Category Archives: {#2025.Agosto}

{#243.123.2025}

Agosto, dia 31. Não é o último dia de Verão. Mas parece…

Eu sei que ainda tenho mais 20 ou 21 dias de Verão pela frente. Mas também sei que vão passar a correr. E rapidamente entramos no Outono. E eu ainda não estou preparada para recolher.

Outono é aquela altura de juntar tudo o que vai ser necessário para recolher ao ninho no Inverno. E eu ainda estou suspensa no início do Verão de 2023, quando tudo ainda era normal...

Adeus, Agosto. Encontramo-nos novamente em 2026…

{#242.124.2025}

Há dias que valem tanto a pena. Como hoje.

Uma fabulosa aula de Yoga fora de portas, em cima da relva, com árvores logo ali tão perto, à beira do Rio. Uma espécie de oásis na margem do Tejo, à saída do elevador panorâmico da Boca do Vento.

De seguida, uma subida pelas muito antigas ruas de Almada velha até à Casa da Cerca para aquele almoço de convívio, conversa e partilha que nos andava a faltar. E, claro!, muita e boa risota!

O grupo não é grande. Nem acho que tenha que ser. É um grupo coeso, firme, unido. Heterogéneo. E com uma energia muito boa e muito especial. E que funciona muito bem tal como é.

É aquele grupo que, há 2 anos, me recebeu de braços abertos nas aulas de Yoga e que rapidamente me acolheu. É aquele grupo do qual já não abro mão. Por nada!

E durante a aula à beira do Rio junto ao elevador panorâmico da Boca do Vento só faltou uma coisa: sabendo que são uma presença cada vez mais assídua nas águas do Tejo, só ficou mesmo a faltar a visita de um grupo de golfinhos. Isso teria sido perfeito!

Não houve golfinhos, mas houve, como há sempre, prana em circulação. E houve momentos de partilha que nos fizeram, a todos, crescer mais um bocadinho.

E, seguindo as orientações do Professor Pedro, tenho a certeza que se aproxima uma nova e importante temporada de aprendizagem e crescimento.

…e era exactamente isso que eu estava a precisar e não sabia onde encontrar. Mas nada acontece por acaso. E “quando o aluno está pronto, o professor aparece“. Se estou pronta? Há quem (me) diga que sim. Vamos ver…um dia de cada vez…sem pressa. Mas com pressa que chegue quarta feira para a próxima aula…!

{#241.125.2025}

Sexta feira. Tanto a acontecer e, ao mesmo tempo, nada a acontecer. Começar o dia com a Fisioterapia, agora mais leve e sem o exercício físico meramente de fortalecimento. Terminar o dia a tentar ir ao encontro dos desafios do Yoga. E conseguir surpreender-me a fazer o caminho até à paragem do autocarro numa espécie de corrida contra o tempo. Ganhei eu, claro.

Tanto a acontecer e, ao mesmo tempo, nada a acontecer. Ou só mais uma sexta feira demasiado igual a qualquer outra sexta feira dos últimos dois anos anos…

{#240.126.2025}

…respirar. Fundo. De forma consciente.

E seguir o meu caminho. Em frente, sempre. Mas em passo lento. Num equilíbrio cada vez mais precário. Um passo lento mas seguro o suficiente para evitar cair. O “ainda não” que faço questão de manter pelo máximo de tempo possível: ainda não caí!

Se a queda é inevitável? Quero acreditar que não. Mas não sei. E há tanto que ainda não sei. A única coisa que sei é que o meu caminho é para ser feito em frente. Feito por mim, mais ninguém o pode fazer. É o meu caminho.

Três recomendações que mais garantem qualidade de vida:

  • exercício físico (incluindo a fisioterapia)
  • alimentação cuidada e equilibrada
  • convívio social

O exercício físico está garantido pela fisioterapia e as aulas de Yoga. A alimentação é cuidada, com base na dieta mediterrânica. Convívio social………tal como aquela rede de apoio de proximidade que eu julgava ter, é algo que não existe.

