Category Archives: {#2024.Julho}

{#213.154.2024}

Mais um dia mais ou menos igual aos outros. A única diferença foi não ter adormecido no sofá depois do almoço…acho eu. Agora que penso nisso, e tive que pensar muito para me lembrar, de facto não tive oportunidade de adormecer no sofá. Muita papelada para rever, organizar e enviar. A tarde passou e eu não dei por ela…

Quarta feira e hoje seria dia de Yoga ao final do dia. Mas mudando o local (mantendo o professor!), muda também o horário. Ou pelo menos passa de quarta para quinta feira. Ainda não tive oportunidade de saber exactamente onde fica, sei qual é a rua e, para lá chegar, terei que ir de autocarro. Não sei, ainda, qual o melhor a apanhar, nem horários de ida e muito menos de vinda. Mas vai correr bem. Nada que o GPS e o Google Maps não me ajudem.

De resto, fui demasiado confrontada com a minha realidade actual e com o que pode vir a ser daqui a uns tempos. Não sei, obviamente, quanto tempo, mas sei que o que me espera é algo que, definitivamente, não quero! Ainda não sei, claro, a que velocidade o tempo vai passar e a progressão avançar. Só sei que não quero!

Tenho tantas perguntas para fazer a quem me devia acompanhar clinicamente e que simplesmente não responde aos meus pedidos de esclarecimentos e ponto de situação. E eu precisava tanto que esse alguém, o meu médico de especialidade, olhasse para mim como um ser humano e não como um número. Para ser um número já basta no emprego…e na realidade eu sou um ser humano que, neste momento, precisa de respostas a todas as perguntas que só o médico pode dar, sou um ser humano em sofrimento por uma espera sem prazo para terminar…no fundo, sou um ser humano, não um número. Mas estou a ser tratada como tal. E não posso…

Amanhã é dia de consulta mensal na única especialidade que me tem dado conhecimento do estado do meu processo. E, apesar de ser uma especialidade que faz sentido, não é aqui que vou ter as respostas às minhas questões…

E já não sei o que mais fazer, mas sei bem o que não quero para o meu futuro. Seja ele próximo ou longínquo, não interessa. Só interessa que sei o que não quero! E preciso que me digam o que posso eu fazer para desacelerar esta coisa! Isto enquanto não me chega a medicação que, diz quem sabe, ajuda a travar ou a desacelerar a progressão disto que me apanhou na curva, que eu não procurei mas que me encontrou!

A única frase que me vem à cabeça quando penso em todas as possibilidades é “não quero!”. Não quero! Não quero! Não quero! Mas porra! Preciso de ajuda que tarda em chegar até mim!

Para variar, já é muito mais tarde do que gostaria para ainda andar por aqui. A noite começa a roçar a madrugada e amanhã é dia de acordar cedo. Vai ser mais uma noite dormida a correr. E a vontade de chorar insiste em fazer-se presente e em força. E eu continuo a não conseguir chorar…

Amanhã logo se vê. Não vou pensar nisso agora. Não interessa. Amanhã o dia será preenchido, mas há ali um intervalo de tempo que me vai permitir recuperar antes de me fazer ao caminho do Yoga. Caminho que ainda nem sei qual será…

{#212.155.2024}

Das coisas importantes a não esquecer: arranjar sempre tempo para beber café antes de sair de casa!

Para não correr novamente risco de chegar à esplanada da manhã antes da Fisioterapia e a máquina do café estar avariada…

Primeiro café do dia? Muito para lá das 13h30. Ninguém merece. Nem aguenta…

De resto? Dar descanso ao corpo depois de chegar a casa porque, especialmente com o calor, o corpo assim o exige.

E a vontade de ir até à praia ao final do dia? Pois…essa ninguém me tira…

{#211.156.2024}

Poder, finalmente!, conversar de viva voz com alguém que, como eu, foi apanhada na curva pela mesma coisa, simplesmente numa versão mais simples.

Foram duas horas ao telefone, com alguém que não conheço pessoalmente e que provavelmente nunca irei conhecer dada a distância, mas que sabe tão bem o que estou a passar porque já passou pelo mesmo.

Há muito tempo que queria, precisava!, de uma conversa assim. Sentar-me à mesa da esplanada e falar, conversar, ouvir e ser ouvida por alguém que entende porque vive na pele a mesma condição que eu. Sim, continuo a não conseguir chamar-lhe doença, que é!, e menos ainda tratar a condição pelo nome que tem. E tudo porque ainda não a estou a aceitar…

Mas ouvir alguém partilhar a mesma experiência…não tem preço!

Foram as duas melhores horas dos últimos tempos, não há como negar. E (acho que) fiz uma nova amiga. Companheira de luta, sem dúvida. E uma enorme ajuda para a minha cabeça. De repente, deixei de me sentir tão sozinha.

Obrigada! E obrigada também a quem me fez chegar até ela.

{#210.157.2024}

A noite passada? Foi adormecer depois das 4h da manhã por causa da luta interna que se fez sentir em força.

Seria de esperar que hoje acordasse mais tarde… Mas todos os dias o despertador toca às 7h da manhã para tomar o antibiótico e hoje nem me deixaram esperar pelas 7h. Fui acordada às 6h30 para o antibiótico. Já não voltei a dormir. Não antes das 10h30 da manhã…e aí fugi do Mundo e escondi-me dele até às 16h.

Porque, mais uma vez, queria ir à praia. Mas sabia que não ia conseguir porque 900 metros é uma distância curta para todos, mas não para mim. Especialmente nestes últimos dias…

Ao final da tarde, um café fora da zona habitual. Pouco mais de 400 metros para cada lado. Mas, pelo menos, obriguei-me a caminhar. Se foi fácil? Manter-me equilibrada enquanto caminho está cada vez mais complicado apesar da fisioterapia. Mas fui! E vim…

Mas, a melhor parte deste dia que não prometia nada foi, ainda antes de ir à rua, quando o telemóvel tocou e, no outro lado, estava aquela voz que eu há tanto tempo queria voltar a ouvir! A voz dele! Era tudo o que eu estava a precisar mas não estava a contar! Surpresas destas são tão boas! E foi tão bom. Porque é muito giro podermos conversar por escrito à distância de um clique, mas nada bate uma conversa de viva voz quando não se está à espera.

Foram, ao todo, 38 minutos. E, durante esses 38 minutos, o Mundo deixou de existir lá fora. Porque éramos só os dois. O resto não existia. E foram, sem dúvida, os melhores 38 minutos deste dia “meh”.

Amanhã é o regresso à rotina da fisioterapia de manhã, seguida de consulta com a médica de família e regressar a casa. Vou continuar a querer ir à praia. Vai continuar a não acontecer.

Mas agora, e porque eu insisto em não saber fazer resumos, depois de escrever mais um longo email para aquele médico em quem deixei de confiar, a noite já roça a madrugada, vou tentar descansar. A minha cabeça continua a mil, a luta interna intensifica-se e a vontade de chorar agrava-se mas continua sem acontecer… Por isso, o melhor é mesmo esconder-me do Mundo até às 7h da manhã de amanhã.

Um dia de cada vez. Sempre. Hoje foi como e o que foi. Amanhã? Logo se vê…

{#209.158.2024}

Passava das 22h45 e estava na esplanada do costume. Vontade de voltar para casa? Zero. Capacidade física para ir dar uma volta por aí, nem que fosse uma volta ao quarteirão? Com as dores na perna esquerda, desde a coxa até ao pé com especial incidência no joelho? Zero também.

Estou cansada de não sair deste rectângulo. Preciso de sair daqui um dia destes. Seja para almoçar. Seja para jantar. Seja apenas para um café. Seja o que for. Mas FORA deste rectângulo. Sinto-me presa aqui. Prestes a sufocar. E tudo por não sair deste rectângulo. E por NÃO CONSEGUIR sair sozinha para lado nenhum.


Hoje caminhar, até em casa, está muito difícil. Mas tinha que vir à rua à noite. Porque, se continuasse fechada em casa, acho que enlouquecia.

Mas, claro, tive que voltar para casa. E, já em casa, travo uma intensa luta interior comigo mesma. Já devia estar a dormir, agora que a noite já roça a madrugada. Mas não quero.

