Monthly Archives: January 2025

{#031.335.2025}

Sexta feira com um sabor esquisito. Tudo porque não me lembro, de maneira nenhuma!, do que fiz de manhã, a que horas acordei, quando é que tomei o pequeno almoço… Sei que o almoço foi a horas normais… Sei? Na verdade nem isso sei. Para saber preciso de fazer batota e ir ver a que horas tirei a foto…mas não sei se quero ir por aí. Queria, muito!, simplesmente saber. Lembrar-me. Nem sei o que vi na televisão enquanto almoçava… Agora que penso nisso, e depois de um ligeiro esforço, até tenho uma vaga ideia. Mas tenho saudades de quando esse saber era mais espontâneo, mais imediato…e está cada vez pior.

E os dias continuam sempre iguais. E todas aquelas ideias que me ocupam espaço na minha mente continuam sem passar para o papel porque não sei sequer por onde começar. Ou, pior ainda, como começar. Especialmente quando sei que as ideias são muitas e eu não consigo lembrar-me de uma só que seja…

Mas, de há uns dias para cá, há uma coisa que ressoa na minha cabeça: a vontade de ser mais, de ser melhor, de fazer a diferença. É uma ideia ou são três? Não sei… E ser mais, ser melhor, fazer a diferença…em quê? Também não sei!

O que sei neste momento é que está mais do que na hora de ir para a cama. É uma forma de fugir a uma eventual exploração deste tema? É possível que seja, sim. Mas a verdade é que amanhã, mesmo sendo sábado, é dia de acordar muito cedo e sair de casa muito cedo para não perder o único autocarro que me leva até ao Yoga. Yoga que mudou de horário aos sábados. Em vez de ser às 10h, passa para as 9h. E eu gosto dessa ideia de fazer Yoga logo de manhã cedo. Mas, para isso, é preciso desligar por hoje, descansar e dormir. E ainda me falta fazer tanta coisa antes de dormir…

Quero muito desenvolver e explorar as ideias que deixei aqui hoje. Mas preciso de fazê-lo com tempo e com calma. E, de preferência, com alguém que converse comigo, me oiça e me ajude a desenvolver e explorar o tema. Mas, já sei, não vai acontecer…

Enfim…foi só mais um dia igual a tantos outros, sem História ou histórias, mas com o processador que é o meu cérebro, e que tem bug já confirmado pelo neurologista, com toneladas de informação que não está a conseguir processar.

Por hoje chega. Amanhã? Logo se vê como será…

{#030.336.2025}

Ontem, numa Teleconsulta onde de facto me ouvem e se lembram do que foi falado anteriormente, disseram-me sobre os meus dias: “são sempre iguais, não são?”. E, de facto, contando com (já) 17 meses de baixa médica que se traduzem em muito perto de 400 dias (agora não me apetece ir fazer contas para saber o número certo, mas não falho por muito), os meus dias não têm sido muito diferentes uns dos outros. Já passei aquela fase em que todas as semanas tinha que ir ao Hospital para testes, exames, análises, consultas, fisioterapia, tratamento preventivo. Nessa altura havia sempre algo de diferente a acontecer, mesmo que o denominador comum fossem as idas ao Hospital. Depois de concluído o diagnóstico, mantêm-se uma ou outra consulta de vez em quando, estando a menos de um mês de concluir o tratamento preventivo vão terminar também as análises mensais seguidas de consulta médica para divulgação e avaliação dos resultados e consequente consulta de enfermagem para receber a medicação e a Fisioterapia, que veio sem data de término porque vai ser necessária para sempre, mudou do Hospital para clínica no centro de Almada. E com essa acalmia chegaram os dias todos iguais. Sem grandes rotinas. Sem grandes diferenças. Sem nada, no fundo…

As únicas coisas que se mantêm são as aulas de Yoga às quintas feiras ao final da tarde e aos sábados, agora logo no início da manhã. E foi a melhor coisa que podia ter feito, inscrever-me no Yoga em Maio de 2023, ainda longe de saber o que tenho e ainda sem qualquer suspeita sequer. E sempre que recordo as palavras do neurologista em Outubro passado, “nem pense em desistir do Yoga!”, digo sempre que desistir do Yoga não faz parte dos meus planos. Mesmo! E, lá está, desde Maio de 2023 que tenho sempre alguma coisa (boa) a acontecer.

Depois existe também a Fisioterapia na clínica no centro de Almada. Em ciclos de 15 tratamentos diários que se resumem em 3 semanas de trabalho de equilíbrio e reforço muscular. Onde tenho conhecido pessoas novas, é verdade. E que, até há bem pouco tempo, entre ciclos existia um período de espera demasiado grande e onde chegava a regredir por falta de tratamento. Felizmente já perceberam que situações neurológicas, como é o meu caso, não podem ficar tanto tempo sem tratamento e passámos a ser prioritários para início de novo ciclo. O que significa que se o último dia de um ciclo for a uma quinta feira, por exemplo, desde que a prescrição médica já tenha dado entrada na clínica posso iniciar o novo ciclo logo na sexta feira seguinte. Posso também não avançar logo para o novo ciclo e, como disse o Fisiatra da clínica, tirar umas férias para descansar e recuperar o corpo antes de regressar ao trabalho. Desta vez senti necessidade de tirar essas tais férias. Adiei o início por uma semana. Tempo suficiente para descansar e recuperar. Terça feira, dia 4 de Fevereiro, regresso. E, desta vez, novamente sozinha.

E, de repente, páro para pensar e perceber que, mesmo com os dias de Yoga e os ciclos de Fisioterapia, sim, os meus dias são sempre iguais.

