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{#151.215.2022}

Na esplanada, já sei, é mesa definitivamente para um.

E, de repente, estou de volta ao Verão de 2014. Por motivos diferentes, é certo, mas com uma dor de perda muito semelhante. E não, não é bom sinal.

Vou ter um longo caminho a percorrer. Mas, desta vez, sei que não estou sozinha. Tenho o apoio profissional necessário. Tenho amizades que me estendem a mão e me ouvem. E que não me vão deixar cair.

O porto de abrigo já não existe. E, no seu lugar, tenho agora silêncio. Não sei até quando. Mas sei que não serei eu a quebrar esse silêncio. Não agora. Não ainda.

Amanhã será outro dia difícil. Mas volto a um dia de cada vez. E talvez um dia volte a olhar para trás e diga que estou bem. Mas hoje, decididamente, ainda não é o dia.

{#150.216.2022}

Um dos meus problemas é lembrar-me de tudo o que é dito…

Hoje não foi fácil olhar para cima. Os efeitos do murro no estômago de ontem fizeram sentir-se hoje em força. Ao ponto de precisar de socorro e ter uma mini consulta com o terapeuta fofinho à hora de almoço para acalmar a somatização. Porque o murro no estômago de ontem foi o atropelamento por um camião hoje.

Há muito tempo que não me sentia assim. Mal. Na merda. E à beira do abismo. E sei que é tão fácil simplesmente deixar-me cair. Afinal, é um lugar que já conheço e pode ser confortável. Não é agradável. Mas sabe ser confortável. Por já ser conhecido. Se quero voltar a esse lugar escuro? Neste momento já não sei o que quero. Mas a vertigem do abismo chama por mim, como se me dissesse que é ali que pertenço.

Não está fácil tirar os olhos do chão… Sei que devia tirar os olhos do chão. Tenho que tirar. Mas antes de o fazer tenho que sentir tudo o que neste momento me dói. Porque perdi algo que me era demasiado importante. Sim, perdi. E essa perda dói muito. Tanto como há muito tempo não sentia. E já não sei como se lida com isso.

Dizem-me que vou sair mais forte disto. Talvez. Mas não queria estar a passar por isto. Não assim nem de maneira nenhuma.

Sei que me dói o corpo todo, tornando física aquela dor que não se explica. Apenas se sente. E tenho tanto medo de cair… De cair com o peso da dor. Porque é um peso enorme. Uma dor enorme.

Não quero isto… Não merecia isto… Muito menos assim, um murro no estômago.

Preciso de chorar. E não consigo. Sei que um dia vai acontecer e vai ser positivo para me ajudar a aliviar a dor. Mas simplesmente não consigo chorar. Estou demasiado triste para isso. E preocupa-me, muito, o estado em que estou e aquele em que ainda posso vir a estar.

É uma merda, é o que é. E eu não quero sentir isto por muito tempo. Mas sei que vai ser difícil lidar com a perda, com a dor, com a frustração. São 4 anos e meio deitados ao lixo. E eu não merecia isto…não um murro no estômago desta maneira.

{#149.217.2022}

Sabia que podia acontecer. Não estava à espera que já tivesse acontecido. Fiquei hoje a saber que sim, o que eu temia aconteceu… A mesa do café manter-se-á para um. O café ou o jantar são promessas que não se vão cumprir. O porto de abrigo não sei se continuará a sê-lo. Sei que algo se perdeu. Mas também percebo agora que já se perdeu há algum tempo. Só eu não sabia.

Soube hoje. A frio. De forma seca. Doeu? Claro que sim. Ainda estou a encaixar aquela frase. Ainda me tira o ar. Ainda me faz tremer por dentro.

Estou na primeira fase do luto. Porque será um luto por algo que se perdeu. Ainda estou em negação. Ainda estou a precisar que me digam novamente, mas agora com outras palavras. Mais cuidadas. Mais sensíveis.

Não vai acontecer, claro. Nem sei quando ou se vamos conversar sobre o que foi dito hoje. Sei apenas que doeu. Muito. Ouvir o que ouvi e ver o pouco que vi.

Mas é o que é. Sabia que podia acontecer. E aconteceu.

Estou triste? Claro que sim. Se vou chorar? Espero que não.

Mantenho o que sempre disse: o que trago comigo, cá dentro, em mim, é bonito. Por ser puro e desinteressado.