Tenho a cabeça a mil e não é com boas ideias. É um acumular de sentimentos negativos. Frustração. Zangada com o Mundo e comigo. Com isto que me apanhou na curva e que eu não procurei mas que me encontrou, que de alguma forma me escolheu.

Não merecia isto. Não fiz mal a ninguém. Não prejudiquei ninguém. Não….merecia…isto! E o que também me magoa é perguntar à minha mãe “eu merecia melhor do que isto, não merecia?” e, como resposta, recebo o habitual silêncio. Assim não dá…assim é suportar tudo sozinha. Mais tarde disse-me que não respondeu porque não sabe o que me dizer. Bastava ter dito que sim, que merecia melhor. Ao não me responder nada fez-me sentir como se efectivamente eu não mereça melhor. E, FODA-SE, isso dói para caraças!

Acredito que não seja fácil para ela também ter que assistir a tudo o que se está a passar comigo, a ver as dificuldades a aumentarem e eu a não ter o acompanhamento médico que preciso. Acredito que seja doloroso para uma mãe assistir à degradação, às progressivas dificuldades, ao sofrimento que as dores trazem juntamente com tudo o resto, à frustração, ao agravamento da depressão de uma filha que foi apanhada na curva por uma coisa que não tem cura. Mas tem tratamento que melhora a qualidade de vida. Tratamento esse que demora a chegar…

Admito a dificuldade da minha mãe em assistir a tudo isto. Mas eu preciso de sentir o apoio da única pessoa que me ajuda em tudo e que está sempre presente. Apenas não verbaliza, não me responde. Não me diz nada sobre o que se está a passar, sobre o que EU estou a passar. E isso, para além de doer (muito!), traz-me o peso insuportável da porra da solidão! E eu não quero, não posso!, suportar isto tudo sozinha. Porque eu não aguento.

Continuo a querer chorar. A precisar de chorar. E continuo a não conseguir.

Sei que não posso fazer nada para me livrar disto. Veio para ficar. Não há nada a fazer a não ser ter o acompanhamento médico que preciso e acesso rápido à medicação. E nada disso está a acontecer.

E preciso também de alguém que se sente comigo para conversar sobre isto e me ouvir, mas sobretudo para me orientar. Porque eu continuo a estar perdida! E preciso de saber onde estou. Para onde vou. O que esperar. O que me espera. Como vai ser daqui para a frente. No fundo, o que eu preciso é de ajuda. Urgente. Que não tenho tido. Que não sei quando vou ter. SE vou ter.

Sei que tenho uns poucos amigos com quem posso falar, desabafar. Mas também sei que, em alguns casos, não tenho comentado nada sobre o que estou a passar, o que estou a sentir, porque sei que do outro lado a frustração também se faz sentir. Como é o caso dele. Sei que está comigo nisto, desde o início a segurar-me na mão, a fazer o caminho comigo. Mas, se me queixo, a frustração chega até ele não só pelo factor distância mas também por não poder fazer nada. E eu não quero contagiar ninguém com a (minha) frustração. E por esse motivo tenho guardado algumas coisas para mim. Digo apenas, quando me fala da frustração de não poder fazer nada, que basta estar lá, à distância de um clique. Saber que não se vai embora por causa disto.

Mas, caramba! Eu sei que não estou, mas sinto-me completamente sozinha! Preciso tanto de ajuda. Urgente! De deixar de me sentir sozinha! Porque não aguento mais…

Às vezes quero desistir, outras vezes quero bater o pé e fazer as coisas acontecer. Mas estou SEMPRE sozinha…e já não sei o que fazer nem para que lado me virar nem com quem contar, já não sei nada de nada de nada! Só sei que estou cansada, farta, frustrada, zangada, perdida, sozinha. E não quero continuar assim…mas não sei até quando vou conseguir aguentar isto assim. Não sei mesmo…

{#208.159.2024}

…e depois há aquele dia em que te cai uma dolorosa ficha e percebes que aquela pessoa em quem depositaste toda a tua confiança afinal parece não merecer o que lhe dedicaste e aparenta estar apenas e só a gozar com a tua cara dizendo coisas só por dizer, só para te calar a boca, só para, de alguma forma, te enganar…

Se fosse outra pessoa qualquer, bastava continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar e partir para outra seguindo em frente. O problema é quando é o teu médico, da especialidade que te devia acompanhar de forma regular há meses, que já devia ter iniciado medicação há algum tempo e que, afinal, quando te liga em resposta aos teus três emails, te diz coisas por dizer, só para te calar e que nos serviços do Hospital não há qualquer informação, muito menos confirmação.

Sim, hoje deixei de confiar num médico. Aquele que começou bem em Fevereiro decretando um internamento imediato para dar início aos muitos exames necessários para o diagnóstico. O mesmo que, de imediato marcou consulta para a primeira data que tinha disponível, 7 de Outubro, mas que afirmou e combinou que assim que tivesse os resultados todos me chamava para diagnóstico e início de medicação.

Os resultados saíram há meses. O diagnóstico consta do relatório que efectuou para a Junta Médica da Segurança Social em Março. O início do tratamento estaria dependente do início da terapêutica preventiva para a tuberculose latente, teria que aguardar 30 dias desde o início da terapêutica para poder avançar com a medicação biológica.

A terapêutica preventiva foi iniciada a 23 de Maio. Já passados os 30 dias soube pelo Infecciologista que me segue neste tratamento que já constava do meu processo que era candidata a medicação biológica.

Foi nessa altura que comecei a tentar saber o ponto de situação junto do médico. Sem sucesso. Até insistir no secretariado que por sua vez insistiu com o médico que finalmente me ligou. Para quê? Para me mentir? Não sou eu que o digo, são os próprios serviços do Hospital para onde o próprio me disse que iria ligar de imediato para acelerar a marcação do início da medicação. Serviços esses que, já em duas semanas diferentes, me dizem “o doutor não fez qualquer pedido em seu nome”…

E com isto perco a confiança em quem achei que me iria, de facto, ajudar. Não só em termos de medicação mas também ao nível de maior conhecimento do que se passa comigo…

Sei que tenho outro local onde recorrer. Que já me disseram estar à espera do pedido da minha médica de família. Mas fica em Lisboa… Sei que aí teria tudo o que preciso para enfrentar o que me apanhou na curva. Mas neste momento não sei o que faça… Sinto-me completamente perdida, desiludida e, até, enganada. Porque não gosto de pessoas que dizem as coisas só por dizer, só para calar o outro. E cada vez mais acho que é exactamente isso que está a acontecer. E não quero. Nem posso permitir que aconteça.

Não quero perder o meu precioso tempo a pensar demasiado nisto. Tenho outras coisas importantes em que pensar. Que, apesar de tudo, não me magoam porque eu já aceitei ir a jogo sabendo todas as regras e obstáculos.

Tenho, à distância de um clique, alguém que me completa e a quem eu completo de uma forma que não tem uma explicação racional. Mas que é vivida e, acima de tudo, sentida, de forma intensa e de entrega total.

Não tem que fazer sentido a mais ninguém que não eu e ele, nós os dois que, na realidade, somos um só.

Ambos somos intensos. Em tudo o que fazemos, por mais básico que seja. Ambos nos sabemos de cor. Ambos nos aceitámos e aceitamos como somos. Não há uma explicação racional. É assim e pronto. Somos assim e pronto. Desde o primeiro dia há mais de um ano. E o que existe, que não tem que fazer sentido para mais ninguém, cresce todos os dias mais um pouco.

Onde é que isto vai dar? Não faço ideia. E, neste momento, nem quero saber. Quero viver um dia atrás do outro. Sentir um dia atrás do outro. A partilha. A entrega. A intensidade. E o que tiver que ser será. Neste momento? Não quero saber.

Hoje foi um longo dia. Cansativo. De desilusão e, até, desconfiança na visita breve ao Hospital. Vim de lá profundamente chateada e frustrada e, até, magoada por me sentir enganada. Mas a tarde trouxe-me o equilíbrio que este dia estava a precisar. De forma intensa, verdadeira e de entrega total.

Amanhã é dia de acordar cedo outra vez. Yoga no parque novamente logo cedo. E eu gosto muito de começar o dia assim, a recentrar-me, a reencontrar-me. E a relaxar e a desligar dos pensamentos que me incomodam e magoam. Por isso, e agora que já é muito tarde e a noite começa a roçar a madrugada, está na hora de dar o dia por terminado por hoje. E amanhã logo se vê como será depois do Yoga.

