Monthly Archives: April 2025

{#114.252.2025}

Eu sei que, ao final da manhã, disse que queria ir ver GNR em Almada esta noite. E queria mesmo muito.

Também disse que, fisicamente, não estou em grandes condições para aventuras. E, por aventuras, refiro-me a sair de casa já cansada porque, à tarde, não fiz o que o meu corpo me pediu tanto: descansar e, eventualmente, dormir um par de horas para recuperar da aula de Yoga de ontem e da manhã na Fisioterapia. Que, se ontem de manhã já foi puxada, hoje foi mais do que isso.

Sim, eu sei que 10 minutos numa bicicleta estática não é grande coisa. 2,4 km de distância pedalada também não é nada por aí além. Mas a uma velocidade de 17km/hora fiquei entretanto a saber pelo Fisioterapeuta que já é um bocadinho too much.

Mas assim que me vi em cima da bicicleta, que só comecei ontem!, fiquei subitamente cheia de pressa. Para não ir a lado nenhum, eu sei. Mas até para ir a lado nenhum ele me perguntou se fui de mota…e não me refiro ao Fisioterapeuta (“Fui de Casal-Boss”, foi a minha resposta. Mas até podia ter sido de Sachs-Sis que era a mesma coisa…)

Claro que não fui a Almada ver GNR esta noite. Mas continuo a querer muito ir vê-los num sítio qualquer onde actuem. Porque, sim!, há muitos anos que gosto muito de GNR. Lembro-me de, ainda nos anos 80!, saber de cor a letra de Efectivamente. E de, nos anos 90, numa colónia de férias aos 15 anos ter ganho a alcunha de GNR porque no Walkman que me acompanhava sempre só passava uma cassete: GNR in vivo. Como eu quero tanto! E no festival Sol da Caparica, não me lembro em que ano, estar à noite na esplanada das mesas infinitas a ouvi-los foi só tão bom!

Por isso, não!, hoje não fui vê-los ao vivo em Almada. Mas, neste momento, no meu Spotify quem canta é Rui Reininho. Por isso, não me moam! Mas podem sempre levar-me a um concerto de GNR. É coisa que não me importo mesmo!

{#113.253.2025}

As pessoas deviam ser como as aulas de Yoga. Vá, não digo as pessoas…mas digo, claro que sim!, o Mundo! Porque no Yoga nunca nos é exigido mais do que aquilo que realmente conseguimos dar. Tão simples assim.

E, depois de mais uma fabulosa aula, volto a agradecer ao Professor @pedro0912andrade que realmente nunca nos pede mais do que podemos dar. Diz tantas vezes “vão só até onde conseguem“. Tão simples quanto isso.

Mas, e já vai fazer 2 anos que me apresenta desafios que nem ele sonha, só posso mesmo agradecer por me fazer querer sempre ir um bocadinho mais além. Sempre acompanhada pela respiração profunda e consciente, a verdade é que, e dadas as (minhas) circunstâncias, às vezes até eu me surpreendo onde já cheguei! E prometo (a mim mesma, acima de tudo!) que qualquer dia volto a conseguir alcançar o Sarvangasana sem ajuda e o Trikonasana sem me estatelar no tapete! Mas, para já, vamos apostando num Surya Namaskar adaptado com muito Adho Mukha para fortalecer os braços e relaxar as costas. E, em casa, não me posso esquecer de que 30 minutos de Viparita Karani por dia fazem maravilhas às minhas pernas!

Muito obrigada, Pedro! E na próxima aula lá estarei mais uma vez para dar o que posso e não me ser exigido o que ambos sabemos que não posso dar!

{#112.254.2025}

Passaram duas semanas desde o dia da infusão. Ia jurar que tinha sido há bem mais tempo… Mas as análises pós-medicação são feitas sempre duas semanas depois. Amanhã já devo ter os resultados, e só posso esperar que a medicação não me esteja a alterar valores que não deve… Acredito que não esteja, mas…

Hospital – Fisioterapia – Casa. Muito cansada, claro. Mas hoje não fiquei de castigo no cadeirão a tarde toda com a gata ao colo. Mergulhei no sofá e foram três horas que passaram a correr. Foram o suficiente? Não…

E, desde há alguns dias que já não sei quantos, a perna esquerda… Que me dói. Que sinto a ficar sem circulação. Que sinto que precisa de estimulação. De trabalho. De exercício. E que me faz ter muita vontade de chorar. Porque incomoda. Muito. Demasiado

Amanhã tenho que conversar com o Fisioterapeuta. Temos que fazer alguma coisa a esta perna. Porque eu não aguento ficar sempre assim…

…até amanhã o desconforto mantém-se, a falta de circulação incomoda, a vontade de chorar aumenta

Eu não procurei nada disto. Mas isto encontrou-me. E trouxe tanta coisa atrelada. Porque a questão da minha perna esquerda, todas as questões da minha perna esquerda!, estão directamente ligadas a isto que me apanhou na curva. Quando o sistema nervoso central deixa de conseguir comunicar e transportar correctamente a informação, não há muito a fazer. Mas, o que houver, eu quero e vou fazer!