E continuo cheia de vontade de fazer tanta coisa e sem me conseguir organizar. Especialmente por sentir que, sim!, tenho vontade de fazer tanta coisa mas sem conseguir apontar uma única coisa que seja…

Por isso, sim!, os meus dias são sempre iguais. E, mesmo não fazendo nada para além da Fisioterapia e do Yoga, as 24 horas do dia não me chegam. Para quê? Na realidade, para nada mesmo…e dou por mim a querer mais, mesmo não sabendo do quê em concreto. Mas quero mais! Provavelmente mais de mim mesma, mas ainda estou a tentar perceber como funciona para alcançar, para ter, para ser mais de mim mesma. E não sei. Assim como também não sei a quem perguntar…

Amanhã será mais um dia igual aos outros. Acordar à hora que for, almoçar sabe-se lá a que horas e depois…depois logo se vê…

{#029.337.2025}

Ainda não percebi ao certo qual das duas é a melhor a jogar ao jogo do Faz de Conta, se ela ou se eu.

…mas começo a acreditar que sou eu. Porque faz de conta que está tudo bem? É comigo. Faz de conta que não se passa nada de (muito) errado em mim? É comigo. Faz de conta que consigo fazer tudo normalmente e sem ajuda? É comigo.

…há muitos anos que digo que sou perita no jogo do Faz de Conta. Mas a este nível, that’s a first.

[e ela sempre no meu caminho, a atirar-se de barriga para o ar a, lá está!, fazer de conta que quer festinhas quando o que quer é morder. Ou a parar em frente aos meus pés quando eu tento caminhar em casa sem perder o equilíbrio. Ou, ainda, a enrolar-se nos meus passos numa clara ameaça de me fazer cair. É, já faltou mais para eu cair em casa por causa dela. Mas, para ela, faz de conta que não se passa nada…]

E eu…? Continuo a encolher os ombros, sorrir e acenar. Porque faz de conta que está tudo bem. Só que não está

{#028.338.2025}

Sair de casa relativamente cedo e meio à pressa para conseguir chegar a horas ao analista. Depois das alterações que o meu corpo sofreu no último mês e meio, alterações perfeitamente naturais e, até, já expectáveis mas ainda assim intensas, fazer análises tinha que acontecer.

Análises feitas, pequeno almoço tomado e entre o pequeno almoço e o almoço, das duas uma: ou apaguei completamente a informação da minha memória ou não se passou mesmo nada digno de nota. Já não sei. E, neste momento, já nem me esforço para tentar saber…

Almoço na vila. E, entre o almoçar e o ir apanhar o autocarro de volta para casa, outra memória em branco. Sei que não bebi café na vila, vim bebê-lo à esplanada do costume. Não sei, não me lembro!, a que horas cheguei…sei, sim, que ainda não foi hoje que voltei à esplanada das mesas infinitas para, com tempo e sem pressa, organizar as minhas ideias e passá-las para o papel. Ou, e porque também quero muito fazê-lo, escrever aquela carta prometida há tanto tempo, uma daquelas cartas ridículas, como são todas as cartas deste género, como afirma o poeta. Uma pedida e prometida carta de amor. Amor esse que todos os dias, e desde há tantos dias!, cresce mais um bocadinho. Ele existe, é real, é um facto, é bonito, é especial, é único. É nosso. E, talvez por ser tão único, tão bonito, tão especial, eu tenha algum receio de não estar à altura das palavras que essa carta há tanto tempo pedida, há tanto tempo prometida, merece.

Sei que cheguei a casa demasiado cansada, sei que foram demasiadas horas fora de casa e sei, também, que não cheguei bem. Cabeça muito confusa, cabeça muito cansada, extremamente sensível ao mínimo ruído que me confundia ainda mais. Pela primeira vez em muito tempo, busquei o silêncio… Nem a música, que me acompanha sempre para todo o lado, era algo que conseguisse tolerar… E aquela necessidade, que eu considero básica, de conversar com a minha mãe, claro, não aconteceu. E eu precisava tanto

Há momentos em que tudo isto que me apanhou na curva tem um peso insuportável. E preciso de o partilhar. Em primeiro lugar, com quem me acompanha de perto todos os dias, 24 sobre 24 horas. Que foi tão apanhada desprevenida quanto eu. Só não teve direito a diagnóstico, mas não duvido que seja o que for que me afecte a mim, também a afecta a ela: a minha mãe. E era com ela que eu estava tanto a precisar de conversar, desabafar. E dou por mim, agora, passadas estas horas todas desde que chegámos a casa, sem me lembrar do motivo que me fez precisar tanto dela como precisei hoje. O que é que me estava a incomodar tanto naquele momento em que, mais uma vez, me senti simplesmente posta de parte por quem eu estava a precisar tanto

Acabei por, mais uma vez, depositar nele parte deste peso imenso. Conversámos e, mais uma vez, ele me trouxe de volta à Terra para, através das palavras dele, perceber que se para mim não é fácil também não o será para a minha mãe. Que para ela será demasiado. Que para mim é a minha realidade. Mas, pelo que eu sinto, também é demasiado para mim. E, mais uma vez, ele me confirmou que não estou sozinha. Tenho-o a ele. Longe, à distância de um clique. Mas tenho-o a ele.

E foi aí, foi a conversar com ele que assumi a minha frustração. De não ser melhor. Melhor filha. Melhor irmã. Melhor tia. Melhor amiga. Melhor pessoa. Melhor o que for! O não querer ser um peso para ninguém, muito menos para a minha mãe e para ele. E é isso que sinto que sou, neste momento: um peso, um estorvo, um empecilho, um atraso de vida para todos à minha volta. E não quero ser isso. Não quero! Não posso! Mas é o que sinto estar a ser…

Não, não estou bem. E, mais uma vez o digo: eu preciso de ajuda. Urgente

E, ao final do dia, recebi no email o resultado das análises desta manhã: uma anemia. Grande. Nada que não suspeitasse. Mas porra…a sério?! Não há mais nada?!