Não é capricho meu. É apenas a recomendação principal de vários especialistas, sejam eles neurologistas, fisioterapeutas ou profissionais de saúde mental. De vários pontos do Mundo. Todos eles vêem o convívio social como uma ajuda primordial para manter (ou, até!, melhorar) a qualidade de vida. Mas, para existir esse tal convívio social, tem que haver vontade. E eu tenho. Muita vontade. De ver pessoas. De estar com pessoas. De conversar com pessoas. Conversas normais. Até banais!

Eu tenho vontade de fazer esse convívio social acontecer. Mas sozinha………não é opção.

O meu caminho, apesar de tudo, mantém a mesma direcção: em frente. E será feito devagar, sem pressa, ao meu ritmo. Num passo lento que me permite maior segurança num equilíbrio cada vez mais precário. Mas o meu caminho vai ser feito. Com ou sem esse tal convívio social, vai ser feito!

…………respirar. Fundo. De forma consciente. E continuar a engolir o que não consigo digerir porque as minhas lágrimas continuam a teimar em não cair………

{#239.127.2025}

Explosão vs Implosão

Não é a hora nem o local…

…respiro fundo…

Estás connosco há 2 anos e o que percebemos desde o primeiro dia é que fazes sempre de conta que está tudo bem… Ergueste uma enorme muralha à tua volta que fica difícil de transpor. Mas mesmo assim percebemos que ao fim de 2 anos continuas a fazer de conta…

…continuo a respirar fundo…

…porque tenho consciência da existência dessa enorme muralha difícil de transpor. Dessa armadura que insisto em envergar mesmo ao fim de 2 anos. E sem necessidade de continuar a fazer de conta…

Explosão vs Implosão…

…não é por falta de vontade…é por falta de algo que nem eu sei o que será, segurança?, protecção?, não sei…, não é por falta de vontade que não choro…

E, na minha cabeça, num loop interminável, “não é a hora nem o local“…porque nunca é!

A pressão cá dentro continua a aumentar. Já numa sobrecarga que ultrapassa o campo meramente emocional. Preciso de chorar. Barafustar. Zangar-me. Descarregar tudo aquilo que tenho vindo a engolir. E não consigo explodir toda esta carga que ameaça a implosão que não se quer que aconteça…

Explosão vs Implosão…

…quero tanto chorar…preciso tanto de chorar…e não acontece…

…talvez um dia o 112…talvez…um dia…

…o 112 resolva

…porque eu já não aguento…

{#238.128.2025}

Uma sombra do que já fui. Do que já não sou nem vou voltar a ser. E ainda não aceitei que não há como voltar atrás.

…e depois há as dores. Que todos os dias se fazem presentes. Nas pernas? No joelho esquerdo? Na anca esquerda? Na lombar por inteiro? Nas costas todas? No pescoço? Em todas essas opções. E ainda a dor de cabeça que há tanto tempo não me chateava.

Cansada? Muito. De quê…? Se tudo o que fiz hoje não foi mais do que simplesmente existir…

…ninguém me preparou para isto. Isto que me apanhou na curva, que eu nunca quis para mim, que eu nunca procurei mas que me encontrou e veio para ficar. E ao encontrar-me virou-me (a vida) do avesso. E, dizem, todos os dias é diferente. Todos os dias há uma novidade. E todos os dias são muitos dias. São tantos dias para todos os dias ter uma novidade…

Mas hoje…hoje são as dores que não me deixam sozinha. E que me fazem fazer de conta mais uma vez…

Amanhã é o regresso à Fisioterapia. E, não duvido, vai ser a doer. Mais uma vez. Mas agora…

…agora são as dores que prometem acompanhar a minha noite da mesma forma que acompanharam o meu dia: demasiado presentes.

{#237.129.2025}

Ouvir o meu corpo. Saber ouvir o meu corpo. Que, já não me devia esquecer!, se ficar um dia parado imediatamente reclama e começa a mexer-se com mais dores, com muito maiores dificuldades numa lentidão obrigatoriamente mais acentuada. Ou, em mediquês, dá-se uma exacerbação de sintomas. E é uma treta…!

Por isso, sair de casa todos os dias um bocadinho é obrigatório. Se antes disto o fazia para desligar a cabeça depois do trabalho e mudar de chip, agora faço-o para dar uso às pernas. Trabalhar o equilíbrio, cada vez mais precário. Manter a força nas pernas. E tentar não enlouquecer com tudo isto.

