Monthly Archives: March 2025

{#090.276.2025}

Há dias em que me sinto assim como as árvores no fim do Inverno, início da Primavera, sem uma única folha depois de uma violenta tempestade: despida e aparentemente sem rumo.

Mas depois lembro-me que, apesar da tempestade e do vento demasiado forte que roubou toda e qualquer folhagem existente, é no início da Primavera que as árvores recomeçam a compôr a folhagem, voltam a criar condições para receber rebentos que com o tempo irão crescer e dar lugar a novas folhas que acabarão por cobrir todos os ramos, recebendo ninhos de pássaros que por ali escolhem ficar e tantas outras formas de vida. Novamente, com o devido tempo, todas as árvores voltarão a estar completas e com um rumo bem definido: com raízes fortes bem enterradas no solo, continuarão a crescer.

Eu sei, eu sempre disse que, quando crescer, quero ser uma árvore. E é com as árvores que aprendo tanto sobre mim mesma: a minha força, a minha resistência, a minha resiliência, a minha capacidade de renovação depois da mais violenta tempestade que me verga mas não me quebra nem derruba.

Sim, tenho momentos em que me sinto como as árvores no fim do Inverno, início da Primavera, sem uma única folha depois de uma violenta tempestade. Mas depois páro, respiro, olho à minha volta e percebo que também eu estou no início da Primavera e os rebentos já se espalham por vários dos meus ramos. E é tão bom perceber que estou no caminho certo simplesmente por ser quem e como sou: uma árvore em crescimento.

…e os últimos dias têm-me mostrado e ensinado tanto sobre mim mesma…

{#089.277.2025}

Fim de semana cheio. De coisas boas, de gargalhadas soltas e genuinamente felizes, de muitas horas dormidas para recuperar daqueles dias, e foram muitos!, em que me esqueci ou não tive tempo de parar e descansar.

Senti, claro, a falta, a ausência porque a vida é mesmo assim, dele. Mas, quando me preparava para tratar de mim e do que preciso para amanhã, encontrei-a, quase passando despercebida, iluminada apenas a 3% mas a permitir-me vê-la por completo. E ao encontrá-la tive a certeza que a 135km daqui ela também é vista por ele. E só por isso sorri-lhe. À Lua. Que, sei-o, irá fazer chegar o meu sorriso até ele.

Depois do fim de semana tão bom, tão cheio, tão rico de coisas que me fizeram rir tanto, gargalhada solta e sonora e genuína, só podia mesmo sentir-me completa ao encontrá-la tão timidamente iluminada. Porque ela faz parte de mim assim como eu faço parte dela. E é assim que eu tão facilmente me desloco até ao abraço dele através dela, com ela.

Sim, a falta, a ausência porque a vida é mesmo assim, foi sentida. Mas a minha Lua já me acolheu e aconchegou no abraço perfeito dele que ela trouxe até mim. E, para esta noite, isto basta-me. Amanhã, com a Lua iluminada a 8% a esta hora, irei continuar a contar-lhe os meus segredos, os meus sonhos que sei que ela irá partilhar com ele.

Sim, foi um fim de semana e tanto! Um fim de semana condensado numa manhã de Sábado. Mas que valeu por tanto tempo, tanta coisa. E eu termino o fim de semana a dizer a quem me quiser ouvir: estou feliz!

{#088.278.2025}

E esta manhã fomos à praia. Eu e os meus dois apoios: Maria Hermengarda à esquerda como habitualmente, a minha Mãe à direita, à frente ou atrás, mas sempre sempre sempre por perto, de braço dado quando não me sinto tão segura apesar da presença da Maria Hermengarda ou sempre ali à mão ou à distância de um braço para eu me conseguir agarrar.

Hoje decidi seguir a recomendação do neurologista e aproveitei para dar uma folga à Maria Hermengarda e ao braço da minha Mãe. E arrisquei caminhar a solo na areia. Na seca e na molhada. Se caísse, tal como disse o neurologista, não fazia mal porque já estava na areia.