{#027.339.2025}

Não era a esta esplanada que eu queria ir, a chamada e conhecida esplanada do costume. Queria, precisava!, a outra das mesas infinitas vazia aos dias de semana ou nos fins de semana cinzentos de Inverno. Porque a esplanada do costume tem sempre barulho, mais do que aquele que consigo suportar, vozes demasiado altas, demasiadas vozes. E, apesar de me sentar sempre na mesa mais afastada de tudo, ali no cantinho, sinto-me demasiado presa com falta de espaço. Na esplanada das mesas infinitas vazia aos dias de semana sinto a liberdade do espaço imenso coberto pelas árvores que ali habitam e o sossego da ausência de vozes alteradas em conversas cruzadas num volume de som desnecessário que me incomoda, que me perturba.

Não era a esta esplanada que eu queria vir hoje, mas a chuva e o vento demasiado forte e que me deixa mais instável e insegura a isso obrigaram.

Não consegui, naquela falta de espaço demasiado ruidosa passar para o papel o que ando há dias a tentar sem sucesso.

Ainda levantei uma encomenda na papelaria, bebi o café (duplo) e voltei para casa. Ainda a sentir-me muito relaxada depois da meditação de ontem e com demasiado sono, não resisti ao sofá e às mantas. E dormi. Rapidamente adormeci. E só muito mais tarde acordei…

A esta hora em que a noite já passou a madrugada a caixa da encomenda continua por abrir. E a vontade de amanhã ir à esplanada das mesas infinitas mantém-se, sem horário definido para ir e sem pressa para voltar.

Eu preciso de espaço aberto. E preciso de sossego e uma mesa de apoio para tudo o que tenho para passar para o papel. E ali, abrigada pelas árvores que ali habitam, estou no sítio certo.

{#026.340.2025}

Final de dia programado para, com ligação directa à Suíça, trinta minutos de meditação guiada com a Charlotte, que há 20 anos (com’assim, 20 anos?!) começou por ser a filha do patrão inglês e que, rapidamente, se tornou uma amiga.

Não nos vemos ao vivo há muito tempo, muitos anos!, mas graças às redes sociais nunca perdemos contacto e de alguma forma vamos sabendo uma da outra. E foi assim que fui acompanhando o percurso dela até agora ser, entre outras coisas, instrutora certificada de futuros professores de Yoga. E já lhe disse: quando vier a Portugal quero marcares uma aula de Yoga com ela! Não para formação, o meu caminho não passa por aí. Mas para um momento de partilha. Partilha de quê? Não tinha pensado nisso até agora…mas penso que, talvez, uma partilha de energias.

Gosto muito da Charlotte e tenho saudades das nossas conversas, do tempo que, em trabalho ou fora dele, passámos juntos. Que, mesmo que de formas distintas, crescemos juntas. Éramos umas miúdas crescidas na altura, 20 anos depois continuamos umas miúdas mas agora mais crescidas. Percursos de vida diametralmente opostos, como desde sempre. Mas, mesmo com uma História tão diferente, encaixámos tão bem desde o primeiro dia.

Já sabia que, esporadicamente, ela fazia directos de meditação guiada pelo Instagram, mas nunca tive muito interesse, curiosidade, o que seja. Provavelmente ainda não tinha chegado o momento certo. Porque tudo acontece quando tem que acontecer, nem antes nem depois. Tudo tem sempre o seu tempo certo para acontecer.

Nas minhas aulas de Yoga temos tido momentos de meditação guiada, especialmente quando temos Yoga Nidra. Que nada mais é do que um relaxamento profundo. E onde, sim!, de vez em quando viajo. Para fora de mim? Talvez. Mas com ou sem viagens, com ou sem temas, e com a Charlotte houve temas específicos, a meditação tem feito muito sentido para mim nos últimos meses. Tenho tentado procurar saber mais. Tenho, ainda que timidamente, procurado informações e ferramentas para incluir a meditação nos meus dias de uma forma mais regular. E, quando vi o anúncio da Charlotte sobre a meditação guiada para hoje ao final da tarde, sabia que este era o momento certo.

Meditação centrada em 3 temas distintos: Reflexão, Resolução e Gratidão. Reflexão sobre o primeiro mês deste ano que está prestes a terminar. Resolução do que queremos para o próximo mês. Gratidão pelas pessoas que temos à nossa volta, aquelas 3 pessoas que mais agradecemos por ter junto a nós, que estão presentes, que nos são verdadeiramente importantes. Foram fáceis de identificar as duas primeiras: obviamente a minha Mãe e logo de seguida ele, que chegou sem aviso com a força de um terramoto com epicentro a 135km de distância e que provocou em mim um Tsunami. A terceira pessoa, Pê de Presença, não podia ficar de fora. Já teve um papel mais proeminente nos meus dias, mas já percebi também que, apesar de tudo, continua a ser um porto de abrigo e uma espécie de farol, com uma luz mais distante, é verdade, mas que mesmo assim continua a guiar-me em segurança.

Meditei sobre os três. A importância de cada um. E agradeci a cada um na meditação. E também lhes disse que gosto muito dos três, cada um com o seu papel, com a sua relevância nos meus dias, com a sua importância.

Ao fim de 30 minutos, o regresso da meditação. E, mesmo não tendo sido um Nidra, voltei num estado de relaxamento muito grande. Voltei muito diferente do estado de agitação, inquietação, frustração e impaciência com que comecei. Num estado de muita calma e tranquilidade. E confirmei: tenho que introduzir a medicação nos meus dias. Hoje foram 30 minutos, guiada para explorar temas muito específicos. Mas já me informei com o professor Pedro que pode ser um processo mais simples. E é por aí que quero ir.