Estar de férias da fisioterapia era urgente e necessário. O meu corpo pedia descanso. Fisioterapia todos os dias é importante, mas também desgastante. Mas, vejo agora, duas semanas sem exercício diário traz resultados. E não são positivos…

As dores vieram em força. Na anca e no joelho esquerdo já sei que vou ter que conviver com elas até à consulta em Outubro. Mas o pescoço e a lombar……não sei, já, o que pensar ou dizer. Só sei que doem…muito!

Quarta feira. É já depois de amanhã! É dia de regressar a Almada para a fisioterapia! Desta vez, três dias por semana porque o meu corpo não aguenta, com o calor do Verão, o desgaste do exercício acrescido do desgaste do esforço de andar na rua, mesmo em percursos que são curtos para os outros e imensos para mim. É já depois de amanhã que volto a dar uso às pernas de forma mais regular, que volto a exercitar os músculos que hoje me doem.

Estou cansada disto tudo, na verdade…mas não é possível voltar atrás no tempo e mudar o meu percurso. Dizem que tudo nos traz uma lição, um propósito. É cedo ainda para perceber o que isto me traz. Para além das dores, da falta de equilíbrio, das dificuldades crescentes, da solidão cada vez mais profunda e da depressão pesada, tudo isto ainda me vai trazer algo de positivo. Só não sei quando nem o quê…

…até lá, saio de casa todos os dias um bocadinho para dar uso às pernas e, quem sabe, mudar o chip também…

{#236.130.2025}

Domingo estranho, este. Longo como há muito tempo não o sentia…

Aquele dia em que mais não fiz do que apenas existir. Sem planos, sem programa…quase sem vontade. De nada!

Até que me encontrei, ou será que me encontraram? Um reencontro, na verdade. José, David e Eugénio. E ainda a entrega do Pedro. Que não conhecia. Conheci hoje. O Poeta da Cidade. Poeta e dizedor de palavras em poesia.

Pedro. Não podia ter outro nome. Um nome tão comum, quase banal, mas que alonga a minha lista de contactos de nome Pedro. Pedro de apelido Freitas, que não conheço, não conhecia até hoje!, mas que me levou rapidamente a viajar nas palavras em poesia como há muito tempo não acontecia. E recordou-me o que eu reconheci, algures no início do ensino secundário, palavras que podiam ter sido escritas por mim num qualquer “Cântico Negro“.

13 anos, no máximo 14. Mas já sabia. Já reconhecia!

“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”

Recordo-me tão bem da primeira leitura de José de apelido Régio. E do impacto que estas palavras tiveram em mim. Porque, já com aquela idade!, eu afirmava com toda a certeza que “Sei que não vou por aí!”…

Domingo estranho, este. Longo, lento, demorado como há tanto tempo não o sentia…aquele dia em que mais não fiz do que apenas existir. E David, de apelido Mourão-Ferreira, pela voz de Pedro, recorda-me que, assim como os dias,

“E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos

e eu vou navegando nesses oceanos à espera da luz do meu farol que me guie até ao meu porto de abrigo. Ele

Ele porque Eugénio, de apelido de Andrade estava tão certo quando decretou uma urgência que resiste ao tempo e permanece igual…

É urgente o amor, é urgente permanecer.”

Domingo tão estranho, este…o reencontro com as palavras em poesia como há tanto tempo não as sentia. Tão minhas que não o são mas que podiam ser. Todas elas! As de José, as de David, as de Eugénio…! E de tantos mais poetas, mais conhecidos ou mais anónimos, mais inquietos ou mais ousados, há tanto tempo que não sentia as palavras em poesia como hoje…!

Domingo tão estranho, este…! Que, de tão estranho e a horas tardias, me levou a uma inquietação de um reencontro inesperado com José Mário

“Cá dentro inquietação, inquietação

É só inquietação, inquietação.

Porquê não sei, porquê não sei

Porquê não sei – ainda

Há sempre qualquer coisa que está pr’acontecer

Qualquer coisa que eu devia

perceber

Porquê não sei, porquê não sei

Porquê não sei – ainda

…Domingo tão estranho, este…

{#235.131.2025}

O Mar lá ao fundo. Aquele que, à noite, não se vê. Não à primeira vista. Mas sabemos que está lá. Tal como as sombras de cada um. As que escondem o nosso lado mais escuro, tantas vezes negro!, o nosso lado mais difícil. De entender, às vezes até de aceitar mesmo não sendo inaceitável.

