Monthly Archives: February 2023

{#059.307.2023}

Terça feira e a semana que ainda agora começou parece nunca mais acabar… Não sei se esta frase faz sentido, mas é exactamente isso que sinto. Parece que já passou muito tempo depois do fim de semana, mas não… E parece uma eternidade até ao próximo fim de semana.

Cansada. Muito cansada. É isso que estou. E a precisar, tanto, de poder dormir sem despertador para o dia seguinte. E só o fim de semana não é suficiente. Felizmente já falta pouco tempo para ter uma semana inteira para repôr energia. Não vou fazer nada essa semana, não vou a lado nenhum, mas vou ter tempo para mim.

E enquanto faço por aguentar o cansaço, vou trabalhando. A dar o melhor que sei, o melhor que posso, o melhor que consigo. E, desde ontem, uma questão que foi plantada na minha cabeça não me larga. Não consegui, hoje, procurar uma resposta. Mas hoje voltou a surgir a mesma questão e, se já me despertava curiosidade, a reincidência só tornou a questão mais importante…

Se calhar não é nada. Ou, se calhar, é a minha insegurança a falar mais alto. Não sei. Não sei mesmo. E amanhã, sem falta, vou em busca de respostas. Tenho que ir. Não posso deixar passar o que, sabe-se lá porquê, parece ser uma aposta em mim… Vamos ver…

De volta ao teletrabalho, ainda que seja apenas por dois dias. Com rotação de horário para entrar mais tarde e sair mais tarde. Sei que, não há muito tempo, disse que deixava de estar disponível para o que me pedissem. Mas pediram. Apresentei as minhas condições, que já eram conhecidas. Aceitaram. Volto a trabalhar em casa, dois dias. Dois dias em que, por entrar mais tarde, me vai permitir dormir até mais três horas. E para o estado de cansaço que me acompanha vai fazer uma grande diferença.

Os meus dias têm-se resumido a trabalho, trabalho, trabalho e mais trabalho. Não pode ser… Mas também não tenho muito tempo para muito mais.

Enfim… Amanhã, dia do meio, dia nim, nem não nem sim, vou à procura das respostas que preciso. Vou voltar a fazer o meu trabalho da melhor forma que sei, da melhor forma que consigo, da melhor forma que posso. Vai correr bem. E vai valer a pena. Vai ser um bom dia. Nem que seja só porque sim…

{#058.308.2023}

Dia estranho. Daqueles em que quase acreditas que as coisas acontecem de forma sequencial porque existe algum propósito nisso. Desde a falta de noção de um supervisor que ainda não percebemos bem o que anda ali a fazer, a encontro por acaso com alguém que não não conheces mas que conhece na pele como é o teu trabalho porque faz o mesmo há demasiado tempo e, por conhecer a realidade por dentro, luta por todos, terminando numa pergunta que surge do nada mas que planta aquela semente da dúvida, de um misto de orgulho com tremenda insegurança.

Foi um dia estranho. Demasiado complexo em cada um dos pontos que, parecendo que não, se encaixam perfeitamente. Porque estão todos ligados por um fio condutor chamado trabalho.

Não quero, nem posso!, trazer trabalho para casa. Mas, nas últimas semanas, tenho trazido demasiado. Não o trabalho em si, mas tudo o que o envolve. Todos os pontos que me incomodam neste momento estão ali. E não, não me faz bem nenhum.

Ainda não passei da idade dos porquês. Gosto sempre de perceber o porquê de tudo. E, quando não percebo, pergunto. Seja a nível pessoal, seja a nível profissional. E não aceito, quando estou a tentar genuinamente perceber alguma coisa, que me digam que estou a complicar. Lamento. Não estou. Estou, sim, a tentar processar para entender. E não, não faço perguntas descabidas, sem sentido. Não sei? Pergunto. Não entendo? Questiono. É tão simples quanto isso.

Faço o melhor que sei. O melhor que consigo. Mas não sei as respostas a todas as questões. E por isso pergunto. Se isso é estar a complicar? Não me parece que o seja…

Amanhã logo se vê. Irei, claro, perguntar o porquê da pergunta que me fizeram hoje. Porque a semente ficou cá. Sei que a questão não tem importância real, não vai mudar nada. Mas ter essa questão na minha cabeça não me vai ajudar. Porque, como boa overthinker que sou, vou andar a remoer nela até entender o porquê.

