Monthly Archives: January 2022

{#31.335.2022}

Dia de trabalho pesado, depois de uma noite difícil. Não é fácil começar a semana assim.

Mais difícil se torna quando o ritual matinal não tem retorno. O silêncio outra vez. Não gosto. Mas entendo que nem sempre seja possível haver retorno. Vamos ver como vai ser no ritual nocturno. Porque, da minha parte, vai haver ritual hoje. Amanhã logo se vê.

Dois anos passaram. E sim, naquela noite fiquei mais leve. E hoje repetia tudo o que disse, porque mantenho o que sinto. Não o vou repetir, claro. Não há necessidade. Até porque já o disse há relativamente pouco tempo, por duas vezes.

E nestes dois anos nada mudou. Como eu pedi que não mudasse e como não tinha que mudar. Cresceu uma amizade. E isso é bom, embora saiba que para algumas pessoas não passa de uma parvoíce. Parvoíce ou não, é bom ter ganho um amigo. E isso só por si não é, nem pode ser, uma parvoíce.

Passaram dois anos. Parecem dois dias. E o que trago comigo, cá dentro, continua a crescer e a ser bonito. Nada mudou. Ainda bem que não mudou quando o meu medo era que se perdesse. Nada mudou. É pena quando o meu desejo era que se transformasse em algo mais bonito.

Não deixa de ser bonito tal como é. Simplesmente é o que é. E está bom assim.

Só quero que não se estrague. Dure o tempo que durar. Apenas peço que não se estrague.

Amanhã? Será melhor. Hoje não foi mau, apenas difícil e pesado. Mas amanhã será melhor.

{#30.336.2022}

Dia de eleições. Dia de cumprir um direito, de cumprir um dever. Feito. Não posso deixar nas mãos dos outros.

Depois disso, ronha no sofá, claro. E mais um contributo para um sucesso que não é meu mas que já faz parte.

Dia comprido e de pouca coisa a registar. Mas faz parte do fim de semana. Amanhã, regresso à rotina de trabalho em casa. Que será para manter por pelo menos mais uma semana. Prazo ainda sujeito a acompanhamento e que se espera seja para prolongar.

Agora desligo. Não tenho muito sono mas a noite promete ser interrompida novamente. Amanhã? Será um bom dia também.

E faz hoje dois anos que decidi falar. E dizer o que já nessa altura trazia comigo há muito tempo. E nada mudou. O que não é mau, é até muito bom não ter mudado. Dois anos. E o gut feeling mantém o que me diz desde o primeiro dia: as coisas vão mudar para melhor.

{#29.337.2022}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana em que tenho vontade de sair de casa e fazer alguma coisa participando de algo, mas não acontece nada…

Mas hoje saí. Não participei de nada, como gostaria, mas fui queimar tempo e ver o mar. Soube a pouco, claro, porque a vontade é mesmo fazer parte de alguma coisa, alguma actividade que me preencha e dê significado ao dia mais aborrecido. Mas saí. E o mais importante é sair todos os dias um bocadinho. E aproveitar os dias do fim de semana para sair durante o dia.

Amanhã é dia de sair novamente. De preferência ainda de manhã para ir votar. Depois entra o registo Domingo que, não sendo totalmente aborrecido, é dia de ronha.

E, claro, mantenho a esperança do café prometido que não sei quando irá acontecer. Mas sei que um dia destes acontece.

Agora? Dedico o resto do Sábado aborrecido a ver o tempo passar até ser hora de ir dormir e enfrentar mais uma noite interrompida.

Amanhã será melhor.

{#28.338.2022}

Dia azul lá fora, cansado cá dentro. Mais uma noite interrompida, a acordar várias vezes durante a noite. Não sei como ainda aguento estas noites. Nem sei quando, ou se, irão parar.

Sei também que, do outro lado, a noite terminou muito tarde. O “segundo turno” foi longo e a manhã não me pareceu fácil. Mas houve tempo, disponibilidade e vontade para um retorno matinal, assim como houve retorno ao ritual nocturno ontem. E eu gosto sempre quando há retorno. E quando esse retorno, como ontem, acaba por ser também um pouco de partilha de momentos do dia. Que parecem não ter importância, mas que a mim dizem alguma coisa.

Hoje espero uma noite mais sossegada. Com menos interrupções, se bem que o ideal seria sem nenhuma. Mas não acredito que aconteça.

Por agora, espero mais um pouco até chegar ao ritual nocturno. E se houver retorno ainda hoje, sei que a noite vai ser melhor. Interrompida ou não, já vai valer a pena.