{#207.160.2024}

Acordar cedo depois de mais uma noite curta. E, claro, acordar cansada.

De manhã, fisioterapia. Pergunta a fisioterapeuta: “cansada da fisioterapia de ontem e do Yoga?” Respondi que nem por isso, apesar do trabalho de pernas no Yoga ter sido um pouco mais puxado.

Passar pela massagem e dizer “não sei porquê, mas sinto os ombros demasiado tensos” e, ao primeiro toque, a massagista encontrar o ponto de tensão no ombro direito que está pior do que o esquerdo. Porquê essa tensão nos ombros? Não faço ideia… Se calhar, é só mais uma coisa que “faz parte“. Assim como as dores que tenho nos pulsos quando os dobro nos exercícios de Yoga e até nos da fisioterapia. “Ataca as articulações todas”…e é na fisioterapia que vou aprendendo estas coisas…

Disse que não me sentia cansada, e na realidade, só me sentia moída e ensonada. Mas, depois do café a seguir ao almoço, entrei no plano horizontal. Que é o mesmo que dizer que aterrei no sofá. E, em menos de nada, estava a dormir. Foram três horas nisto…

Acordei para jantar a horas decentes, o que não tem acontecido nos últimos dias. Com planos de ir dormir cedo… Já não é cedo. É praticamente meia noite, mas sempre é mais cedo do que a 1h ou 2h da manhã dos últimos dias. Semanas? Já nem sei…

Faz-me falta aqui ao meu lado a presença dele. A quem chamo Polvinho. Eu, a Corujinha, posso não ter a presença física do meu Polvinho, mas todas as noites enroscamos um no outro numa conchinha só nossa. Que ninguém tem que entender como é possível com 135 km de separação física. Não interessa. O que interessa é que, para nós, faz todo o sentido.

Não tenho a presença do meu Polvinho Giro-giraço-girassol, mas tenho um polvinho azul ao meu lado que todas as noites olha por mim e para mim e, de manhã, me sorri. E é o suficiente para reforçar esta presença que sinto todas as noites como se a distância não existisse…

Ainda não é meia noite. Hoje consigo deitar-me cedo. Ou, pelo menos, mais cedo. Amanhã o dia vai ser longo… Mas, só por sentir sempre comigo a presença do meu Polvinho Giro-giraço-girassol de mão dada comigo desde o primeiro dia, já sei que vai ser um bom dia. O resto? O resto é só isso mesmo, o resto.

{#206.161.2024}

Começo a ficar especialista em noites pouco dormidas. Ontem foi, novamente, mais uma noite em que fui dormir demasiado tarde. E não posso. Por todos os motivos e mais algum! Mas preciso mesmo de me mentalizar e organizar para voltar a deitar-me cedo. Especialmente agora que saio de casa cedo para ir para a fisioterapia todos os dias. Dormir pouco não me faz bem nenhum. E o meu corpo está cada vez mais exigente e eu tenho que lhe obedecer…

A manhã, claro, foi na fisioterapia. E aqueles momentos de massagem nas costas, ombros e pescoço seguidos do calor foram suficientes para me deixarem mais a dormir do que acordada. Depois disso mais uma vez o trabalho de marcha e equilíbrio. E, novamente, a confirmação de que a perna esquerda não está a 100%…let’s wait and see. Mas não gosto disto…

Chegar a casa, almoçar, querer rapidamente aterrar no sofá e demorar até fazê-lo apesar de ter o tempo todo contado. Afinal, hoje era dia de Yoga, por isso não podia simplesmente apagar no sofá sem horário…

Felizmente hoje o Yoga foi no parque. Substancialmente mais perto de casa. Há muito tempo que não tínhamos uma aula no parque. Sei que existe vontade de ir até à Mata dos Medos, mas o tempo não tem ajudado. Ou muito vento ou muito calor. Mas, se no parque já é uma experiência muito boa, na Mata dos Medos deve ser incrível. Ainda acredito que será possível um destes sábados irmos até lá.

Terminada a aula, uma pequena conquista minha: voltar para casa sozinha. Há muito tempo que não fazia um percurso destes sozinha. São pouco mais de 500 metros, que não é nada em situações normais, mas que para mim foi alguma coisa com importância suficiente para dizer a mim mesma “eu consigo!”.

Agora, claro, já é tarde e eu já devia estar a dormir e ainda aqui estou. Mas não por muito mais tempo. Estou cansada. A fisioterapia não foi dura, mas o ir, fazer os exercícios e o voltar à hora do calor cansam. E o Yoga hoje foi puxado. Por isso, nada como dar o dia por terminado. E, dizem, as temperaturas amanhã descem o suficiente para se poder aguentar andar na rua. E, se assim for, só isso já vai valer a pena. Quanto ao resto? Logo se vê. Não tenho pressa…

{#205.162.2024}

Dia de regresso à fisioterapia. E hoje, finalmente, desde que iniciei os tratamentos na clínica, algures no tempo que já nem sei quando foi (Maio? Por aí…), começámos a trabalhar o mais importante: a marcha e o equilíbrio.

Antes disso, manipulação dos membros. Para ter a confirmação do que já suspeitava: a perna esquerda está pior do que a direita. “Parece estar mais rígida”, diz-me a fisioterapeuta. A terceira que tenho na clínica, a primeira que refere essa diferença.

O joelho esquerdo também tem qualquer coisa. Há meses que me queixo da sensação de ter o joelho inchado. Já perdi a conta ao número de fisioterapeutas que viram, tocaram e mexeram no joelho. Todos me confirmaram o que já sabia: não está inchado. Hoje voltaram a confirmar. Não está inchado, mas acrescentaram “está cheio.” Cheio de quê? Não faço ideia. Mas amanhã pergunto.

Ou seja, tudo isto, a fisioterapia, as queixas, a rigidez da perna, o “joelho cheio”, tudo isto faz parte. É só mais um conjunto de coisas que fazem parte. Daquilo que me apanhou na curva e que eu ainda não consegui aceitar. Um dia, quem sabe…

E depois há o calor. Um calor dos infernos! Eu sei que, há relativamente pouco tempo, queixavamo-nos de ainda estar frio apesar de já ser Verão. Mas agora já está demasiado calor. E, já sei, o calor é o meu maior inimigo. Ou, como me disse o neurologista: “não. O maior inimigo é a doença. Mas, de facto, o calor exacerba os sintomas, incluindo os sintomas adormecidos”. E eu sei que já estou farta de estar em casa há tantos meses. Saio para ir ao café quase todos os dias, saio para consultas de tempos a tempos, agora saio todas as manhãs para a fisioterapia. Mas, à conta do calor, o resto do tempo é fechada em casa onde está mais fresco e, se começar a aquecer, as ventoinhas ajudam.

Tento não escrever sobre o que se passa na minha cabeça. Porque continua a grande confusão. Continuo perdida. Sem saber o que fazer. Pergunto cá em casa. Mas nem a minha mãe me consegue aconselhar… Sinto que precisava que alguém, com mais experiência nisto do que eu, se sentasse comigo, ouvisse as minhas questões, partilhasse a sua experiência e me ajudasse a desenhar o mapa que preciso de seguir…

Mas enquanto nada acontece, vou vivendo um dia de cada vez. Sempre na esperança de ter uma chamada do Hospital de Dia para iniciar tratamento. Mas, depois, lembro-me que no Hospital de Dia não há qualquer pedido em meu nome…! Não quero, claro, pensar que o médico me disse que ele próprio ia naquele mesmo dia ligar para o Hospital de Dia para acelerar o processo só para me calar…

Já não sei o que pensar. Muito menos o que fazer. Só sei que, como está, ou como estou!, não posso ficar… Eu não pedi nada disto! Eu não procurei nada disto! Eu não queria nada disto! Mas isto encontrou-me, apanhou-me na curva e agora aqui estou…com tendência para, progressivamente, piorar. E muitas vezes imagino o cenário dessa progressão e os danos irreversíveis e a vontade é acordar de um sonho mau e chorar. Mas já sei que acordar não vai acontecer. E chorar teimo em não conseguir.