{#057.309.2023}

Domingo e dia de aniversário da melhor Mãe do Mundo, a minha.

Sei que não sou uma filha fácil. Ou, pelo menos, não o fui enquanto cresci. E, mesmo já depois de adulta, dei algumas preocupações e dores de cabeça. Mas é o melhor que se consegue arranjar. Ela diz que, mesmo assim, é um bom arranjo. Seja. Não sei se algum dia vou chegar aos calcanhares dela, mas quero acreditar que estou no bom caminho. Se eu for metade do que ela é, do que sempre foi, do que sempre será, já posso dizer que aprendi com a melhor e que tenho muito orgulho em sair a ela.

Sei, também, que gostava de lhe dar mais daquilo que ela merece. E às vezes não dou…

São já muitos anos, mas espero continuar a tê-la por perto ainda muitos mais. Porque, sem ela, não sou nada.

Domingo e dia de aniversário da melhor Mãe do Mundo, a minha. Gostava que o dia tivesse sido diferente, com os netos por perto, mas não foi possível. Gostava de eu própria ter estado um bocadinho mais presente. Não estive tanto quanto queria. Mas ela sabe como é importante e bom poder estar com ela todos os dias.

Amanhã regressa-se ao ritmo de trabalho, para mais uma semana longa e fria. E estou muito cansada do frio…

Mas, com ou sem frio, amanhã também será um bom dia. Porque eu quero que assim seja. E só isso já é suficiente para que o dia seja bom. E vai ser.

{#056.310.2023}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana em que nada acontece. Ando há muito, demasiado, tempo a dizer que tenho que começar a fazer alguma que dê sentido aos Sábados inúteis. Sei até o que gostaria de fazer. Mas não depende (só) de mim.

Já tive uma conversa sobre isso. Em Novembro. Disseram-me na altura “ok, em Março falamos novamente para apontarmos Setembro como o início”. Na altura pareceu-me bem.

Era Novembro. Mas de 2021. Veio Março. De 2022. Nada foi falado como combinado. Passou Setembro. De 2022. As actividades retomaram o seu curso normal depois das férias. E os meus Sábados permaneceram inúteis e aborrecidos.

Ou seja, o “falamos em Março para iniciares em Setembro” foi só mais uma coisa que foi dita por dizer. Sem intenção de concretizar. Março de 2023 está aí à porta. E esse “falamos em Março” não vai, mais uma vez, acontecer. É encolher os ombros, sorrir e acenar.

Estou cansada de frases ditas por dizer, daquelas sem intenção de concretizar. Isso e proclamadas to-do lists. Mais uma coisa dita por dizer, concluo eu três meses depois. Quando na realidade soube no primeiro momento que não era mais do que dizer por dizer.

Não façam isso. É preferível não dizerem nada…

Os meus Sábados continuam aborrecidos. Mas não dependem da (boa) vontade de ninguém quando, afinal, não há vontade sequer.

Foi mais um dia aborrecido? Foi. Mas deu para descansar. E só isso já foi bom. Ao final do dia, sair em busca das cores de final de dia. E depois café na esplanada.

O resto? É só mesmo isso: resto. E nesse campo eu sou melhor: não digo nada só por dizer. Se não estou confortável, prefiro manter o silêncio. E há muita gente a precisar de aprender a ficar em silêncio em vez de ser apanhado em falso com o que diz sem intenção de concretizar.

{#055.311.2023}

Dia de mixed feelings. Celebrar a Vida, sentir a Morte.

13 anos de sobrinho Maravilha. Que me encanta desde o primeiro dia. Que é das melhores pessoas que posso ter por perto. De quem gosto muito. De quem me orgulho tanto pelo ser humano que se está a revelar.

53 anos ainda é cedo. Muito cedo. Demasiado cedo. Conhecemo-nos no mundo das feiras. Não éramos próximas, mas não éramos estranhas. Uma pessoa que valia a pena. Doce. Suave. E com umas mãos que faziam magia com quadradinhos de papel. Partiu nas asas de um tsuru. E deixou-nos a todos em choque. Tristes.