A bengala e as mochilas mais o saco do tapete de Yoga ficaram num monte, atirados para a areia da minha praia da adolescência. Deixei tudo para trás, até a minha Mãe, e segui até ao Mar. Um passo de cada vez. Com cuidado. Com alguma dificuldade em manter o equilíbrio, claro. Mas nem o Mar me derrubou ou fez parar! Já tinha TANTAS saudades de ir até à água, sentir as ondas nas pernas. Dar pulinhos ou pontapés nas ondas já sei que não é possível. Mas caminhar Mar a dentro? Bem, sozinha só o faço enquanto a água não passa dos joelhos. Mas vou! E hoje percebi que ainda o consigo fazer! Devagar, devagarinho. Um passo de cada vez. Sem pressa e sem pressão. Mas bolas!, sou capaz de o fazer! E sabe tão bem!

Se há vídeos disso? Claro que sim! A minha Mãe fez questão de registar o meu progresso. O meu sucesso! Tal e qual como os pais filmam orgulhosos os primeiros passos dos seus bebés, a minha Mãe fez questão de registar, para que eu não me esqueça nunca!, do que eu SOU CAPAZ! Ela orgulhosa a filmar. E eu tão contente, tão feliz!, a bater palminhas de contente e a RIR MUITO por conseguir fazer uma coisa aparentemente tão simples como caminhar na areia e ir até ao Mar SEM QUALQUER APOIO! E sem cair!

Claro que para sair é mais difícil porque olhar para baixo e ver o movimento do Mar a recuar é algo que o meu cérebro não consegue processar facilmente. Mas faz-se! EU faço! EU consigo! Devagar, devagarinho, sem pressa e sem pressão, mas CONSIGO! E ninguém imagina como fiquei FELIZ por conseguir caminhar dentro de água, sair do Mar apesar das ondas, voltar a entrar…!!

E se tivesse que escolher uma única foto entre tantas que a minha Mãe tirou para resumir esta manhã na praia, escolhia esta que está aqui em baixo…

Aquele momento em que o Mar me toca as pernas pela primeira vez ao fim de tantos meses. Pernas ligeiramente afastadas para não perder o meu ponto de equilíbrio. A olhar para baixo, para o Mar a receber-me.

E é, também, um momento de concentração, força, coragem, resiliência e muita determinação. Estava, finalmente!, onde há tantos meses queria estar: à beira do Mar, com os pés dentro de água e a sentir as ondas, ali já tão pequenas e desfeitas mas com a energia que me estava a faltar há tanto tempo.

Sim, foi um final de manhã muito bom. E há muito tempo que não me sentia como me senti esta manhã na praia: a excitação, o entusiasmo, a alegria genuína do reencontro com o Mar e o reencontro com uma parte de mim que receava não reencontrar.

Foi tão bom. Mas tão bom! E será para repetir brevemente e tantas vezes quantas forem possíveis! Afinal, a minha praia da adolescência até tem um autocarro que apanho perto de casa e saio na paragem a menos de 200 metros do areal.

{#087.279.2025}

Quando até nos semáforos te recordam que tens que fazer uma pausa…só tens que parar, fazer uma pausa e descansar!

{#086.280.2025}

…estupidamente cansada…?

Não…absurdamente exausta…

…e não posso…

{#085.281.2025}

Não sei exactamente o que aconteceu, que mistério é este que uma pessoa vai dormir com 47 anos e acorda com 48… Deve ser aquela coisa que chamam de mistério do tempo, que vai passando e não espera por ninguém. E, às vezes, ainda bem que vai passando sem esperar por ninguém. É sinal que estamos por cá para contar a história. E eu estou.

A foto é antiga, de 1997, de quando eu tinha 20 anos. Mas é daquelas fotos que gosto tanto que não tenho explicação. Era uma miúda na altura. Rebelde, curiosa, inquieta. Pouco ou nada mudou de lá para cá. Continuo assim: rebelde no pensar, curiosa porque quero sempre saber e conhecer mais, inquieta para alcançar mais e melhor.

A única diferença? Na foto tinha 20 anos, hoje acordei com 48. Ou é isso que diz o Cartão de Cidadão porque, na verdade, são 27 anos com 21 de experiência. É assim que eu sinto e o que eu sinto é o que para mim faz sentido.

Por isso, parabéns para mim e bom dia de Sol e Primavera instalada para todos.

Mas, por favor, alguém que me explique só uma coisa: com’assim 48?!

{#084.282.2025}

Das coisas que insisto em esquecer-me: descansar! Que é o mesmo que dizer que me ando a esquecer do mais importante: EU!