Neste momento é a vontade de chorar provocada pelo incómodo na perna. Amanhã pode ser o mesmo ou qualquer outra coisa. Não interessa…estou farta disto. Disto que não procurei, que não me pus a jeito, que não provoquei. Mas que me encontrou e veio para ficar

Descansar o corpo é obrigatório. Mesmo que a cabeça esteja a mil, como agora!, é obrigatório dar descanso ao corpo. Com mais ou menos dores, mais ou menos incómodos, mais ou menos seja o que for que isto escolher para hoje…porque para amanhã pode tão bem ser outra coisa qualquer.

{#111.255.2025}

Palavra do dia:

exacerbação
|z|
(e·xa·cer·ba·ção)

nome feminino

  1. Acto ou efeito de exacerbar ou de se exacerbar.
  2. Agravamento ou aumento do que é penoso, doloroso, irritante, mórbido, etc.

Quem o diz é o Priberam. Devia deixar aqui o link, eu sei. Mas é tarde, a noite roça a madrugada, estou muito cansada, tenho sono e não me apetece ir à procura do link…

E não é o Priberam que diz que exacerbação é a palavra do dia, sou eu. E, na realidade, nem é a palavra do dia, mas sim de todos os dias. Porque todos os dias sinto a exacerbação a acontecer. Se está frio, as dores nas pernas são horríveis. Se está calor, horríveis são. Não há meio termo. E se lhe juntarmos pouco descanso, noites dormidas a correr, não há muito a dizer: as dores estão cá sempre.

E eu tenho que aprender de uma vez que preciso de descansar, preciso de dormir, não posso ter a gata em cima das pernas durante horas a fio porque o peso e o calor dela não me ajudam. Nada! Muito pelo contrário…

Está mais do que na altura de me obrigar a mim mesma a mudar! A criar hábitos que me permitam descansar e recuperar, criar um horário de fecho de dia que me permita dormir cedo e acordar bem. Tenho que meter na cabeça de uma vez que preciso de tomar melhor conta de mim!

O auto-cuidado nunca foi o meu forte. Mas tem que passar a ser. E há mais de um ano que ando a prometer a mim mesma que vou começar a tomar conta de mim como deve ser! E há mais de um ano que continuo a falhar comigo mesma…e não posso!

Amanhã. Digo sempre que é amanhã. Mas depois faço exactamente o contrário daquilo que prometo a mim mesma. E não pode ser…!

Mas já é tão tarde…era suposto estar a dormir há muito tempo. Mas ainda aqui estou. A fazer esticar o dia, como se não tivesse começado demasiado cedo!

Estou cansada. Tenho sono. E, como sempre, tenho a cabeça a mil…e também não pode ser…

Amanhã! Amanhã vai ter que ser! Hoje já não dá. Mas amanhã…!

{#110.256.2025}

Dia demasiado longo. Com vários marcos. Vários assuntos por onde poderia pegar. Desde a exaustão que um simples banho causa, passando pela coragem de arrumar as cápsulas de café no sítio delas e com uma organização que só eu entendo, até ao pedido de ajuda atabalhoado que é lido como se fosse a falar de cabelos. Não foi. Não é. E, para terminar a noite, ele a dizer-me a temida frase “temos que falar“… Mas, e talvez para não me deixar tão assustada, apreensiva, insegura, a mensagem seguinte: “está tudo bem, só estou preocupado contigo“. E voltei a conseguir respirar, não nego.

Apesar de, devagarinho, estar a conseguir dar passos pequeninos na direcção certa, também eu estou preocupada comigo mesma. Porque os sinais de alerta estão cá. E eu já sei reconhecê-los. Daí lançar um pedido de ajuda. E a única coisa que peço é tão simples quanto continuar ao meu lado quem realmente gosta de mim e se preocupa comigo e me quer ver bem. E que, no fundo, é exactamente o mesmo que eu lhe peço a ele. Que, desde o primeiro dia, ainda isto que me apanhou na curva não passava de uma suspeita, me deu a mão, prometeu não largar enquanto fazíamos o caminho juntos até à confirmação e nem depois disso ele me largou a mão para que eu fizesse o caminho sozinha. Não. Mantém-se de mão dada comigo. Faz o caminho comigo sempre sem me largar a mão. Ele, sempre ao meu lado. Do meu lado.

E, não nego, depois do pedido de ajuda atabalhoado que lancei hoje acho perfeitamente normal que ele me diga que está preocupado comigo. Sei que, se fosse ao contrário, também eu estaria preocupada com ele.