Mixed feelings. E um cansaço estúpido. Mas é sexta feira. Está, outra vez, frio. Muito. O fim de semana prevê-se que seja, de novo, dedicado ao descanso com mantas e sofá para escapar ao frio. Dizem que é provável que chova. Perfeito para descansar. Pouca coisa me vai tirar de casa amanhã. Claro que, se houver um desafio para um café, não direi que não. Mas o mais certo é não haver.

Agora tento desligar e enroscar. Amanhã será melhor. Ou, pelo menos, mais sereno e tranquilo. Depois? Logo se vê.

{#054.312.2023}

Quinta feira e a semana a chegar ao fim. Semana de calendário confuso, emoções várias, preocupações muitas.

Dia longo no trabalho, a sair muito depois da hora para chegar a casa demasiado tarde.

Estou cansada. Não só fisicamente, mas acima de tudo cansada de não aproveitar a vida. Os meus dias resumem-se de forma muito simples: trabalho/casa, casa/trabalho. Dizem-me, em conversa de descoberta, para aproveitar. E eu sei que sim, devia aproveitar mais. Mas também não sei muito bem por onde começar ou como fazê-lo.

Preciso de dar um rumo à minha vida, procurar uma ocupação para lá do trabalho, ter um objectivo para o tempo livre. Que, durante a semana, não é muito, mas ao fim de semana é demasiado.

Sim, quero aproveitar. E, se tiver uma orientação, irei fazê-lo. Só preciso de encontrar essa orientação.

Mas, a esta hora, já muito para lá do que era suposto, não tenho como me organizar. Tenho sono, tenho frio, estou cansada. E, por isso mesmo, não vou sequer tentar ter ideias ou pensar demasiado sobre esse tema que há muito me incomoda. Vou, sim, tentar descansar. Amanhã ainda é dia de madrugar antes do fim de semana.

Amanhã será melhor. Nem que seja porque é sexta feira.

{#053.313.2023}

Quarta feira com sensação de segunda. O dia terminou há horas, mas ainda não assimilei completamente que hoje é, na verdade, o dia do meio. Aquele dia nim, nem não nem sim. Não gosto desta confusão que sinto na minha cabeça. Parece que me falta o Norte. Não consigo explicar. Porque simplesmente também não consigo entender.

Trabalho feito de forma tranquila. Mais um dia que passou e ainda sem perceber muito bem as alterações dos últimos dias. Mas não deve ser para entender… Continuo a fazer o que me compete. Como sempre, da melhor forma que sei, da melhor forma que consigo.

O dia todo tão perto do meu sobrinho e sem poder ir ter com ele, mas com boas notícias. Está bem e continua de bom humor. Soube muito bem vê-lo numa video chamada assim que saí do trabalho. Bem disposto, animado. Giro como sempre. Mas só vou estar bem quando ele estiver de volta a casa. E quando, finalmente, o tiver por perto.

Por agora, tento desligar a cabeça, enroscar e convencer-me de que amanhã já é quinta feira. Continuo confusa. E continuo a não gostar. Pode ser que, quando o fim de semana chegar, a confusão passe…

{#052.314.2023}

Terça feira de Carnaval, dia em que não se trabalha. Dia de ficar em casa e pôr o descanso em dia.

Ainda de ontem: manter a porta aberta a novas descobertas pode ser interessante. Já encontrei caminhos que não quero seguir porque não interessam nem trazem nada de bom. Mas também já encontrei aquilo que, à partida, parece valer a pena o esforço de conhecer. Pelo menos isso, ir conhecendo e dar-me a conhecer também. Como ontem em que a conversa se desenrolou muito facilmente até depois das 2h da manhã. Conversa pela conversa, sem objectivos duvidosos. E perceber que sim, é possível conversar sem que esses objectivos duvidosos se façam presentes. Posso estar enganada, claro. Mas, enquanto for possível manter uma conversa normal, será esse o caminho.

Já tenho encontrado várias descobertas. A grande maioria ficou pelo caminho. E não vou andar a correr atrás de nada nem ninguém. Vou deixando fluir. Como sempre, um dia de cada vez. Mantém-me a cabeça ocupada e ajuda-me a pôr as coisas em perspectiva. Ou a vê-las de uma nova perspectiva.

