Monthly Archives: December 2022

{#365.01.2022}

Último dia do ano. Passou-se tranquilo e sem História ou histórias.

Tirando o constante adiar do envio da mensagem que quero enviar com tudo o que trago cá dentro… Desde esta manhã que estou para escrever a mensagem de fim de ano que é também de fim de ciclo. São 22h45m e ainda não consegui sequer começar. Já sei que não me vai ser fácil. Já me trouxe ansiedade como há muito tempo não sentia. Mas está mais do que decidido que tenho que enviar. Não deixar nada por dizer. E colocar um ponto final naquilo que já não é.

É noite de passagem de ano. Há quem vá festejar. Eu vou descansar. Ou melhor, vou escrever o que quero enviar. E, quando terminar, vou dormir. Não me apetece festejar. Apetece-me apenas recolher, sentir e despedir-me do que já não é.

Amanhã? Dizem que é um novo ano. Mas será, como sempre, um dia de cada vez. E, claro, dificilmente haverá resposta ao que vou enviar. Pelo menos resposta com conteúdo…

Enfim. Fecha-se o ciclo. Foram cinco anos. Mas não vão ser sequer mais cinco dias, de certeza.

Que seja um ano tranquilo. É só o que peço. É só o que desejo. E se for assim já é bom.

{#364.02.2022}

Sexta feira e mais um dia em casa. Apesar de estar muito melhor, ainda não estou totalmente recuperada. Ainda me arrasto por pouco. Mas sem dúvida que estou melhor. Já consigo comer, beber e falar. Sem esforço. E isso é bom sinal. A medicação é para manter até ao final, claro, para evitar regressos indesejados.

O que, apesar da infecção, nunca desligou foi a minha cabeça. E dei por mim a falar (ou a escrever…) de saúde mental e da (minha) necessidade de deixar tudo dito. Hoje ficou o apelo a que se recorra à ajuda quando é preciso, porque todos precisamos de ajuda num ou noutro momento. E não é vergonha nenhuma nem sinal de fraqueza. É, sim, sinal de uma força imensa de quem reconhece não estar bem. Força que muitas vezes só se percebe que existe quando mais achamos que não a temos. Não, a saúde mental não pode continuar a ser tabu. Como ainda é em tantos casos…

Não deixar nada por dizer… Aprendi a não deixar nada por dizer. Aprendi que, ao não dizer tudo, somos consumidos pelo que a nossa cabeça carrega. E isso é prejudicial para a saúde mental. E é por isso que decidi que amanhã, último dia do ano, em jeito de mensagem de Ano Novo, vou deixar sair uma parte de mim. De forma ponderada, cuidada e, apesar de tudo, brutalmente honesta. Porque não posso, não consigo e não quero guardar tudo para mim. Não quero ser consumida por isto. Continuo zangada e não quero continuar assim. E deixar sair tudo é uma forma de cura. Durante demasiado tempo guardei comigo o que sentia. E era bonito. Mas neste momento não é. E não quero isso para mim. Também não quero voltar atrás, voltar a ficar no limbo. Quero apenas colocar um ponto final naquilo que já não é nada. Se é que alguma vez foi alguma coisa. Vejo agora que o mais provável é nunca ter sido nada…mas para mim foi.

Estou cansada de ser como sou. Gostava de simplesmente deixar ir o que já se perdeu. Mas não consigo fazê-lo sem deitar cá para fora o que me magoa. Se é bom fazê-lo? Talvez não seja. Mas não consigo ser de outra forma. E é por isso que estou cansada de ser como sou… De sentir tudo de forma tão intensa, o bom e o mau. De deitar cá para fora tudo, doa a quem doer. De ser brutalmente honesta.

Se vai doer? A mim vai. Ao outro lado? É capaz de não fazer sequer uma ligeira mossa. Mas não vou guardar tudo para mim. Termina o ano, termina também aquilo que tenho guardado em mim, comigo.

Felizmente antes de o fazer vou ter consulta com o terapeuta fofinho de manhã. Vou falar sobre esta decisão. E vou confirmar que é só mais uma característica da minha personalidade borderline. Que ainda não entendo na totalidade, mas que começo a reconhecer.