Se, em situações ditas normais, é preciso reconhecer os limites do nosso corpo, no meu novo normal não só é URGENTE reconhecer esses limites como é OBRIGATÓRIO respeitá-los e não tentar ultrapassá-los com aquela célebre frase “é só mais um bocadinho, não faz mal nenhum porque eu ainda aguento…”. Não! Eu posso achar que ainda aguento porque antes disto até aguentava, mas no meu novo normal quem não aguenta “só mais um bocadinho” é o meu corpo.

Amanhã o dia vai ser longo e ocupado, com pouco tempo para descansar: fisioterapia, reunião com a Segurança Social, voltar para casa a correr para almoçar e TENTAR descansar um pouco antes de ir para o Yoga, jantar. Seria, portanto, importante esta tarde dedicar-me ao sofá e à tarefa mais difícil de todas: não fazer nada! Parece simples. Mas não é. Especialmente quando a cabeça está a mil. Quando estou completamente overwhelmed e sem conseguir parar para desligar e fazer uma espécie de reset. O grande problema é que o corpo já não acompanha a cabeça, mas, e antes que seja tarde!, a cabeça, que também precisa de se reorganizar e acalmar, vai ter que abrandar um pouco para dar oportunidade ao corpo para descansar e tentar recuperar a energia que se perde algures e que, aprendo todos os dias, agora se esgota a um ritmo alucinante e que não achava ser possível…mas é.

Por isso, e antes de ultrapassar o meu próprio limite imposto pelo novo normal do meu corpo, vou só ali um bocadinho…

{#083.283.2025}

O V E R W H E L M E D – aquela palavra em inglês que descreve na perfeição como os últimos dias me têm feito sentir. Mas especialmente hoje.
Já lá vai o tempo em que era capaz de processar tanta informação no mesmo dia. Como quando estava a trabalhar, antes da baixa, no atendimento telefónico ao cliente numa companhia de seguros. Demasiadas chamadas atendidas nas 8 horas de trabalho diárias, demasiada informação e conhecimento para processar, traduzir e transmitir ao cliente. E mesmo nos dias mais complicados, quando o número de chamada atendidas superava as 80, quando os processos eram difíceis, quando era preciso traduzir de segurês para português de forma a que a informação fosse passada ao cliente da maneira mais correcta e de fácil compreensão possível, quando mal tinha tempo para respirar entre chamadas, mesmo nesses dias que se repetiram durante alguns anos eu conseguia processar toda a informação de forma tranquila e, assim que o relógio marcava as 19h, desligava o computador e dava o merecido descanso ao meu processador interno sem dificuldade.
Hoje? Não fui bombardeada com nem 1 décimo da informação de um dia de trabalho dito normal. Mas dei por mim assim: OVERWHELMED

…e não, ainda não fui dormir apesar de pouco faltar para a 1h da manhã e eu estar e x a u s t a e a insistir em esquecer-me de que o meu corpo já não tem a resistência de outros tempos não tão longínquos…

O V E R W H E L M E D

Assim. Tal e qual.

{#082.284.2025}

Ataques de pânico. Depois de 10 anos de ausência, eis que voltaram para me infernizar. 3 noites, 2 ataques de pânico. Mas eu, que há pelo menos 30 anos os conheço de ginjeira, não lhes vou dar espaço para se instalarem comodamente nos meus dias. Ou nas minhas noites, que é onde parecem sentir-se mais à vontade para chatear.

Esta tarde prometi a mim mesma voltar a atravessar o Parque até ao Paredão para ver o Mar e regressar pelo mesmo caminho. Demore o tempo que demorar a fazer o caminho. É só o tempo lá fora melhorar e estou de volta ao parque.

Esta noite prometo a mim mesma fechar a porta aos ataques de pânico, de quem não tinha saudades nenhumas e muito menos sentia qualquer falta.

Eu faço questão de cumprir as promessas todas que faço seja a quem for. E estas duas que prometi a mim mesma não vão ser excepção. Vão custar? Curiosamente, a segunda será a mais difícil de cumprir. Mas vou conseguir. Porque ataques de pânico em barda, para mim, é tão anos 90

{#081.285.2025}

Sábado e a ressaca pós ataque de pânico.