Ao mesmo tempo, vou vivendo os dias um de cada vez com tudo o que me vai chegando. Com as preocupações habituais. Com aquela ansiedade que o medo provoca. Como quando o que está em jogo são as minhas pessoas. Como, desde ontem, a ansiedade pelo meu sobrinho mais velho.

Se ontem não passava de suspeita, hoje confirmou-se a apendicite. Internado desde ontem para observação, transferido hoje para outro hospital e cirurgia ao final do dia. Correu bem. Mas eu só vou conseguir diminuir a ansiedade quando conseguir falar com ele amanhã…

O dia, porque não ter trabalhado e ainda estarmos no início da semana, teve um sabor estranho. Não foi mau, a conversa que ontem se estendeu até de madrugada continuou hoje todo o dia. Foi possível descansar e também ir até à praia para ver o pôr do Sol. Deu para tanta coisa que parece tão pouca. Mas não deixou de ser um dia estranho.

Amanhã regressa-se ao ritmo normal dos dias de semana. Regressa-se ao trabalho. E, a mim, faz-me falta o ritmo certo da rotina. Mas também me fazem falta as férias e essas estão quase aí. Daqui até às férias vai ser rápido. E estou a precisar delas.

Por agora, que já é mais tarde do que tinha programado para quem sai de casa de madrugada, é hora de recolher e enroscar. Hoje não há conversa até de madrugada, nem poderia haver porque o despertador toca demasiado cedo. É mesmo enroscar e desligar.

Amanhã será melhor. Nem que seja porque será um novo dia. E vai ser o dia do meio, dia nim, nem não nem sim. E só isso já é bom. Sim, amanhã será melhor. Amanhã será um dia bom. Porque eu quero que assim seja.

{#051.315.2023}

Segunda feira longa que termina com sabor a sexta…

Amanhã descanso novamente. É só um dia. Mas é o suficiente para ganhar coragem para o resto da semana…

{#050.316.2023}

Domingo e aquela relação complicada com o sofá…

De manhã, consulta com o terapeuta fofinho. Que corre sempre de forma suave e tranquila onde partilho o que se passou na semana e onde, tantas vezes, páro para pôr em perspectiva o que aconteceu. Analiso o que me incomoda e preocupa. E oiço quem está de fora e traz outra perspectiva de análise. São boas as manhãs de Domingo. Fazem-me bem. Já não fazem doer. Mas ainda são necessárias. Porque agora está tudo tranquilo, mas daqui a pouco não sei. Espero, claro, que tudo se mantenha tranquilo como agora e que as nossas consultas se mantenham no registo habitual de conversa e risota entre dois amigos que se encontram todas as semanas para conversar.

O cansaço, esse, parece não me largar. Parte da tarde foi, de novo, dedicada ao sofá. E, claro, adormeci. Há que obedecer quando o nosso corpo nos diz para parar. E eu obedeço. Mas fiz questão de sair um bocadinho ao fim do dia. Esticar as pernas, mexer-me um pouco, ir ao café só porque sim. Também é preciso e também me faz bem.

Amanhã é dia de regresso ao trabalho. E, ao contrário do que é habitual, não vou ter boleia de manhã. Vou ter que apanhar o autocarro de manhã. Não me chateia muito. Mas custa sair de casa tão cedo para me enfiar nos transportes públicos. Mas é o que tem que ser. Por isso, seja. Quarta feira volta a boleia. E terça não se trabalha.

Por agora já chega. É enroscar e desligar. O despertador toca muito cedo. Demasiado cedo…

{#049.317.2023}

Sábado e foi dia de cuidar de mim. Cabeleireiro de manhã cedo, sofá o resto do dia. E nada melhor do que adormecer no sofá, quentinha e sem pressa para acordar.

Sei que quem estou a descobrir não está bem. Senti isso desde o primeiro dia. E hoje confirmou-o. Sei que não está sozinho. E isso deixa-me um pouco mais tranquila. Porque sei, na pele, o que é não estar bem e não ter a quem recorrer. É estar perdido no caminho sem mapa ou GPS. É querer manter-me à tona de água e, ao mesmo tempo, não querer nadar para combater as correntes.