Como vai ser daqui para a frente? Não faço ideia. Mas volto a pensar no tal denominador comum que falei há uns dias: eu. Mais uma vez digo que o problema sou eu. Porque tudo me diz que sou.

Dizem-me que não posso pensar assim. Mas não penso, simplesmente sinto. E, mais uma vez, sinto que não fui o suficiente…

Não, hoje não foi um dia bom como ontem achei que fosse. Amanhã? Continuarei na fase um do luto: a negação.

{#148.218.2022}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Hoje não foi um dia muito aborrecido, foi antes dedicado a algo que estava a precisar: descansar.

Acordar cedo, como habitualmente, depois de mais uma noite interrompida. E, ainda de manhã, o retorno do porto de abrigo e uma espécie de desafio meio em jeito de brincadeira que aceitei de imediato: dar de mim, do meu tempo, a quem precisa. Vai acontecer amanhã, por mim podia ter acontecido já hoje.

Amanhã, então, fazer do meu dia algo de útil. Dar o meu tempo, aquele que eu não tenho tempo para perder Tempo, e que cada vez acho mais importante, especialmente por continuar a cruzar-me com quem não acrescenta muito ao tempo que lhe dedico.

Continua um silêncio ensurdecedor. Mas há silêncios que gritam. E eu já percebi a mensagem. Por isso mesmo não pretendo continuar o jogo da tempestade perfeita. Que, como digo desde o primeiro dia, tem tudo para correr mal. Mas não o vou permitir.

Prefiro manter-me segura num porto de abrigo que conheço bem e que sei que não me leva a lado nenhum, mas que me aconchega simplesmente por estar lá.

Porque dizer a frase “temos que conversar” pode ter como resultado a fuga, mas apenas para quem é uma tempestade perfeita, não um porto de abrigo.

Lesson learned. E, se voltar a haver contacto com a intempérie, já sei o que esperar. E por onde ir. Ou, decididamente, não ir.

Amanhã vai ser um bom dia. Por tudo o que está previsto, pela presença que procuro há tanto tempo, pelo tempo que vou dar sem pedir nada em troca, pela diferença que vou ajudar a fazer, por fazer do meu dia algo bom.

Hoje? Descanso. Não consegui estudar. Devia tê-lo feito, mas precisei de ter tempo para não fazer nada. Para sentir que sim, descansei. Por isso, por hoje chega.

Amanhã será melhor. E já sei que será bom.

{#147.219.2022}

Sexta feira e o silêncio da tempestade perfeita. Mas o retorno e a presença matinal do porto de abrigo.

It is what it is. Ou é o que é.

Dar uma oportunidade à vida. E eu dei. Para voltar ao ponto de partida. É muita pontaria. Desalinhada, mas pontaria.

O importante? Amanhã é sábado. Vou ter que estudar. Mas vou poder descansar de manhã.

De resto? É o que for. Já pouca coisa me espanta. I should know better. Mas não sei.

Um dia. Um dia acerto. Promessas e planos já há muito tempo que não fazem sentido para mim. Porque haveria de ser diferente agora?

Continue o teletrabalho. Até terça feira, pelo menos, está garantido. E, para já, é suficiente para mim.

Um dia o silêncio é quebrado. Ou então não. Não me vou preocupar com isso nem chatear. Como tenho dito: encolher os ombros, sorrir e acenar.

E siga. Um dia atrás do outro atrás do um. Seja então!

{#146.220.2022}

Quinta feira e o teletrabalho. Dormir mais duas horas faz toda a diferença. Trabalhar em casa também.

Da tempestade perfeita, nem uma brisa. E isso vale um enorme encolher de ombros.

Já o porto de abrigo é aquele aconchego e aquela segurança a que já me habituei. Presente, claro. Como sempre, mesmo quando está ausente.

E vou por aí em busca do equilíbrio, encolhendo os ombros, a sorrir e acenar.

Amanhã? É sexta feira. E só isso já é tão bom. E continuo a trabalhar em casa. O que ainda é melhor. Cereja no topo do bolo? Dormir, novamente, mais duas horas.

Chatear-me para quê? Se tudo não passou de um jogo, não vale a pena. Vapt, vupt. Conforme começou, acabou. E a mim só me resta mesmo encolher os ombros, sorrir e acenar.