Sou como sou. Sou quem sou. Se queria ser assim? Não. Mas não vou permitir que isto me consuma muito mais tempo. Porque em primeiro lugar estou eu. E está o bem estar da minha saúde mental. Não posso apelar a que todos se preocupem com a sua saúde mental e pôr a minha de lado…

Sim, eu em primeiro lugar. Depois o resto. Porque o resto é o resto. Primeiro estou eu. Depois os outros. Não me preocupa se vai doer aos outros. Continuo a achar que não vai fazer mossa. A mim dói há algum tempo. Mais tempo do que gostaria. Mas que tenho permitido. Talvez pelo medo da perda, do abandono. Tenho permitido manter-me no limbo. Sem rumo. Sem propósito. Sem razão…

Termino o ano e decido que o próximo será melhor. Sem este peso. Sem esta espécie de prisão que é o estar no limbo.

Sei que a única pessoa responsável por isto sou eu. Nunca fui levada ao engano. Fui eu que me enganei a mim mesma durante tanto tempo. E começo agora a tratar de mim como deve ser. Como tem que ser. É hora de soltar e deixar ir. Não é fugir. É não pôr pressão. É simplesmente não querer agarrar-me a algo que faz doer. E que (já) não faz sentido.

Está na altura certa para avançar por mim, para mim. Eu em primeiro lugar. Doa a quem doer. Não deixar nada por dizer.

Vai doer? A mim vai…mas amanhã logo se vê. E é continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar…

Foi bom. Mas neste momento já não está a ser…

{#363.03.2022}

Dia muito longo e difícil para quem ainda está longe de estar recuperada. Ir para Lisboa hoje só mesmo para uma consulta de especialidade marcada desde Julho. Aquela consulta que acontece duas vezes por ano. A que trata da saúde mental. Tão importante e que, ao início, eu cheguei a recusar. Até perceber (e aceitar…) que precisava de ajuda.

Não foi fácil sair de casa relativamente cedo para ir à consulta. Mas mais difícil ainda foi arrastar-me no caminho. Literalmente arrastar-me. Há muito tempo que não me sentia assim. Já estou um bocadinho melhor, mas a recuperação está a ser lenta…mais lenta do que eu gostaria.

Amanhã, tal como hoje, ainda não irei trabalhar. Por isso vou aproveitar para descansar. É preciso conseguir recuperar. É preciso não me arrastar para fazer coisas simples. É preciso cuidar de mim. Porque primeiro estou eu.

Hoje mais um dia de silêncio. Seja. A contagem dos dias já ultrapassa um mês. Será, então, uma contagem sem fim à vista. Seja então.

Amanhã será melhor. E eu irei ficar bem com o tempo.

{#362.04.2022}

Ainda em casa, ainda doente numa lenta recuperação.

Mas vai melhorar. Devagar, mas vai passar.

O silêncio? Continua presente. E eu continuo zangada. Mas também isto vai melhorar. Não estarei zangada para sempre. Já o silêncio…

Enfim. É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. Se encolher os ombros se nota? É mesmo para notar. Só não vê quem não quer ver. Só não pergunta quem não quer saber. E mantenho a minha opinião: há condicionamentos em adultos. E isso é triste. Mas é o que é. Paciência.

Amanhã será melhor. E por hoje, dia demasiado longo, já chega.

{#361.05.2022}

Terça feira, terceiro dia doente e absolutamente farta disto. Dores de garganta que me derrubaram ao ponto de ser muito difícil falar e/ou engolir seja o que for.

Dormir. É só o que me apetece. E é o que mais preciso. Amanhã será mais um dia em casa. Para me recompor e recuperar. Há muito tempo que não me sentia assim. Mas também há muito tempo que não passava por uma infecção destas.

E, enquanto me arrasto, não deixo de pensar no que e em quem não devia. Mas, já o tenho dito, quem quer saber, pergunta. Quem não quer, mantém o silêncio. E é o silêncio que continua presente. Seja. Já não quero saber. Custa, mas não quero saber. Embora admita que uma simples mensagem a desejar as melhoras pudesse fazer toda a diferença.