Não sei até que ponto posso ajudar, seja no que for. Mas estou cá. Porque não sei ser de outra forma.

Sinto-me, ainda, muito cansada. Ainda tenho sono, apesar da tarde apagada no sofá. Por isso hoje recolho cedo. Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho de manhã. E depois disso prevê-se o regresso ao sofá. Se houver alterações aos planos, serão bem vindas. Se não houver, aproveito para descansar e recuperar. Estou a precisar. E também mereço tempo para descansar.

{#048.318.2023}

Chegar ao final da semana muito cansada, mas com a sensação de dever cumprido. Pelo menos no que diz respeito ao trabalho, fiz aquilo que tinha que fazer. Se não fiz mais, foi porque as alterações no trabalho assim o ditaram. Se não fiz melhor, foi porque não consegui. Fiz o melhor que pude, o melhor que consegui. Se queria fazer melhor? Claro que sim. O objectivo é melhorar. Vamos ver… Continuar a fazer o melhor que sei, o melhor que consigo e o melhor que posso.

Chegar a casa muito, muito, muito cansada. Desejosa de mudar de roupa, jantar e ir cedo para a cama. Ficou pela vontade. Ter que vestir a farda de bombeira involuntária para voltar a sair. Valeu pelo jantar fora de casa e por poder fazer uma coisa que há muito tempo não fazia: conduzir.

E perceber que, do outro lado da descoberta, há alguém que precisa de ajuda. E que não está confortável para o fazer. Entendo e aceito. Sei o que é precisar de ajuda e o quanto custa pedi-la. Especialmente a alguém que não se conhece. Ou que se está agora a conhecer. Já deixei a porta aberta para ajudar no que me for possível. Não sei ser de outra forma. Se posso, de facto, ajudar? Não faço ideia. Não sei sequer do que se trata. Mas sim, estou disponível se puder fazer alguma coisa. Se, de alguma forma, puder fazer a diferença, é isso que farei.

Amanhã logo se vê o que o dia me reserva. Já sei que o despertador vai tocar cedo e o dia vai ser longo. Ou, pelo menos, a manhã. Se puder descansar à tarde, óptimo. Se puder ajudar quem precisa de ajuda, melhor ainda. Agora é tentar, para já, desligar a cabeça e descansar. Amanhã será melhor. Ou então logo se vê.

{#047.319.2023}

Reciprocidade, precisa-se. Não só na vida lá fora, mas no trabalho também. Afinal, é no trabalho que passamos a maior parte do tempo. Durante 17 meses, senti essa reciprocidade. Existia, de facto. Mas hoje, com a chegada da nova supervisão, fiquei com a sensação de que a partir de agora só existem exigências. Não gostei da abordagem. Não gostei da atitude. Dali, já percebi, pouco ou nada vem de bom. Se calhar fiquei mal habituada com quem lá estava antes. Que também exigia resultados, claro que sim, mas dava algo em troca.

Ainda estou a tentar perceber o que está a acontecer por ali. Mas não estou a gostar… Logo se vê. Só não me posso esquecer de que não posso trazer o trabalho para casa. E, mais uma vez, estou a trazer…

Amanhã? Logo se vê. Que seja melhor. Não peço mais que isso. Mas sim, reciprocidade é preciso. E é urgente.

{#046.320.2023}

Não quero pensar em trabalho. Mas a verdade é que ando inquieta…

É esperar que regresse à normalidade. O mais rápido possível. E tem que haver uma explicação…

Não vou pensar mais nisso por hoje. Amanhã logo se vê…

{#045.321.2023}

Ainda na ressaca da despedida de ontem. Para perceber que o meu supervisor não foi o único a ir embora. Outro no mesmo posto também saiu. Por outros motivos que ainda não sei exactamente quais foram, só sei que não terão sido muito justos… Não sei. Sei que, no trabalho, ficou esquisito. Ambiente pesado. Daquele que eu não gosto. Mas é continuar a fazer o meu trabalho. O melhor que sei. O melhor que posso.

Ainda só é terça feira e já estou muito cansada. Mas vou ter que aguentar o resto da semana…

De resto, sou eu com os meus botões. Sempre a olhar para cima. E a acreditar que vai correr tudo bem.