Mas a conversa só irá acontecer amanhã. Porque já é tarde. E porque esta conversa vai ser tida com tempo. Sem pressa. Para não haver coisas por dizer. Não haver confusões e mal entendidos. Não tenho pressa. Deixei de ter pressa quando entrei nesta espiral dos últimos dois anos que culminou num diagnóstico que continuo a não conseguir aceitar e muito menos verbalizar. E é muito por isso que lanço um pedido de ajuda atabalhoado a quem o quiser aceitar.

Amanhã. Amanhã é um novo dia. Agora é preciso ir dormir e descansar depois de um dia tão longo e tão intenso e preenchido de tantas coisas que me deixaram com a cabeça a mil. E amanhã logo se vê. Agora é urgente descansar. O resto? É só isso mesmo: o resto!

{#109.257.2025}

Sábados de tempo instável lá fora.

Cá dentro, uma única palavra de ordem: descansar!

E descansar também é não fazer nada! Ainda que a vontade fosse sair, ir apanhar ar, beber café na esplanada, dar uso às pernas. Mas a força do vento lá fora não o permitiu. Se, sem falta de equilíbrio e com as pernas 100% funcionais, já é difícil enfrentar o vento forte, no meu caso seria queda garantida. Por isso não saí. Quem sabe amanhã?

Agora é não pensar em mais nada por hoje e ir dormir. E já vou muito mais tarde do que tinha programado…

{#108.258.2025}

Sexta feira. Feriado. Que é o mesmo que dizer que não houve horas para acordar, tomar banho, tomar o pequeno almoço e sair de casa para apanhar o autocarro para seguir para a Fisioterapia.

Não houve despertador a tocar, mas nem por isso me deixei dormir demasiado. Às 9h eram horas de beber café. O dia lá fora, cinzento e chuvoso, convidavam a ficar por casa. E, mesmo que não estivesse a chover, não havia muita vontade de sair de casa. O dia de ontem foi puxado e hoje foi dia de descanso e recuperação.

À tarde o tempo lá fora mudou. Deu uma volta de 180 graus e quando antes se via, da minha janela, um céu cinzento e carregado acompanhado de chuva às vezes intensa, passou a haver um céu profundamente azul com um Sol brilhante e acolhedor.

Não pus sequer a hipótese de ir à rua. Tive vontade, claro, de sair, passar na esplanada das mesas infinitas e seguir até ao paredão para ver, ouvir e cheirar o Mar. Mas o cansaço do meu corpo falou mais alto. O sofá chamou por mim e o meu sono dizia-me que o sofá seria o companheiro perfeito para a tarde desta sexta feira.

Seria mas não foi. Porque, cá dentro, uma agitação que se fazia presente há já alguns ainda numa espécie de incerteza acabou por me deixar a pensar em coisas que há muito tempo não pensava. Que se resumem numa palavra simples: insegurança.

E não é fácil deixar de sentir essa insegurança quando os sinais estão lá todos…e que, em parte, acabaram por se confirmar.

Mas não quero, por agora, pensar muito mais nisso. O fim de semana está programado para descansar e tratar de mim. E não pensar naquilo que me incomoda também é tratar de mim.

Amanhã? Será, mais uma vez, um dia a começar sem despertador. A aula de Yoga foi desmarcada por causa do fim de semana de Páscoa, por isso será um acordar quando for. Sem pressa, sem horário a cumprir. E à tarde, se estiver bom tempo, logo se vê. Mas, saindo de casa ou não, há uma coisa de que não me posso, nunca!, esquecer: tratar de mim! É a minha prioridade. Porque o mais importante sou eu! Tudo o resto é só isso mesmo: o resto.

{#107.259.2025}

Hoje? Dia de passear com Mámãe e almoçar por aí. Sushi é coisa pouco recomendada neste momento com a infusão há tão pouco tempo, mas um Yakisoba de frango é sempre bem-vindo. Bem…no Verão nem tanto, mas nos dias de Inverno é a autêntica comida de conforto. É certo que já não é Inverno, mas também ainda não é Verão, por isso…Yakisoba para o almoço!

No sítio do costume para estas coisas de conforto, neste caso comidinha boa.

(durante ANOS eu fui a primeira a dizer que sushi de centro comercial era obrigatoriamente mau. E tinha vários exemplos disso. Até que, há 12 anos, apareceu no mercado de food courts de centros comerciais o Hanami Sushi. E posso, finalmente!, dizer: há bom sushi nos centros comerciais. E este é só um dos exemplos. Mas o sushi, para mim, vai ter que esperar…)

{#106.260.2025}

Dias difíceis? O de hoje…ou pelo menos a manhã foi extremamente difícil.