É triste terminar assim, já o disse também. Mágoa depois de cinco anos de interacção diária. Neste momento, não somos mais do que dois estranhos. E ninguém me tira da cabeça que sei o porquê. Condicionamentos. Que não aceito. Mas ninguém me convence que não estou certa. A única pessoa que o poderia fazer é a que se mantém em silêncio. Fez-se presente no Natal numa mensagem sem conteúdo, dirigida a toda a lista de contactos, enviada por atacado num sistema alternativo. Mais valia não ter dito nada. Mas, lá está, é o dizer por dizer, para ficar bem na fotografia.

Não quero saber. Não quero mais isto. Não quero ser alguém a quem se recorre quando as coisas correm mal. Não quero que se lembrem de ter disponibilidade só nesse altura. Disponibilidade essa que é sempre algo limitada, até indisponível.

Parece que só nessa altura é que eu existo. Quando, nos últimos cinco anos, estive sempre disponível, a qualquer momento, nos momentos maus mas também nos momentos bons. Mas, pelos vistos, só quando algo não corre bem é que a disponibilidade surge.

Não quero mais. Sou mais importante do que isso. Por isso, para mim chega. Mantém-se o politicamente correcto. Mas só mesmo isso. Porque, já percebi, tentar pegar num assunto para resolver e esclarecer tem como resposta o silêncio.

É uma desilusão? É. E grande. Nunca pensei que fosse possível desiludir-me assim por alguém que sempre tive em muito boa conta.

Dizia, há seis meses, que se fosse um canalha seria mais fácil lidar com a surpresa daquele murro no estômago, naquele dia em que as borboletas morreram. Não sendo um canalha, não deixa de ser alguém que, hoje, me desilude pela atitude de quem tem o seu comportamento altamente condicionado. E desilude muito. Muito mais do que alguma vez achei possível vindo de quem vem.

Mas é assim. Vivendo e aprendendo. É só mais uma desilusão para juntar a tantas outras. E, decerto, não será a última. Será só mais uma. Vai doer, já está a doer, mas vai passar. Passam todas. Nenhuma desilusão fica para sempre. Aprende-se a viver com elas. E avança-se sempre. É o que estou a fazer.

Amanhã? Continuarei doente da garganta. Continuarei a pensar no que e em quem não devo. Mas um dia tudo isto melhora. Só é preciso tempo. E eu não tenho pressa. Também não tenho tempo para perder Tempo. Mas, acima de tudo, não tenho pressa. E se alguém quiser saber alguma, sabe onde e como me encontrar. E quem quer saber pergunta. Quem não quer, mantém o silêncio. Como agora.

Sim, amanhã será melhor. E em primeiro lugar estou eu. O resto é o resto. Não vou voltar a preocupar-me com quem não o merece…

{#360.06.2022}

Segunda feira e, ainda, a brutal dor de garganta. A infecção presente. Muito dolorosa.

De manhã, esperar a chuva parar e ir apanhar uma injecção. Já sei que isto só lá vai assim. Não tinha saudades nenhumas disto e muito menos tenho paciência para estar doente. Mas, pelo menos, à tarde deu para descansar e dormir mais um bocadinho. Dormir é o que preciso para o corpo se recuperar. Já o espírito…

O espírito vai recuperar também. Já assumi perante mim mesma que chegou ao fim aquilo que, durante cinco anos, achei que era uma amizade. Pelos vistos não é, nunca foi. Afinal, “somos o que somos”, seja lá isso o que for que ainda não sei o que é. Mas também já não vou fazer por saber. Falei nisso na última mensagem que enviei. A resposta? Zero. Silêncio. Nada.

Se é assim, então eu própria tiro as minhas conclusões. Sejam elas as mais acertadas ou não, não interessa. São as minhas conclusões tiradas com a pouca (ou nenhuma…) informação que as contradiga.

A única coisa que lamento verdadeiramente é ter a certeza que a mudança de comportamento e atitude é resultado directo de terceira pessoa. Lamento mesmo que assim seja. Mas nada me diz que não é. E, se alguém permite ser condicionado desta forma, tem ainda muito que aprender e crescer.