{#27.339.2022}

Quinta feira. E, como previsto, ainda não foi hoje que saiu o desejado café prometido. Porque a agenda não o permitia e porque o dia se baralhou outra vez. Mas é um café que vai sair.

Mais um dia de trabalho, igual aos anteriores, mas simpático no volume e intensidade. E cada vez mais a certeza de que o trabalho se pode fazer de casa sem diferenças nenhumas. A única diferença é o risco de ir para os transportes públicos que não acontece se continuar em casa. E não confio nos transportes públicos, cada vez menos um local seguro. Espero amanhã ainda ter boas notícias para não ter que regressar na terça feira a esse ritual que me assusta. Não, não me sinto segura. Sim, em casa posso trabalhar com menos ansiedade.

Vamos ver. Por agora mantenho os rituais seguros e tranquilos, tanto o matinal como o nocturno. Esses sim, bem-vindos e seguros porque não implicam riscos.

Amanhã? Será bom também. Como foi hoje. Como foi ontem e será também daqui para a frente.

{#26.340.2022}

Quarta feira e o ritual matinal, depois do ritual nocturno. Com retorno e um café que se irá concretizar. Porque faz sentido e não só para mim.

E um dia de trabalho complicado, com dificuldades técnicas todo o dia, mas que passou ligeiro e tranquilo.

Por mim o café tinha acontecido já hoje. Não aconteceu. Ainda. Mas vai acontecer e vai ser bom.

Depois de ontem ter sido atropelada por um camião sem que alguém tenha registado a matrícula, o dia hoje foi mais leve. Mas chega a noite e vem o sono. Como agora. Por isso, recolho-me e dedico-me ao ritual de lo habitual nocturno. Que, por já ter dito que um dia acaba e não teve outra reacção para além do retorno, sinto que para o outro lado também faz algum sentido. Ou, pelo menos, é bem-vindo. E por isso mantenho.

Amanhã? Não sei se haverá café por motivos de agenda que não a minha mas que entendo, aceito e concordo. Há prioridades que, não sendo minhas, acabam por ser minhas também.

Seja como for, amanhã será um dia bom. Só assim consigo ver o lado positivo de tudo. Mas as borboletas na barriga, essas já ninguém mas tira.

{#25.341.2022}

Hoje não houve esplanada. Muito frio, tão típico de Janeiro, cansada de um dia de trabalho cheio e muito sono, resultado de uma noite mal dormida e novamente interrompida.

E também não houve vontade de telefonemas com quem não entende o peso que as palavras podem ter e ainda me goza achando que amuei. Não amuei mas senti que o que sinto e o que faço é desvalorizado. Desde sempre. E não é a primeira vez que o refiro directamente. Não serviu de nada.

Ontem não disse o que devia ter dito. Hoje não me apeteceu dizer nada sequer. Amanhã logo se vê.

Por hoje chega. O sono não me permite muito mais. Mas o ritual nocturno irá acontecer, como aconteceu o matinal.

Amanhã? Será melhor.

{#24.342.2022}

Dia de vacina. Reforço, dizem. Protecção, acredito.

Deixar o trabalho a meio da manhã. Soube bem sair durante a manhã. E soube bem, também, o regresso ao ritual matinal que teve retorno. E esse retorno, seja a que horas for e por muito pequeno que seja, sabe sempre tão bem. E já percebi que do outro lado também faz sentido. Se não fizesse não tinham dado pela falta na semana em que, pelos vistos, estive desaparecida não estando. Eu não desapareci, de facto, mas os rituais, o matinal e o nocturno, sim.

Serão para manter enquanto me fizerem sentido. E continuam a fazer.

De resto, mais uma noite interrompida. E o frio durante o dia que continua a incomodar. Agora já é hora de recolher e dar o dia por terminado. Estou cansada.

{#23.343.2022}

Domingo e mais uma noite interrompida. E, depois disso, acordar cedo demais com uma dor de cabeça que esteve presente todo o dia. E ainda está. Resultado de uma noite mal dormida, de um acordar antes da hora e da tensão muscular provocada pelo frio. Ou seja, um grande desconforto todo o dia.

Mas foi também dia de procurar sinais de que o frio não vai durar para sempre. Foi dia de procurar, e encontrar, as papoilas de Janeiro. Há uns anos que as vejo sempre no mesmo sítio. E hoje lá estavam. Em menor número do que noutros anos, mas estavam lá para me recordar que o Inverno não dura para sempre.

E é importante recordar que tudo são ciclos. Como o Inverno faz parte de um ciclo que termina, também o silêncio ou a falta de retorno fazem parte de ciclos.