Luta intensa entre corpo e mente. Porque o meu corpo, cheio de dores, com os músculos das pernas duros e muito doridos só porque, antes de sair da cama, não tirei a manta de cima das pernas acabando por aquecer mais do que as minhas pernas aceitam, o meu corpo cheio de dores teimava que não conseguia dar um único passo, ao mesmo tempo que a minha mente insistia que tinha que conseguir, que ia conseguir!, independentemente do tempo que levasse a chegar à paragem do autocarro. Que foram, a muito custo, praticamente 20 minutos e que me fizeram dizer adeus ao autocarro que ainda vi passar mas que não tive condições para chegar a tempo à paragem.

Pouco depois, já em Almada, quase 15 minutos para atravessar a Praça até à clínica de Fisioterapia. Subir, com extrema dificuldade, aquela esquina até ao prédio da clínica. Dificuldade testemunhada à chegada por quem nunca me tinha visto a queixar-me desta maneira.

A fisioterapia, onde é requerido movimento e exercício das pernas? Fez-se. Devagar. Muito devagarinho. Com muitas dores. Muitas queixas. Muitos gemidos. Até muitos grunhidos. Tenho tido dias menos bons por lá. Mas hoje…

A parte boa da fisioterapia? Início de novo ciclo de tratamentos em que o Fisiatra prescreveu o regresso daquilo que preciso tanto: massagem! Na lombar e cervical! Seguida de calor. Se quase adormeci com o calor? Só não aconteceu porque me ligou a Terapeuta da Fala. Para saber se a minha voz já está de volta. Não está… E, logo hoje que é Dia Mundial da Voz, continua a faltar-me aquela que já foi ferramenta de trabalho. “É da doença“, diz-me a Terapeuta da Fala. Não duvido que seja, respondo.

No café, à espera do autocarro de regresso, mais uma coisa que me roubou um sorriso: um Pai Natal na semana da Páscoa gravado numa colher de café. As colheres de café em Almada são mais giras, está visto. E ainda bem que roubam sorrisos quando é preciso.

A tarde…ainda as dores nas pernas. A aula de Yoga, que hoje seria de 2 horas e meia, cancelada porque muita gente está de férias. Compensamos depois. Vai-me fazer falta, claro que sim.

Enfim…quarta feira, né? Pois…

{#105.261.2025}

Dormir. É um acto de auto-cuidado. De extrema importância. E eu, numa espécie de acto de revolta, vou empurrando com a barriga e faço por esticar demasiado a duração dos meus dias acabando por ir dormir tarde. Muito tarde. Muitas vezes bem mais tarde do que é suposto até em dias chamados normais.

Teimo em fazer por me esquecer que os meus dias actualmente já não se podem encaixar na tradicional normalidade. Existe todo um novo normal. E esse novo normal diz-me que o meu corpo já não suporta os embates de outros tempos ditos normais. É obrigatório parar, de preferência antes que o meu corpo me diga que já não aguenta mais. É obrigatório regular o horário de ir dormir. Porque, no meu novo normal, o meu corpo exige, porque precisa!, tempo para recuperar. Mesmo que não tenha feito nenhum esforço por aí além! Mas, não me posso esquecer!, acordar cedo para ir para a Fisioterapia, aquela hora de exercício, o caminho até lá e o regresso a casa, tudo isto cansa e esgota um corpo que exige mais recuperação do que antes.

Por isso, sim!, se for preciso durmo à tarde. Mas tenho que, de uma vez, começar a ir para a cama a outras horas. Para poder dormir, descansar e recuperar durante a noite para que a manhã seguinte não seja tão esgotante como tem sido…

Dormir é um acto de auto-cuidado. Mas eu sempre me esqueci de cuidar de mim mesma. E não posso continuar nesse registo…

{#104.262.2025}

Não sei exactamente o que se passou, se foi o desafio que lancei a mim mesma e às minhas pernas ontem ou se serão ainda efeitos da medicação recebida há uma semana. A verdade é que, ao contrário de ontem, as minhas pernas disseram-me “não“… Não desistiram por completo, felizmente, mas fizeram-me acreditar que, afinal, não sou capaz de tudo

Lembrei-me, também, do que escrevi no sábado sobre eu ser a minha própria Kryptonite… Ele pediu-me que voltasse a ler o que escrevi, para não me esquecer quando, por momentos, voltei a vacilar depois de uma manhã que foi tudo menos boa…

Mas não foi o vacilar que mais me incomodou. Aceito que esses momentos aconteçam, que me fragilizem. Mas sentir-me novamente sozinha num processo que sei ser exclusivamente meu e que assusta e frustra quem gosta de mim…isso é o que realmente me faz doer. Muito. E foi assim que me voltei a sentir hoje. E não quero. Não posso…

Preciso que me oiçam. Não peço muito mais do que ser ouvida e que me dêem colo quando mais preciso. Como hoje. E a minha manhã foi má. Muito má. E não pude falar sobre isso. Apenas fui forçada a continuar em frente. A prosseguir. A cumprir horários e rotinas que me são impostas quando não me sinto capaz de nada…