Enfim…como me disseram há uns meses: “pessoas há muitas!”. E há. E é isso que estou a descobrir agora: novas pessoas. E o que vier, vem. Desde que venha por bem. E desde que não se deixe condicionar por terceiros, tudo bem.

Tinha-me esquecido de mim. Tinha-me esquecido de que estou viva. E agora, mesmo desiludida e magoada, vou viver o que houver para viver.

Amanhã? Logo se vê. Mas, cinco anos depois, posso dizer que já chega. E é pena que termine desta forma, comigo zangada e o outro lado profundamente condicionado.

Agora? É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. Porque primeiro estou eu. O resto é o resto e vem muito depois de mim.

{#359.07.2022}

Domingo. Dia de Natal. E acordar com uma brutal dor de garganta que se traduz numa mega infecção como há muito tempo não tinha. 30 anos. Mas lembro-me bem como era. A única diferença: até ao momento a ausência de febre. Mas a dor de garganta é intensa como era há 30 anos. E eu já não tenho paciência para ela.

Ainda de ontem: a mensagem de Natal que foi enviada. Não disse tudo o que queria. Não era nem o local nem o momento. Tive resposta. Mais uma daquelas respostas sem conteúdo. E eu não gosto de respostas dessas. Até pela rapidez com que foi enviada se percebe que a minha mensagem foi lida na diagonal. Talvez por isso, e em resposta a essa resposta sem conteúdo, horas mais tarde já de madrugada alta voltei a enviar mensagem. Disse mais um bocadinho, mas não tudo o que gostaria.

Admiti para mim mesma que, de facto, aquele último café foi mesmo o último. Encerro o capítulo que começou a 27 de Outubro de 2017. Encerro-o com a data de 28 de Novembro de 2022. Agora? Fica o politicamente correcto, o vazio na comunicação, o nada.

Enfim. Um dia vou perceber qual a lição a tirar daqui. Por enquanto ainda é cedo para isso. Mas agradeço esse cinco anos. Porque, nesses cinco anos, melhorei e cresci. Não sei ainda o que aprendi, mas alguma coisa terá sido. O tempo o dirá.

A única coisa que me incomoda é encerrar este capítulo zangada. Muito zangada. Mas não há vontade do outro lado para que seja de outra forma. E se assim é, é zangada que encerro. E sigo em frente. Há descobertas a fazer. Começando por mim. É importante descobrir-me a mim mesma. E, também nisso, o tempo irá ajudar.

Amanhã? A dor de garganta irá continuar até a injecção começar a fazer efeito. Mas será um dia passado em casa para tentar recuperar da infecção. O resto? Logo se vê. Irei continuar no sítio do costume. E quem quiser saber, pergunta. Quem não quiser, está bem.

Amanhã será melhor…

{#358.08.2022}

Diz o calendário que hoje é véspera de Natal. Cá em casa foi ontem. Hoje foi só mais um Sábado profundamente aborrecido, como um qualquer Sábado normal. Aborrecido e com uma grande neura…

O silêncio foi mais ou menos quebrado. E digo mais ou menos porque se resumiu a uma mensagem banal, enviada por atacado num sistema alternativo, aquele que eu não uso excepto para o trabalho porque não gosto dele. A mensagem chegou e foi respondida da mesma forma que foi enviada: de forma banal.

A mensagem que eu queria enviar ainda vai ser enviada esta noite. Depois disso, há-de continuar a contagem dos dias, porque ter recebido a mensagem que recebi não me diz absolutamente nada, não houve uma real quebra de silêncio. Foi só uma mensagem por atacado, um qualquer copy/paste. Para mim não serve…

Tento desligar. Mas não consigo. Porque dói muito perceber a facilidade com que se descartam cinco anos de algo que eu cheguei a chamar de amizade.

Enfim. É o que é. Vou enviar a mensagem e moer a neura. Amanhã? Logo se vê.

{#357.09.2022}

Sexta feira. E a véspera de Natal cá em casa é antecipada.

