Monthly Archives: January 2018

{#31.335}

“Ar a mais?”

Sim, às vezes é uma questão de ar a mais. E eu rio-me porque acho efectivamente piada a pequenas coisas como esta. Mas rio-me aquele risinho não só de quem achou piada mas também de quem percebeu o tipo de humor e identifica-se com ele. E solto um daqueles risinhos quase infantis e ao canto da boca porque, afinal, foi um ar que me deu.

E depois desconstruo e volto a desconstruir e afinal se calhar há filmes que não passam disso mesmo, filmes, ficção. E há outros pormenores que ainda não são claros mas que para mim fazem cada vez mais sentido.

Mas é tudo uma questão de ar. E se, um dia, o ar me faltar novamente que seja não pelos filmes que faço na minha cabeça mas sim porque é a corrente de ar certa.

É tudo uma questão de ar. A mais. E a forma como me rio. Do ar a mais.

{#30.336}

Partilhar momentos. Não peço muito, na verdade. Apenas poder partilhar momentos.

{#29.337}

Ainda a tentar perceber se ontem vi ou não vi o que me convenci a mim mesma que vi.

E se não tiver visto, apenas tiver achado que vi porque os olhos também enganam e os meus já tiveram melhores dias?

E se, por outro lado, tiver mesmo visto o que acho que vi sem ter já certeza de nada?

Um gesto. Um simples gesto. De cumplicidade, de união, de uma história… Vi ou imaginei?

A dúvida vai ficar por cá algum tempo. Talvez um dia se dissipe ou talvez se esclareça. Mas não vou perguntar. A menos que me seja aberta a porta directamente para o fazer. E mesmo assim…mesmo assim prefiro manter comigo o pior cenário.

Dói menos. Mesmo que a dúvida se instale e corroa.

{#28.338}

Borderline é sentir tudo ao extremo. É criar filmes na minha cabeça e ter que lidar com eles, sejam mais ou menos próximos da realidade. É ter que senti-los ao extremo sem saber o que fazer com todo o turbilhão que se sente. É a ansiedade ao extremo que fica durante horas a moer até que chega aquele momento em que todo o corpo treme porque já não aguenta deixar as dúvidas todas cá dentro.

Borderline também é isto. E desejar ser uma pessoa normal com reacções normais em situações normais que acontecem de mal entendidos ou subentendidos ou nada entendidos ou simplesmente entendidos porque o que se vê está ali. Ou se calhar não se viu, imaginou-se. E do que se imaginou aceitar à partida o pior cenário.

Porque o pior cenário é mais fácil de aceitar à partida porque, se estiver certa, não vai custar tanto e se estiver errada tanto melhor.

Podia não ser Borderline. Não, na realidade não podia. Mas todos os dias tento aprender a lidar com isto de sentir tudo demasiado, para o bom e para o mau. Tento aprender a ser um bocadinho menos Borderline a cada nova situação que surge. Como hoje.

Mas não consigo. Porque quando sinto, sinto muito. Tudo. E hoje gostava de não ter começado a sentir assim.

{#27.339}

Faço hoje o que não conseguia fazer há 6 meses: estar sozinha em casa. Passar várias noites sozinha em casa…

E cada vez mais me parece que não sei estar sozinha comigo mesma… Se por um lado é bom esta espécie de autonomia, por outro lado confirma-me que ainda tenho um longo caminho a percorrer para uma autonomia plena.

Mas devagar… Devagar, um dia atrás do outro atrás do um. Há 6 meses era impensável estar assim, sozinha. Quem sabe como será daqui a mais 6 meses?

{#26.340}

A Depressão disfarça-se de muitas formas. E quando tudo parece estar melhor, e está, ela veste um dos seus muitos disfarces e faz-se presente.

A viagem no carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas está muito mais suave, mas nem por isso terminou. E fechar-me na concha é só um dos muitos disfarces que lhe tenho visto nos últimos tempos.

{#24.342}

Parar uns segundos para aproveitar as coisas bonitas. Como o nevoeiro ao longe ao nascer do dia.

{#23.343}

Entendes o conceito de Esperança quando, em pleno mês de Janeiro, algo te faz voltar para trás para perceberes que encontraste a primeira papoila do ano. Fora de tempo, mas a lembrar que sim, tudo melhora.

São estas pequeninas coisas que me fazem parar na correria da manhã a caminho dos transportes e voltar para trás apenas para guardar o registo.

São estas pequeninas coisas que contam como grandes. E me fazem ganhar o dia. Mesmo que o dia ainda estivesse tão no início, mesmo que passasse pouco tempo das 7 horas da manhã. Tudo o que bom veio depois foi apenas lucro.

{#20.346}

“- Maria, porque é que pintas os lábios?
– Para ficar mais bonita.
– Então porque é que não ficas?”

{#18.348}

Estou cansada do frio. Mas sei que, se sobrevivi aos Invernos anteriores, este será mais fácil.

Falta muito para o regresso das andorinhas?

{#17.349}

Role-playing. Ou “fazer de conta”.

Mas desta vez um fazer de conta positivo, que pode vir a ser útil. Nunca fui boa a fazer de conta, nem consigo sê-lo quando é a feijões.

Mas abriu caminho para tentar perceber se o caminho está aberto e se o terreno é fértil. Com a vantagem de saber que, se o caminho não for para mim ou o terreno for pouco fértil, tenho sempre a quem recorrer.

E só por isso o risco é menor, mesmo que o receio, esse, seja imenso. Como é sempre.

{#16.350}

Ganho o dia várias vezes ao dia e de formas diferentes. Muitas vezes basta-me aquele “bom dia” mesmo que por vezes só chegue de tarde. Faz-me soltar um sorriso e dá-me a certeza que tenho o dia ganho.

Outras vezes, como hoje, acontece vir esse “bom dia” de manhã, soltar-se o sorriso e, quando achava que o dia estava ganho, uma pergunta, “eras tu ali?”, de quem passa de carro e se deu ao trabalho de perguntar para confirmar. E o sorriso novamente porque aquele topo daquela colina onde passa tanta gente pode ser bastante solitário e uma simples pergunta me recorda que não estou sozinha.

Sim, era eu ali. Onde passa tanta gente e é tão raro ver um rosto conhecido, era eu ali.

E o dia, esse, hoje ganhei-o pelo menos duas vezes.

{#12.354}

O céu não é cor de rosa. Por muito que eu ache que sim, tenho que acreditar quando os outros me dizem que, afinal, o céu é azul.

Como eu. Não sou o que acho mas sim o que os outros me dizem.

Imagem distorcida que é preciso desconstruir.