Hoje foi mau. Muito mau. E, a julgar pelas horas que são agora e pela intensa luta comigo mesma dentro da minha cabeça, amanhã não será melhor…

Mais uma vez, quero chorar. E não consigo. E, só por causa disso, tem tudo para correr mal…

Não. Não me sinto bem. Não me sinto bem comigo mesma. Mas não vai ser por isso que vou deixar de acreditar em mim, mesmo que o meu corpo teime em dizer-me que não é capaz. Mas a minha mente teima em dizer que sim! É esta a luta que travo neste momento. E a vontade é simplesmente chorar…porque ambos têm a sua razão e depois existe uma terceira parte, que sou eu, nem corpo nem mente, que já não sabe bem o que fazer para lidar com tudo isto…

Talvez se me deitar sossegada em posição fetal…talvez consiga sentir-me mais aconchegada, mais acolhida por mim mesma. Sei lá…já nada do que estou a debitar aqui parece fazer qualquer sentido…quando tudo o que mais quero e preciso é de chorar! Resolve alguma coisa? Nada, eu sei. Mas alivia. Afasta esta pressão que sinto em mim. E eu preciso tanto de aliviar tudo isto… Porque, se não dá para voltar atrás e sair deste filme, então que seja aliviada a pressão rapidamente! Porque eu preciso de mim mesma de volta!

…e, mais uma vez eu digo: eu não aguento…! E menos aguento sozinha…!

Amanhã. Amanhã vai ter que correr melhor. Tem que correr melhor…

{#103.263.2025}

Serão estas pernas, agora (muito) cansadas, agora (muito) doridas pelo (muito pouco) que andei hoje que me irão levar a superar crenças que não são minhas mas que habitam na minha cabeça. Serão estas pernas, as minhas pernas!, que me irão confirmar que sim!, AINDA POSSO!

Nunca lidei muito bem com o “não podes”. Se me explicarem por A+B porque é que “não posso” alguma coisa, aceito. Mas se me disserem que “não posso” porque “não consegues”, então não páro até tentar e conseguir de facto.

E, neste momento, se há coisa com a qual não lido mesmo nada bem é que me digam “JÁ NÃO CONSEGUES”. Como se, de facto, esta coisa que me apanhou na curva me tenha encostado às boxs de vez…quando não é verdade.

Eu sou a primeira a sentir todas as dificuldades. Todas as dores. E são muitas, tanto umas como outras. Sou a primeira a recusar as limitações que, mais cedo ou mais tarde, acabarão por surgir. Sou a primeira a recusar desistir quando a vontade é deitar a toalha ao chão. E dou mais um passo. E outro. E ainda outro. Os que forem necessários até chegar lá. Seja esse “lá” onde for. E sou também a primeira a sentir as dores tantas vezes agonizantes quando dou o passo seguinte. Mas dou! E sigo! E chego lá!

Por isso, não me digam que não posso porque já não consigo! Consigo! Pode custar-me horrores! Mas nunca gostei de caminhos fáceis que não levam a lado nenhum!

Serão estas pernas, as minhas pernas!, a provar a mim mesma que sim!, eu posso! Porque EU CONSIGO! E não serão as crenças alheias a ditar os meus passos! Crenças alheias são crenças limitantes. E eu SEI que não há limites quando se quer muito alcançar alguma coisa. E eu vejo uma meta lá à frente. E VOU cortar essa meta! Com estas pernas (muito) cansadas e (muito) doridas que são AS MINHAS!

E, garanto-vos, vou-me propor o que tantos acham impossível. Mas VOU conseguir! Porque eu quero! E porque, mais do que qualquer outra pessoa, EU AINDA ACREDITO EM MIM! E não é um diagnóstico que me vai fazer mudar de ideias. Sobre MIM! Eu CONTINUO a acreditar em mim! E eu SEI que CONSIGO!

{#102.264.2025}

Dormir. É a forma de excelência para uma total recuperação do corpo. E se à noite dormi pouco e mal, tendo acordado de manhã bem cedo, a tarde fez-se hora de dormir e o corpo descansou.

Das 16h às 20h o sofá aconchegou-me, acolheu o meu corpo e embalou-me num sono profundo. Que soube tão bem. Que fez tão bem. Não recuperei, ainda, na totalidade, claro. Mas estou no caminho certo.

E, ao acordar, perceber que tenho tantas mensagens a desejar as melhoras e a darem-me força para recuperar rapidamente. Mensagens das minhas colegas do Yoga, as mesmas que, há quase 2 anos, me receberam e acolheram tão bem e que têm acompanhado de perto o meu percurso desde a suspeita à confirmação do diagnóstico e a progressão disto que me apanhou na curva e que veio para ficar. Nunca, em momento algum, me senti posta de parte por elas. Muito pelo contrário. E é tão bom e tão importante sentir que sim!, eu pertenço ali.