Boa noite.

{#145.221.2022}

Do equilíbrio: procuro-o em todo o lado, de todas as formas. E hoje, mais uma vez, encontrei-o no trabalho. Porque, e foi o que me disseram, “uma mão lava a outra”. Tenho dado de mim sem pedir nada em troca. Até hoje. Pedi. E a resposta foi sim.

Volto ao teletrabalho por uns dias. Até ao fim do mês. Não parece muito. Mas para mim é. Vou poder, nestes próximos 4 dias de trabalho, dormir mais duas horas do que o habitual. E, para quem está cansada como eu estou, essas duas horas de sono a mais vão fazer muita diferença. Vou ficar a trabalhar até mais tarde, é um facto. Mas é só mais uma hora que, em casa e sem ter que apanhar autocarro para voltar, se faz muito bem. Sem dar por ela, na verdade. A grande diferença? É sair às 19h como tem vindo a ser hábito mas sem chegar a casa às 20h30.

É bom perceber este equilíbrio. E é também por isso que o procuro em todo o lado. Porque dou de mim em tudo. Mas também gosto de receber.

E, se não encontro esse equilíbrio doutra forma, então que venha no trabalho.

O porto de abrigo mantém-se presente e com ele o aconchego e a segurança de sempre. Da tempestade perfeita nem sinal. E até aqui procuro o equilíbrio. E é no porto de abrigo que o encontro.

Amanhã? O despertador toca duas horas mais tarde. E só por isso já vai ser bom.

{#144.222.2022}

Cansada. Mas aconchegada. Aconchegada porque existe um porto de abrigo que está presente e se faz presente em jeito de retorno matinal. É pouco? Talvez seja para algumas pessoas. Mas prefiro ter pouco a não ter nada.

A tempestade perfeita, como bom fenómeno meteorológico, dissipou-se. E, até ver, desapareceu. Se volta? Não sei. Mas neste momento também não me preocupo. É o que tiver que ser, quando tiver que ser, mas acima de tudo se tiver que ser.

Sempre a segurança do porto de abrigo. Não me leva a lado nenhum, é verdade, mas aconchega e o potencial destrutivo é nulo. Já a tempestade perfeita……

Cansada. Muito. Mas aconchegada. E segura na minha escolha. Tal como num porto de abrigo.

{#143.223.2022}

Dois anos. Dois anos sem saber o que é uma noite tranquila e sem interrupções. Não me lembro da última noite em que só acordei de manhã, sem ter que me levantar a meio da noite uma, duas, três vezes!, como a última noite.

Não admira que ande muito cansada, se quando é suposto recuperar do dia anterior não me deixam dormir.

É segunda feira. Ou ainda é segunda feira. E eu não sei como vou aguentar a semana…

Sei, sim, que tenho vontade de perguntar porque é que o jogo parou. Continuo sem saber da tempestade perfeita, que como apareceu de repente foi de repente que desapareceu. Haverá motivos para isso, não duvido. Mas gostava de saber quais são. Acho que mereço mais do que o famoso ghosting. Mas encolho os ombros e sigo. Não sei até quando, mas sei que estou demasiado cansada hoje para tentar uma conversa.

Por outro lado, tenho sempre a segurança do porto de abrigo. Que me dá retorno. Que me deseja bom dia. Que me mostra que uma segunda feira pode ser um bom dia logo pela manhã cedo.

Enfim. Estou demasiado cansada. Não é bom começar a semana assim, mas é o que temos. Vamos ver como corre a noite. E a semana irá compôr-se.

{#142.224.2022}

Domingo muito preguiçoso. Noite péssima, para variar. Interrompida, como sempre.

Manhã muito lenta, dia de consulta com o terapeuta fofinho. E falar sobre relações, novamente. Daquelas que eu não tenho e que poucas vezes experimentei e que sempre foram um fracasso. Olho para trás e nos exemplos que falámos e percebo que, apesar de eu ser o denominador comum, não falharam exclusivamente por minha culpa. Em todas faltou algo que agora procuro: equilíbrio. E neste momento é o que procuro e peço. Equilíbrio. Porque dou de mim, mas também procuro receber. E neste momento, que ainda não percebi ao certo como descrever, sei que não está a haver equilíbrio.