E hoje houve retorno. Deu para perceber que está tudo bem do outro lado e que ainda há interesse numa parceria que já tem alguns meses e tem pernas para andar.

Eu gosto de retornos. E gosto de ciclos. E gosto, muito, das papoilas de Janeiro.

Amanhã, dia de regressar à rotina, em casa. E mantenho a pouca vontade de regressar ao escritório. Porque em casa faz-se o mesmo trabalho e não se correm riscos desnecessários.

Amanhã, também, regresso à vacina. Porque confio.

Enfim. Foi um Domingo que levou o seu tempo. Mas não foi mau. Amanhã será bom também. E vai continuar a haver papoilas de Janeiro.

{#22.344.2022}

Sábado, aquele dia parvo da semana.

O ritual nocturno voltou ontem, ou voltei eu ao ritual. Assim como voltei ao ritual matinal. Sei que, desta vez, as mensagens foram recebidas. Apenas não respondidas. Mas para mim conta como silêncio, porque não houve retorno.

Enfim. O dia mais parvo da semana está no fim e o frio aperta. Dou por terminado o dia por hoje. Amanhã será melhor.

{#21.345.2022}

Silêncio finalmente quebrado, e não por mim. Curiosamente, parece que eu é que desapareci. E de certa forma até é verdade, porque ao silêncio respondi também com silêncio. E que, pelos vistos, foi notado.

Hoje novamente aquele sussurro cada vez mais alto de um certo gut feeling que raramente me desilude. Tudo porque o silêncio foi quebrado pelo outro lado e, percebi, a minha ausência foi notada. Hei-de regressar ao ritual nocturno, já percebi que foi isso também que foi notado. E o ritual matinal. Porque são habituais. E podem ser só o que se diz o dia todo, sem mais conversa pelo meio porque se mete o trabalho. Mas, já percebi e hoje confirmei, esses dois rituais são importantes. Não só para mim mas também para o outro lado. Mesmo que por vezes eu própria ache que posso estar a ser chata, confirmo agora que do outro lado essa presença é bem vinda.

Sim, o meu gut feeling já não sussurra apenas. Já faltou mais para gritar declaradamente. E para ajudar ao grito há também aquele olhar de Novembro que também ele gritou.

Eu não estou louca. Nem a enlouquecer. Há coisas que não se explicam, sentem-se. E eu sinto. Sim, as coisas ainda vão mudar. Não sei quando, mas sei que vão. E isso já esteve mais longe de acontecer.

E quando estou quase pronta a desistir, como ontem, lá o silêncio é quebrado por quem tem que o quebrar, que não sou eu. É sempre assim e eu não sou de desistir facilmente. Ou talvez porque há sempre um retorno depois do silêncio é que eu não desisto.

Enfim…já ganhei o dia. E gostei de saber que afinal a desaparecida era eu. É sinal que a ausência foi notada. Agora é retomar a presença. E, se possível, fazer acontecer.

Amanhã? Lá estarei de novo para o ritual matinal. E hoje ainda para o ritual nocturno. E amanhã voltará a ser um dia bom. Só porque sim e porque o meu gut feeling me diz que sim. E pronto.

{#20.346.2022}

O silêncio…ainda e sempre o silêncio.

Até quando?

Não sei… Nem sei até quando devo esperar pelo desejado retorno. Mas vou esperando…

…até um dia aceitar que não vai acontecer…

{#19.347.2022}

Quarta feira. E dou por mim tantas vezes a confundir os dias. Como hoje que, sabendo que era quarta feira, dei por mim a sentir-me na quinta…

Trabalhar em casa é desculpa? Não. Mesmo quando ia para o trabalho, havia momentos desses, de confusão no calendário. E vai continuar a acontecer. Mas, desde que acerte no dia da semana quando acordo, não será muito grave.

E, uma semana depois, ainda o silêncio. A indiferença. As mensagens por ler. Se calhar está na altura de entregar os pontos e aceitar que, afinal, as coisas mudaram…ao contrário do que foi falado na altura certa.

Enfim. Amanhã será quinta feira e será melhor. Os dias não estão a ser maus, mas todos os dias podem melhorar mais um bocadinho. E o silêncio irá manter-se…

{#18.348.2022}

Sair de casa todos os dias um bocadinho depois do trabalho. Mesmo com muito frio na rua, saio e vou até à esplanada. É o meu momento, de mim para mim.