Foi um dia tranquilo no trabalho. Poucas chamadas. Poucas chatices.

Cansada, muito cansada. De ontem. Da semana toda, na verdade. Mas especialmente das três horas e cinquenta minutos de ontem.

E a contagem dos dias que continua. Em grande. Vinte cinco dias. E a décima oitava posição na lista de prioridades.

É o que é. E aprendi a detestar esta frase. Tanto.

Por outro lado, a descoberta. Logo se vê o que sai daqui.

Agora é hora de ir viver a véspera de Natal antecipada. Amanhã, a verdadeira véspera de Natal, será para descansar. Depois? Logo se vê.

{#356.10.2022}

Três horas e cinquenta minutos desde que desliguei o trabalho até entrar em casa… Demasiado cansada para reflexões e pensar no que o dia me trouxe.

Amanhã? É possível que seja um regresso a casa muito semelhante. Mas, por agora, não vou pensar nisso e preocupar-me por antecipação. Não vale a pena. O que vale a pena? Manter-me na fase da descoberta. Continua interessante. Vamos ver onde isto me leva, se é que me vai levar a algum lado.

Enquanto isso, a contagem dos dias mantém-se. Vinte e quatro. E a passagem de primeiro para décimo sétimo lugar na lista de prioridades. Nos próximos dois dias há um motivo para quebrar o silêncio. Se vai acontecer? Duvido. Se o vou fazer se não houver iniciativa do outro lado? Ainda não decidi…

Não. Não vou estar a pensar nisso agora. Estou demasiado cansada para isso. E já passa muito da minha hora. Amanhã logo se vê. Por agora, recolho e tento recuperar um pouco do cansaço que sinto. A vantagem de amanhã? É sexta feira. Vou poder desligar de preocupações durante dois dias. Se demorar novamente três horas e cinquenta minutos a chegar a casa não me vou preocupar demasiado. Será o que tiver que ser.

De resto, logo se vê. Mas não me posso esquecer de mim. Porque primeiro estou eu. E a descoberta também passa por aí. Por mim. Em primeiro lugar.

Sim, amanhã será melhor. Por hoje já chega.

{#355.11.2022}

Dia difícil. Sentir ainda a ressaca da chamada interminável de ontem. Decidir falar sobre ela com a única pessoa a quem devo uma justificação. Ou explicação. Ou o que for. Sei que não saio prejudicada pela chamada em si, mas senti que tinha que justificar o tempo gasto em algo que devia ter demorado poucos minutos. Não consegui fazê-lo. E sinto que falhei por isso. E, por esse motivo, senti a necessidade de me explicar. O que não esperava era a minha própria reacção a tudo. Enervei-me. A ansiedade quis fazer-se presente. A vontade de quebrar também. Não foi fácil… Mas foi uma espécie de catarse.

Respirei fundo depois de dizer o que tinha a dizer, depois de sentir o que tinha a sentir. E voltei a mim. Mas não foi fácil…

Foi um dia estranho no geral. Mas já terminou. Não vou pensar mais nisto e vou continuar a fazer o meu trabalho o melhor que sei e consigo. Amanhã? Logo se vê.

E vão 23. Acho eu. Seja. Já não quero saber. Em primeiro lugar estou eu. Tudo o resto vem depois. Se vier…

{#354.12.2022}

Dia de trabalho muito difícil depois de uma chamada demasiado complicada para concluir que me deixou esgotada. Várias horas depois, ainda sinto os efeitos de algo que não consegui controlar. Eu sei que o meu trabalho é desgastante, mas nunca tinha tido uma experiência como a de hoje. Agora é tentar desligar de vez desta situação e descansar a cabeça e o corpo. Já é muito tarde e amanhã é dia de regresso ao trabalho presencial depois de ter estado hoje a trabalhar em casa.

Ainda tive o meu momento de final de dia na esplanada. E hoje foi dia de continuar a descoberta e perceber que há pessoas estranhas no mundo lá fora. Cromos, portanto. E desses já tive a minha dose. Foi bom dar um passo para conhecer alguém novo? Foi. Mas dali não vem nada de interessante.