O equilíbrio é essencial em tudo. Já o consegui alcançar em mim, ou pelo menos melhorá-lo em mim, não posso permitir que factores externos me abalem o que alcancei a custo. E se é para assumir alguma coisa, encará-la, aceitá-la, então que haja equilíbrio.

Mas, se calhar, não passa apenas de um jogo. De um qualquer devaneio temporário. Que veio tocar em pontos sensíveis onde eu não permito que toquem com leveza. Mas que tocaram.

Talvez ainda venha a existir uma conversa, não sei. Não sei mesmo. Mas, a existir, irei eu tocar em todos os pontos que hoje me incomodam. Para evitar que mais tarde me façam mal.

Desde o início que o digo: uma tempestade perfeita tem tudo para correr mal. E, neste momento, é o que está a acontecer. E eu não quero. Não quero nem posso permitir que fique pior. Tudo porque está a faltar o essencial: equilíbrio.

Não peço muito. Ou, pelo menos, acho que não é muito. É algo simples. Pode eventualmente dar trabalho, não o nego. Mas é trabalho que vale a pena para fazer algo resultar. E tem que ser feito em equipa. A dois. Porque são dois a jogar o mesmo jogo. E para correr bem, para ser um jogo que vale a pena, tem que haver equilíbrio e trabalho de parte a parte.

Estou cansada. Não só fisicamente. Estou cansada da falta de equilíbrio constante em tanta coisa. E quando, finalmente, sei exactamente o que quero e o que procuro, é o equilíbrio que falta.

Não foi um Domingo tranquilo, foi pesado pelo cansaço e por estar incomodada pela falta de equilíbrio, pelo silêncio, pela ausência. Neste momento estou apenas incomodada. Mas não quero chegar ao ponto de estar magoada.

Mantenho a expectativa que tinha no primeiro dia: nenhuma. E sei que, conforme entrei no jogo, posso sair da mesma forma. Mas, por outro lado, também não quero sair.

Enfim…lidar com um porto de abrigo é tão mais fácil do que lidar com uma tempestade perfeita. Não me leva a lado nenhum, é um facto, mas é mais seguro e tranquilo. O equilíbrio também não é muito, mas não tem o mesmo potencial destrutivo que a tempestade perfeita ameaça trazer.

Por hoje chega. Estou cansada. Está a ficar tarde. Amanhã é dia de madrugar novamente. Não vou ficar à espera do que, já sei, não vem.

Amanhã será melhor. Nem que seja porque não vou ter tempo de pensar. E isso contribui para o meu equilíbrio. E neste momento o mais importante sou eu.

{#141.225.2022}

Sábado e o descanso possível. Acordar cedo depois de uma noite interrompida mais uma vez. Voltar para a cama. Ganhar coragem para me dedicar ao estudo. Pegar no manual e conhecer a teoria que ponho em prática há vários anos.

Retorno matinal e a pergunta que me diz que, do outro lado, ainda me lêem. E sabe bem saber que sim e sentir essa espécie de preocupação. Sim, descansei, obrigada pela preocupação. Não disse assim, mas pensei. Gostava de acreditar que é preocupação genuína, mas não acredito. Talvez seja apenas cuidado, não preocupação. São coisas diferentes. Têm graus diferentes de envolvimento. Mas, mais uma vez, é o que é. E encolho os ombros mais uma vez.

Da tempestade perfeita nem sinal… Também não espero nada, nem posso esperar, de algo que não é mais do que um jogo. Um jogo por onde já passaram planos e promessas. Mas não me posso esquecer que deixei de fazer planos há muito tempo e não acredito em promessas. Por isso é tranquilo. É um jogo, nada mais.

O cansaço, no entanto, continua presente e os seus efeitos secundários são pesados. Como, por exemplo, a fragilidade e vulnerabilidade em que fico. E isso não é bom. É um passo para querer voltar a olhar para o chão, depois desses tais planos e promessas. Porque mexem em pontos que deviam ser intocáveis mas que eu ainda não consigo proteger, percebi há pouco tempo.

Frágil e vulnerável. É assim que me sinto. Fruto do cansaço. Sei que sou mais do que isso, mas quando estou muito cansada esqueço-me do que sou e apenas sinto o que estou. E ser e estar são coisas tão diferentes.