Agora, várias horas depois daquela meditação que me relaxou e tranquilizou e me deixou num estado de leveza que dura até agora, aquela hora em que a noite está prestes a virar madrugada, é hora de sorrir e agradecer outra coisa que tocámos na meditação: as pequenas coisas que nos fazem bem. E, para mim, sem dúvida que as papoilas de Janeiro estão no topo da lista das pequenas coisas. E vai ser a pensar nas papoilas de Janeiro que vou enroscar e aninhar com ele, o meu Terramoto que me transformou em Tsunami e que me chegou no momento certo, no tempo certo, no tempo que era tempo de ser tempo…

{#025.341.2025}

Tenho dito muitas vezes, demasiadas vezes!, que as 24 horas do dia não me chegam. Não me chegam para conseguir fazer tudo aquilo que tenho idealizado na minha cabeça!

Não é nada de extraordinário, são coisas simples que me irão ajudar em diversas áreas, mas todas elas com um foco central muito importante: eu. Porque em primeiro lugar estou eu, tudo o resto virá depois. Porque, e como já disse a quem precisou de o ouvir “se não estás bem para ti, não estás bem para os outros”.

E é disso que eu estou a precisar: estar bem para mim. Mas são tantas as coisas que tenho idealizadas, programadas, planeadas, o que for!, que ainda não consegui sequer sentar-me com o meu caderno à minha frente para pôr no papel tudo o que tenho na minha cabeça e, posteriormente, organizar tudo.

E, também é verdade, que o que tenho a fervilhar na minha cabeça é tanta coisa que não consigo sequer enumerar uma que seja! E, precisamente por isso, já disse várias vezes, demasiadas vezes!, que preciso que alguém se sente comigo, com o meu caderno, com tempo e paciência para me ajudar a organizar-me. Porque os dias têm 24 horas para toda a gente. Eu continuo com demasiado tempo livre por ainda estar de baixa. E, todos os dias!, quando o dia termina olho para trás e repito o mesmo de todos os dias: consegui fazer ZERO!

…e não posso continuar neste registo…com tanta coisa que eu quero, posso e consigo fazer, as 24 horas do dia não me chegam para nada

{#024.342.2025}

Desde que, em 2023, se levantaram as primeiras suspeitas do que o diagnóstico final viria mais tarde a confirmar, percebi que muita coisa iria mudar. Teria que mudar, não havia alternativa. E começou logo com novas rotinas: consultas médicas hospitalares mais ou menos regulares, consultas de enfermagem, exames complexos que nem sabia que existiam e pelos quais nunca tinha imaginado que iria passar, tratamentos, fisioterapia que veio para ficar ad eternum, todo um calendário preenchido com datas e horas para tanta coisa que nunca procurei mas que me encontrou e veio para ficar.

Apesar de ainda não estar a 100% quanto ao aceitar o meu novo normal, aceitei as rotinas e regras. Mas desde o primeiro dia que o digo: vai ser à minha maneira. Pelo menos a forma de encarar tudo e lidar com isto. E, também desde o primeiro dia, há uma música em repeat na minha cabeça: “My Way“. Não a versão de Frank Sinatra, mas a outra, que conheci com 12 anos: a brutal e explosiva versão punk dos Sex Pistols na voz de Sid Vicious

“(…)
I’ve laughed and been a snide
I´ve had my fill, my share of looting
And now, the tears subside
I find it all so amusing
To think, I killed a cat
And may I say, not in a gay way
Oh no, oh no not me
I did it my way

For what is a brat, what has he got
When he wears hats and he cannot
Say the things he truly feels
But only the words, of one who kneels
The record shows, I fucked a bloke
And did it my way

A miúda rebelde que há em mim tem andado desaparecida. Mas, agora, está de volta. E vai ser com ela, através dela, que vou poder dizer que “I did it MY WAY“…

…porque de outra forma não sei como se faz.

{#023.343.2025}

Não foi, de certeza!, o (re)encontro com as minhas papoilas em Janeiro porque começou horas antes. Permaneceu durante a tarde, mas foi ao princípio da noite que houve um aumento de potência. Alguém me ligou a um dispositivo cujo nome ainda não conhecia, mas já tinha sentido os seus efeitos. Efeitos esses que, a certa altura, chegam a ser incómodos. Especialmente para mim quando deixo de ter como me aturar a mim mesma, como aconteceu hoje quando regressei do Yoga.

E de que dispositivo estou eu a falar em que alguém me ligou sem aviso e foi gradualmente aumentando a potência, especialmente quando regressei do Yoga? Pois…precisamente esse! O Disparatómetro! Aquele que me faz só dizer disparates e baboseiras atrás de disparates e baboseiras! E que, por vezes, até dão para rir. Nas outras vezes são só mesmo disparates e baboseiras que revelam uma plena boa disposição e sem qualquer carácter ofensivo. Só coisas parvas, portanto. Depois da nuvem negra que pairou por aqui nos últimos dias, deu-me para ser ligada ao Disparatómetro, pronto.

Só tenho que pedir desculpa a quem foi vítima de tanto disparate e baboseira em tão curto espaço de tempo e tentar perceber como funciona o dispositivo a que me ligaram para, numa próxima vez, tentar controlar a quantidade de coisas parvas que deixo escapar.

Mas, e aqui que ninguém nos ouve, algumas tiradas até foram giras. Mas não digam a ninguém! É possível que não acreditem!

O que me vale é que as minhas papoilas em Janeiro continuam a resistir em força. E estão lindas!

{#022.344.2025}

Mais um dia que termina com aquela estúpida sensação de que as 24 horas do dia não me chegam para fazer tudo o que quero…

Estou, desde manhã, a querer (muito) escrever sobre Saúde Mental. Mas as manhãs são para a Fisioterapia (sendo amanhã o último dia deste ciclo), e a tarde de hoje eclipsou-se porque, ao chegar ao sofá e assim que aqueci (ou mesmo antes disso, tal não foi a rapidez!) adormeci…

Depois, tentar resolver o que já podia (devia?) estar resolvido desde Novembro, altura em que comecei a chatear a Entidade Patronal.