Estou cansada. Não só do dia que já vai longo agora que a noite se aproxima da madrugada, mas acima de tudo cansada de tudo isto

Agora o melhor que tenho a fazer, neste momento, é ir descansar. Deitar a cabeça na almofada, acreditar que a dor de cabeça me vai deixar dormir e descansar. O corpo e a mente…

Amanhã? Logo se vê. Mas espero que, pelo menos o ânimo, seja melhor…

{#204.163.2024}

Missão para este Verão (e para todos os próximos): evitar o calor. E, no caso do calor excessivo, fugir dele. Diz quem sabe que, na minha condição, o calor é o meu maior inimigo. Diz o médico “não, o maior inimigo é mesmo a doença, mas sim, o calor faz exacerbar os sintomas, mesmo os que estão adormecidos”…

Pelo que fui sabendo, lá fora estava muito quente. Optei por não sair de casa o dia todo, embora a vontade fosse ir até à praia ao final do dia, mas mesmo a essa hora ainda estava muito quente. Ou simplesmente ir até à esplanada do costume comer um gelado para tentar refrescar. Não aconteceu.

A minha casa, por norma, é fresca. Mas hoje deu para sentir o calor a entrar. Por isso deixei-me ficar sossegada. Calções muito curtos e camisola de alças e mesmo assim tinha calor…

Saí depois de jantar. Cansada de estar fechada em casa, precisei de me mexer um pouco, dar algum uso às pernas, mesmo que com dores sem ter havido esforço…

Fomos até à esplanada do costume, eu e a minha mãe. Um café para mim, um gelado para ela. E ali fomos ficando por algum tempo, na esperança de sentir algum ar fresco. Não aconteceu…está uma noite de Verão como há muito tempo não apanhava.

Agora, de volta aos calções curtos e camisola de alças, tento refrescar um pouco. A ventoinha do meu quarto está ligada, mas não a posso deixar ligada a noite toda.

Vamos ver como corre amanhã com o calor. É dia de regressar à fisioterapia, sair de casa cedo e voltar à hora em que já está calor… Vamos ver.

Agora, ao olhar para o relógio, 23h59, percebo que vai ser uma daquelas noites de dormir a correr e que vai saber a pouco. Mas, já sei, depois de chegar da fisioterapia é almoçar e render-me ao sofá. Por agora, e independentemente do calor que está, é enroscar e aninhar na nossa conchinha de bichinho de conta, onde dois se encontram e formam um só. Como todos os dias, todas as noites, todas as horas. Amanhã será melhor do que hoje? É difícil, porque hoje o dia começou a dois, que se transformaram em apenas um como sempre acontece, e não vai terminar de forma muito diferente. Por isso, amanhã logo se vê. A única certeza que tenho: vou continuar a fugir do calor.

{#203.164.2024}

Domingo. Aquele dia dedicado a não fazer nada. Ou, no limite, muito pouco. Como hoje.

Acordar cedo para tomar o antibiótico, voltar a dormir porque o despertador para a toma toca muito cedo. Voltar a acordar, desta vez com calor e fome. Tomar o pequeno almoço, beber café, apanhar um bocadinho de ar fresco que me chega da janela aberta. Mas o sono aperta, mesmo depois do café. E não ter planos para fazer seja o que for não ajuda. Ir à praia seria uma opção, se não fosse o calor que já estava e que eu devo evitar. Por isso, havia um destino possível, uma única opção, a escolha mais correcta: ouvir o meu corpo e obedecer-lhe. Voltei para a cama, claro. E desconfio que já estava a dormir ainda antes de lá chegar, tal era o sono que tinha.

Obedeci ao meu corpo. Aninhei. Apaguei totalmente. Morri para o Mundo. O dia todo…

Acordei já a tarde ia longa. E, já mais recuperada, o meu corpo dizia-me que tinha que me mexer, sair à rua, caminhar até onde fosse possível. E assim foi. Uma paragem no café junto ao parque. Depois do café, rumar ao meu banco preferido no parque inteiro: aquele que, não ficando assim tão longe da entrada, é mais alto do que os restantes bancos e me permite ficar a baloiçar as pernas e os pés.

O caminho para a praia passa por ali. É só seguir o caminho de alcatrão e estamos no paredão em frente ao Mar. A vontade era seguir o caminho até lá, mas o vento forte e frio fez-me desistir da ideia. E o meu corpo, novamente as minhas pernas, diziam-me para não ir. Porque para lá, da forma como me sentia, já ia ser difícil. Regressar seria quase impossível…ou, pelo menos, iria demorar muito tempo, demasiado tempo.

Sei que brevemente terei que me obrigar a ir até à praia. Porque me está a fazer falta ir até lá. A maré baixa espera por mim e hoje, ao final do dia, a julgar pelas imagens da beachcam, estava novamente o cenário perfeito para o que preciso e para o que quero. E, percebi hoje, as visitas à beachcam têm-me deixado profundamente deprimida. Porque a praia está já ali ao fundo e eu não consigo ir até lá!

Regressei a casa, claro, a custo desde o meu banco do parque. Jantei. Prometi a mim mesma que me ia deitar cedo. Não vai acontecer. Já passa das 23h45 e ainda aqui estou…

Mas não vou ficar por aqui muito mais tempo. O dia foi o que foi. Nada a fazer. A frustração continua em alta. Mas o meu corpo está cansado. Não sei ao certo do quê, mas está.

Dou o meu dia de hoje por encerrado. Amanhã logo se vê se vou ter coragem para, ao final da tarde, fazer a caminhada até à praia, com descida ao areal, sentir as ondas da maré baixa nos pés e, depois, conseguir voltar para casa sem grande esforço e sem demorar demasiado tempo.

Vamos ver como corre o dia amanhã. Agora vou ali em busca do meu aconchego de final de noite e, depois, descansar.

{#202.165.2024}

Sábado, dia de me dedicar a cuidar de mim.

Começar de manhã com praticamente duas horas de Yoga, passar pela esteticista, demorar a chegar a casa, almoçar e capotar no sofá. Têm sido muitas noites pouco dormidas e com muita coisa a consumir-me por dentro… Estava demasiado cansada para muito mais, fosse o que fosse…

Espreitar a Beachcam logo após a hora do pôr do Sol e perceber que a praia apresentava as condições ideais para mim: um imenso areal de areia molhada, maré baixa e Mar sem ondas. Mas, claro, ainda não foi hoje que lá fui.

Não me apeteceu jantar em casa. Fui, na companhia da minha mãe, até à esplanada do costume comer uma tosta só para não ir dormir de barriga vazia. E, ao chegar à rua, uma Lua Cheia linda. Aquela mesma Lua a quem conto todos os meus segredos e que leva recados de cá para lá, de mim para ele.

A noite já corre às portas da madrugada, eu já devia estar a dormir, mas amanhã não há horários para cumprir. A única coisa a (tentar) cumprir é dar uso às pernas até à praia ao final do dia. Não está garantido que aconteça. Mas a vontade é muito grande. Vamos ver como corre.

Hoje não tenho o aconchego habitual de todas as noites, aquele abraço acolhedor, aquela conchinha de bichinho de conta. E sinto a falta de tudo isso. Amanhã logo se vê.

Por agora é aninhar e enroscar como sempre fiz, sozinha, em mim. E deixar-me levar para o Mundo dos sonhos. Onde tantas vezes nos encontramos e de dois fazemos um só.

{#201.166.2024}

E, ao vigésimo segundo dia desde a data de compra, as cápsulas de café foram, finalmente!, arrumadas como deviam ter sido arrumadas logo no primeiro dia!

Significa isso que a minha cabeça está arrumada? Nada disso. Nem perto disso! Significa apenas que alguém recente aposta em mim e vê mais do que eu própria vejo sobre mim mesma. E eu sei que ela tem razão. Mas sei, também, que quando levo um abanão da vida, preciso de um empurrão que me obrigue a mexer. E foi isso que aconteceu hoje.

Organizei as cápsulas de café como costumo fazer no dia em que me chegam às mãos. Desta vez demorou 22 dias, mas arrumei. Fiz-me sócia da entidade que tem tudo, desde o conhecimento ao apoio, para me ajudar.

Continuo à espera daquele mapa que me sinalize e diga “Você está aqui” para eu então me situar, perceber exactamente onde estou e quais os caminhos à minha volta para que eu me possa decidir por um deles. Mas, diz-me ela sabendo-me completamente perdida, esse mapa com essa sinalização tenho que ser eu a desenhar. E que, se eu quiser, ela desenha-o comigo. Mas, obviamente, o caminho a seguir sou eu a decidir.