Gostava tanto de acreditar em promessas… Gostava tanto de (poder) fazer planos. Mas depois lembro-me: é só um jogo. E não quero ser um peão de um qualquer xadrez.

Não me arrependo de ter deixado aproximar a tempestade perfeita. Mas tenho saudades do porto de abrigo.

Sábado! E o dia está prestes a fechar. Amanhã, dia de consulta com o terapeuta fofinho logo de manhã. Depois disso? Descansar mais um pouco para, novamente, me dedicar ao estudo. E para dedicar algum tempo ao mais importante no meio de tudo isto: eu. Quem quiser, sabe como me encontrar. Quem não quiser, também.

Encolher os ombros. Sorrir e acenar. Seguir em frente. Sozinha. Mas em frente. Amanhã será melhor. Amanhã estarei melhor.

{#140.226.2022}

Sexta feira, finalmente. Mais uma semana longa e pesada pelo cansaço acumulado.

O retorno matinal presente. E a dica que me chega do porto de abrigo de que o descanso também é preciso. Uma espécie de inversão de papéis, de forma ténue, ligeira, mas que eu acolho como se fosse mais do que é.

Sem tempestade perfeita no horizonte. Mas o recado foi dado. A expectativa? Nenhuma. Mas bem lá no fundo sempre um bocadinho à espera de movimentações, agora que a distância é menor, mesmo que por pouco tempo. Ou talvez por isso mesmo.

Não interessa. Nada disto interessa. O que interessa agora sou eu. Que preciso, muito, de descansar. Essa é a minha prioridade no momento. Amanhã? Descansar e dedicar-me novamente ao estudo. Tudo o resto que vier será lucro.

Encerro esta semana que não foi fácil sabendo já que a próxima também não será muito diferente.

E mantenho: expectativas? Nenhumas. Se vier alguma coisa, é lucro. Mas primeiro estou eu.

{#139.227.2022}

Parar todos os dias um bocadinho. Para pensar, para respirar, para observar, seja para o que for, mas parar todos os dias um bocadinho, sempre.

Cansada, claro, mas estranhamente não exausta. É uma quinta feira que me faz sentir numa terça. E as últimas terças sentiram-me sexta, de tão cansada.

O retorno matinal do porto de abrigo, uma breve e rápida espécie de conversa, ou simples troca de palavras, já não sei se lhe posso chamar de conversa quando é tão fugaz… Mas sabe sempre bem ter retorno daquilo que nos sabe e faz bem. Um dia deixa de haver, eu sei. Faz parte. E talvez por isso me agarre ao pouco que tenho que sabe a tanto.

E a tempestade perfeita que ressurge, também de forma rápida, e que justifica a ausência, ou parte dela.

É uma confusão, é o que é. Mas, seja o que for, tanto num caso como no outro as expectativas são as mesmas: zero. Ou um bocadinho menos, até. E é a melhor defesa que posso oferecer a mim mesma. Só assim não me vou magoar. Low expectations. O menos possível. E sempre, sempre!, um dia de cada vez. Porque todos os dias pode haver novidades, alterações ou simplesmente ausências.

É um jogo, o da tempestade perfeita. É um nada, o porto de abrigo. É uma confusão, o que vai na minha cabeça.

O melhor? É não pensar. Porque, sei, se pensar vou acabar por pensar demasiado e vai acabar por sair asneira, daquela asneira tão distante da realidade. O que tiver que vir, venha. Num caso ou no outro. Já desisti de correr atrás seja do que for. Deixo que aconteça o que tiver que acontecer. E, se não acontecer, é porque não era para ser.

Muito cansada. Mas amanhã será melhor, nem que seja só por ser sexta feira. E depois de amanhã vou, finalmente, poder descansar. Porque o porto de abrigo vai estar lá, no sítio dele, e a tempestade perfeita, apesar da distância mais curta, vai de certeza manter-se longe.

Seja. Encolhendo os ombros. E sorrir e acenar. Estou aqui. Quem quiser, sabe onde e como me encontrar. E quem não quiser também.

{#137.229.2022}

Terça feira e, não sei se novamente ou se ainda, o cansaço extremo. Um dia recupero…

A reter: no answer is also an answer. Vale o que vale? Pois. Mas o silêncio também fala. E diz muito.

Encolho os ombros mais uma vez. Denominador comum? Eu. A não esquecer. Como poderia? Não dá…

Mas há retorno. Do porto de abrigo, mesmo que de forma quase fugaz. Mas há. E gosto muito que haja.