O Mar lá ao fundo. Na Maré Baixa de uma noite de Lua Nova. Nenhum dos dois se vê. Mas sabemos que ambos estão . A Lua mais distante, quase inalcançável, o Mar à beira do areal logo ali.

Alcançar um ou outro requer trabalho. Coragem. Persistência. Antes de tudo: aceitação. Porque só avança quem aceita a Lua ou Mar tal como são. Com tanto para descobrir mesmo quando pensamos que já sabemos tanto.

Alcançar a Lua está destinado a outros caminhos. Mas alcançar a Maré Baixa numa noite de Lua Nova requer apenas descer ao areal e seguir em frente, em passo tão firme quanto a areia o permitir até sentir o toque das ondas desfeitas.

Caminhar no escuro requer sempre coragem, quase audácia. Acima de tudo vontade. De ir sem saber muito bem por onde, para onde. Mas sabendo sendo o porquê: o querer, de facto, conhecer. Conhecer cada pormenor do que já se aceitou como é, sem saber ainda todos os pormenores. Todas as ondas. Todas as correntes.

O Mar, tal como a Lua e sempre influenciado por ela, também tem fases. A Maré que sobe, as correntes de arrasto, as ondas tantas vezes gigantes com capacidade de destruição. Tudo isto e, também, o seu contrário. E ainda tanto mais.

Numa noite de Lua Nova a Lua não se vê. E o Mar apenas se encontra quando se desce o areal. A medo? Quando a vontade de seguir em frente é imensa, não há medo que pare a descoberta. E a cada passo no areal às escuras se fica mais próximo da aceitação do Mar no seu todo, tal como é.

Numa relação, acontece exactamente o mesmo. Sem coragem não há descoberta. Para haver descoberta tem que haver aceitação. Aceitação do outro no seu todo, tal como é. Com as suas Marés, as suas correntes, as suas ondas e tudo o mais que habita esse Mar. Principalmente na Maré Baixa de uma noite de Lua Nova.

{#234.132.2025}

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta. Escolho-me a mim mesma para ser, estar e sentir tudo. Seja o que for. É na minha bolha que continuarei a fazer de conta.

Este fazer de conta que é um reflexo de medos e dúvidas e inseguranças que me fazem procurar o conforto da minha bolha onde sou intocável. Porque só entra na minha bolha quem eu quero.

Estes medos e dúvidas e inseguranças, que nada mais são do que resultados de trauma distante, de abandono real, são digeridos falando sobre eles. Extravasando cada um dos medos, cada uma das dúvidas, da uma das inseguranças. Fazê-lo em silêncio comigo mesma seria tarefa impossível, dado o ruído no interior da minha cabeça.

Sozinha e em silêncio. É assim que me imagino, dentro de não muito tempo, para me reencontrar. Longe daqui. Num qualquer lugar tranquilo. Num qualquer lugar com árvores. Não apenas para me reencontrar mas também para me reconectar comigo mesma e aceitar que um diagnóstico não muda quem sou, o que sou, como sou.

Continuo e continuarei a ser EU. Porque a minha essência não se deparou com qualquer novo trauma que me force a recolher à minha bolha. Aquela mesma essência que lida diariamente com o trauma do abandono, com medos e dúvidas e inseguranças e que extravasa num tentativa frustrada de chorar as lágrimas que não caem.

Extravaso. Partilho. Falo. Porque a minha cabeça é um lugar com excesso de ruído e só me oiço a mim mesma, só assim me reencontro, só assim me reconecto.

Entendo e aceito o silêncio e a solidão. Fazem parte de um processo muito pessoal, muito individual. Tal como a minha bolha, o brincar ao Faz de Conta que está tudo bem quando as minhas palavras dizem exactamente o oposto.

Dou espaço. Dou tempo. E não o dou só a mim. Respeitando o processo de cada um. Até mesmo o meu próprio processo.

Para depois cada um se reencontrar, se reconectar consigo mesmo.