Agora, a esta hora em que a noite já se assumiu madrugada, vou dormir com aquela sensação de que, mais uma vez!, não fiz o que queria, que neste caso era apenas escrever sobre Saúde Mental…

Amanhã? Logo se vê. Mas não vou prometer nada a mim mesma porque, sei-o desde já, corro o sério risco de não conseguir…

{#021.345.2025}

Ontem, ao final do dia, o meu chip mudou. Deu uma volta de 180 graus. Durante toda a manhã, hora de almoço e princípio da tarde sempre muito bem disposta. Ao ponto da enfermeira, que me reconheceu de outras andanças no serviço de enfermagem do Centro de Saúde de que eu não me recordo, ao me receber dizer de imediato: “lá vem ela, bem disposta e animada como sempre. Aliás, nunca a vi noutro registo!”. Pelos vistos, eu posso não me lembrar de muitos episódios na enfermagem do Centro de Saúde, mas há quem se lembre de mim. E, felizmente, por bons motivos. Mas a verdade é que, ao chegar a casa, ou ainda antes na esplanada do costume que eu não me lembro se fui lá ou não no regresso a casa, algo mudou em mim por um qualquer motivo que eu própria desconheço.

Aquela miúda que esteve sempre bem disposta, no registo habitual de sorrisos fáceis, de brincar até com (as minhas) coisas sérias, essa miúda perdeu-se pelo caminho e o chip deu uma volta de 180 graus. Negativos. A noite não foi fácil. Aquela vozes que ecoam na minha cabeça com ideias parvas encontraram um alojamento confortável para permanecerem sem serem convidadas e por tempo indeterminado. E sussurravam-me ao ouvido sobre comportamentos auto-lesivos e como era tão fácil de os concretizar…

A luta contra as vozes foi dura, como é sempre. Mas o meu cansaço, o meu corpo, a necessidade de descanso e o meu sono acabaram por vencer.

Hoje de manhã não demorei muito tempo até perceber que a luta se mantinha. Não só a luta das vozes e eu, mas especialmente a luta de mim contra mim própria. Sem ânimo para aquele sorriso fácil, mesmo que esteja escondido pela máscara, sem ânimo para estar na fisioterapia, sem ânimo sequer para estar na esplanada a saborear um café sossegada e sem pressa.

Não me lembro do caminho de regresso a casa. Sei que cheguei cansada, com sono, com frio, com fome. Mudei de roupa, almocei e logo de seguida vim para o cadeirão beber o meu café tendo projectado de seguida enroscar no sofá e deixar-me levar pelo cansaço e pelo sono. Mas não aconteceu…

A tarde foi passada no cadeirão entre mensagens com ele e buscas que me confirmassem o pouco que já sei sobre os comportamentos auto-lesivos. E a sentir, sobre mim, um peso enorme, absurdo, que se instalou em mim ontem sabe-se lá porquê, sabe-se lá como. Uma vontade enorme de chorar e, mais uma vez, não conseguir fazê-lo. Até que lhe disse que o que estava a precisar naquele momento era de um colo. Presencial. Que eu pudesse tocar. Cheirar. Sentir os dedos a passarem no meu cabelo. E esse colo, presencial, não o iria ter.

Foi pouco depois que entrou a mensagem. “Posso ligar-te? É rápido. É só para te dizer uma coisa.” Claro que sim, podes ligar-me sempre que quiseres. E o telemóvel tocou. E, do outro lado da linha, aquela voz. Que me faz sempre sorrir. Que me faz sempre tão bem. Que me traz para perto de mim quem está geograficamente longe. E ele, que não gosta de falar ao telefone, que diz que não diz nada de jeito, falou. Conversou. Conversámos. De viva voz. Tal como eu precisava há tanto tempo. E se, no início da chamada, eu mal conseguia falar por falta de ânimo, por ainda sentir aquele peso horroroso em cima de mim, aos poucos comecei a sentir-me mais leve, mais serena, mais tranquila. Mais segura. Completamente acolhida e aconchegada. Porque tê-lo no outro lado da linha do telefone foi como tê-lo sentado ao meu lado, dedos da mão enrolados e mão pousada no meu joelho… E eu, claro, encostada a ele, cabeça apoiada no ombro dele.

E, novamente!, o chip mudou. O ânimo regressou. A corujinha voltou a voar. E eu voltei a ser eu…

Era só para ele me dizer uma coisa. Que ia ser rápido. Mas foram 50 minutos com quem não gosta de falar ao telefone porque, supostamente, não tem nada de jeito para dizer. Mas para mim, estando ao telefone com ele, não importa o tema da conversa. Porque, na verdade, falamos de tudo. Sempre. E só foram 50 minutos porque o serviço dele acabou por ditar o final deste aconchego que eu não esperava mas que fez tanto por mim! Que me fez voltar a ser eu!

O chip voltou a mudar. Agora de forma positiva. Felizmente. E ele não sabe, de certeza, a diferença que aquele telefonema fez.

Costumava dizer-lhe que era o melhor que me aconteceu. E há pouco tempo percebi que essa conjugação do verbo remetia para o passado. Como se tivesse ficado lá para trás. Quando, na verdade, todos os dias está presente. Corrigi a frase. E, agora, todos os dias lhe digo que é o melhor que me acontece todos os dias. Porque é.

E, às vezes, para mudar o chip para um polo positivo é tão simples quanto 50 minutos ao telefone. Como hoje.

{#020.346.2025}

Blue Monday. Terceira segunda feira de Janeiro. Também conhecida como “o dia mais triste do ano“. Se o é de facto, não sei. Por mim falo: manhã simpática, hora de almoço e início da tarde tranquilas, final da tarde e regresso a casa foi como voltar ao fundo do poço no meio de uma tempestade interna. E, seja uma Blue Monday ou outro dia qualquer, o psicólogo que não me ouve diria, mais uma vez, que a vontade que eu tenho de riscar a minha pele, o meu corpo, num comportamento auto-lesivo do qual já tenho experiência e lhe dei TODOS os sinais de alerta, não é mais do que uma forma de manipulação.