Porto de abrigo versus tempestade perfeita? Já não sei o que é melhor. Sei apenas que o silêncio pesa e o retorno sabe sempre muito bem.

É o que é, num caso ou no outro. E seja em que caso for, não me posso esquecer do mais importante: eu. O resto vem depois.

Há retorno fugaz? Há. Há ausência e silêncio? Há. Um dia acerto. E pensava (penso?) que já tinha acertado.

Enfim…demasiado cansada para reflexões que façam sentido. Amanhã será melhor. Agora vou dedicar-me ao mais importante: a mim.

{#136.230.2022}

Segunda feira e começo a semana a, mais uma vez, sair mais tarde do trabalho. Segunda feira e começo a semana, mais uma vez, exausta.

Há muito tempo que não sentia vontade de chorar. Hoje senti. Sem outro motivo que não, apenas e só, o cansaço. Que começa a ser extremo. Por isso hoje desligo cedo.

O porto de abrigo que vai dando um bocadinho de retorno. A tempestade perfeita que, pelos vistos, desapareceu da mesma forma que apareceu: de repente. E eu encolho os ombros e sigo. A custo, mas apenas um custo físico porque o cansaço é muito. Mas sigo. Neste momento já não quero saber. O que tiver que ser, será. E o mais certo é que, num caso ou noutro, não era para ser.

Encolho os ombros. E sigo. Neste momento, o mais importante sou eu e a necessidade absoluta de descansar. Dormir cedo. Dormir já. É cedo? É. Ou é um cedo relativo. Mas é só o que preciso agora. Dormir cedo.

Amanhã? Logo se vê. E volto a encolher os ombros.

{#135.231.2022}

Dia de consulta com o terapeuta fofinho. E hoje posso dizer: que consulta! Há muito tempo que não pegávamos num tópico tão cheio como hoje. Tanto que a consulta foi para lá da hora. E só não foi mais para lá da hora porque ele não podia. Porque sei que, com ele, não é difícil ficar para lá da hora prevista. Ainda me lembro, no início, que chegámos a ter sessões de 2 e até 3 horas. Muito para lá daqueles 50/60 minutos previstos. E horas que não dávamos por passarem. É sempre assim quando a conversa é boa, mesmo que por vezes seja dorida.

Hoje não foi dorida. Ou, pelo menos, não muito dorida. Até porque já foi uma conversa repetida, já tínhamos pegado neste tópico antes. E provavelmente iremos pegar novamente. Relações. E o porquê de eu não as ter para lá da amizade. Porque não passam disso. E, das poucas, raras, vezes que as tive, correram mal. Brinco com esse facto de vez em quando e costumo dizer que é falta de pontaria. Mas hoje, mais uma vez, disse que todas as minhas relações têm um denominador comum: eu.

Sou eu. O problema sou eu. Não sei porquê, não sei sequer tentar explicar. Mas eu sou o único elemento comum. Por isso o problema tem que estar em mim.

Claro que ele diz que não, que numa relação há sempre duas pessoas, yadda yadda yadda. E eu sei que tem razão em muita coisa do que me diz. Mas depois páro, olho, analiso e lá estou eu. Numa relação? Não. Sozinha. Porque cada vez mais acho que, de facto, o problema sou eu.

E estou cansada disso. De estar sozinha e de ser o problema, o denominador comum.

Se calhar é o cansaço a falar mais alto. Já o disse antes: o cansaço deixa-me mais frágil e vulnerável. E os pensamentos intrusivos aproximam-se e entram e instalam-se e incomodam. Mas aliado ao cansaço vêm também os factos, os dos últimos quatro anos e meio e os dos últimos dias. Nem porto de abrigo, que já sei que não leva a lado nenhum e que é o que é, nem tempestade perfeita que se foi aproximando e de repente desapareceu… Haverá motivos para isso, não duvido. Mas, lá está, tanto num caso como no outro, há um denominador comum: eu.

E se num caso luto todos os dias para me ir afastando devagarinho, no outro estava a gostar da aproximação. E via alguma coisa lá mais à frente. O quê, não sei. Mas cheguei a acreditar que alguma coisa iria acontecer de bom e diferente, mesmo com o factor distância pelo meio.