{#044.322.2023}

Hoje é daqueles dias em que me apetece chorar. Hoje foi o último dia de trabalho do melhor supervisor que já tive. Aquela pessoa que olha para ti e te vê como ser humano e não apenas como um número, uma suposta máquina de trabalho.

Não gosto de despedidas. Nunca gostei. Mas hoje, quando chegou a hora de ele sair do trabalho, foi deixar um abraço e um beijinho a cada uma das suas meninas da equipa. Calhou que, quando chegou ao meu lugar, eu estava com uma chamada e não consegui pôr o cliente em espera por uns segundos. Trocámos um abraço apertadinho mesmo assim.
Mas ainda lhe disse que, quando estivesse no autocarro, lhe mandava uma mensagem.

E mandei. Disse-lhe tudo. Que, para além de bom profissional, é acima de tudo um bom ser humano.
Como resposta levei com uma mensagem que me deixou sem jeito. Porque, daquele lado, está uma pessoa que me viu como sou, apesar de só estarmos juntos em contexto de trabalho, das 9h às 18h, de segunda a sexta e sem muitas oportunidades de conversar. Mas ele conseguiu ver-me para lá dos números.

Ganhei ali um amigo de quem vou sentir muita falta. Foram 17 meses de trabalho com ele que valeram cada segundo. Só lhe posso desejar tudo de bom nesta nova aventura.

Mas sim, hoje é daqueles dias em que só me apetece chorar. Estou triste com (mais) esta despedida. Por isso mesmo é que, antes de ir para casa e mesmo tendo chegado ao destino 40 minutos depois da hora, precisei daquele bocadinho comigo na esplanada.

Dizer adeus custa. Por isso deixei-lhe um até já. Porque, às pessoas que nos vêem e que valem a pena, não se diz adeus.

{#043.323.2023}

Domingo. Acordar antes do despertador tocar é coisa que ninguém merece. Mas, mais uma vez, foi o que aconteceu…

Dia de consulta com o terapeuta fofinho para perceber, a meio da consulta, o meu estado de aceleração sem explicação. Mas a verdade é que me sentia demasiado acelerada de manhã. Porquê? Não sei. Só sei que não gosto de estar assim.

A consulta, como sempre, correu bem e desta vez tinha coisas para contar. Foi, de facto, uma semana preenchida. E mesmo ontem, ainda na senda da descoberta, foi um bom dia que acabou tarde. E é nessa descoberta que me lembro de pôr as coisas em perspectiva. Há histórias de vida que nos metem a um canto e nos forçam a perceber que os nossos problemas, as nossas histórias, não são as únicas que levam à transformação de quem somos ou até mesmo do que somos. Há histórias mais graves em que tudo muda de repente e em que é preciso reaprender tudo do início. Não duvido que não seja um processo fácil. Mas, diz-me o que vejo, é um processo possível.

Disse muitas vezes que podia não estar cá. Porque cheguei a pensar em desistir. Mas hoje sei que, por muito difícil que seja, vale a pena estar cá. E fico contente por ver que, por outros motivos, outras histórias, também está cá quem podia não estar. Tudo mudou, é verdade. Mas está cá.

Domingo que começou cedo. Foi dia também para reflectir sobre o dia de ontem. E ainda foi dia de fazer o que estava a precisar: descansar. Esticar-me no sofá depois da consulta, embrulhar-me nas mantas para não sentir frio e adormecer. Estava a precisar. E soube tão bem.

Amanhã será dia de regressar ao trabalho. Mais uma semana pela frente. Voltar a sair de casa muito cedo, acumular horas em dívida ao sono. Enfrentar o frio. Mas vai valer a pena. Apesar de tudo, é bom estar por cá. E agora é altura de aprender a ser humilde. Tenho problemas, chatices, coisas que me magoam? Tenho. Mas os meus problemas, chatices e coisas que magoam são tão pequeninas ao lado do que tenho vindo a descobrir.

Sim, amanhã será melhor. E, se tudo correr bem, o que me incomodou hoje vai ser só uma crise de alergia e não uma constipação. Mas, seja o que for, não me vai incomodar ao ponto de não aproveitar o dia.

{#042.324.2023}

Sábado pode ser um dia aborrecido. Mas hoje não foi. E continua a não ser, mesmo que já não falte muito para terminar.