Sim, estou completamente perdida nesta nova realidade que me chegou de forma inesperada e que, tal como o nome que tem, vai progredindo sem nada que a trave. Pelo menos não ainda.

Mas, 22 dias depois, arrumei as cápsulas de café! E percebi, ao arrumá-las, que já só tenho café para pouco mais de uma semana. E, com a próxima chegada de café, não posso deixar que a desarrumação da minha cabeça permita novamente o caos que foram os últimos 22 dias.

É interessante como o Universo funciona: quando mais precisava de alguém que me guiasse nesta descoberta desta nova realidade é-me posta à frente uma pessoa com uma patologia diferente, mais complexa, e que desde o primeiro momento me estendeu a mão. Tem os conhecimentos que eu não tenho, tem a força e coragem que eu não sei se tenho e tem um coração de ouro. E não me esqueço das primeiras coisas que me disse durante uma sessão de fisioterapia: “a vida não acaba“. E eu sei que não. Mas ainda preciso de aprender sobre esta nova realidade, esta nova vida, esta nova versão de mim mesma.

Mas já prometi, sobretudo a mim mesma, que um dia deixo de perguntar “porquê eu?” e passo a perguntar “porque não eu?”. Ainda não sei como nem quando nem onde, mas um dia terei aprendido o suficiente para fazer alguma coisa que não (apenas) para mim. Porque se isto (que eu teimo em não conseguir nomear…) me escolheu, então vai ter que servir para alguma coisa boa! Não sei o quê. Mas o tempo vai-me ajudar a seguir um qualquer caminho que possa ser marcado pela diferença positiva. Logo se vê.

O dia foi longo. Mais uma noite pouco dormida, mais um acordar cedo. Mas essa noite pouco dormida foi também, e especialmente, uma noite de algo louco e intenso e inesquecível. Para, logo de seguida de manhã, continuar a ser uma experiência de união e de fusão única e extraordinária.

Lá está, quando duas almas se reencontram e de imediato se reconhecem de outros tempos, outras vidas, sabem sem qualquer dúvida que são a metade que falta no outro e que de dois se faz um num momento de fusão a dois. E ontem à noite ou mesmo esta manhã foi isso exactamente o que aconteceu: uma fusão em que dois se completam, se encaixam e se fundem e voltam a ser um só.

Não sei como explicar isto. Acho que não tem explicação lógica possível. É demasiado surreal? Irreal? Sei lá o que é. Sei, sim, o que sinto, como sinto. O resto? Não tem que ser explicado. A ninguém. Basta que dois se possam tornar um só porque são metade um do outro, porque se encaixam na perfeição, porque se completam. E só isso importa. São um do outro, cada um uma metade. E o que acontece quando se fundem é de uma intensidade extrema. Mesmo que à distância de um clique.

Está lá tudo o que tem que estar. O resto? É só isso mesmo: o resto. Mais noites pouco dormidas e/ou despertares de manhã cedo intensos hão-de acontecer. Faz parte. Mas eles, metade um do outro, são tão mais do que apenas isso. Já o disse antes: são almas que se reencontraram e que, de imediato, se reconheceram e souberam que são os tais dois que fazem existir só um. São a metade um do outro. E a força que os une é de uma intensidade extrema quando se fundem num só. E é só isso que importa.

Amanhã? Mais um dia de acordar cedo, sendo que hoje já se prevê uma noite pouco dormida dada a hora tardia. Mas não interessa. Porque de manhã há Yoga. E à tarde há sofá. Desde que, claro, o meu corpo o permita não me repetindo experiências surreais como está a ameaçar há horas…

Amanhã logo se vê. Por agora é hora de enroscar e aninhar na nossa conchinha de bichinho de conta. E dar o dia por terminado.

{#200.167.2024}

Dia 200 do ano 2024. Aquele dia que passou directo da manhã para a noite, com brevíssima passagem pela tarde. Tão breve que não a senti, não a vi, não a vivi. Descansei. Recuperei das noites tardias. De um cansaço que me chega não sei de onde. Deve ser a isto que, quem sabe melhor do que eu, chama fadiga. Ainda tenho tanto para aprender sobre isto, aquilo que me apanhou na curva e me fez parar para assimilar, para me orientar, para entender, para aceitar.

Ainda não parei completamente porque a vontade é sempre de fazer alguma coisa. Que me faça útil. Que me faça sentir útil. No entanto, não faço nada disso. Não tenho energia para isso. E não sei, também, o que quero fazer e o que posso fazer…

Também não assimilei ainda tudo o que tenho que assimilar. Tenho tanto para aprender. Mas não sei por onde começar…

Continuo sem Norte, sem me orientar. Vou vendo o tempo passar. Vou vivendo um dia de cada, sobrevivendo um dia após o outro. Mas não tenho nenhum mapa que me aponte “Você está aqui” e me mostre a imensidão de possibilidades de caminhos que posso escolher para percorrer sem importar o destino.

Ainda não entendi, ou faço por não querer entender o que ainda está por vir. Ainda não entendi, porque ainda não há como entender, como cheguei aqui, como fui apanhada na curva sem pré-aviso, sem suspeitar de nada, sem desatenção, descuido, o que for. É assim que acontece sempre, não é? Ninguém suspeita de nada até que alguém diz “está cá e não há como ir embora”.

Ainda não aceitei. Não. Nem pensar. Isto, para mim, neste momento ainda é um sonho mau do qual ainda não consegui acordar. Mas, quando finalmente acordar, vai estar tudo bem, tudo certo, no sítio do costume, como sempre foi. Não vai acontecer, eu sei. Mas não, ainda não aceitei. Ainda não acordei desse sonho mau. E, sei, desse sonho mau não se acorda. Apenas se vive. Como se sabe. Como se pode. E eu ainda não sei. E começo a já não poder. E, também por isso, ainda não aceitei. Nem sei se algum dia o irei conseguir fazer.

Mas, quando este sonho mau começou, quando não passava ainda de uma suspeita, outro sonho começou. Mas um sonho bom. Aliás, muito bom. E o que têm estes dois sonhos em comum? Ambos são mais do que apenas sonhos, são pura realidade. E se do sonho mau quero acordar, sei sem qualquer dúvida, que do sonho bom não quero permanecer no sonho porque é uma realidade que nunca julguei ser possível de tão boa que é. Mas, se tiver que continuar a ser apenas um sonho bom, não me acordem.

Não, não é (apenas) um sonho bom. É uma realidade concreta. Aquela realidade em que duas metades se reencontram e de imediato se reconhecem. Já o tinha dito aqui antes. São duas metades que se completam. São duas almas que se pertencem. Quando 2 se tornam 1 só.

Hoje, o duo centésimo dia do ano 2024, foi dia da minha insegurança me pregar uma partida quando, neste reencontro, não há lugar para a insegurança. Mas ela apareceu. Muito provavelmente devido ao muito cansaço que me deixou escapar por entre as frestas da armadura este pedaço de insegurança. E, estupidamente, um bocadinho de ciúmes também. Que não têm qualquer razão para existir. E que, depois de conversado, de imediato se dissiparam, desapareceram envergonhados por não terem lugar neste reencontro.

Das coisas que, nesta união de duas almas que se reconheceram e reencontraram, não me posso esquecer: não há lugar para insegurança e muito menos para ciúmes. Não há lugar porque não há razão para existirem. E, se assim é, resta-me dizer à insegurança e aos ciúmes para seguirem os seus caminhos noutra direcção que não esta. Até porque, com este reencontro de almas que se reconheceram, sinto-me segura como nunca me senti, segura em todos os aspectos. Protegida, até. E comecei a perceber, entender e aceitar a Mulher que, agora, sei que sou. E muito por causa dele. Que me fez olhar para mim própria e ver o que não me sentia segura para ver e aceitar antes. Porque, lá está, com ele, a outra metade de mim, me sinto segura e protegida como nunca antes. Porque, com ele, sinto-me completa. Inteira. Com ele sou eu por inteiro, como nunca fui antes porque me faltava a outra metade de mim. Que agora reencontrei. E que de imediato reconheci, sem qualquer dúvida, sem qualquer ilusão.