E hoje foi dia de conversa de raparigas. Por telefone porque a distância assim o dita. Mas mesmo por telefone permito-me falar do que me incomoda no momento. O silêncio. Hoje falou-se do silêncio dos últimos dias, da última semana. Para além de me permitir desabafar, ajudou-me a tentar perceber o que se pode estar a passar e a pôr as coisas em perspectiva.

Devia haver destas conversas mais vezes. Em que baixo a guarda e me exponho sem receios de julgamentos, sem receios de ser “uma parvoíce”. Também tenho destas conversas com o terapeuta fofinho todos os sábados, mas dele recebo apenas respostas terapêuticas. Porque é mesmo assim. Mas nas conversas de raparigas é diferente. Há partilha de experiências, de opiniões, de tudo.

O silêncio mantém-se presente. E todos os dias dói mais um bocadinho. Mas um dia vai deixar de doer. E, quem sabe, um dia volta a haver retorno.

Mas não deverá ser hoje…hoje ainda dói, hoje o silêncio mantém-se.

Amanhã? Logo se vê como será…

{#17.349.2022}

Zangada. Percebo agora que estou zangada. Não só por me terem dito que “é uma parvoíce” manter uma amizade com alguém de quem se gosta (muito) sabendo que não irá passar disso. Mas também pela forma como essa frase me afecta porque me faz questionar se não terá um quê de razão.

E zangada também, e acima de tudo, comigo. Porque me deixo afectar e me faz questionar a mim mesma sobre a minha atitude em relação a essa amizade. Amizade que faço questão de manter. Porque não? Porque é que havia de ser diferente se fui eu quem pediu para que nada mudasse?

Mas se calhar as coisas até estão a mudar. Porque me sinto ignorada. E estou, de facto, a ser de alguma forma ignorada. E isso já me custa o suficiente.

Para quê dar tanta importância a uma simples frase que nada mais é do que uma simples opinião? Para quê estar tão zangada comigo mesma se não quero dar razão a essa opinião?

Continua o silêncio, a ausência de retorno. Não sei até quando as coisas vão estar assim. A vontade é querer quebrar o silêncio, mas a razão diz-me que não devo ser eu a quebrá-lo. Mas também não há vontade do outro lado em quebrá-lo. E isso dói…

Parva. No fundo é isso que eu sou. E um dia tenho que deixar de o ser. Não sei quando. Mas um dia… Parva!

{#16.350.2022}

A falta de retorno traduz-se num silêncio ensurdecedor.

Sinto que estou a ser ignorada…e não gosto nada disso…

Não era preciso nada disto. A falta de tempo eu entendo. A falta de retorno não. Não era preciso nada de especial, um simples bom dia ou boa noite era suficiente para eu saber que está tudo bem.

Mas não acontece. Simplesmente se ignora. E isso dói. Muito…muito mais do que gostaria de admitir.

Enfim. Eu já devia saber que seria assim, mais cedo ou mais tarde. Mas não deixa de doer por saber por antecipação.

Até quando é que estas coisas vão continuar a acontecer? E porque é que continuam a acontecer? Juro que pensei que desta vez seria diferente…mas não está a ser.

Nada tem que mudar, lembras-te? Falámos disso naquela noite há quase dois anos. E realmente durante muito tempo as coisas não mudaram. Mas agora estão a mudar. E acredito que não seja simples falta de tempo. É, acima de tudo, falta de vontade…e é isso que me traz à memória situações anteriores menos positivas.

Ser ignorada dói. Não o faças mais, por favor…

{#15.351.2022}

Sábado, o dia mais aborrecido da semana. Consegue ser pior que o Domingo. Porque Domingo é dia de não fazer nada e Sábado é suposto acontecer alguma coisa. Mas a cada Sábado que passa mais me chateia e incomoda não fazer nada.

Esta é uma situação que não sei mesmo como resolver…e chateia-me por isso.

Enfim…não saí de casa como costumo sair porque não me apeteceu o ritual de sempre, do café na esplanada takeaway Covid e mesa para um. Dediquei-me a ver o tempo passar, embrulhada nas mantas e profundamente aborrecida a olhar para a televisão.

Amanhã? Repete-se a história. Mais ou menos aborrecido, o Domingo também não promete muita acção.

Vamos ver como corre…

{#14.352.2022}

Adolescente aos 44. Tal e qual. Sem tirar nem pôr. Mas, desta vez, sem lágrimas. Porque, felizmente, não há motivo para lágrimas. Nem pode haver. Porque o outro lado também não é causador de lágrimas e acredito que também não as queira causar. Acredito que é melhor que isso. Já sei que é bom por natureza, por isso não acredito que seja causador de lágrimas.