…não é. Um comportamento auto-lesivo, seja em que idade for, é um sinal de alerta. E aqueles riscos traçados na pele, traçados no corpo são um pedido de ajuda. Urgente.

…e ninguém imagina a força que tenho feito para manter a minha pele, o meu corpo, intactos. As palavras do psicólogo que não me ouve continuam a ecoar na minha cabeça. E, mesmo sabendo que ele está profundamente errado e que de saúde mental (ou falta dela…) sabe muito pouco, acho que é esse eco que me tem impedido de dar esse passo, concretizar essa vontade, assumir esse comportamento auto-lesivo.

………e porque é que estou a escrever sobre isto? Porque é que estou a escrever isto desta forma? Porque a vontade existe. Todos os dias mais forte. De forma mais intensa. E a luta comigo mesma, a auto-regulação, a capacidade de ser mais e melhor do que um comportamento auto-lesivo alegadamente manipulador, está cada vez mais fraca…e, por muito que eu diga aos quatro ventos que não estou bem e que preciso de ajuda, nada acontece…

Um abraço. Um colo. Um ombro. Ouvidos que me oiçam e me saibam ler nas entrelinhas. Alguém que se sente comigo, papel e lápis na mão, e me ajude a organizar-me. As ideias que tenho. O que quero (e posso) fazer. Que me ajude a ultrapassar esta vontade auto-lesiva de marcar a minha pele, o meu corpo.

Tatuagens na minha pele existem e são marcos que não posso nem quero esquecer. Riscos aleatórios, criados por mim, não são mais do que tentativas de abafar, silenciar!, o que me dói cá dentro. Tatuagens na pele? Sim. Riscos aleatórios? Não quero…

{#019.347.2025}

Domingo frio e de chuva? Por muito que me apetecesse um dia de Sol como tivemos nos últimos dias para poder sair de casa um bocadinho, São Pedro tratou de me relembrar que dar uso às pernas SIM, mas tantos dias de excesso no uso das pernas NÃO. Portanto, com chuva lá fora e muito frio cá dentro, foi a oportunidade perfeita para dar descanso às pernas. Mas, claro, não à cabeça que continua a mil, a querer fazer tanta coisa sem conseguir um mínimo de organização de ideias…

Descansar as pernas também me relembrou as dores. Que, normalmente, acontecem só na barriga das pernas mas que hoje vieram por aí acima e não me largaram o dia todo…mesmo sem lhes dar uso.

E, para fugir ao frio e à cabeça a fervilhar de ideias, nada como enroscar no sofá, enrolada nas mantas e com as almofadas térmicas quentinhas por companhia e simplesmente adormecer ao final da tarde.

Até que, já depois de acordada e a ganhar coragem para sair do sofá e tratar de mim, ela decidiu que as minhas pernas doridas eram o melhor lugar para aninhar e aquele era o momento certo para não me deixar fazer nada…

Por mim, teria ficado ali, assim, o resto do dia, a noite toda até o despertador tocar às 7h de amanhã. Gosto quando ela se aninha comigo. Mas é raro acontecer. Decididamente não sou a sua primeira escolha. E está tudo bem.

Amanhã virá novamente deitar-se no meu colo quando eu estiver no cadeirão. E, claro, quando eu quiser fazer-lhe festinhas atrás das orelhas ela vai arranjar maneira de me morder. Mas é o que temos. E está tudo bem, desde que ela decida deixar de se pôr à frente dos meus pés quando ando por casa. É que não me apetece mesmo nada tropeçar nela quando se enrola nos meus pés e cair no hall de entrada.

{#018.348.2025}

O dia todo podia ser resumido numa só palavra: frio! Ou em duas, vá!, para ser mais correcto: muito frio!

Começar cedo um dia gelado só mesmo para ir ao Yoga. Não tinha dúvidas de que, mesmo estando muito cansada, ia valer muito a pena. E valeu! Como vale a pena sempre!

Depois da aula, aproveitar o Sol quente de um dia gelado. Algum tempo pelo centro da vila, mas sempre a saborear o Sol. Tenho tantas saudades da Primavera… Estou cansada das 500 mil camadas de roupa que tenho que vestir para suportar o (muito) frio e sentir-me uma mistura de chouriço, por estar tão atafulhada de roupa e especialmente casacões, e cebola porque cada vez que chega a hora de mudar de roupa são camadas e mais camadas de roupa…e fico cansada! Desejosa que chegue a Primavera para, gradualmente, começar a eliminar camadas, começando desde logo pelos casacões de Inverno, grandes, pesados…enfim.

Eu sei que são necessários para enfrentar o frio. Também sei que Janeiro ainda vai a pouco mais de meio, o Inverno ainda não está cá há um mês, falta pouco mais de 2 meses para a Primavera. Mas também sei que tenho frio. Muito. Tanto!

Depois do Sol no centro da vila, voltar para casa. Desta vez a pé, coisa que já não fazia há algum tempo. Mas autocarro ao Sábado é coisa rara de se ver. Senti-me com força e coragem para fazer o caminho a pé. Devagar. Ao meu ritmo. O que resultou em 45 minutos para fazer um percurso que até há pouco mais de um ano demorava, no máximo!, 15 minutos! E as dores provocadas pelo percurso, ao chegar ao destino, não me permitiram ter vontade para mais deslocações por hoje. E não fiz mais de 1,2km

E cansada, tão cansada. As caminhadas são importantes, claro que sim. Imprescindíveis, até. Mas descansar é obrigatório. O meu corpo ainda me está a cobrar pelos abusos dos últimos dias e eu voltei a sobrecarregá-lo.