Todos os dias, desde há mais de um ano, que crescemos juntos. Caminhamos juntos. Porque ele é a minha outra metade. E eu sou a outra metade dele. E, juntos, estamos e somos completos, por inteiro. E a cada novo dia nos fundimos num só mais um bocadinho. Porque Eu e EleNós.

Hoje, esta insegurança que me escapou por uma qualquer fresta da armadura e aqueles ciúmes, pequeninos mas reais e que surgiram sabe-se lá de onde, fez o final do dia tornar-se estranho. Mas eu sou daquelas pessoas que, quando há algo estranho, converso até limpar a névoa que surge nestes momentos. E foi o que fiz.

Agora, a esta hora já muito tardia e com o sono a começar a apertar, a vontade é de, como todas as noites, enroscar naquele abraço que me acolhe, me aconchega, me protege, mesmo à distância de um clique. E é isso que vai acontecer. Porque o abraço dele que faz parte do nosso ninho está lá sempre.

Mas, antes disso, volto a ler aquelas palavras que, não sendo minhas, nos retratam na perfeição. Palavras que, como há muito tempo não acontecia, me emocionaram verdadeiramente. Ao ponto de sentir cair uma lágrima quando, na realidade, há muito tempo que não consigo deixar cair nenhuma. Mas a minha alma chorou emocionada. Porque, naquelas palavras, está o retrato exacto e perfeito de duas almas que se reencontraram e imediatamente se reconheceram, que são a outra metade um do outro, que sendo duas almas são apenas uma completa pelos dois.

{#199.168.2024}

E o dia 17 de Julho chegou! Primeira consulta com o psicólogo do Hospital. Nem sei responder se gostei dele ou não, acho que sim e também acho que ainda é cedo para perceber seja o que for. Porque a consulta foi, toda ela, comigo a fazer o resumo dos últimos 11 anos. Que tiveram tanta coisa a acontecer que, claro, ocupou a consulta toda. Mas conseguimos chegar ao momento actual. Não tivemos foi tempo para desenvolver, e tenho pena porque tenho tanto para desenvolver sobre o momento actual.

Não tive oportunidade de falar do medo, mas sobrevoámos a frustração. Não deu tempo para desenvolver também. Mas o resumo dos últimos 11 anos já lhe fizeram um esboço de tanta coisa que carrego comigo.

Só voltamos a ter consulta novamente a 6 de Setembro porque, entretanto, chegam as férias. E ainda falta tanto tempo para 6 de Setembro…

Até lá, vou-me agarrando como posso e como sei ao que aprendi com o terapeuta fofinho. Isto, claro, se ainda me lembrar como se faz. Sei que falar sobre o que sinto me ajuda a aliviar e a ver as coisas de outra perspectiva. Só preciso de ter quem me oiça… Não tendo, vou escrevendo. Seja aqui ou numa qualquer rede social. Não quero saber de likes nem comentários, nem quero saber se alguém lê o que escrevo seja onde for. O importante, para mim e por isso é que há 10 anos que o faço diariamente, é exorcizar o que estou a passar, o que estou a sentir. É deitar cá para fora tudo o que tanto me pesa e quase me corta a respiração.

É também para isso que serve o blog ou mesmo as redes sociais. É depositar no éter e seguir em frente. E, às vezes, após depositar no éter, há quem me estenda uma mão, há quem se faça presente. E, não me posso esquecer, em 2013 foi o éter que me manteve lúcida e mentalmente sã, tanto na chegada no início do ano, como a partida já no final. Tanto uma como outra de formas prematuras. E inesperadas.

Foi também após depositar diariamente no éter que sobrevivi ao período mais negro da minha vida. Exorcizei pela escrita. Gritei. Chorei. Atingi o limite. Cheguei à beirinha do abismo. Hoje podia já não estar cá. Mas foi depois de depositar no éter que me chegou o que precisava: ajuda.

Sempre partilhei com o éter o que me dói e me pesa. E desde sempre percebi que, sempre que o faço, há alguém do outro lado que me acolhe de braços abertos e me dá, como sabe e como pode, a força que, por momentos, não encontro em mim.

Sim, posso dizer que o éter para onde deposito palavras que formam frases que transmitem mensagens, muitas vezes de dor e sofrimento, outras tantas de puro desespero, o éter já me salvou várias vezes. E continua a fazê-lo. E é por isso que, 10 anos depois, continuo a escrever diariamente, sem falhar um dia que seja.

É o meu momento de introspecção e reflexão. Faço-o sempre antes de ir dormir, não faz sentido fazê-lo mais cedo. É desta forma que dou o meu dia por terminado. E hoje não é excepção, claro.

Faz-me falta, obviamente, o acompanhamento semanal como, durante 8 anos, tinha com o terapeuta fofinho. Claro que as circunstâncias eram diferentes e no Hospital não é possível. Entendo isso e aceito. Mas não deixo de sentir a falta dessa regularidade.

Falta muito tempo para Setembro, mas irei sobreviver até lá. Não disse ao psicólogo que não consigo chorar e queria muito tê-lo dito. Mas, em Setembro, terei mesmo que falar sobre isso. Entretanto, em Agosto tenho consulta com o psiquiatra. Irei, mais uma vez, partilhar com ele esta impossibilidade ou incapacidade minha. Ouvir o que ele tiver para me dizer sobre isso. Mas, seja até Agosto ou até Setembro, não importa, era importante para mim chorar. Não para resolver o que, já sabemos, não tem solução, mas para aliviar esta pressão que me sufoca

Da consulta com o psicólogo: do resumo que lhe fiz dos últimos 11 anos ele já percebeu que há muita coisa por onde pegar para trabalhar. Claro que, no final da consulta, não resisti a dizer-lhe que comigo vai ter muita coisa para trabalhar.

O dia hoje foi muito longo. Novamente uma noite pouco dormida, acordar cedo, sair de casa cedo, voltar à hora de almoço e não conseguir seguir com o que tinha planeado que era apagar no sofá até serem horas de preparar a saída para o Yoga. À distância de um clique senti que ele estava, de certa forma, inseguro. Não, não era inseguro. Eram, foram, são muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo. Distante sim, como já tinha notado, mas não ausente, o que é um facto. Senti a necessidade de partilhar com ele tanto daquilo que sinto. A forma como nos vejo. Como nos sinto. Como nos somos: um do outro. Duas metades que se reencontraram e imediatamente se reconheceram. De outro tempo, de outra vida, de outra coisa qualquer. Duas metades que encaixam e se completam, se tornam um só. Porque Eu e EleNós. De uma forma que só tem que fazer sentido para Nós. E que só Nós entendemos. Porque, por causa de um Olá numa rede social, nos reconhecemos, nos reencontrámos. Não, não tem que fazer sentido para mais ninguém. Mas, para Nós, faz. E de que maneira!

Quarta feira, dia de Yoga Nidra, o relaxamento profundo. E que me deixou pronta para ir descansar. Mas ainda não foi hoje que me deitei cedo, apesar de me sentir muito cansada, ter muito sono e ainda sentir o efeito do relaxamento.

Mas escrever aqui tinha que acontecer. Tinha que resumir o dia, reflectir sobre ele e o que o dia me trouxe, ter o meu momento de introspecção. Mas agora dou mesmo o dia por terminado. Foi longo. Muito longo. E até Setembro sei que posso contar com o éter para depositar palavras que formam frases e exorcizam o meu dia.

Amanhã? Acordar às 7h para tomar o antibiótico e, se não tiver fome, entregar-me ao sono sem horário para acordar. Ir à praia ao final do dia? Posso tentar ir. Vamos ver o que o meu corpo me diz.