Até lá, continuo a brincar ao Faz de Conta. Porque não é a qualquer um que me permito chegar sem a minha armadura…

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta…

…até que me seja dada resposta ao ruído na minha cabeça…

{#233.133.2025}

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta…

Na minha bolha, aquele espaço que considero meu mas não só meu. Aquele espaço em que muito pouca gente entra e os que entram sem pedir licença são os que ME são e serão sempre e para sempre. Dificilmente mais terão acesso…

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta…
Sempre. Desde sempre. Que está tudo bem. Que não se passa nada.

…onde tantas vezes, tantas noites de 2014 do Verão que não foi, chorei. Sozinha. Em silêncio. E fiz de conta. Que estava tudo bem. Que não se passava nada. Que EU estava bem. Que EU não me tinha despedido daqueles 42 dias de uma gravidez que não pode ser, que não era para ser. Na minha bolha, sozinha, em silêncio, a brincar ao Faz de Conta…

Hoje, 2025, volto a reconhecer o conforto e a segurança da minha bolha. Em silêncio. Sozinha. A Fazer de Conta que choro as lágrimas que não caem hoje quando em 2014 as esgotei e sequei…

Na minha bolha não há lugares cativos para além do meu. Nem lugares reservados para quem sabe um dia…

Na minha bolha li “Choose someone who chooses you everyday. Not just when they’re in a mood for you.” e fiz de conta que não me servia sabendo tão bem que me serve.

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta. Escolho-me a mim mesma em primeiro lugar. Mesmo que vá perdendo a cor por aí. Mesmo quando a cor se funde com as sombras do que carrego comigo e que faço de conta que não tenho.

É na minha bolha que continuarei a fazer de conta. E a proteger-me até de mim mesma. Onde são muito raras as pessoas que cá entram. Onde não há lugares cativos ou reservados além do meu e muito menos para quem sabe um dia…

…porque aqui posso continuar a fazer de conta sem ter que dizer nada. A ninguém. Porque aqui dentro posso ser eu mesma, tal como sou, tal como estou. Posso lamber as feridas. Posso sentir a pressão a aumentar e o risco de implosão a crescer. Porque na minha bolha só chorei em silêncio. Sozinha. E a fazer de conta.

…e é também por isso que continuo a brincar ao Faz de Conta. Que não se passa nada. Que está tudo bem…

…só que não está…

{#232.134.2025}

..,de regresso à minha bolha…e continuar a fazer de conta…

Porque preciso, muito!, de falar do que me incomoda, de fazer as minhas queixas do que me dói tanto hoje, de apontar a instabilidade que desde ontem me desequilibra ainda mais…

Preciso de tudo isso. Preciso, também muito!, de chorar e continuo a não conseguir! Continuo a acumular a pressão de tudo o que não consigo processar e digerir…as muitas dores, a instabilidade do equilíbrio tão precário, a frustração de já não ser quem e o que era…

…e depois não posso falar, não me posso queixar, nada posso apontar…e não me dão espaço e possibilidade de barafustar o suficiente para desbloquear o que me prende as lágrimas que precisam urgentemente de sair…e a pressão aumenta…mas, se é para continuar a fazer de conta, então regresso à minha bolha e por lá fico, quieta e sossegada, assumindo o meu papel de Pinguim de Madagascar a sorrir e a acenar…

Não posso nada disto para, de certa forma, proteger quem me está mais próximo. Porque a frustração de não poderem fazer nada ao ver-me como estou dói-lhes. Não lhes é fácil de lidar com isto. Acredito que, para quem me está próximo, não seja fácil. Mas então…eu pergunto:

ENTÃO E EU?! Continuo a fazer de conta, é isso…?

…só preciso de explodir…porque não posso nem quero implodir…e sim, tenho medo…

…mas será então na minha bolha que continuarei a fazer de conta…

…até um dia…

{#231.135.2025}

…um bocadinho perdida por aí. No tempo, seja no calendário, seja no relógio. Nunca no espaço. Sei exactamente onde estou, sei exactamente onde queria estar.

O cansaço que se chama fadiga que não é o mesmo que cansaço, é pior. Que me derruba. Que me entorpece. Que me adormece. A energia em mim já não existe, descarreguei por completo uma bateria que não sabia que tinha e que não é possível recarregar na mesma potência, até mesmo na mesma quantidade.