Felizmente, amanhã é Domingo. Um dia sem horários para nada. Por isso, eu exausta dos últimos dias, não faço questão de acordar cedo. E, com previsão de chuva para amanhã, a vontade de sair de casa já passou.

Claro que, entretanto, a noite já passou a madrugada e eu ainda por aqui ando. Mas não por muito mais tempo. Por hoje chega. Vou tomar conta de mim e dar descanso ao meu corpo, que tanto precisa. E amanhã? Logo se vê.

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Ontem disse que hoje o meu corpo me iria cobraram o esforço de ontem. O que eu não previa era que o esforço de hoje também fosse muito intenso…não pela fisioterapia, onde o Fisioterapeuta optou por manipulação e alongamentos de pernas e braços, mexeu nos músculos dose ombros, aligeirou a cervical e nada de forçar as pernas com exercícios musculares de subir e descer escadas (que eu preciso tanto de reaprender) ou de sentar e levantar-me de uma vulgar cadeira que é um exercícios simples de fazer até em casa, e seguro!, e excelente para reforçar os músculos das pernas.

A fisioterapia correu suave e depois de terminar, e sem pressa nem horário marcado para nada, permiti-me ficar na esplanada, ao Sol, durante uma hora e meia. Que soube muito bem, não só pelo Sol mas também por não ser uma esplanada habitual. Mas era preciso, no caminho de volta para casa, passar pelo supermercado. Outra vez…e desta vez, ao contrário de ontem, para as chamadas “compras a sério”. Que só não foram “mais a sério” porque a minha mãe não tinha como trazer, sozinha, mais nada. E é também aqui que a frustração me chateia. Porque custa-me não conseguir ajudar quem tanto me ajuda sempre. Mas eu já não conseguia sequer caminhar mais um passo sem me arrastar…

Chegar a casa a meio da tarde, almoçar à hora do lanche, aterrar no sofá e apagar. Das 19h às 23h não estive para ninguém, morri para o Mundo. Eu sabia que o meu corpo me iria cobrar o esforço de ontem. Mas, juntando o esforço de hoje também, admira-me não acordar só amanhã…

A noite já se fez madrugada e amanhã é dia de Yoga logo de manhã, por isso não vou estender o esforço do meu corpo. Continuo cansada, claro. Tenho sono. Mas queria ainda tentar perceber o que se passa. Porque, neste momento, desde há uns dias, na verdade!, sinto que algo me está a escapar como areia nas mãos de uma criança. E não estou a gostar. Nada…

Podia tentar adiar entender. Mas isso seria como fugir à realidade. E já há tanta realidade da qual fujo…

Vou para a cama. Não quer dizer que vá dormir de imediato, quando devia!, mas é possível que ainda vá tentar levantar um o véu do que se passa. E depois…logo se vê. Um dia de cada vez…

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Dia demasiado longo. Longo. Longo. Longo! Daqueles que nunca mais acabam. Que começam logo cedo a sair de casa às 8h para voltar para almoçar quase a correr às 13h, voltar a sair às 14h e só regressar de vez já depois das 21h…estou exausta.

E, mais uma vez, tive a prova de que caminhar é, para mim, um desafio enorme. Porque, demorar 25 minutos a percorrer um caminho que uma pessoa sem dificuldades e/ou limitações faz em pouco mais de 5, é extremamente frustrante. Especialmente quando as pernas já vêm doridas da fisioterapia que está a trabalhar o reforço muscular. Dar um passo quando os músculos já estão doridos? O passo é dado. Mas só eu sei a que custo.

O lado verdadeiramente bom do dia de hoje foi ter a confirmação de uma data: 22 de Fevereiro. Dia da última toma diária e em jejum que faço desde 23 Maio de antibiótico que é uma terapêutica preventiva para a tuberculose latente. E ter a confirmação de que, depois do tratamento terminado, o bacilo alojado no meu corpo de forma latente adormeceu de vez e é, neste momento, inofensivo. Agora é seguir a minha vida normal, como sempre fiz, mantendo os cuidados necessários para não me reencontrar com o bacilo da tuberculose, que tanta gente carrega de forma latente e nem imagina, eu sei que eu nem imaginava! Fazer rastreio anual, coisa que todos deviam fazer porque os números de que ninguém fala estão muito altos, e tratar de mim com todo o cuidado.

Ainda não encaixei bem a ideia de, desde Outubro, fazer oficialmente parte do grupo dos imunodeprimidos. Como também não encaixei ainda a ideia do diagnóstico que já não é só uma ideia, é uma realidade. Ainda não encaixei as dificuldades e/ou limitações que são mais do que evidentes e que eu acho sempre que só preciso de descansar um bocadinho. Não é verdade. Aquilo que, com grande dificuldade!, caminhei hoje e que me custou tanto vai-me ser cobrado pelo meu corpo amanhã. E sábado. E, eventualmente, ainda Domingo…

Ainda tenho tanta coisa para processar, encaixar e, acima de tudo, aceitar… Mas a noite já começa a roçar a madrugada, eu já devia estar a descansar, enroscada e aninhada com quem melhor me aconchega, de dia ou de noite: ele. E hoje estou a precisar muito do abraço acolhedor e aconchegante que só ele sabe dar.

Por isso, por hoje é tentar acalmar a velocidade a que a minha cabeça está, ainda, a esta hora e dar descanso ao corpo. Amanhã, logo cedo, a fisioterapia vai ser a doer depois do esforço de hoje…

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Hoje, assim de repente, caiu-me a ficha: a clínica de Fisioterapia vai ser uma espécie de segunda casa nos próximos tempos…tempos que, já sei, serão anos. Se não para sempre ali, numa outra clínica de Fisioterapia qualquer por aí… Ainda não tinha pensado nisso. Não estou sequer preparada para isso. E acho que, para já, não vou querer pensar. Como não quero pensar em tudo o resto que isto que me apanhou na curva me trouxe…

De resto, estou cansada de ter que ser eu a ensinar o trabalho de quem tem obrigação de saber o que faz, que supostamente terá estudado para isso, é pago para isso, mas não sabe o que diz nem o que faz. Eu apenas reclamo os meus direitos consagrados na Lei. Não fui eu que inventei. Mas, pelos vistos, quem devia saber, quem tem obrigação de saber, não sabe… E isso é triste.