{#198.169.2024}

Se alguém me perguntar como foi o meu dia hoje, não saberei responder. Até porque até ao momento em que comecei a escrever simplesmente não me lembrava de como tinha sido a minha manhã…

Depois de uma noite em que dormir era a última coisa que queria fazer, tendo adormecido muito para lá das 3h da manhã depois de uma conversa o mais honesta possível com a minha mãe sobre a minha condição actual, o que sinto, o que penso, o que me dá medo, acordei até relativamente cedo quando preferia ter dormido o dia todo apenas para não ter que enfrentar novamente a frustração, as dificuldades físicas, as limitações e condicionantes, a dor em casa passo…

De manhã fomos até à farmácia. Que não fica a muito mais de 450 metros. A coisa boa da ida à farmácia foi a passagem pela balança que me oferece sempre 2 cm a mais e me confirma que, devagarinho, estou a perder peso, aquele extra que veio com a medicação introduzida no ano passado e felizmente já retirada. Deve ter sido o momento alto do dia. Menos 1 kilo num mês, sem esforço, sem dietas, sem restrições, sem alterações para além da fisioterapia e a manutenção do Yoga. Podia dizer que também faço caminhadas, mas estaria a enganar-me a mim mesma, porque já sei que é com muita dificuldade, muitas dores e muito esforço que caminho seja lá para onde for. E cada vez aguento menos um simples passeio. Como o desta manhã: a ida à farmácia.

Para lá correu bem, ou o melhor possível. Depois da farmácia, uma passagem pela esplanada onde estivemos tempo suficiente para descansar e recuperar as pernas. Mas, mesmo assim, os 400 metros de volta a casa foram, como são sempre os regressos, muito dolorosos e a muito custo. No total, quando cheguei a casa, tinha caminhado 920 metros. Mas as dores e o cansaço diziam-me que tinha feito muito mais do que isso. Não fiz. Mas as dores nas pernas, o cansaço no corpo, o esforço para regressar…

É também por isto que não posso dizer que faço caminhadas. Porque 920 metros não é rigorosamente nada…mas, pelos vistos, para mim já é tanto…

Felizmente a fisioterapia regressa já na próxima semana. E, desta vez, focada no equilíbrio e na marcha. Que preciso tanto de recuperar. Ou, como dizem os especialistas, reabilitar. Volto à rotina diária de autocarro, café na esplanada, fisioterapia, autocarro de regresso a casa, descanso para recuperar o corpo durante a tarde. Mas, confesso, tenho medo de ir sozinha…tenho medo de sentir a falta do apoio à direita, sabendo que à esquerda está garantida a bengala. Mas sozinha…tenho medo, claro. Afinal, só tenho feito sozinha o caminho de casa até ao café e regresso. Mas sempre com receio. Vou manter o meu passo lento para garantir que não me atrapalho. Vou continuar atenta a eventuais apoios à direita, afinal qualquer poste ou qualquer parede me serve.

Medo. É uma palavra que tenho dito mais do que é costume. Porque, e ontem finalmente disse-o em voz alta, eu tenho medo. Eu sinto medo…

A tarde eu tinha reservado para fazer o que faço sempre: aninhar no sofá. Especialmente depois de uma noite curta e pouco descansada precisava de me aninhar no sofá por um tempo. Não aconteceu.

Passei a tarde a tratar de burocracias necessárias para o trabalho e para a transmissão de contrato. E foram horas nisto. Mas está praticamente tudo tratado. Só falta mesmo o Certificado de Habilitações. Agora é esperar.

E, com isto tudo, passou uma tarde inteira em que precisava de aninhar no sofá e não o pude fazer…

Agora já a noite ameaça entrar na madrugada e eu estou cansada, com sono e ainda estou aqui… Amanhã é dia de consulta com o psicólogo novo. Não sei o que esperar, só sei que ainda não o conheço e já sei que preciso dele. Da ajuda dele. Do trabalho dele que sei de antemão que tem que ser um trabalho de equipa, dele e meu. E, para que isso seja possível, é necessário criar empatia. E desejo tanto que essa empatia surja naturalmente em ambas as partes porque, sem ela, a equipa não funciona. E, se não funcionar, não vai haver resultados. E eu preciso de resultados. Preciso de ajuda. Para tanta coisa. Para tantos temas. Porque sozinha não consigo

Já devia estar a dormir? Já… Há já algumas semanas que comprei um caderno já a pensar nesta consulta. Um caderno onde escrever o que trago cá dentro e me leva à consulta. O caderno continua por estrear… Só esta noite me surgiram os temas que quero apontar amanhã como sendo aquilo que mais sofrimento me causa neste momento. E onde é que escrevi? O caderno continua por estrear…apontei no telemóvel, claro. Por estar mais à mão. E, não vou mentir, porque escrever à mão está a tornar-se cada vez mais ilegível.

Mas vou ter que dar uso ao caderno. Vou ter que acabar por materializar todas as questões que me atormentam neste momento. E, um dia, provavelmente com a ajuda dele, também terei que materializar o que se passa comigo, o que me apanhou na curva e que continuo a não conseguir aceitar nem entender como é que chegou até mim, porque é que me encontrou a mim. Eu sei que a pergunta “porquê eu?” não tem resposta. Mas também sei que, para conseguir lidar com tudo isto da melhor forma possível, vou ter que acabar por aceitar o que nem eu entendo o porquê. E eu nunca passei da idade dos porquês…

Percebi agora, enquanto escrevia, que tenho tanta coisa para falar com ele…tanta que não sei sequer por onde começar. A nota que tenho no telemóvel, escrita hoje, aponta para 4 ou 5 tópicos que achei, inocentemente, que seriam esses os tópicos que precisava de abordar com ele. E, de repente, percebi que tenho vários parágrafos de coisas para abordar e não faço ideia como começar…

Bem…amanhã logo se vê. O mais importante agora é que tenho que descansar. Dormir a correr porque amanhã é dia de sair de casa cedo para a consulta. E acreditar que ele é, de facto, a pessoa que me vai ajudar…

{#197.170.2024}

Mostra-me a Beachcam da MEO que, às 20h42 de hoje, a minha praia estava nas condições perfeitas para o que eu quero tanto: caminhar à beira mar. E, percebi hoje, mais do que caminhar à beira mar, a minha grande vontade é de dar pontapés nas ondas. Caminhar, correr e dar pontapés nas ondas. Coisas tão simples. Tão pequeninas. Quase insignificantes. Dar pontapés nas ondas à beira mar…

As (minhas) lágrimas teimam em não cair mas, perceber que já não consigo fazer nada disso, aperta-me o nó na garganta que não se desfaz, o sorriso fácil desapareceu e a vontade é manter-me o resto da noite no meu canto meio escondido da esplanada do costume e chorar…

Não choro, claro. Não porque na esplanada parece mal. Não seria a primeira vez que chorava aqui. Não choro porque simplesmente NÃO CONSIGO. Há mais de um ano que o digo…

Está a ficar frio, mas queria TANTO estar à beira mar a sentir o mar nos pés e a dar pontapés nas ondas enquanto assisto ao pôr do Sol.

Depois lembro-me que dificilmente o conseguiria fazer. Não sem ter onde ou em quem me apoiar. E ainda assim…

Eu sei que há quem esteja pior do que eu. Já tive oportunidade de conhecer patologias mais graves que a minha e cujas pessoas me disseram “a vida não acaba“. E têm razão, claro que sim! Mas eu só queria dar pontapés nas ondas à beira mar enquanto assisto ao pôr do Sol. E (já) não consigo…

Entretanto, esta manhã, às 7h da manhã, choveu por aqui. Como é que eu sei? Porque, quando disse que não sabia que tinha chovido, alguém muito bruscamente me respondeu “SE TIVESSES IDO TRABALHAR sabias que tinha chovido!”. Ainda tive tempo de respirar fundo e dizer “quem me dera poder ir trabalhar…” para logo a seguir ouvir “NÃO INTERESSA! TIVESSES IDO TRABALHAR!“…voltei a respirar fundo, voltei a responder “quem me dera ESTAR EM CONDIÇÕES PARA IR TRABALHAR!”. Como resposta voltei a ouvir “TIVESSES IDO TRABALHAR!” À terceira respirei fundo, não para dizer mais nada, apenas para não mandar à merda a mesma pessoa que me disse, uma semana depois do fim dos meus 42 dias grávida “mas ainda não estás melhor PORQUÊ?” quando eu estava no fundo do poço. Também a mesma pessoa que me disse que “se não aconteceu não é para ser falado” e que poucos dias depois negou ter dito o que disse. 10 anos depois, se novamente confrontada, irá continuar a negar…

Sim, estou de baixa há 10 meses. Não, não estou (ainda) em condições de voltar ao trabalho, que terá que acontecer com adaptações.