Não sei…se calhar são filmes na minha cabeça. Eu, borderline, a fazer filmes na minha cabeça desde sempre. Porque é que neste caso havia de ser diferente?

Cansada. De estar sozinha. Cansada fisicamente. Mas com vontade de esclarecer hoje essa súbita ausência. Não vai acontecer, de certeza. Mas fica a vontade. Para saber em que pé estou e o que esperar daquilo que nem eu sei se quero mas cuja aproximação me agrada e me obrigou a agir.

Sei exactamente o que quero: não estar sozinha. Mas também sei o que não quero: estar sozinha.

E estou.

Denominador comum: eu.

Um dia talvez fique melhor. E talvez sozinha seja o que me espera mesmo…

{#134.232.2022}

Estou cansada de estar sozinha. De me sentir sozinha.

E o porto de abrigo é isso mesmo, é sentir-me sozinha. Porque o estou, de facto.

Talvez por isso me esteja a deixar levar pela descoberta da tempestade perfeita.

Mas, esta semana, até essa descoberta, essa tempestade perfeita, me deixou novamente a sentir sozinha. Sei também que, no que tem sido planeado, que é maior que eu, a promessa é que não fico sozinha. Sei que, por um lado, isso é verdade, nunca mais estaria sozinha, mas por outro lado é provável que ficasse mais sozinha do que nunca, especialmente por ser algo que se deseja acontecer a dois.

Sim, sozinha é como me sinto. Sozinha é como estou. E desconfio que é sozinha que estarei sempre. E não gosto de sentir isso. Estou cansada de estar sozinha. De me sentir sozinha.

Deixarei algum dia de sentir-me assim? Não sei. Sei apenas que é algo que sinto desde sempre e que conheço tão bem. Tão demasiado bem. E nunca gostei de o sentir…

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho. E irei voltar a pegar neste tema que já falámos mas não aprofundámos. Gostava tanto de entender porque é que este sentimento é tão recorrente… Ou será que é apenas o reflexo da realidade?

Porto de abrigo não me leva a lado nenhum e faz-me sentir sozinha. Tempestade perfeita tem um potencial de destruição muito grande mas promete mudanças…mas nem por isso deixo de me sentir sozinha.

Se calhar é o cansaço a falar, mais uma vez. Porque continuo muito cansada apesar do dia ter sido muito tranquilo e lento, praticamente parado. Mas o cansaço deixa-me mais frágil e vulnerável. E os pensamentos intrusivos, como este da solidão, entranham-se em mim mais facilmente. E não podem.

Sei que não devia, ou não devo, não posso, depender de ninguém para me sentir bem, para me sentir melhor. Tem que partir de mim. Mas também é de mim que parte este sentimento de solidão. E a solidão só se extingue com a acção dos outros. Não com a reacção, mas com a acção. E, voltando a comparações que não deviam existir, o porto de abrigo não é mais do que reacção enquanto a tempestade perfeita é acção.

E eu quero muito deixar-me levar pela acção…

{#133.233.2022}

Sexta feira. À noite. Sem necessidade de ligar o despertador para amanhã. Aquele momento por que eu tanto esperei esta semana.

Muito cansada. Comecei a semana assim, cansada. À terça feira já estava exausta. Como não estar cansada à sexta depois disso?

A semana, ainda assim, passou a correr. Tão a correr que agora mesmo cheguei a pensar, enquanto escrevia, que não podia ser sexta, de certeza que ainda era quinta… Mas não, é mesmo sexta feira e amanhã o despertador não toca. Sei que o mais certo vai ser acordar cedo, como tem vindo a ser hábito ao sábado. Vou acordar com fome, claro. Mas depois de tomar o pequeno almoço volto para a cama. Está prometido a mim mesma.

Planos para o fim de semana? Descansar o mais possível. Estudar o que conseguir. Ficar em casa porque sim e porque não me apetece ir a lado nenhum. Fazer do Sábado, o dia mais aborrecido da semana, um Sábado de recuperação. Porque preciso, muito, de descansar…ou não vou aguentar.

Afasto-me um bocadinho. A tempestade perfeita e o porto de abrigo podem esperar. Seja como for, não vai fazer diferença. Tanto num caso como no outro.

