto, um dia igual aos outros, sem histórias ou História.

Amanhã, já sem obrigação de coisa nenhuma, será melhor.

{#357.009.2023}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Hoje não foi excepção. Vontade de ir a Almada, pouca coragem para o fazer. Amanhã é o último dia do mercado, portanto isso tenho mesmo que ir atenção lá.

Entretanto está a instalar-se em mim uma grande inquietação. Em que facilmente fico parada sentada na beira da cama, sem me mexer, sem qualquer reacção mas prestes a explodir à mínima coisa… E a vontade de chorar. Sempre a vontade de chorar. E repetir vezes sem conta as frases “só me apetece chorar” e “eu não estou bem”. E como resposta o habitual silêncio que me grita! Um silêncio ensurdecedor quando o que eu preciso é de ser ouvida. Porque tenho mil questões na cabeça e vivo um novo tipo de ansiedade que ainda não conhecia, a ansiedade da espera. E ainda falta tanto tempo para essa espera terminar. Perto de 40 dias…e 40 dias demoram muito a passar…

Estou cansada. Desanimada. Inquieta. Explosiva. E a única coisa que posso fazer é esperar…

Amanhã é véspera de Natal. E pode ser que seja um bocadinho melhor…

{#356.010.2023}

Dizem que hoje é Sexta Feira… Não senti o dia como sendo Sexta Feira, para mim soube-me sempre a Sábado…mas um Sábado doloroso em que o desânimo esteve sempre presente, bem como a vontade de chorar. Sem grande coragem para nada. Sem vontade de coisa nenhuma. Quase resignada a um futuro condicionado e incerto.

Ainda falta um mês e meio para a consulta. E Janeiro demora sempre tanto tempo a passar…

me

apetece

chorar!

Mas não consigo…

…e neste momento só preciso de um abraço protector que me aconchegue e me dê força para o que aí vem…

Amanhã logo se vê. Hoje não está fácil. Hoje não está bom. E a vontade de chorar…

{#355.011.2023}

Deitar relativamente cedo para adormecer muito tarde implica manhã dedicada ao acto de simplesmente dormir. Descansar. Não sei exactamente o que me cansa, mas dizem que faz parte…

A verdade é que todo o dia me senti muito cansada, ao ponto de não ir a Almada como tinha programado. Posso não ter feito nada o dia todo excepto ir ao café e à farmácia numa deslocação que, em tempos, corria melhor. Mas o cansaço está cá… Assim como o desequilíbrio que continua presente e que torna cada deslocação numa aventura. Tem sido uma aventura com desfecho positivo, mas o risco de queda é grande e real.

São 22h20m e dou o dia por terminado. Já de seguida, cama! E, se dormir já, seja!

Amanhã é dia de Solstício de Inverno. Uma ou outra coisa pensada. Logo se vê o que vou conseguir concretizar. Mas sei que será melhor. Porque eu quero que assim seja.

{#354.012.2023}

Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim.

Dentista para começar o dia, Yoga para terminar. E nada a acontecer pelo meio.

Mas cada vez mais a certeza de que há encontros que simplesmente têm que acontecer. Está escrito algures que esse encontro tinha que acontecer. E, de certa forma, já aconteceu. Ou está a acontecer. À distância de um clique, é verdade, mas mesmo assim é possível duas pessoas reconhecerem-se e saberem que o que está a acontecer é certo. E é tão bom quando isso acontece mesmo à distância. Onde o toque ainda não se deu, o beijo ainda não aconteceu, mas alguma coisa que não me atrevo a nomear já ocorreu para ambos.

Haveria ainda tanto para falar sobre isto, mas prefiro guardar comigo. Deixo apenas o registo do brilhozinho nos olhos e sorriso ao canto da boca e coração aconchegado. Ali sinto-me bem. Segura. Protegida. Até amada…

O que vai acontecer lá para a frente? Não faço ideia. Sei que, até lá, vai ser um dia de cada vez, sem pressa, mas com um sorriso constante.

Amanhã? Antes de mais, fazer o que não me deixaram fazer hoje: dormir. Depois? Vai depender do frio. Sei onde quero ir, sei o que quero fazer. Mas também sei que ainda o Inverno não começou e já não se aguenta o frio… Logo se vê como será. Mas, à distância de um clique, estarei sempre enroscada e aninhada. Amanhã será um dia bom. Mesmo com frio.