Sim, tenho saudades do meu trabalho, do qual gosto muito. Mas não, não estou em condições físicas, mentais e/ou emocionais para voltar já. MAS NÃO TENHO QUE LEVAR COM COMENTÁRIOS PARVOS! Especialmente de alguém que me conhece desde que nasci e que está a par do que se passa comigo. E que, sendo algo sério, simplesmente desvaloriza o que estou a passar e o que aí vem.

Eu tenho paciência para muita coisa, para muita gente. Mas já são TRÊS coisas ditas pela mesma pessoa que só me confirmam que não tenho paciência para gente parva. E muito menos preciso de gente assim à minha volta. Haja pachorra que eu já não tenho nenhuma…

{#196.171.2024}

Domingo é aquele dia de não fazer nada, certo? Bem, se para vocês não é, para mim hoje foi…

O mais triste deste dia em que não se fez nada? Ter que recorrer a uma manta dobrada ao meio para ser mais quentinha quando me instalei no sofá. E aquecer a almofada térmica que ainda hoje, 14 de Julho, aqueço para dormir…

E chega a noite e com ela vem a sombra do desânimo, vêm as saudades, dele e nossas, vem a ansiedade de como será amanhã. Vem a vontade de parar e simplesmente chorar.

Claro que não choro. Há mais de um ano que o digo: quero chorar e não consigo

Já não é cedo. Já são mais do que horas de ir dormir. Amanhã? O meu desejo é que não esteja tanto frio. Quero ir à praia! Sentir o Sol na pele, arriscar uma caminhada à beira do Mar. Não peço muito. Aliás, seja no que for, eu nunca peço muito…

Vamos ver o que o dia de amanhã me vai trazer. Podendo escolher, que traga coisas boas. Por hoje, dia de não fazer nada, dou o dia por terminado. Por hoje já chega de ver o tempo passar…

{#195.172.2024}

Sábado é sinónimo de manhã de Yoga. É acordar cedo, preparar o que não tiver ficado preparado de véspera, tomar o pequeno almoço, vestir-me, beber um café e fumar um cigarro (que, já sei, não devia fumar…!), sair com tempo para ir descansada e chegar a horas.

Tudo isso foi feito esta manhã. Menos a parte de sair com tempo. Por algum motivo que desconheço ou que não percebi, acabei por sair de casa 10 minutos depois da hora. Que é o suficiente para me obrigar a acelerar o passo, e acelerar o passo não faz parte das minhas capacidades neste momento.

Muito Sol, chapéu ficou em casa. Não quis saber, o que eu queria era pôr-me a caminho e conseguir chegar a horas.

Claro que o caminho foi feito com o apoio da minha mãe, para além da bengala. Se for para caminhar sozinha, tem que ser devagar, mas se for preciso acelerar o passo tem que ser com ela.

A verdade é que as pernas, apesar de ainda estarem doridas de ontem, ainda estavam frescas e prontas para aquele kilómetro que tinha pela frente. E, talvez por isso, apesar dos 10 minutos de atraso em relação à hora de saída, consegui chegar 5 minutos antes da hora. E isso soube-me bem. Uma espécie de pequena vitória.

A aula de Yoga tem, no horário, a duração de uma hora ao Sábado. Nunca acontece. Hoje, como em tantos outros Sábados, duas horas de Yoga. Em que não se dá pelo tempo passar. Em que a energia simplesmente fui e todos os asanas são cumpridos, alguns apenas dentro do que é possível ou do que se consegue, mas que se tenta sempre, e tantas vezes mais do que apenas uma vez.

O Yoga é, neste momento, a única coisa que me faz sair de casa com ânimo, com vontade de enfrentar o caminho para lá sabendo de antemão que o caminho de regresso vai ser penoso…mas sim!, tira-me de casa com vontade! E o que eu tenho pena é de só acontecer 2 vezes por semana com professor.

Sim, já tenho tudo o que preciso para fazer todos os dias em casa um bocadinho. Mas não…ainda não comecei… Já me conheço o suficiente para saber que vai demorar a acontecer. Mas vai ter que acontecer. O Yoga, para além do óbvio exercício físico, também me traz exercício mental e até emocional. Traz-me calma, serenidade, tranquilidade. E ajuda-me também a meter alguma ordem neste corpo cada vez mais descoordenado.

Claro que o regresso a casa foi doloroso, foi penoso. Mas, e como ele me disse, “importante é chegar”. Cheguei tarde, almocei tarde, bebi café tarde. E estava muito cansada. Não da aula em si ou do caminho percorrido para lá e para cá. Apenas muito cansada. Deve ser a isto que se referem quando me falam na fadiga nesta coisa coisa que me apanhou na curva.

A verdade é que, quando finalmente parei e me rendi ao sofá, adormeci profundamente muito rapidamente. Pouco passava das 17h quando adormeci. E, da forma como correu o sono, muito profundo e pesado, quando acordei tive a sensação de que seriam umas 22h. Não eram. Eram 19h. Mas manter-me acordada foi extremamente difícil. Pouco passa agora das 23h30 e não sei como é que me tenho mantido acordada… Não acho isto muito normal, mas também reconheço que sei muito pouco, para não dizer logo que não sei nada, de como posso ser afectada por esta coisa. Só sei que dá fadiga, embora ainda não a saiba distinguir do normal cansaço. Sei também que o calor é o meu maior inimigo nesta aventura. Exacerba sintomas, mesmo os que estão adormecidos. Sejam lá eles quais forem…

Desisto por hoje. Está na hora de dar o dia por terminado e ir descansar. Agora sem necessidade de acordar a nenhuma hora específica. Se não ouvir o despertador das 7h para tomar o antibiótico, também não é grave, tomo mais tarde.

O importante agora é descansar. Dormir sem pressas. Amanhã? Vamos ver se tenho coragem para ir ao paredão e, quem sabe, até à praia. Não me vou preocupar com isso agora. Amanhã logo se vê. E, se passar o dia todo no sofá, é porque o meu corpo assim o exige…

{#194.173.2024}

Sair de casa uns minutos antes do meio dia já não é muito recomendável por causa do Sol e do calor. Mas, chapéu na cabeça, roupa fresca, pernas ainda em bom estado, bora lá botar os pés ao caminho e seguir o mais possível pela sombra até ao banco que fica a 1,5km daqui.

Claro que aos 500 metros tive que me sentar (à sombra) porque as pernas e os desequilíbrios já davam sinais. Claro que trazia a bengala comigo e seguia de braço dado com a minha mãe.

Demorámos (quase 1 hora), mas chegámos ao banco. Tratei do que tinha que tratar, aproveitei para descansar. Agora era preciso voltar para trás…

Ficou decidido que o almoço seria na vila e assim foi. Se fosse em casa seria MUITO tarde.

Acabado o almoço, uma visita rápida e curta à Rua dos Pescadores. E estava na altura de voltar para casa… Já a muito custo, fomos fazendo o caminho, sempre pela sombra mas as dores nas pernas a passarem de más a muito más.

Aos 400 metros de distância de casa repeti várias vezes “não consigo dar mais um passo”. Sentei-me. Ganhei coragem. Voltei a dizer “não consigo”, porque as pernas assim o gritavam. Mas, para quem saiu de casa às 12h, eram 18h quando finalmente voltei a entrar…

Agora, por favor, quando me ouvirem dizer que não consigo dar mais um passo, ACREDITEM em mim. Porque, naqueles últimos 400 metros, só EU sei as DORES e o ESFORÇO que fiz para conseguir voltar para casa.

Eu digo sempre que se é para ir, eu vou. Mas esqueço-me SEMPRE que também tenho que conseguir voltar…

Foram 3,8km. Não é nada, eu sei. Mas, para mim, já foi demais.
Andar faz-me bem, diz quem sabe. Mas, digo eu, andar tanto num só dia não me faz bem nenhum. E lembro-me sempre das palavras do Pedro, o professor de Yoga, quando alguém diz “não consigo“. Responde logo “essa frase aqui é proibida“. E eu aprendi a substitui-la por “vou continuar a tentar“. E, um passo a seguir ao outro, é isso que tenho feito: continuar a tentar.

Mas, 5 horas depois de chegar a casa, continuo com dores e a não conseguir dar 2 passos seguidos sem ter que parar.
Ainda vou ali pôr as pernas na parede, Viparita Karani, a minha mais recente BFF. Porque amanhã de manhã tenho 1km para fazer para lá. Mas também tenho que voltar…e não sei como…