Mantenho a estúpida vontade de querer fazer esticar e render o tempo que os dias me restam, mesmo quando já completamente consumida pela tal fadiga, já completamente perdida nas horas, sabendo apenas que já é tão tarde e amanhã o despertador toca cedo…

{#230.136.2025}

Sabes que estás a ser bem acompanhada quando, entre tantos outros factores, o médico que vês uma vez por ano te recebe sempre com um sorriso aberto e profundamente empático, conversa abertamente contigo, te explica tudo o que precisas de perceber, fica visivelmente muito contente ao partilhar contigo o resultado da tua última Ressonância Magnética e, antes de te entregar o relatório, sublinha vigorosamente a parte mais importante, como se de uma vitória a dois se tratasse: “ESTABILIDADE da carga lesional…”.

Que é o mesmo que dizer que, desde a Ressonância Magnética de Fevereiro de 2024, há 18 meses!, não surgiram novas lesões, sejam elas cerebrais ou medulares! E, tendo em conta que a primeira infusão da medicação só aconteceu em Setembro, durante aqueles primeiros 7 meses a navegar ao sabor do vento também não houve surgimento de novas lesões!

Sim, podemos ver tudo isto como uma vitória a dois. Dele pela decisão da medicação a fazer, minha por aceitar a medicação e acreditar que o meu Sistema Nervoso Central vai começar a deixar de ser totó.

Não estava nada confiante com o resultado. Estava nervosa, ansiosa, assustada. À distância de um clique, ele seguia comigo de mão dada como segue todos os dias. Acompanhou-me até à consulta. E foi a primeira pessoa com quem partilhei o resultado. E a reacção entusiasmada dele soube-me e fez-me tão bem!

A consulta, como desde o primeiro dia, foi tranquila. Leve. Com lugar a alguma (muita!) risota. Minha, da minha mãe que me acompanha sempre e do Dr. Miguel. Eu sei que não fui tida nem achada na selecção do médico. Mas sinto-me uma miúda cheia de sorte com o médico que me saiu na rifa!

Agora, é muito importante tratar a depressão, que ele mais uma vez percebeu que é intensa e pesada, trabalhar com a Neuropsicóloga e até com o Neuropsiquiatra para conseguir chorar!, explodir para não implodir!, e…arranjar um cão! Um cão de porte pequeno que não me atire ao chão, claro. Que me obrigue a sair de casa, que me leve a conhecer novas pessoas e que me ajude a criar uma nova rede de apoio de proximidade para substituir a que simplesmente desapareceu…

No meio do caos? Sou mesmo uma miúda de sorte!

{#229.137.2025}

Amanhã, segunda feira, 18 de Agosto. É dia de regressar à consulta de Neurologia, 10 meses depois.


Mil e uma dúvidas e questões e sei lá mais o quê. E saber que a consulta dificilmente será longa, lenta e com tempo para tudo.

É dia de saber resultados da Ressonância Magnética de Maio. Aquela que demorou 2 horas a ser feita porque eu me mexi…a respirar! Seja…o importante agora é comparar com a anterior e perceber se o número de lesões cerebrais aumentou ou se a medicação está a fazer o que é suposto: evitar a progressão disto que me apanhou na curva.

Não estou muito confiante, confesso. E estou, também, ansiosa q.b….Ao ponto de serem quase 3h da manhã, ainda estar por aqui e ter prometido, acima de tudo, a mim mesma que não ia voltar a fumar. Mas esta noite, esta ansiedade pré-consulta!, pede um cigarro antes de tentar ir dormir.
Mas não vai acontecer! Porque o que me apetece é o gesto, não o fumo! E o gesto posso mimetizar.

…mas o que posso mesmo, e devo!, é dormir! O despertador toca cedo. E a minha cabeça continua a rever a lista de dúvidas e questões e sei lá mais o quê para ter a certeza de que não me esqueço de nada! Mas, já sei, vou-me esquecer de alguma coisa…

…e também sei, sem dúvida nenhuma!, que não vou ter tempo para tudo…

{#228.138.2025}

……preciso……

……de sair……

……daqui!……

Ra

pi

da

men

te

!!!