22 dias e o silêncio que continua presente. Parece que a contagem regressou. Não queria, mas é mais forte do que eu. E nos próximos três dias era uma boa altura para o silêncio ser quebrado. Mas desconfio que não vai ser.

Por hoje chega. Estou verdadeiramente esgotada. Não é só simplesmente cansada. É mesmo esgotada. E ainda a semana não vai a meio. Amanhã será melhor. Vai ter que ser melhor. A todos os níveis. Mesmo que o silêncio se mantenha presente…

{#353.13.2022}

21 dias e a contar… É o que é, “somos o que somos”, seja lá isso tudo o que for. Queira isso dizer o que for. Os dias vão passando. Como foram passando ao longo dos últimos cinco anos. Mas a diferença é que, agora, já não quero saber. Ainda tenho esperança que o Natal faça quebrar o silêncio. Mas ao mesmo tempo tenho dúvidas que aconteça. E se realmente não acontecer só vem confirmar a desilusão.

Enfim. Não quero saber mais. Deixo-me levar pela descoberta. E o que tiver que ser, será. Mas não olho para trás. Para quê? Se continuo zangada? Continuo. Muito zangada. Mas cada um sabe de si. E eu tenho uma certeza: não sou eu quem sai a perder.

Amanhã? Será o dia 22. Seja. Eu continuo no mesmo sítio. Quem quiser, se quiser, sabe onde e como me encontrar. Se não o faz é porque não quer. Então siga.

Sim, continuo zangada. E talvez não deixe de o estar. Mas, neste momento, já não quero saber. De nada. Que seja muito feliz assim.

{#352.14.2022}

Falar dos últimos dias… Sexta feira, depois do trabalho, jantar de Natal da empresa. Em grande. 640 pessoas reunidas. E, pela primeira vez em muito tempo e no que diz respeito ao trabalho, senti que pertencia ali. Foi muito bom. Soube muito bem. Já o tenho dito a algumas pessoas: estou bem onde estou. E gosto de estar ali. E gosto das pessoas com quem estou. Coisas que não aconteciam na empresa anterior, onde sempre declinei jantares, fossem de Natal ou de equipa. Nunca me identifiquei com aquela empresa e menos ainda com aquelas pessoas. Ter saído, mesmo que não tenha sido por minha iniciativa, foi o melhor que me podia ter acontecido. E este jantar de Natal na sexta feira veio confirmar-me isso mesmo. Estou bem ali e gosto de estar ali.

Sábado. Dia de almoço de Natal da família que se adopta e nos adoptou. Foi bom. E se o Sábado tivesse sido só o almoço já teria sido um bom dia. Mas à noite, já tarde, surgiu o desafio da descoberta. E eu fui.

Sei bem o que é esperado desta descoberta. Mas fui na mesma. E foi bom. Partir à descoberta pode ser muito bom. E, desta vez, foi. Ainda me lembro como se faz. E, pela primeira vez em muito tempo, senti-me realmente viva. Apenas não gostei de um pequeno pormenor. Que espero mesmo que seja pequeno. Mas, se a descoberta se mantiver activa e for para desenvolver, irei fazer valer o que não gostei. Porque não me senti segura nem confortável. Porque já lá estive antes. E dessa vez não foi bom. E podia ter corrido muito mal.

Por mim, é para manter a descoberta. Porque gostei do que fui descobrindo e do que fui ouvindo. E senti-me bem em ter ido, apesar daquele pequeno pormenor que será falado.

Hoje, Domingo, dia de consulta com o terapeuta fofinho duas semanas depois. Não consigo habituar-me a não ter consulta todas as semanas. Mas desta vez foi assim, teve que ser. Agora volta ao normal. E, desta vez, tinha tanto para contar. Como sempre, foi importante poder partilhar com o terapeuta fofinho as novidades. Se partilhei tudo? Partilhei o que tinha que partilhar. Há coisas que ficam apenas comigo. Mas sei que foi importante ele saber desta fase da descoberta. Já estava na hora de deixar para trás o que já não faz sentido, o que já não interessa.

