Ontem foi de fazer filmes na minha cabeça e, claro, viajar na maionese. Tive, confesso, algum receio do resultado dessa viagem e dos meus filmes. Mas, desta vez, acabei por ser surpreendida pela positiva.
Não esperava receber menos do que aquilo que ele já me habituou: uma resposta franca e honesta. Mas, desta vez, o que não esperava mesmo era receber essa mesma resposta por áudio. Quando recebi as notificações de duas mensagens de voz, tremi, confesso. Gelei. Paralisei por breves instantes. Mas estava na hora de sair de casa para apanhar o autocarro, ouvir as mensagens teria que esperar. Mas o caminho até à paragem do autocarro foi feito a tentar não pensar para evitar fazer mais filmes na minha cabeça. Mas estava muito complicado, porque não me saíam da cabeça as poucas palavras que tinha lido da notificação que chegara antes dos áudios. E repetia-se aquele “mea culpa” da mensagem dele na minha cabeça.
Finalmente o autocarro chegou. Entrei. Sentei-me. Os phones já estavam postos. Abri as mensagens. E lá estava aquele “mea culpa” na mensagem de texto. Ainda demorei a ter coragem para ouvir as mensagens de voz. Respirei fundo. Carreguei no play. Do outro lado aquela voz que eu adoro, que me aconchega sempre que a oiço, a voz dele. Calmo. Tranquilo. Seguro de si. E, como sempre, uma voz franca e honesta.
Contou-me o que havia para contar, sempre numa voz calma, tranquila. Nada daquilo que eu receava porque experiências passadas, noutro tempo, noutra vida, outros interlocutores me deixaram de pé (muito) atrás e com medo de um furacão de palavras intensas e pouco simpáticas. Mas com ele ouvi exactamente o oposto. Calma, serenidade, tranquilidade, paz, segurança e…amor.
Tudo esclarecido. Fiquei, claro, estupefacta com o que ouvi, o tal murro no estômago que, ontem, ele me disse ter levado. E dei-lhe razão para se sentir como sentiu. Se tivesse sido comigo também eu teria levado um murro no estômago.
Capítulo encerrado. Viagem na maionese terminada e sem consequências negativas. Mas ainda havia mais uma mensagem de voz para ouvir, esta com uma duração muito mais curta do que a anterior. Carreguei no play e…aquela voz tranquila, calma, serena, trazia agora com ela um sorriso. Sim, é possível ouvir o sorriso na voz. E nesta mensagem estava bastante evidente, bastante presente. E, para terminar a curta mensagem relativa ao dia de hoje, uma pergunta que eu não estava à espera mas que me colocou um imenso sorriso no rosto e que me aconchegou como só ele sabe fazer: “will you be my Valentine?” e o sorriso doce dele lá estava na pergunta. A minha resposta só podia ser uma: sim! Claro que sim!
No final do dia, a continuação da troca de mensagens. Até que, não sei de onde me saiu a questão, decidi que era altura de assumir o verbo! E o verbo foi assumido porque, como ele mesmo disse, e bem!, não temos feito outra coisa que não isso mesmo: namorar.
Verbo namorar assumido. Nem podia ser de outra forma porque tem sido assim há 620 dias, ou seja, desde o primeiro dia. 620 dias que, diz ele, podia até ter sido só um. Já teria sido maravilhoso. E eu não podia estar mais de acordo.
Sim, foi um dia de crescimento a dois, de reforço da segurança que damos um ao outro, de partilha de tanto, tanto amor que temos, eu e ele, nós.
Amanhã? Não será muito diferente no que diz respeito a nós. Estamos em sintonia que é para manter durante muito tempo. Por isso, hoje como há 620 dias acontece, durmo aconchegada e de sorriso no rosto.
