Monthly Archives: July 2016

#day213 out of 365plus1

2 anos hoje.
Não conto o tempo, mas conto. Como não? Ele passa e o calendário lá está a marcar os dias que passam. Mesmo que não tenha nada anotado, não preciso de anotações para saber dias, horas, locais.

O tempo passa. Ao contrário do que todos me diziam, há dois anos, o tempo não ajuda. Seria de esperar aos dois anos estar muito mais serena do que há um ano

Não estou. Estou hoje igual ao que estava há dois anos. As únicas diferenças são as dores físicas que não tenho mas que as sinto e o local. E o local, aqui, faz diferença. Porque se há dois anos estava onde e com quem devia estar, hoje estou longe de lá voltar e sozinha.

O tempo ajuda, diziam-me. Disseram-me. Disseste-me. “O tempo que precisares”, repetiste-me. Ainda preciso desse tempo. Desse tempo que parece não ter fim, que parece passar devagar ao mesmo tempo que voa. Como assim, já dois anos? Como é possível se ainda sinto a mesma ansiedade, o mesmo peso, a mesma tristeza, a mesma dor? Não, a mesma não. Já não. Porque há dois anos achava que era uma dor partilhada. Hoje sei que não, é apenas minha. Afinal foi sempre só minha, não foi?

É o silêncio. É a ausência. É a distância. É tudo isso que me diz que sim, que é só minha. Que sempre foi. Se estou errada? Se estou a ser injustiça? O silêncio, a ausência e a distância respondem-me. São os únicos que estão presentes para responder a todas as minhas questões. A todas aquelas questões que ecoam na minha cabeça em jeito de vozes sempre presentes a qualquer hora do dia ou da noite.

Afinal não estou sozinha. Tenho estas vozes. Não me sossegam. Não me serenam. Não me anestesiam a dor que não sendo física dói e corrói. Não fazem nada disso. Por outro lado, também não comparam o incomparável.

Criticam. Julgam. Não aceitam o silêncio que me chega. E por isso mesmo se vão transformando aos poucos em ecos que não quero para mim. Ecos de mágoa. Desilusão. Rancor…… E depois do rancor todos sabemos o que vem. O ódio. E essa não sou eu. Não sei nem quero saber odiar. Mas estou a um passo de começar a fazê-lo.

Já me basta o ódio que tenho, tantas vezes, em relação a mim mesma. A desilusão que sinto por mim. Mas isso lido como sei. E aprendo aos poucos a mudar. O ódio por terceiros não entendo, nunca atendi. E não sei lidar com ele. Mas…como se lida com o silêncio? Com a ausência que me é imposta? Com a distância? Com o frio…?

2 anos e tanto que mudou. Não necessariamente para melhor. Não, de todo. É verdade que aprendi muito. Que cresci. Mas não, não me tornei melhor. Apenas nasceu, neste dia há dois anos, uma outra eu que ainda hoje não conheço. Mas que, isso já sei, tem características que não gosto nem um pouco.

31 de Julho de 2014. No dia em que oficialmente deixei de estar grávida, morreu uma parte de mim para dar lugar a uma outra de quem não gosto particularmente.

E não tinha que ser assim, pois não…?

Sozinha. A reaprender a caminhar sozinha. Há dois anos. Acompanhada apenas pela ausência, pela distância, pelo silêncio. Não por quem me disse “não vais estar sozinha”. Não por ti. E isso faz toda a diferença. Toda.

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#day212 out of 365plus1

Há um ano, 365.
Hoje 365+365plus1.

E ainda me apetece falar. Acima de tudo preciso, muito, de falar. Tanto. Não se fala, no entanto. Não que me digam, também, que “se não aconteceu não é para ser falado”. Dizem-me, apenas, “não há nada para conversar”. Como não…? Há tanto. E é-me importante fazê-lo. É-me urgente fazê-lo. Porque lembro-me, também, de ouvir, “não vais estar sozinha”. Dois anos depois percebo que estou. Há mais tempo do que imaginava. Mas estou. Estarei até conseguir a única coisa que peço. Porque preciso. Depois, só depois, continuarei o meu caminho. Que sempre foi só meu.

2 anos amanhã. Um novo dia todos os dias. Um dia atrás do outro atrás do um. Entre desequilíbrios e quedas, reerguendo-me a passos incertos. Voltando a tropeçar, voltando a cair, olhando para o chão tantas vezes, não me esquecendo de olhar para cima também. E para a frente, ainda que olhe para trás também. Como não? Só porque “2 anos amanhã” tenho que fingir que não aconteceu? Tenho que fingir que sou a mesma que era antes? Tenho que fingir que já não dói? Fazer de conta. É isso… Continuar a fazer aquilo que nunca soube fazer bem: fazer de conta. Embora durante tanto tempo tenha insistido em tentar fazê-lo. Desisti. Não é a fazer de conta que tudo está bem que tudo ficará, finalmente, bem.

Não peço muito. Não peço nada, na verdade. Apenas um bocadinho de tempo. Não me sinto no direito de pedir muito mais. Mas também não sinto que mereça esse tal nada que, dizem-me, não há para conversar.

Aconteceu. É para ser falado.
E sim, há tanto para conversar, mesmo que seja pouco. Porque, disseram-me, disseste-me, nada iria mudar e eu não estaria sozinha.

Mudou tudo. E eu percorro sozinha este caminho. Como o faço desde o primeiro dia, sei-o agora.

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#day208 out of 365plus1

Lembra-te deste dia. Dos sítios onde foste, do que falaste, do que trataste. De como foste, por onde voltaste.