Até porque o silêncio continua. E o recorde dos 20 dias de silêncio, se não foi batido hoje, é batido amanhã. Ainda não me apeteceu contar os dias. Já não acho importante. Já foi. Mas, como borderline que sou, é passar rápida e facilmente do 8 ao 80. Se durante 5 anos foi importante, talvez até demasiado, hoje já não é. Resta-me continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. E soltar e deixar ir. Agradeço por ter acontecido e ainda estou a tentar perceber o que aprendi. Mas acho que aprendi que o mais importante sou eu. O resto é o resto. Primeiro estou eu e tenho que estar bem. Se não for assim, não é bom. Por isso chega. Já percebi, também, que a minha ausência não é percebida. Por isso a minha presença também nunca foi nada de especial. Mantenho, então, a minha ausência. E parto à descoberta.

Fecho um ciclo. Outro talvez se abra. Mas, se não se abrir, também não é o mais importante. O mais importante sou eu. E é isso que me interessa agora: conhecer-me melhor e saber estar bem como estou e como sou. Acima de tudo como sou.

Gosto de ser quem e como sou. E não vou mudar por ninguém. E muito menos ficar eternamente à espera de nada. Como aconteceu nos últimos cinco anos. Foi uma aprendizagem. Mas não vai continuar a ser como era. Se o outro lado quiser quebrar o silêncio, estou onde sempre estive. Sabe como me encontrar. Só não encontra se não quiser. E quem quer saber, pergunta. Quem não quer, está bem.

Amanhã? Dia de trabalho presencial. Vai ser bom, mesmo que as previsões do estado do tempo não sejam as melhores. Vai ser complicado, se realmente chover demasiado, fazer as duas viagens diárias. Mas é o que tem que ser. Dependendo do tempo amanhã, logo se vê como será terça feira.

Seja como for, os últimos dias valeram a pena. Por tudo. E a noite de ontem, por mim, pode repetir-se.

{#349.17.2022}

Dia de revisitar outro tempo, outra vida. E, claro, a vontade de voltar a montar a banca em feiras e mercados fez-se presente. Saudades desse tempo, dessa vida.

Foi muito bom rever tantas caras conhecidas de outros tantos mercados e feiras. E rever, também, amizades de há 40 anos (ou mais…!) e trocar aqueles abraços apertados que não se perdem com o tempo.

Dia, também, de cuidar de mim. E confirmar ainda o que já sabia há muito tempo: guys are so freaking predictable.

O silêncio mantém-se. Pois que se mantenha. Porque, se é para me dizerem alguma coisa só por dizer e sem intenções de manter o que se diz, então prefiro que não me digam nada…prefiro o silêncio. Esse, pelo menos, não desilude. Magoa, mas não desilude.

Enfim. Muito cansada. E com tanta coisa na minha cabeça que chego a pensar que já são coisas a mais e nem todas merecem o meu tempo.

Por hoje chega. Amanhã será melhor. Ou então amanhã logo se vê. É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar.

{#348.18.2022}

Dia de regresso ao trabalho presencial. Dia de regresso a Lisboa. Não foi mau. Sem trânsito de manhã, sem chuva no caminho para lá, chuva apenas na chegada à paragem de autocarro perto de casa e por pouco mais de 500 metros. Podia ter sido pior. Como foi ontem, em que optei pela segurança e fiquei em casa.

Dia cheio de trabalho, e mesmo assim a cabeça dispersa por aí, por onde não devia. Custa cortar com algo que durante cinco anos me acompanhou diariamente.

Mas é o que é. Detesto esta frase. Mas é o que é. E, se o silêncio continua, é para ser mesmo assim. 16 dias? Acho que é isso. Mas não me vou dar ao trabalho de voltar a contar os dias. Vou deixá-los passar. Deixá-los correr. Um dia logo se vê. Mas por hoje deixo assim.

Não me esqueço do que foi escrito e dito há seis meses. Mas, pelos vistos, sou só eu que não esqueço. E devia esquecer. E devia, também, já ter aprendido que, daquele lado, muita coisa é dita apenas por dizer. Como aquele jantar que foi falado só por falar.