A distância pode ser tramada, porque leva a que a ausência tenha outro sabor. Leva à dúvida, à insegurança. A minha insegurança, claro. Quando nem devia haver lugar para ela. Não quando as regras do jogo são claras. Mas a insegurança alimenta-se da ausência. Tanto num caso como no outro. E não devia. Eu já devia saber lidar melhor com ausências. Mas não sei, continuo a não saber.

E a distância…uma mais perto, a outra realmente longe. Uma que facilmente podia ser quebrada, e aposto que quebro a distância longínqua mais depressa. Lá está, promessas. Daquelas que não passam de palavras que não são sentidas. Daquelas em que já não acredito há muito tempo. Mais depressa se aproxima a tempestade perfeita que vem de longe do que se faz presente o porto de abrigo que está tão perto.

Enfim. É o que é. Sei que mereço mais que as ausências e as distâncias. Mas gosto que aconteçam, é sinal de que existem. São reais. E dão algum sentido aos meus dias que são apenas de trabalho e não deviam.

Muito, muito cansada. Não posso, quando estou assim, pensar muito. Porque o muito transforma-se em demasiado. E eu sou naturalmente uma overthinker. Cansada consigo ser ainda pior. Mas desligar o chip não é fácil. E por isso mesmo para hoje já não espero nada…ou, pelo menos, é o que repito para mim mesma enquanto continuo à espera de uma presença que encurte a distância.

Mas, pelo adiantado da hora, o melhor mesmo é já não esperar nada e ir dormir. Porque o sono é muito e preciso tanto de o fazer.

Mas não quero…quero esperar “só mais um bocadinho”. Para nada, já sei. Mas espero mais um bocadinho.

Amanhã? Logo se vê. Mas a prioridade é descansar. O mais possível. Amanhã a prioridade sou eu.

{#132.234.2022}

Quinta feira e a semana quase no fim. Cansada, claro. Já não sei estar de outra forma. Mas Sábado está quase a chegar.

A tempestade perfeita que se fez presente, o porto de abrigo que deu sinal. E eu que já não sei o que fazer. Se me deixo ao sabor do vento ou se permaneço sem sair do lugar…

Mas hoje já não vou pensar mais nisso. Deixo para amanhã. O importante agora é pôr-me em condições para mais um dia.

{#131.235.2022}

Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim. E o cansaço. Muito cansaço. Mas ligeiramente melhor que o estado de exaustão de ontem.

Retorno matinal do meu porto de abrigo. Até ver, silêncio e distância da tempestade perfeita.

E é isto. É basicamente a isto que se reduzem os meus dias para lá do trabalho. Mas o que me está a preocupar realmente é o estado de cansaço extremo em que ando. Eu sei que durmo mal, sei que acordo muito cedo, passo mais de três horas por dia só em deslocações, adormeço mais tarde do que devia. Mas mesmo assim… Não gosto de me sentir assim e muito menos sem perceber porquê. Será, talvez, a minha hipocondria a falar, claro. Mas mesmo assim…

Já só faltam dois meses para as minhas merecidas férias. Vamos ver como corre esse tempo até lá. Vai ter que correr bem. Vou ter que reajustar horário de ir dormir, por muito interessante que a conversa possa ser. Simplesmente porque, por algum motivo, não aguento o cansaço que carrego.

Hoje volto ao ritual nocturno, há muito tempo que não me dedico a deixar uma simples mensagem de boa noite. Não porque não me faça sentido, apenas porque decidi, com a aproximação da tempestade perfeita, afastar-me um pouco do porto de abrigo. E não posso. Corro o risco de perder o pouco que ainda tenho, e isso não quero.

Não sei no que vai dar esta confusão da tempestade perfeita, só sei que não posso perder a tranquilidade do porto de abrigo. Aconteça o que acontecer, não posso. Nem quero.

Se o ritual nocturno vai ter retorno? Curiosamente acho que não. Mas é o que é. E fica o meu gesto registado. E só isso me importa. Porque me faz sentido. E me faz bem.

Hoje chega. O cansaço é muito. O sono também, especialmente por ter acordado uma hora antes do despertador tocar depois de mais uma noite interrompida. E depois acho estranho o cansaço…enfim. Encolho os ombros e sigo para mais uma noite que logo se vê como vai correr.

Amanhã será melhor. Mais cansada, provavelmente. Mas será melhor. Simplesmente porque eu quero que assim seja.