Foi há mais de 10 anos que tive o último ataque de pânico. Ataques de pânico que conheço de ginjeira desde os idos de 1994. Que tanto interferiram na minha vida. Mas mas que eu nunca permiti que me condicionassem. Pelos menos não totalmente. Trabalhar na Expo98, ir só para Bruxelas, teatro, mudança de escola e, mesmo bombardeada de ataques de pânico a qualquer momento e várias vezes por dia e ainda sem qualquer medicação, conseguir (ao meu ritmo) fazer o 12• ano, tirar a carta de condução, começar a trabalhar, tudo isto sempre sob a alçada dos ataques de pânico que raramente se fazem anunciar.

Nunca permiti que a ansiedade e os ataques de pânico tomassem conta da minha vida. Não foi isso que aconteceu, embora em alguns momentos tivesse achado que sim. Mas não aconteceu.

E chegou o momento em que dominei a ansiedade e eliminei quase por completo este meu entrave. Foram mais de 10 anos tranquila, serena.

Senti-me outra. Vi-me outra. E, também, despertei a tempo de ver eventos que me poderiam ajudar. Até ontem…

Ontem, no auge do pânico, ele surgiu como um cavaleiro andante para salvar uma donzela em stress. E bastou a presença dele, de facto presente mesmo à distância de um clique para, aos poucos e lentamente e de mão dada comigo recuperar.

Mas a ressaca…? É essa que me está a condicionar. Bastante. Por isso…vou dormir. Que é o que mais estou a precisar…

{#080.286.2025}

Até há nem tanto tempo assim fazia questão de todos os dias, sem excepção, sair de casa ao final do dia para apanhar ar, sentir-me um bocadinho mais livre e menos presa do que me sinto em casa, ficar um pouco na esplanada do costume para ter o meu tempo comigo mesma. Essas saídas diárias serviam também para, de alguma forma, me obrigar a reagir e a interagir com o Mundo lá fora. Mas, e já não sei desde quando, de um dia para o outro simplesmente deixei esse hábito de parte. É possível que a minha crescente dificuldade em ir (e voltar) sozinha tenha tido influência.

As minhas idas sozinha ao café são sentidas como uma luta para manter a minha independência, assim como o ir sozinha para o Yoga e para a fisioterapia. Admito que o risco de queda existe acompanhado por algum receio. Mas, na realidade, o meu maior receio é perder essa autonomia. Mas, e não sei de facto porquê, as saídas ao final do dia deixaram de acontecer.

Sinto falta desses momentos. Os tais momentos sozinha comigo mesma. Tenho que os retomar em breve. Para bem, também da minha saúde mental…

{#079.287.2025}

Uma pessoa adormece tarde porque o Martinho andava furioso à solta e não se podia com o barulho e acaba por acordar, sabe-se lá porquê, às 6h30 da manhã e já não volta a dormir. São 15h e a vontade é ir dormir. Só que não pode ser…

De manhã esteve um Sol fabuloso. Claro que agora que vou sair para ir ao Centro de Saúde tinha que começar a chover. A potes!

Resultado da noite? Palmeiras decapitadas, árvores gigantes arrancadas pela raiz, cartazes de agentes imobiliários que desapareceram para outra freguesia e até muros no chão. Foi uma noite animada.

Agora vou só ali nadar até Almada. E depois logo se vê…

——-

E depois há aquele infeliz momento em que, encaminhada ontem pela Saúde24, venho ao Centro de Saúde para ser observada por causa dos efeitos indesejados da vacina só para descobrir que o Centro de Saúde não está a funcionar porque uma parte da cobertura voou ontem à noite com a tempestade… A Protecção Civil anda de um lado para o outro para avaliar os danos e a possibilidade de reabrirem amanhã. E eu tinha consulta marcada para hoje para renovar o raio da baixa, mas claro que não há nem médicos nem administrativos ao serviço.

Portanto, vim passear a Almada para apanhar uma molha que dispensava, um frio que se entranha nos ossos e não se aguenta as dores, só para estar agora a caminho de casa…e se já estava com humor de cão antes de sair de casa, não imaginam agora!

Martinho, não podias ter ido soprar forte e feio para outro lado qualquer? Tipo alto Mar ou assim para não chateares ninguém…?