Agora que a noite já roça a madrugada é hora de fazer o que mais preciso: dormir. E fico feliz por saber que, a 135km daqui, ele leu as minhas questões sobre o resgate de uma corujinha, ainda junior, que certamente terá caído do ninho com a tempestade que está por lá. E sabê-la resgatada e recolhida por ele até amanhã ser levada para um centro especializado que, melhor do que ninguém, vai tratar dela até ser altura de a devolver ao habitat natural, deixa-me muito feliz também. Mas, para estar completamente bem, tenho mesmo que descansar. Dormir! O resto? Agora não quero saber. O resto é o resto! E amanhã logo se vê! Mas, agora? Agora eu!

{#101.265.2025}

O extremo cansaço de ontem, exacerbado pela agressão violenta da infusão de 600ml de químicos que invadiram o meu corpo, levou a uma noite que terminou relativamente mais cedo do que o normal.

Antes disso, ainda a habitual troca de mensagens com ele. E ser comparada com Kal-El, originário de Krypton, com super poderes para suportar tudo. E cada palavra dele a relembrar-me que já passei por muita coisa, mas sobrevivi a todas. Algumas que me vergaram o suficiente para ameaçar quebrar mas que, de alguma forma, recuperei e reergui-me. E provavelmente mais forte, quem sabe mais sábia, talvez.

Kal-El ou não, não sei. Quero, muito, manter a minha visão sobre mim mesma: reajo porque não há outra opção viável. A alternativa, em cada tempestade que me vergou, era desistir e permitir(-me) a minha quebra. Mas, para mim, essa nunca foi uma alternativa viável. Nunca foi, sequer!, opção. Por isso, sim!, posso ter vergado muitas vezes a muitas tempestades, mas optei sempre por reagir. Reagir enfrentando os fantasmas que cada tempestade acabou por me deixar. Conhecer cada um deles, aprender a conviver com a sua presença, viver sem permitir a sua intervenção a cada novo capítulo.

Não, não sei se é possível ser comparada a Kal-El. Mas entendo quando ele o faz. Entendo cada palavra que ele me diz do que vê em mim que eu não vejo. Ou não quero ver, talvez. E, agora que penso nisso, talvez o não ver em mim ou não querer ver o que os outros vêem seja a minha Kryptonite. A minha grande fraqueza. O que eventualmente me poderá, um dia, derrubar.

Mas, assim como Kal-El tinha Lois Lane para o fortalecer e, de alguma forma, o proteger da Kryptonite, eu tenho-o a ele, que me protege, que me fortalece, que acredita em mim, na pessoa sou, na força que tenho, na coragem que me impede de parar, na vontade de conseguir alcançar um bocadinho mais de cada vez.

Afinal, eu e Kal-El temos mais em comum do que eu pensei de início. Mas, mais uma vez!, não fui capaz, ou não quis!, ver isso em mim mesma. Foi ele que me apontou nessa direcção. E talvez seja essa a minha Kryptonite: não ser capaz de, ou não querer!, ver em mim o que os outros vêem…

{#100.266.2025}

Daquilo que tenho andado a fugir o dia todo: dormir. Porquê, quando é isso que o meu corpo me está a exigir? Não me posso esquecer: foram 600ml de uma vez só de químicos que invadiram o meu corpo. A primeira dose foi muito tranquila? Foi. Porque foram 300ml em duas vezes. É, portanto, normal que, agora, o meu corpo reaja de outra forma. E nada como dar descanso ao corpo para recuperar. Para regenerar. Para voltar a reunir energia e força.

Prometi a mim mesma, há já mais de uma hora, que me ia deitar cedo. Já passa das 22h. Ainda não fui. Eu sei que ainda não é muito tarde nos relógios ditos normais. Mas no meu…aquele que é regido pelo meu corpo, neste momento vulnerável, fragilizado por uma agressão química de 600ml, já é tão tarde.

Dormir, é preciso. Mas esta noite preciso que ele me mexa no cabelo até eu adormecer, que me dê a mão, que se deite ao meu lado e tome conta do meu sono. E sei que ele o vai fazer.

Amanhã…a próxima meta, o próximo objectivo. É chegar lá. Melhor do que hoje.

…se estou assustada…? Não consigo escondê-lo. Mas faço questão de voltar aqui amanhã, nem que seja só para dizer que sobrevivi a esta noite assustadora…porque sim!, tenho medo! Mas acredito que vai correr tudo bem. Nem pode ser de outra forma…

…acho eu.

Até amanhã.

{#099.267.2025}

Com licença, vou só ali ao sofá. Hoje? Completamente esgotada. Totalmente

drained“.