Enfim. Continuo zangada. Mas aí a responsabilidade é minha. Porque já há muito tempo que devia ter percebido estas nuances. Mas não quis vê-las.

Zangada. Ainda. E muito. Não me faz bem nenhum. Mas é assim que me sinto. Um dia pode ser que passe. E por agora só tenho que aceitar que quem quer saber, pergunta. Quem não quer, mantém o silêncio. E é pena que seja assim. Porque não tinha que ser…

Amanhã será melhor. Sem ser dia de trabalho, vou ter demasiado tempo livre para pensar no que não devo, no que não quero. Não vai ser fácil. Mas, correndo tudo bem, vai haver conversa de raparigas. E só isso importa. Porque essas conversas são extremamente necessárias. Importantes. Quase obrigatórias. E só isso já vai valer a pena.

De resto, logo se vê. Mantenho a postura dos últimos meses: encolher os ombros, sorrir e acenar. E sim, é preciso encolher os ombros para que se note. Só assim posso dizer que sim, estou zangada, sem dizê-lo directamente e com todas as palavras. Mas é o que é. E espero mesmo que se note. Quero que se note. Pode ser que assim consiga uma reacção. Duvido, no entanto, que essa reacção aconteça tão cedo. E não, desta vez não vou ficar à espera. Nem vou quebrar o silêncio. O que tiver que ser, será. Quando tiver que ser. Se tiver que ser…

{#347.19.2022}

Dia de dilúvio. Dia de optar pela segurança e ficar em casa. Começou à hora de sempre de um dia de trabalho presencial, muito cedo, ainda de noite. E as notícias do mundo lá fora não eram boas. Muita chuva, demasiada chuva. E, das autoridades, a recomendação: fiquem em casa, não venham para Lisboa.

Não fui. Nem tinha como ir. A menos que tivesse um submarino, não tinha como sair daqui, não tinha como chegar a Lisboa. Tudo inundado, estradas com demasiada água, algumas cortadas nos acessos ao meu destino. Optei pela segurança. Optei por ficar em casa. O computador ficou no trabalho porque quem de direito não pensou que, apesar dos avisos, a situação pudesse vir a ser tão extrema. Como foi.

Custou-me não ir trabalhar. Não duvido que tenha sido um dia muito complicado. Não fui capaz de não pensar nos meus colegas. Se o dia anterior, que foi um dia normal, já tinha sido muito complicado, hoje com todas as ocorrências que surgiram deve ter sido o caos. Mas, sem dúvida, optei pela segurança.

Amanhã espera-se que seja um dia melhor. Logo se vê como será o começo do dia. Embora as previsões não sejam animadoras, espera-se algo melhor do que hoje. Vamos ver… Mas, se for caso disso, voltarei a optar pela segurança. Sem dúvida.

Tirando tudo isso, nada de novo. A descoberta a correr como previsto e uma insistência que me incomoda. E o silêncio que continua. Mais uma vez o digo: não serei eu a quebrá-lo. Quem quer saber, pergunta. Quem não pergunta, não quer saber. Seja.

Amanhã logo se vê. Seja o que tiver que ser. Mas, em primeiro lugar, a minha segurança.

{#346.20.2022}

Dia de regresso ao trabalho presencial. Dia que começou muito cedo e ainda não acabou. São 22h30m e ainda há tanto para fazer para amanhã…

Não me importo de ir para o local de trabalho. Importo-me, sim, com o facto de demorar duas horas e meia a chegar a casa. Depois de um dia puxado no trabalho, e com chuva lá fora, a vontade é chegar a casa rápido. Mas não acontece…

14 dias. Mas quem é que está a contar o silêncio que se traduz em indiferença…? É continuar no mesmo registo: encolher os ombros, sorrir e acenar. Quem perceber, percebe. Quem não perceber, nunca percebeu nada. E quem quer saber, pergunta.

Estou muito cansada. E com dores de cabeça. Depois de um dia como o de hoje, não podia ser de outra forma. Mas uma quebra do silêncio sabia bem…

Não vai acontecer.

Recolho-me. Amanhã será melhor.