Lembra-te deste dia. Do que resolveste, do que traçaste. Lembra-te como estavas satisfeita e contente contigo mesma por tudo o que alcançaste e adiantaste hoje. Até ao momento em que, já no fecho da noite, percebeste que mais uma vez a cabeça está longe, confusa e fora de foco. E que, claro, tudo o que correu bem durante todo o dia é deitado abaixo por falta de foco.

Lembra-te deste dia. Para que voltes ao aqui e agora. Porque é aqui e agora que tem que estar o foco, a atenção, a cabeça. Não é lá atrás, que já foi. Não é lá à frente que podes não saber como vais resolver mas entregas e confias porque não sabes sequer se o lá à frente, o amanhã, vai chegar. Não, não sabes. E andas esquecida disso que aprendeste à força.

Deixa ir o que já foi. Foca-te no que é agora, aqui. Entrega e confia. Tudo se resolve. Mas para isso TENS que voltar a encontrar o teu foco. Aqui. Agora.

Lembra-te deste dia. Para não voltares a fechar a noite com essa frustração de quem só faz asneira porque permite não estar focada.

Acorda. Recentra-te. Refoca-te. Reencontra-te!

Lembra-te deste dia. Lembra-te.

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#day207 out of 365plus1

Isto e isto. Ainda. Sempre. Em permanência…

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{“há pessoas que estão pior do que tu”}

Dizer a alguém, que está a passar por um momento menos bom, que “há pessoas que estão pior que tu” , pode ser bem intencionado. Não duvido que seja na grande parte das vezes.
Não deixa, ainda assim, de ser das piores coisas que se podem dizer. Dizer a alguém, que está na merda, que “há pessoas que estão pior que tu”, é desvalorizar o sofrimento do outro, é pintá-lo como egoísta que só pensa nas próprias dores quando no mundo lá fora há tragédias tão maiores todos os dias (que as há), é simplesmente anular o outro e o seu direito a sentir e a gerir da melhor maneira que pode e/ou sabe o que sente e como sente.

Dizer a alguém, que não consegue a determinado momento reagir da forma que todos acham que deve reagir, que “há pessoas que estão pior que tu, e isso já passou e tens que dar a volta por cima” é uma tentativa de apagar pedaços da história individual de cada um, como se não tivessem existido, como se não tivessem acontecido, como se não fizessem parte do processo de crescimento de cada um.

Dizer a alguém, que não esquece por muito que lute para não se lembrar, que “há pessoas que estão pior do que tu” é exactamente o mesmo que dizerem, como há dois anos me disseram, que “se não aconteceu não é para ser falado”.

Quando alguém está a passar por um momento menos bom, acreditem: não procuram que lhe digam frases feitas nem bonitas. Não procuram que lhe digam absolutamente nada. Procuram, sim, quem os oiça. Sem julgamentos, sem cobranças, sem respostas prontas em forma de clichés. Procuram simplesmente quem lhes permita ser, estar e sentir. Procuram, acima de tudo, espaço para se isolarem se assim o quiserem, um ombro para chorar se assim o entenderem, um abraço para se fortalecerem se assim o precisarem, e silêncio para falarem se assim o fizerem.

Não. Dizer a alguém que está na merda que “há pessoas que estão pior que tu” não é ajudar. É exactamente o oposto.

Se querem realmente ajudar alguém que não está bem, não digam nada. Ou digam apenas “estou aqui se me quiseres aqui”, e estejam lá realmente. Só assim conseguem que o outro, o tal que está na merda, que chora, que tenta por todos os meios atenuar a dor que vocês não vêm mas que existe, só assim conseguem que o outro sinta que, afinal, há quem respeite o seu sofrimento, a sua dor. Mesmo que não a entenda. Porque não tem que entender. Apenas respeitar.

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#day204 out of 365plus1

“Não quero problemas, quero soluções”…

Eu também… Eu também…

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#day203 out of 365plus1

Ocupar as mãos, ocupar a cabeça. Acalmar tudo o resto para que não volte a vergar.

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#day202 out of 365plus1

Vergar para não partir. Suportar a pressão, deixá-la passar, aliviar e voltar a erguer-me.

São momentos. Todos eles tão válidos como qualquer outro. E, também, importantes. Para não quebrar.

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#day201 out of 365plus1

Voltar a onde já se foi feliz. Sempre. No Tempo que já foi tempo, no Tempo que é a Tempo inteiro ou parcial, no Tempo que será Tempo se e quando for Tempo. Voltar sempre.

Lua Cheia. Não a vi. Não precisei. Senti-a. Vivi-a. Fui Lua. Cheia. Pintei-a da cor do seu Tempo, do meu Tempo porque era Tempo de ser Tempo. Tempo parcialmente inteiro. Tempo inteiramente parcial. Não importa. É o meu Tempo.

Tempo de voltar a sorrir, seguindo a cor, as cores, depois da passagem pela face oculta da Lua agora iluminada em pleno.

Voltar a onde já se foi feliz. Onde se continua a ser feliz. Voltar sempre.

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#day200 out of 365plus1

Um dia reencontro a cor. Um passo de cada vez. Um dia atrás do outro atrás do um.

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#day199 out of 365plus1

Olhar para cima. Custe o que custar.

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#day197 out of 365plus1

Quebrar. Vontade de.
Quebrar depois de vergar.
Vergar, tanto, depois de aguentar. Tanto.

E se eu chorar“, lembras-te?
Não, claro que não.

Uma sombra, apenas.

Quebrar. Vontade de.
Quebrar. E chorar.

“E se eu chorar, outra vez“…

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#day196 out of 365plus1

Cheio, intenso e sem açúcar. Sempre. Como em tudo. E cada vez com menos açúcar.

E o Mundo continua um lugar feio. E, também ele, com cada vez menos açúcar…

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