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E, à noite, novamente a somatização que não sei explicar mas que é sentida de forma intensa e que, para além de incomodar demasiado, faz disparar os meus níveis de ansiedade. E desta vez ao ponto de ter que me deixar ficar quieta e sossegada no cadeirão à espera de conseguir controlar aquilo que há muito tempo não deixo que se descontrole: o medo.

Agora, que é aquela hora em que a noite já roça a madrugada, ainda o meu corpo não cedeu à cama. Mas o medo está controlado, a ansiedade também, por isso é hora de dar o dia por terminado e aninhar e enroscar para descansar o corpo e acalmar a mente. Amanhã? Logo se vê…

{#078.288.2025}

A queimar os últimos cartuchos da versão 4.7 e, confesso, tantas vezes a pensar se chegarei a fazer o upgrade para a versão 4.8 já no próximo dia 26… Isto, claro, é a hipocondríaca que há em mim armada em piegas e mariquinhas só por estar a passar por uma reacção à vacina de ontem. Shingrix, eu sei que sim!, as dores musculares até são expectáveis assim como as dores de cabeça, mas, e quem o disse foi a enfermeira da Saúde24 dedicada aos efeitos indesejados!, não tendo havido reacção na primeira dose há 2 meses não seria de esperar haver reacção agora, e muito menos com a intensidade que tenho sentido. E claro que ser encaminhada para observação amanhã no Centro de Saúde é o suficiente para me fazer pensar em tanta coisa, muita dela disparatada, e disparar os meus estúpidos níveis de ansiedade. Mas não!, não é desta que me fico pelo caminho. As dores são horríveis? São. Não passam com Ben-u-Ron? Pois não, não passam. Mas também não vão durar para sempre.

E dou por mim a pensar:

  • vacinas Covid
  • vacinas da gripe
  • antibiótico poderoso durante 9 meses em jejum
  • infusão de Ocrevus durante 6 horas directamente na veia
  • primeira dose da vacina do Herpes Zolster em Janeiro.

tudo isto e ZERO reacções, até que a segunda dose da vacina me atira ao tapete…

E claro que a minha hipocondria tinha que se fazer presente e a pôr-me a questionar se temos ou não data de validade previamente estabelecida. É que, a uma semana do dia 26 e prestes a fazer o upgrade para a versão 4.8, não me apetece nada morrer na praia. Também é verdade que a praia está já ali ao fundo da rua, mas não me apetece…

Apetece-me, sim!, fazer o upgrade para a versão 4.8, comemorar o facto de completar mais uma volta ao Sol independentemente de diagnósticos, dificuldades e limitações! Não quero saber de nada disso! Estou cá! E com vontade de completar muitas voltas ao Sol!

Este ano não vou juntar os amigos, estarei em período de auto-isolamento pré tratamento. Mas gostava, muito!, de ver a caixa de correio deprimida um pouco mais animada, confesso. Já ando a ressacar de postais e pelo meu aniversário nunca recebi nenhum. Será que é este ano…?

{#077.289.2025}

Deve ser a isto que chamam de “céu em degradé”…

À hora de almoço foi assim que fui recebida no caminho de casa. Quando saí do autocarro, a mancha cinzenta escura deixava o Mar, já ali ao fundo da rua, e dirigia-se para Almada, exactamente na direcção oposta. Antes de ir para casa, a paragem obrigatória na esplanada do costume para um café e, no caminho de casa, a breve descarga da nuvem cinzenta escura. Nuvem essa que se deslocou a uma velocidade impressionante para Almada.

Depois da passagem da nuvem cinzenta escura o céu limpou quase totalmente. Não voltou a haver sinais de chuva. E, antes do mergulho na linha do horizonte, o Sol ainda encontrou o caminho até à minha janela. Já começou aquela altura do ano em que finalmente o Sol entra pela minha janela. E hoje entrou também pelos meus olhos enquanto lhe sentia o calor no meu rosto.

E são estes pequenos momentos e pequenos pormenores que fazem o resto da tarde valer a pena. Assim como outros pequenos momentos e pequenos pormenores que se podem traduzir em sentir intensa e profundamente e que não têm lugar aqui para todos, à vista de todos.