Bem, no meio disto tudo, é continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. E rir…para não chorar.

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Das coisas que faço questão de manter por perto: os amigos, especialmente aqueles Pê de Presença, e as coisas que, mesmo apenas me trazendo (muito boas) recordações de outros tempos, outra vida, continuam a fazer-me muito sentido e me são importantes, ainda que, agora, sejam “” calendários old-school em papel, com eu gosto.

E, ali à mesa, um descafeinado e um chocolate quente de quem cresceu e aprendeu tanto com os Escuteiros. Sempre ouvi dizer que “uma vez Escuteiro, para sempre Escuteiro”. Eu posso já não vestir a farda, mas ele lá está todos os fins de semana e outras datas mais ou menos avulsas, a semear e ainda a colher o que a semente Escutista nos traz.

Diz a capa do calendário “ESCUTISMO Um lugar para ti”, e sem dúvida que é. Já passaram mais de 30 anos desde que vesti a farda pela última vez mas, sempre que me encontro rodeada por fardas Escutistas envergadas pelos respectivos Escuteiros, tenham eles a idade que tiverem, não duvidem que sinto que encontrei um espaço, um espírito, uma comunidade onde (também) pertenço e que me acolhe como sendo sua também.

Por isso, sim!, o dia pode não ter começado bem, mas acabou muito bem.

Mais uma vez: obrigada, Pê de Presença, Pê de Presente. E, já sabes: sempre Alerta!

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Gosto muito de beber o meu primeiro café do dia em casa, com tempo e com calma. Ali até posso dar-me ao luxo de escolher a variedade que me apetecer no momento. Mas isso só acontece quando há tempo. Não foi o caso esta manhã…

Depois de uma noite dormida a correr, 3 horas depois de adormecer o despertador tocou. E tudo aconteceu muito devagar, até mesmo muito devagarinho. E não houve tempo para nada, nem para o café.

Quando apanho o autocarro a horas de chegar cedo a Almada, o café é bebido na esplanada das colheres giras. Mas hoje não foi o caso. Não apanhei o autocarro que devia, já não tive tempo de beber o primeiro café do dia antes da Fisioterapia.

Terminado o tratamento por hoje, era urgente beber um café. Cheio, intenso e sem açúcar, como sempre. Mas a esplanada das colheres giras estava fora de questão. À sombra o dia inteiro e no caminho do vento frio, até em Agosto chegava à Fisioterapia gelada. E o dia bonito que está lá fora pedia uma esplanada com Sol.

Em frente à porta do prédio da clínica de Fisioterapia, do outro lado da estrada em frente à esplanada das colheres giras, há uma outra esplanada. Onde raramente vou, é verdade. Não gosto do (mau) serviço e menos gosto da música que passam naquela coluna de som com volume exageradamente alto. Mas hoje estava ao Sol, não podia não ir beber café ao Sol.

O primeiro café do dia, cheio, intenso e sem açúcar, aconteceu só às 11h da manhã. Mas veio com a melhor das companhias: o Sol quente de Inverno. Do qual eu tinha tanta saudades e não sabia…❤️

No regresso a casa o Sol ainda brilhava quente e o céu completamente limpo trazia-me aquele azul que me aconchega. Resolvi que estava um dia demasiado bonito para não aproveitar sair de casa à tarde, ir até à praia e ver o pôr do Sol. Mas rapidamente percebi que não ia acontecer…

No final do almoço já não havia azul nem Sol, apenas nuvens. Desisti da ideia de ir até à praia. Não tanto pela mudança de visual do dia que começou bonito, mas por ter sido derrubada pelas meras 3 horas dormidas na noite passada… E dormir apenas 3 horas por noite não pode continuar a acontecer. Não me traz nada de bom.

Hoje vou conseguir ir para a cama antes da meia noite e sei que rapidamente vou adormecer apesar do tempo adormecida no sofá. Ainda não é o horário ideal, mas já é um (pequeno) progresso. E amanhã quero repetir o café na esplanada ao Sol. Tenho saudades de sentir calor. E ali senti…

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Fez, na noite passada, 12 anos que este caramelo tantas vezes armado em cromo pôs as redes sociais da tia em alerta e alvoroço. Porquê? Porque decidiu nascer 2 meses antes do que era suposto. E a tia que sou eu, claro, panicou com a chegada imprevista e atribulada daquele que, desde que nasceu, ficou conhecido como #microsobrinho (e que o será sempre!) e que nos ensinou, também desde o primeiro dia!, a lidar com um Furacão.

Já lhe perguntei “com’assim, 12 anos, Filipe?!” e a resposta foi tão simplesmente isto: “então…o tempo passa, tia!”. Pois passa…mas, para certas coisas, podia passar um bocadinho mais devagar, não podia?

12 anos de #microsobrinho são 12 anos de muitas emoções e de amor inesgotável e sempre crescente, incondicional como só o verdadeiro amor sabe e pode ser, porque se impuser condições é outra coisa qualquer que não amor.

Parabéns, Filipe. Meu Furacão de emoções. Meu eterno #microsobrinho mesmo que um dia fique mais alto do que eu.

E, ainda 12 anos depois, continuo a dizer OBRIGADA a todos os que, nas redes sociais, meu grande suporte emocional (digam o que disserem das redes!), me acompanharam noite dentro até termos boas notícias e que, de certa forma, acabaram por adoptar o Filipe como uma espécie de microsobrinho virtual ❤️