Falar dos últimos dias… Sexta feira, depois do trabalho, jantar de Natal da empresa. Em grande. 640 pessoas reunidas. E, pela primeira vez em muito tempo e no que diz respeito ao trabalho, senti que pertencia ali. Foi muito bom. Soube muito bem. Já o tenho dito a algumas pessoas: estou bem onde estou. E gosto de estar ali. E gosto das pessoas com quem estou. Coisas que não aconteciam na empresa anterior, onde sempre declinei jantares, fossem de Natal ou de equipa. Nunca me identifiquei com aquela empresa e menos ainda com aquelas pessoas. Ter saído, mesmo que não tenha sido por minha iniciativa, foi o melhor que me podia ter acontecido. E este jantar de Natal na sexta feira veio confirmar-me isso mesmo. Estou bem ali e gosto de estar ali.
Sábado. Dia de almoço de Natal da família que se adopta e nos adoptou. Foi bom. E se o Sábado tivesse sido só o almoço já teria sido um bom dia. Mas à noite, já tarde, surgiu o desafio da descoberta. E eu fui.
Sei bem o que é esperado desta descoberta. Mas fui na mesma. E foi bom. Partir à descoberta pode ser muito bom. E, desta vez, foi. Ainda me lembro como se faz. E, pela primeira vez em muito tempo, senti-me realmente viva. Apenas não gostei de um pequeno pormenor. Que espero mesmo que seja pequeno. Mas, se a descoberta se mantiver activa e for para desenvolver, irei fazer valer o que não gostei. Porque não me senti segura nem confortável. Porque já lá estive antes. E dessa vez não foi bom. E podia ter corrido muito mal.
Por mim, é para manter a descoberta. Porque gostei do que fui descobrindo e do que fui ouvindo. E senti-me bem em ter ido, apesar daquele pequeno pormenor que será falado.
Hoje, Domingo, dia de consulta com o terapeuta fofinho duas semanas depois. Não consigo habituar-me a não ter consulta todas as semanas. Mas desta vez foi assim, teve que ser. Agora volta ao normal. E, desta vez, tinha tanto para contar. Como sempre, foi importante poder partilhar com o terapeuta fofinho as novidades. Se partilhei tudo? Partilhei o que tinha que partilhar. Há coisas que ficam apenas comigo. Mas sei que foi importante ele saber desta fase da descoberta. Já estava na hora de deixar para trás o que já não faz sentido, o que já não interessa.
Até porque o silêncio continua. E o recorde dos 20 dias de silêncio, se não foi batido hoje, é batido amanhã. Ainda não me apeteceu contar os dias. Já não acho importante. Já foi. Mas, como borderline que sou, é passar rápida e facilmente do 8 ao 80. Se durante 5 anos foi importante, talvez até demasiado, hoje já não é. Resta-me continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. E soltar e deixar ir. Agradeço por ter acontecido e ainda estou a tentar perceber o que aprendi. Mas acho que aprendi que o mais importante sou eu. O resto é o resto. Primeiro estou eu e tenho que estar bem. Se não for assim, não é bom. Por isso chega. Já percebi, também, que a minha ausência não é percebida. Por isso a minha presença também nunca foi nada de especial. Mantenho, então, a minha ausência. E parto à descoberta.
Fecho um ciclo. Outro talvez se abra. Mas, se não se abrir, também não é o mais importante. O mais importante sou eu. E é isso que me interessa agora: conhecer-me melhor e saber estar bem como estou e como sou. Acima de tudo como sou.
Gosto de ser quem e como sou. E não vou mudar por ninguém. E muito menos ficar eternamente à espera de nada. Como aconteceu nos últimos cinco anos. Foi uma aprendizagem. Mas não vai continuar a ser como era. Se o outro lado quiser quebrar o silêncio, estou onde sempre estive. Sabe como me encontrar. Só não encontra se não quiser. E quem quer saber, pergunta. Quem não quer, está bem.
Amanhã? Dia de trabalho presencial. Vai ser bom, mesmo que as previsões do estado do tempo não sejam as melhores. Vai ser complicado, se realmente chover demasiado, fazer as duas viagens diárias. Mas é o que tem que ser. Dependendo do tempo amanhã, logo se vê como será terça feira.
Seja como for, os últimos dias valeram a pena. Por tudo. E a noite de ontem, por mim, pode repetir-se.