Não serão momentos de céu degradé e de nuvens cinzentas escuras e fugidias, nem tampouco de dança do Sol antes do mergulho na linha do horizonte onde o céu se funde com o Mar. Não. São momentos e pormenores que não me atrevo a chamar de pequenos porque são imensos, intensos, sem tamanho. Gigantes. Nossos. Só nossos. Meus e dele. E são esses momentos e esses pormenores gigantes sem tamanho que fazem tudo o resto valer tão a pena. Porque é-me suficiente sabê-lo ali. Para mim. Por mim. Para nós. Por nós.

Hoje foi só um breve momento de céu degradé de uma nuvem fugidia. Amanhã? Martinho promete não ter pressa de ir embora e traz com ele uma coberta negra enorme que vem para se desfazer por aqui. Mas não me importo. Porque, e devo agradecer ao temperamento forte e intenso de Martinho, não vai haver pressa de horários a cumprir e o tempo que estiver disponível nas nossas mãos será para ser vivido e sentido intensamente a dois. Só eu e ele. Como aquele momento em que o céu se funde com o Mar…

{#076.290.2025}

Há silêncios que me doem…

…a começar pelos meus…

Um dia. Um dia o meu silêncio deixa-me. Até lá, refugio-me. Escondo-me. Protejo-me… Do quê? Não sei…mas protejo-me.

{#075.291.2025}

Tanta coisa na minha cabeça…

…e nada para dizer…

Um dia volto. Volto a ter o que dizer. Mas não hoje…

{#073.293.2025}

27 de Janeiro. Já foi há tanto tempo. Um mês e meio. A encomenda que chegou nesse dia ainda está dentro da caixa, a caixa ainda está em cima da cadeira da sala. Ainda por abrir…

Por cima da caixa da encomenda que chegou a 27 de Janeiro vão sendo empilhadas outras caixas e até embrulhos de livros. Coisas que fui comprando aqui e ali ao longo deste mês e meio. E, sim, são tudo coisas que eu realmente preciso. Mas que, por qualquer motivo, ainda não consegui enfrentar. E sim, enfrentar é o verbo correcto. Porque todas essas coisas que eu fui comprando aqui e ali ao longo deste mês e meio, assim como o que está na caixa que chegou dia 27 de Janeiro, são coisas que preciso. Sejam elas para me organizar, sejam elas para a minha manutenção/recuperação física fora da clínica de Fisioterapia. Mas são, também, coisas que tornam o meu novo normal numa realidade que não é bem-vinda, não é aceite. Daí a minha dificuldade em abrir as caixas, retirar o conteúdo de cada uma e começar a usar o que eu não duvido que me vai ajudar…

Não, ainda não vai ser hoje que vou enfrentar essas coisas que me recordam o meu novo normal que, em casa, continuo a fazer de conta que ainda é aquele que já ficou lá atrás…

Não, não é fácil. Mas vai ter que acontecer. Um dia. Só não sei quando…

{#072.294.2025}

Quinta feira. E o corpo a pedir descanso sem que eu lho dê…

Facto: tenho que entrar na linha. Rapidamente. Não posso continuar a deitar-me tarde para acordar cedo e sair de casa logo a seguir para me meter na fisioterapia que é o meu novo ginásio. É onde, de alguma forma, trabalho o corpo. Mas, ao contrário do que acontece nos ditos ginásios normais, ali não trabalho o corpo para esculpir o corpo ou queimar calorias. Ali trabalho o corpo parar que o meu corpo não perca a capacidade de caminhar. E cada vez mais vejo que o meu grande objectivo é evitar a todo o custo aquele acessório que abomino e com o qual não me identifico porque não me reconheço…

E hoje fiz um acordo com o Fisioterapeuta: trabalhar à séria as pernas. E a marcha. E o equilíbrio. Porque eu quero manter algum controle sobre o meu próprio corpo que me leva do ponto A ao ponto B sempre que a minha cabeça assim o ordena. E não posso, nem quero!, deixar de me deslocar simplesmente porque a comunicação entre o meu cérebro e as minhas pernas está corrompida.

Quero poder NÃO IR ao Parque PORQUE EU NÃO QUERO e NÃO PORQUE EU NÃO POSSO! E para conseguir isso sei que vou ter que trabalhar muito. Vai ser duro? Vai! Vai ser pesado? Claro que sim. Mas não pode ser de outra forma. É verdade que não podemos controlar o que a vida nos reserva até sermos presenteados com alguma coisa. Seja boa ou não. Mas podemos, depois de presenteados, trabalhar para controlar o que nos chegou e a forma como lidamos com isso. E eu decidi que não será isto que me apanhou na curva que vai tomar conta da minha vida. Vou ser eu. Com o trabalho do Fisioterapeuta Zé aliado às orientações do professor Pedro com o que o Yoga pode fazer por mim. Agora é preciso que eu meta na cabeça de uma vez por todas que agora, mais do que nunca, preciso de me auto-disciplinar para entrar nos eixos.