{#227.139.2025}

Publicação para memória futura: 15 de Agosto de 2025, quinto dia de medicação para deixar de fumar é, também, o dia que ficou combinado com o Pneumologista da consulta de Cessação Tabágica do Hospital de Santa Marta para o último cigarro…

E tenho que ser sincera: passar de 20 cigarros (ou mais…) para 3 cigarros por dia em tão pouco tempo, que aconteceu logo no segundo ou terceiro dia da toma da medicação, parecia algo impossível de acontecer. Mas aconteceu.

Hoje, até às 17h e estando no activo desde as 8h30, já fumei os 3 cigarros da nova meta diária. E, confesso, este último cigarro fumado não acompanhou sequer o café. Mas esteve ali uma hora desde que foi feito à espera que eu lhe pegasse. E eu não tinha vontade de lhe pegar, confesso. Mas, estupidamente!, peguei-lhe. Fumei-o. Não sei muito bem porquê, porque não tinha vontade de fumar. Também não senti o conforto que, até há poucos dias, o tabaco me dava…mas, estupidamente!, fumei aquele cigarro que esperou uma hora por mim. Não vai voltar a acontecer.

15 de Agosto de 2025. Dia marcado, combinado e acordado com o Pneumologista, mas acima de tudo comigo mesma!, para o último cigarro! Que muito provavelmente até foi este que fumei há minutos. Porque simplesmente não me apetece fumar mais…

{#226.140.2025}

Durante o dia: a custo, sobreviver a mais um dos já incontáveis dia de calor excessivo.
À noite: tentar sobreviver ao barulho, também ele excessivo, da primeira de quatro noites de Festival à porta de casa.

O Sol da Caparica, em tempos longínquos ainda que o Festival só conte 11 anos de existência e teve que lidar com uma pandemia pelo meio, já chamou bons e grandes nomes. GNR que nos trouxeram aquelas músicas da adolescência, Xutos & Pontapés e mais do mesmo, Jorge Palma que deu um grande concerto, são só 3 grandes nomes que já por aqui passaram. Agora, é ver a qualidade dos artistas a ser substituída pela quantidade de bilhetes vendidos. Quando em tempos os bilhetes chegaram a esgotar, hoje olho para o cartaz e quase me atrevo a dizer que, este ano, não devem faltar bilhetes por aí…

Enfim…o barulho este ano incomoda-me. Muito. Mas, admito, o problema até posso ser eu que estou muito sensível ao ruído.

01h45m da manhã. Do Parque já não chega barulho. Há sossego. Mas é notório o aumento da circulação automóvel pouco habitual a esta hora.

Ainda é só a primeira de quatro noites. Vai ser mais fácil de suportar o barulho que tem hora marcada para terminar do que o calor infernal que parece ter vindo para ficar…

{#225.141.2025}

Calor.

Muito calor.

Tanto calor…

Demasiado calor!

…e eu não (sei se) aguento…

{#224.142.2025}

Café ao fim do dia na esplanada do costume para desligar o chip. Desligar do quê, se não fiz rigorosamente nada o dia todo para além de sobreviver e ver o tempo passar? Pois…também não sei. Nem interessa.

Quando, à mesa da esplanada, seja ela a esplanada do costume, a esplanada das mesas infinitas ou até mesmo a esplanada do Parque que hoje está fechada, dizia eu que, quando à mesa da esplanada, o lugar em frente está vazio ou, como agora, ocupado com a minha mochila, podemos confirmar com 99,999% de certeza que a tal rede de apoio, aquela de proximidade que até podia combinar um café, um almoço, um jantar, um lanche, uma coisa qualquer!, isto, claro, se houvesse vontade!, podemos confirmar que a tal rede de apoio de proximidade simplesmente é inexistente. Não existe. Não há! Mas há tabaco. Há tubos. Há máquina para encher. Há mãos, as minhas, que deixam cair tanta coisa. Há cigarros. Que fazem aquela tal de apoio que NUNCA me falta. Nos momentos bons. Nos menos bons. E especialmente nos maus e, até, muito maus. Nunca me faltou. Nunca me falhou.

Já o resto…

Mas vir à esplanada do costume e fumar um único cigarro? Now that’s a first…!

Agora, podem seguir. Não há nada para ver aqui. E telemóvel para atender? Se ele não toca…