Sim, estou absolutamente ezhorSa.
Mmmdi

..


O que se lê acima é o que acontece quando se adormece enquanto se faz uma publicação…juro que estava acordada quando escrevi a primeira frase. Tudo o resto? Pois…foi a dormir…

{#098.268.2025}

Não é fácil sentir-me segura o suficiente para deixar cair a armadura que me protege. Ou não era fácil. Não era até à chegada dele. Desde o primeiro dia que senti segurança suficiente para alargar, aos poucos, os laços e os nós que desde sempre me ajustaram as diversas partes da minha armadura. Tudo peças estrategicamente colocadas nos meus pontos mais sensíveis, muitos deles, tantos deles!, já anteriormente atacados, magoados, feridos, com cicatrizes ainda à espera de secar. Mas desde a resposta a um simples “Olá” numa qualquer rede social, resposta pronta dele, desde esse dia que, devagarinho, a minha armadura começou a ficar mais relaxada, mais larga, quase como se eu própria tivesse encolhido de tamanho quando na verdade, e muito, tanto!, por causa dele, cresci. E cresci muito, tanto! Ou então não cresci e apenas aprendi a sentir-me verdadeiramente segura com ele e deixei de me encolher. Enchi o peito de ar. Ergui a cabeça. Endireitei o peito e as costas. E permiti-me aliviar os laços e os nós que prendiam as peças da minha armadura…

Com ele aprendi que posso fazer tudo o que quiser, que sou capaz de fazer o que quiser e que dar um passo em frente é dar o passo certo.

Com ele permiti-me, ou fui-me permitindo, deixar cair a armadura. E descobri que é possível despertar uma conexão quase irreal mas que existe em nós, entre nós. Porque, sem rodeios, aceitamo-nos um ao outro tal como cada um de nós é. Partilhamos momentos intensos. Momentos inesquecíveis. Momentos indescritíveis que são só nossos, haja ou não intervenção de terceiros.

São momentos de vibração a um nível que não sei explicar. Ele também não sabe. Mas ambos sentimos. Ambos vibramos. Ambos vivemos esses momentos que são só nossos. Sem medos. Sem tabus. E acima de tudo sem armaduras. Na total vulnerabilidade que só uma extrema confiança permite.

E é essa extrema confiança que vamos crescendo um com o outro. Vamos experenciando momentos irrepetiveis. Vamos vivendo momentos únicos. De pura conexão. De entrega total. De partilha do segredo mais bem guardado: o Eu que pouca gente conhece. Que praticamente ninguém vê. Mas que, no nosso caso, imediatamente reconhecemos um no outro. Porque não vem de agora o que existe entre nós. Já vem de há muito tempo, muito lá para trás, de outro qualquer tempo na História. O primeiro encontro aconteceu há tanto tempo que não foi no nosso tempo. E foi muito lá para trás que nos fundimos de tal forma que o tempo foi passando e nós fomo-nos encontrando e reconhecendo e fundindo num só.

O tempo pode dar as voltas que der. Mas eu e ele acabaremos sempre por nos reencontrar. Pela vibração. Pela conexão. Pelas partilhas. Por nos reconhecermos sem dúvidas, sem medos, sem tabus. E sempre sem armaduras. Porque não precisamos de nos proteger um do outro. Porque somos um só. Eu e ele. Ele e eu. Quando dois são apenas um, completo. Inteiro.

O nosso momento de hoje…pura conexão. Extremo entendimento. Aceitação do outro tal como é. Sem medos. Sem tabus. Simplesmente ser. Eu. Ele. E confirmar que o caminho mais longo é o que nos pertence. E, por ser o mais longo, pode até ser o mais difícil. Mas seguimos o caminho de mão dada. Como desde o primeiro dia.

Não há volta a dar. Eu sou dele. Ele é meu. Somos os dois um só…

{#097.269.2025}

Disto de passar umas quantas horas no Hospital de Dia de Neurologia:
na mochila, levei comigo 2 livros que, sendo de aforismos, queria começar a ler, interiorizar e aplicar nos meus dias em breve; 2 cadernos, um para apontamentos do que preciso de fazer, dos emails que preciso de enviar, a lista de queixas, dores, sinais e sintomas que quero levar à médica de família, e outro, obviamente cor de rosa, que quero dedicar exclusivamente à carta, ou às cartas!, que lhe quero escrever e que já queria ter começado há tanto tempo; um powerbank carregado a 100%; um polvinho azul de tecido que já me acompanhou na primeira toma da medicação há 6 meses, que me aconchega e com quem aninho e enrosco no cadeirão do bunker do Hospital de Dia onde ninguém me pode ir acompanhar e que, na falta do meu polvinho giro-giraço-girassol de carne osso, me faz sentir mais segura; um Tupperware com uma Brownie fabulosa do café com a esplanada das mesas infinitas; garrafa de água.