{#353.013.2023}

Muito, muito, muito frio. Dia perfeito para ficar em casa. Tinha previsto ir até Almada ao mercado de Natal, mas o frio fez-me ficar por casa, saindo só para beber café. Continuar sem máquina de café a isso obriga.

Sobrinhos sem vontade de sair do pijama, quanto mais de casa! Foi um dia tranquilo, sem histórias ou História. Apenas a tentativa quase frustrada de concluir o básico mas que, ao fim da tarde, se resolveu.

Amanhã o dia começa cedo. E logo de seguida dentista. Depois regresso ao quentinho de casa. E vou continuar a fazer o que fiz hoje: enviar postais.

De resto, será um dia bom, porque eu quero que assim seja, apesar do frio prometido.

{#352.014.2023}

Sobrinhos de férias cá em casa, óptimo para matar saudades. E, também, para pôr a tia à prova.

Hoje foi o caminho até à praia e regresso. Eles sabem que a tia está de baixa porque está doente. Mas não sabem com o quê. Ficaram hoje a saber das dificuldades que já tenho em caminhar. E, claro, o mais velho começou com as perguntas difíceis às quais não sei responder. Porque eu própria não tenho, ainda, respostas.

Amanhã não vamos à praia. A menos que eles queiram ir, o que eu duvido. Vai ser mais um dia para fugir ao frio. E, só por isso, será melhor. Por agora, e com muito frio, dou o dia por terminado. Amanhã logo se vê…

{#351.015.2023}

Domingo. Dia frio. E a ausência expectável mas nem por isso desejada. E a ausência pesa…

À noite a chegada dos Meus Dois. Vai ser uma boa semana.

Amanhã também será um dia bom. Mesmo que esteja frio.

{#350.016.2023}

Sábado. Aquele dia aborrecido da semana. Manhã de Yoga. Tarde de sofá. E dormir. E agora à noite não sei se é crise de alergias ou constipação…

Muito cansada. De nada, na verdade.

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho de manhã. Já tinha pensado em, depois de almoço, regressar ao Jardim da Estrela. Mas não sei se vou conseguir. Vamos ver como acordo de manhã.

De resto, sinto a falta de quem está à distância de um clique…

{#349.017.2023}

Última visita ao centro de saúde para consulta de enfermagem. Retirados os pontos na quarta feira, hoje foi só mesmo para avaliar. “A costura está bonita”, disse-me a enfermeira. Seja. Eu não quero é que abra. Quero que cicatrize correctamente e não haja estragos.

No regresso a casa, telefonema com quem tinha combinado um café. “Não vou hoje”, disse eu, já a caminho de casa. Mas dei a notícia que queria dar pessoalmente. E a reacção foi a que se esperava, claro.

Vou partilhando devagarinho quando a vontade é gritar para o Mundo o que tenho…para quê? Não sei…

Foi um dia estranhamente longo. E muito frio. Agora é hora de enroscar e aninhar no quentinho dos edredons. Mesmo sem ter sono que acabará por chegar. Dou o dia de hoje por terminado. Amanhã será melhor. Ainda não decidi se vou amanhã ou Domingo novamente ao jardim da Estrela. Amanhã logo decido. Porque a ir será sozinha. E ir sozinha agora é um risco… Mas não vou deixar de fazer nada enquanto posso. Porque um dia vou deixar de poder fazer coisas tão simples como andar…

{#348.018.2023}

Dia muito preguiçoso e muito frio. E eu ainda a digerir a carta do Hospital com a confirmação da marcação da consulta e indicação de especialidade e valência. A especialidade não me incomoda por aí além, mas a valência ainda não a aceito…a ficha ainda não caiu e só deve cair depois da consulta. Nessa altura é que vou ter que aceitar aquilo que está cá e que não tem retorno…

Falta pouco mais de mês e meio para a consulta…até lá ainda vou ter muito tempo para tentar não pensar…mas, até lá, a imagem da carta continua presente e continua a ser muito semelhante a um estaladão que me deram. Foi uma espécie de chamada à realidade ler aquela valência daquela especialidade. Porque fecha um pouco mais o diagnóstico embora ainda haja exames a fazer.

Não têm sido dias fáceis. E não duvido que até à consulta vão continuar a ser difíceis. E, depois da consulta, logo se vê…

Felizmente tenho quem esteja do meu lado pronto a caminhar comigo ou até a levar-me aos colo se for preciso. Pela primeira vez encontro alguém que me vê como sou. E que me aceita na totalidade. Nunca pensei que pudesse chegar ao que chegámos. Mas ainda bem que chegámos. Porque sentir o que sinto é muito bom. E saber que é recíproco não tem preço. E, à distância de um clique, sei que está lá sempre. E é tão bom saber isso.