Mas eu? Adolescente, sempre. Seja com as borboletas na barriga, seja na troca de mensagens escritas, seja no diálogo de viva voz. Como hoje. Risinho adolescente, claro. Nem podia ser de outra forma. A diferença? Um diálogo de iniciativa minha, em jeito adolescente de fazer acontecer.

Se me arrependo? Nada. Mas, claro, soube a pouco. Não voltará a acontecer, pelo menos não da mesma forma, tão cedo. Nem tão cedo, nem tão tarde. Simplesmente não voltará a acontecer. Não assim. De forma adolescente.

Mas custa-me o silêncio. E precisei de o quebrar de alguma forma. Agora? Sei que está bem, e isso é o que é importante. Porque era só o que precisava de saber.

Mas adolescente aos 44. Sempre.

Um dia cresço.

{#13.353.2022}

Um dia, esta cadeira em frente vai estar ocupada e a mesa da esplanada vai passar a ser para dois.

Hoje [ainda] não é o dia. Mas podia ser. E por [ainda] não ser o dia, vou esperar. Não sei até quando nem sei o que esperar. Sei apenas que vou esperar.

Talvez esteja a esperar um enorme nada. Talvez seja uma perda de tempo. E eu detesto perder tempo. Porque eu não tenho tempo para perder Tempo. Para mim, o tempo é caro. Mas acredito que esperar pode ser positivo.

Não sei mais o que fazer quando na verdade não há nada que possa fazer. Há um gut feeling? Há. Muito forte. Mas não devia ficar por aí. Não devia ficar apenas por uma intuição. Que, se calhar, é apenas uma manifestação de uma vontade enorme de alcançar algo.

Não sei, para variar não sei mais o que fazer, o que pensar, até o que sentir sabendo que não se manda no que se sente. Mas gostava de conseguir uma definição disto. Já sei que “é o que é”. Há praticamente dois anos que o sei, dito por quem tinha que o dizer. Mas se antes havia a pergunta “porquê?” à frase “com muita pena minha”, pergunta que nunca tive coragem de fazer, hoje há a pergunta “o que é que me querias dizer naquela noite no cais do metro?”. Porque nessa noite o olhar disse tanta coisa e tanto mais ficou por dizer.

Claro que essa última pergunta também ficou por fazer. E ficará. E no entanto espero. Nem sei exactamente o que espero. Só sei que espero.

Mas um dia tenho que ganhar coragem para deixar de esperar. Porque a espera não vai dar em nada…

Mas…e se der? Se der, não duvido que vai valer muito a pena.

Um dia vou provar que isto não é uma parvoíce. Um dia a cadeira vai estar ocupada e a mesa da esplanada vai passar a ser para dois. Um dia…um dia não vou ficar incomodada com o silêncio e a ausência de retorno. Porque um dia ou algo se concretiza ou simplesmente tudo passa. Um dia tudo isto se resolve. De uma maneira ou de outra.

Por enquanto a cadeira continua vazia, a mesa da esplanada mantém-se para um. Mas um dia tudo se resolve.

Hoje [ainda] não é o dia.

{#12.354.2022}

Quarta feira e o silêncio. Novamente. Como acontece de vez em quando mas que mói sempre. E dói.

E a mesa no café que se mantém para uma pessoa apenas…

Não, mesmo assim não acho que seja “uma parvoíce”. É o que é. E é bom. E é bonito. E o silêncio existe porque não há obrigação nenhuma de retorno. Mas o retorno acaba sempre por acontecer. E sei que, um dia, a mesa no café será para dois. E haverá conversa. E risos. E partilha.

Sim, a questão da “parvoíce” está cá entalada. Não concordo nada com essa ideia. Ideia que sei ser de convicção e por isso me magoa. Dói mais do que o silêncio que de vez em quando ocupa o lugar do retorno.

Enfim…também isso é o que é. Amanhã vai continuar a magoar. Mas o retorno acabará por acontecer e irá romper o silêncio. E um dia, sei-o porque o sinto, irá o retorno ser mais do que uma simples quebra do silêncio e irá mostrar que não é “parvoíce” nenhuma.

As coisas levam tempo. E eu não tenho pressa. E o tempo vai dar-me razão.

Não, não tenho dúvidas disso. Por agora vou seguindo a olhar para cima, como sempre. E sempre sem pressa, porque não adianta ter pressa, especialmente quando já se sabe que algo está para acontecer. Mesmo que não se saiba quando.

É o que é. Será o que tiver que ser. Quando tiver que ser. Mas vai ser.