O trabalho físico está encaminhado. O trabalho mental também. O trabalho cognitivo é urgente. E aqui tenho que me orientar sozinha. Tenho muitas ideias do que posso fazer para exercitar o cérebro. Mas sei que se tiver quem me oriente e/ou acompanhe será mais fácil para me pôr a mexer. Porque disciplina nunca foi o meu forte…

Agora é preciso é descansar por hoje. Já mais tarde do que gostaria. Ainda não é hoje que vou para a cama cedo. Sendo que passa das 23h só poderá ser cedo aí algures num qualquer fuso horário que não este.

Amanhã é sexta feira. E mais uma consulta para a caderneta. Depois, quando chegar a casa, vai ser almoçar, beber café e obrigar-me a recolher ao sofá! Porque sábado é dia de acordar cedo para ir para o Yoga e o meu corpo tem que estar minimamente recuperado. Mas, por agora, chega. Estou demasiado cansada. Um pouco perdida também. Mas irei reencontrar o Norte rapidamente. Ou assim o espero…

{#071.295.2025}

Dia tão comprido… Fisioterapia de manhã, como sempre. Uma visita ao Hospital para a habitual análise de avaliação da função hepática. Voltar para casa…

Chegar a casa às 14h30 depois de ter saído às 8h. E só de manhã as minhas pernas deram tudo o que podiam dar. Ao ponto de quase terem desistido assim que chegaram a casa. Dar um simples passo? Há já algum tempo que consegue ser tarefa quase impossível. Eu dou-lhes ordem para avançar e elas parecem não me ouvir. Cruzar a perna esquerda por cima da direita quando estou sentada é possível? Ser possível é, mas hoje foi particularmente difícil.

Com Yoga ao fim da tarde, era imperativo descansar no sofá por um bocado. Não aconteceu durante tanto tempo como gostaria, pouco mais de meia hora foi pouco, muito pouco. Mas foi o suficiente para sair de casa com um pouco mais de agilidade nas pernas. Ao contrário dos últimos dias em que tinha blocos de cimento no lugar das pernas, hoje estavam notoriamente mais flexíveis. Mas ainda assim tinha receio da aula de Yoga…

Não há dúvida que as aulas de Yoga são o melhor momento das minhas semanas. E hoje não foi excepção. Subir aquelas escadas sem corrimão é sempre um desafio. Que supero sempre que há aula. Mas não nego que tenho medo, muito medo, da chegada ao primeiro andar…Aquela porta estreita que fica toda chegada à esquerda e onde não há onde me agarrar é a parte mais difícil. Requer um esforço que não tenho como descrever. E, sei-o bem, é um risco grande para mim. Mas não é isso que me vai fazer deixar de ir às aulas.

E depois há as palavras do professor Pedro em resposta ao feedback que lhe enviei a pedido dele que me fazem continuar a progredir e me ajudam a acreditar um pouco mais em mim mesma. “Tens sido uma pessoa que me faz acreditar que, quando queremos viver, vale sempre fazer um esforço para continuar de cara alegre.” E nem sempre a cara alegre é fácil de alcançar. Mas no Yoga, com o Yoga, tenho conseguido muito mais do que alguma vez pensei alcançar. A nível físico, claro, mas acima de tudo a nível mental. E sei que é ali, com alguém que acredita em mim mais do que eu mesma, que vou conseguir alcançar a melhor versão de mim mesma, com ou sem dificuldades. Mas, como escrevi ao professor Pedro, hoje posso não conseguir alcançar uma postura. Mas sei que amanhã vou conseguir. E é assim também na vida lá fora: é não desistir e descobrir o meu ritmo para alcançar.

Agora, a esta hora, 23h50, é urgente descansar e dormir. Amanhã a clínica de Fisioterapia espera-me logo cedo. E o meu corpo está a cobrar-me o dia tão comprido de hoje…