Terça feira e o frio. Ainda o muito frio. Que, mal ou bem, em casa ainda se combate. Mas chegou ao fim também o teletrabalho. Pelo menos até ver. O que me vai custar mais? O sair de casa ainda de noite não é fácil, mas sair ainda de noite com o frio que está vai ser ainda mais difícil. Mas tem que ser. E um dia destes o frio acaba.
Não quero mesmo voltar ao trabalho presencial. Não me apetece sair de casa. Não me apetece enfrentar o frio. Voltar a acordar às 6h da manhã, sair de casa antes das 7h. E, mais uma vez, o frio. Sim, eu tenho um problema com o frio. Nunca soube lidar com ele, mesmo com várias camadas de roupa, mesmo que me sinta uma cebola quando é hora de trocar de roupa e as camadas que vou despindo pareçam não ter fim. Mas repito para mim mesma todos os dias: o frio não dura para sempre.
Já o frio que chega das pessoas parece que veio para ficar. Eu sei que fui eu quem disse adeus mesmo que esse adeus não tenha sido entendido. Mas mesmo assim…
Não vou perder mais tempo com isso. Com quem descarta amizades com facilidade. Com quem diz coisas por dizer. Com quem garante que um jantar está na to do list, mas há dois meses que continua sem dizer quando é que vai acontecer. Felizmente desde o primeiro dia que digo que sei que não vai acontecer. Não estou à espera de nada. Mas, de vez em quando, gostava de estar errada.
Não, não vou mesmo perder mais tempo. Já perdi o suficiente. Cinco anos que ninguém me devolve. Já chega. Mas ainda assim consigo ficar admirada. Para não dizer, com todas as letras, desiludida. E quase magoada. Mas chega. Decidi há uns meses que em primeiro lugar estou eu. E é a mim que me vou dedicar. O resto é isso mesmo: o resto.
Amanhã será melhor. Não necessariamente mais quente ou, sequer, confortável. Mas será melhor. Porque eu quero que assim seja.