Tenho brilho no olhar novamente, “coisa de não tinhas”, disse-me a minha mãe. Brilhozinho nos olhos e sorriso ao canto da boca. Só não saltarico por aí porque o risco de queda é grande. Mas o conjunto está completo. E é tão bom.

Amanhã é dia de regressar ao centro de saúde. Tarde de passeio novamente. Faz-me bem, mantém-me ocupada e distraída. De resto, logo se vê como será o dia. Mas já sei que será melhor do que hoje.

{#347.019.2023}

Quarta feira. E a reacção ao que li, gravei e enviei… Desde ontem que tem havido reacção. E muito positiva. O que me deixa mais confortável, porque segura, no momento de baixar a guarda e deixar cair a armadura.

Manhã ocupada, com mais uma passagem pelo centro de saúde para consulta de enfermagem. Pontos retirados, costura limpa mas ainda não completamente cicatrizada. Manter o cuidado de não forçar, manter limpa, juntar-lhe Bepanthen para ajudar com a cicatrização e sexta feira voltar ao centro de saúde.

Passar no mercado de Natal à procura de caras conhecidas. Não encontrei. Voltar para casa cansada. Fazer horas…e à hora que era a certa fazer um telefonema.

Estes telefonemas deviam acontecer mais vezes. Porque falar em vez de apenas escrever é muito importante. E sabe tão bem. E aproxima ainda mais. E neste momento é disso que preciso: proximidade. E, se a distância não o permite, então falar de viva voz faz toda a diferença.

Vamos ver…

Foi um dia longo que terminou com a aula de Yoga habitual das quartas feiras. E, mais uma vez, a confirmação da dificuldade que tenho em caminhar…especialmente quando o chão não é totalmente liso e/ou direito. Tantas vezes que tive que parar ou ir contra uma parede porque perdia o equilíbrio…e os pontapés no chão e os tropeções e as pernas que não obedecem. Não está fácil…ainda não me caiu a ficha totalmente e não sei se quero que caia…não estou preparada para isto. Mas, por agora, também não quero pensar. Quando for a consulta faço as perguntas que me lembrar. E aí talvez a ficha caia…

Não quero pensar agora. Agora quero sentir o que à distância de um clique despertou em mim. E é tão bom. Sabe tão bem. Faz tão bem. E por isso digo que só isso importa. O resto? A seu tempo. Da doença não há como escapar. Por isso, um dia de cada vez. E amanhã será um dia mais tranquilo e mais sossegado. E se der para telefonar novamente vai saber muito bem…

{#346.020.2023}

Terça feira e pouca vontade de sair de casa. Na verdade, a tarde foi passada sozinha em casa pela primeira vez há muito tempo.

Ainda de ontem: o desafio foi ler e gravar posts do blog. Pedi uma data. Respondeu-me com 3 datas por cada ano desde 2014. Pela primeira vez reli o que escrevi. E pela primeira vez li em voz alta o que escrevi… Gravei 28 posts do blog e mexeu cá dentro ler algumas coisas…

Hoje, sozinha em casa, depois de enviar os áudios, decidi ouvir um. E depois outro. E mais outro. Acabei por ouvir os 28… E percebi que alguns posts são uma espécie de murro no estômago e que no final de ouvir aquela miúda que sou eu só me apeteceu dizer um palavrão feio e abraçá-la… Sei que quem recebeu os áudios já conseguiu ouvir o primeiro e percebeu a dor que escrevi no dia 4 de Agosto de 2014

Ouvi os 28 áudios. Que foram 28 posts do blog. Lidos pela primeira vez desde a sua publicação. Lidos pela primeira vez em voz alta. E reconheço a dor e o sofrimento. Mas também reconheço a evolução. Porque essa evolução existe. Lido hoje muito melhor com a perda do meu filho do que lidava no início. Ainda me dói. Ainda é uma ferida que dói. E que, de vez em quando, ainda sangra…

No fim reconheci que partilhar estas datas específicas é como ir tirando a armadura aos poucos. É uma forma de me dar a conhecer a quem quer realmente conhecer mais de mim e entender quem sou. E pela primeira vez há quem me diga que, de facto, quer saber mais de mim para me entender e conhecer.

O dia foi muito longo. Mas foi um dia que não foi mau mesmo tendo mexido na ferida. Amanhã? Será um dia ocupado. E, só por isso, será melhor.