Estava preparada, como há 6 meses, para as várias horas que iria passar ali com a medicação a ser-me servida directamente numa veia bailarina que se fez difícil de apanhar e se escondeu nas profundezas do meu braço esquerdo.

De tudo isto que levei comigo na mochila, só usei, na verdade, 2 coisas: o polvinho azul de tecido que tirei da mochila assim que me aconcheguei no cadeirão e o powerbank que tirei da mochila segundos antes de adormecer sem ter tido tempo de o ligar ao telemóvel. Claro que o telemóvel ficou sem bateria até que acordei algum tempo depois e, aí sim, consegui pô-lo a carregar. Mas ligar efectivamente o telemóvel só o fiz mais tarde, porque assim que o liguei ao powerbank voltei a adormecer…

Não sei ao certo quanto tempo dormi. Sei, sim, que acordei apenas poucos minutos antes da enfermeira me dizer “pronto, já está. Por hoje já acabou.” Foi rápido. Não em número de horas, que foram muito perto de 6. Mas, a dormir profundamente como eu dormi, tudo passa muito rápido.

Até ver, nada de efeitos secundários depois de 600ml de químicos entrarem no meu corpo. Pode ser que o único efeito secundário seja o mesmo de há 6 meses: dormir o dia seguinte todo. Se for isso, não me chateia.

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Mochila arrumada para amanhã (mas com a certeza de que me estou a esquecer de alguma coisa, só não sei o quê…). Para variar, levo aquilo que se pode quase chamar de “casa às costas”. A saber:

  • 2 livros: “Yoga-Sutra (Aforismos de Yoga)“, de Patañjali, e “Meditações e Aforismos“, de Goethe – porque não tenho muita paciência, neste momento, para romances, mas tenho sempre disponibilidade para coisas que fazem pensar. E estes dois livros vão-me dar muito para pensar, absorver e vivenciar ;
  • 2 cadernos: o dos escritos do dia a dia, cuja capa diz muito sobre mim ao dizer “I’ll do it my way”, porque tem sido sempre assim nos meus últimos 48 anos (que serão, também, os primeiros 48 anos de muitos, espero eu) e o caderno novo de capa cor de rosa (claro que sim!) onde quero escrever, por exemplo, a carta (daquelas ridículas aos olhos do poeta) que me foi pedida por ele há tanto tempo e que ainda não consegui começar…;
  • powerbank carregado a 100%;
  • o meu polvinho azul de tecido que me acompanhou há 6 meses nesta mesma aventura, em que me aconcheguei naquelas longas horas no cadeirão do bunker do Hospital de Dia, mesmo sabendo que, à distância de um clique, outro polvinho, que é ele, vai estar de mão dada comigo como tem estado desde o primeiro dia.

As máscaras FFP2, uma bordeaux e uma roxa (porque, vindo de mim, só podiam ser coloridas!), já estão de lado, a caixa dos óculos será arrumada amanhã e não faço ideia do que é mas sei que me estou a esquecer de alguma coisa…

Passa das 23h30m. Aquela coisa de ir dormir cedo falhou redondamente, claro! Mas ainda tive a oportunidade do telefonema das 21h em que me foi servido um aforismo para guardar, absorver e vivenciar: “Tudo é mutável dentro do Todo” (acho que não me engano…).

Agora? É ir dormir a correr! E amanhã será o que tiver que ser, sabendo que será o melhor para mim.

Boa noite a quem fica e até amanhã.

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Sábado, e como habitualmente o dia começou cedo para mais uma aula de Yoga. Aquele momento em que me ponho à prova perante mim mesma. E onde sei que, se hoje não consigo alcançar a permanência numa postura, todas as vezes que me for proposta irei alcançar mais um bocadinho até conseguir a permanência na posição correcta e completa. Mas sempre sem pressa, sempre sem pressão, minha ou do Professor Pedro. E devagar vamos avançando na prática, eu guiada por ele.

Não fazer absolutamente nada o resto do dia e querer dar descanso ao corpo no sofá. Não saí do cadeirão… Não foi exactamente o que tinha pensado, mas também foi não fazer nada, que era o que se pretendia.

Agora, à hora em que a noite já roça a madrugada, continuo a adiar a saída do cadeirão em direcção à cama. Tento enganar-me a mim mesma dizendo-me que estou tranquila quanto a segunda feira. Mas não estou totalmente…

Não vou insistir em ficar no cadeirão. Estou cansada. A ansiedade começa a apertar. Amanhã é dia de preparar tudo para segunda feira e quero fazê-lo com calma, sem pressa. E, para isso, é preciso ir descansar. Domingo é o único dia da semana sem despertador, por isso…à hora que acordar, acordei. O resto? Logo se vê…mas, em primeiro lugar, eu. Depois logo se vê…