À descoberta. Mantenho o meu caminho. E agradeço a não existência de objectivos definidos sem interesse.

{#041.325.2023}

Sexta feira e foi uma longa semana. Chego a este dia verdadeiramente cansada. Mas não foi uma semana. Trouxe-me surpresas boas, como aquele encontro inesperado numa passadeira da cidade logo pela manhã. Ou o reforço do convite para um fim de semana longe daqui.

Chegar ao fim da semana e estar presente no jantar de despedida do melhor supervisor de sempre. E estar com os colegas de trabalho sem me sentir desconfortável ou como se não pertencesse ali. Pela primeira vez em muito tempo senti que pertencia, de facto, àquela equipa que se junta de segunda a sexta das 9h às 18h com o mesmo objectivo. E foi bom estar ali. Ri-me. Fiz rir. Senti-me bem. Sou daquele grupo. Não só faço parte como pertenço.

E no final do jantar um abraço. Espontâneo. E um agradecimento pelo último ano e meio em que fui tratada como um ser humano e não apenas como um número ou uma suposta máquina de trabalho.

Sim, esta semana foi longa e cansativa. Mas foi uma boa semana. Agora é tempo de parar e descansar. Mantendo a descoberta. Que é só isso mesmo, uma descoberta sem objectivos específicos. Apenas o descobrir o outro e o dar-me a conhecer.

Também mereço semanas como esta última. E há muito tempo que não tinha uma semana assim. Já quase me esquecia de como é…

{#040.326.2023}

Há dias que simplesmente são bons. E hoje foi um desses dias.

Começou igual aos outros, mas rapidamente me trouxe uma boa surpresa. Um encontro inesperado ao atravessar na passadeira de uma avenida movimentada. Vi-o ao longe e reconheci-o de imediato. E, percebi logo, também me viu e reconheceu. Um sorriso que se aproximava. Parar no meio da passadeira sem tempo para mais do que dois beijinhos e sorrisos de ambos os lados. Há mais de dez anos que não nos víamos, embora mantenhamos contacto facilmente e com alguma regularidade irregular. E vou fazer de conta que não nos conhecemos há quase vinte anos…

Naquela passadeira, àquela hora, não deu para mais. Seguíamos em direcções opostas, com horários a cumprir. Mas falámos pouco depois. Que foi bom ver-te, estás muito bem e temos que combinar um café after work. Afinal, estamos tão perto. Sim, havemos de beber um café depois do trabalho. E foi tão bom começar o dia assim. Encontros inesperados são o melhor para começar o dia.

O dia continuou sem História ou histórias. Excepto quando, há pouco, muito perto das 23h, o telefone tocou. “Estamos por cá e de caminho para casa pensámos em passar por aí para um café”. Soube muito bem, mas tive que recusar com muita pena minha. Sei que seria difícil ser um café rápido. E sei, também, que amanhã é sexta feira mas o despertador vai continuar a tocar a horas impróprias. Não houve café, é verdade, mas houve o reforço do convite que se repete há muito tempo. “Tens que ir ao Porto passar o fim de semana.” E tenho mesmo. Só preciso de me organizar. Mas o desafio inesperado para o café a horas tardias e o reforço do convite para o fim de semana souberam muito bem. Como, aliás, o que é inesperado devia saber sempre.

Um encontro na passadeira e um telefonema a horas tardias. Foi um bom começo de dia. Foi um bom fecho de noite. Não, hoje não foi um dia mau. Muito pelo contrário. Foi um dia que me aconchegou. Muito. Estava a precisar de um dia destes. Com sorrisos genuínos. Com amigos dos bons. Que se mantêm no tempo. Vinte anos num caso, quase vinte anos no outro. Tanto um caso como o outro, aquilo a que posso, de facto, chamar de amigos de longa data.

Hoje termino o dia com um sorriso. E perfeitamente aconchegada. Porque estes são daqueles amigos que me deram o que precisava: tempo e paciência. Para me dar a conhecer. E, vinte anos depois, continuam por perto. E sorriem-me. E aceitam-me como sou. Afinal, mesmo sendo bicho do mato, consigo manter por perto quem interessa: os que realmente gostam de mim.