Category Archives: {#2025.Maio}

{#151.215.2025}

……só por hoje……

Quem sabe amanhã…

…em loop na minha cabeça, num eco contínuo, uma espécie de red flag? Talvez.

O que é certo: dói. Muito. Mais do que gostaria de admitir…

Agora? Tento não pensar muito nisso. Tento combater esse eco contínuo. Tento silenciá-lo sem saber muito bem como fazer para o conseguir…

…quem sabe amanhã…? Logo se vê…

{#150.216.2025}

Porque hoje é o Dia Mundial desta coisa que me apanhou na curva e cujo nome continuo a não conseguir verbalizar. Mas é preciso falar sobre isto. Partilhar experiências. Dificuldades. Coisas que ajudam nos momentos mais difíceis.

Já sabemos que há tratamento mas não há cura. O tratamento não traz melhoras nenhumas, mas tenta travar a progressão disto que é neuro-degenerativo.

Aceitar o diagnóstico será, provavelmente, a batalha mais difícil. Não sei…
O que sei é que qualquer um de nós, os muitos que até somos raros, continuamos a ser exactamente quem éramos antes do diagnóstico. É normal que exista um “antes” e um “depois“. Mas o “depois do diagnóstico” não faz de nós menos do que éramos antes.

Disseram-me há um ano que “a vida não acaba aqui”. E é verdade. Não acaba. E é possível que o novo normal que se inicia até traga coisas muito boas. Não duvido. Ainda não tive foi tempo, ainda é tudo muito recente, ainda me estou a habituar e a conhecer esta nova Eu.

Que esta coisa é uma grande treta? Não duvidem. É como se nos tirassem o chão de baixo dos pés. Mas não é para desistir. De nada. É para reaprender a andar? É para fazer ajustes, adaptações, alterações até às coisas mais básicas como tomar banho? Então siga! Desistir é que não é opção.

Dia Mundial desta coisa que me apanhou na curva. Cujo nome continuo a não conseguir verbalizar. Muito provavelmente continuo a recusar. Porque o que eu queria mesmo era voltar ao meu antigo normal. É que este novo normal não tem piada nenhuma…especialmente porque não é possível fugir dele.

Por isso, siga! E quem quiser acompanhar já sabe: é devagar. Devagarinho…

{#149.217.2025}

A vida não é apenas a preto e branco. Existe todo um imenso espectro de cores entre os extremos que marcam a total ausência de cor e a soma de todas as cores. Durante muito tempo, demasiado tempo!, foquei-me apenas nos diversos gradientes de cinzento, porque cinzento também é uma cor, é verdade, mas limita a visão completa desse imenso espectro de cores que nos pintam os dias.
No momento actual, teria todos os motivos para regressar ao cinzento e focar-me apenas nesse leque limitante. Mas optei pela imensidão de cores que pintam o arco-iris, que compõem esse imenso espectro, que nos pintam os dias. O cinzento também marca presença, mas rapidamente a atenção é desviada.

Aprendi nos últimos quase quase quase 2 anos a encontrar cor em todo o lado, todas as cores mesmo nos dias mais escuros. E aprendi também que olhos castanhos, aqueles olhos castanhos onde me perco, onde me rendo e onde, sem qualquer receio, me entrego, contêm em si todas as cores de todos os sonhos, todos os desejos, todas as cores de todos os tempos, de todas as vidas.

Rendo-me todos os dias a todas as cores. Aceito o preto, aceito o branco, aceito o cinzento. Mas é a todas as outras que me entrego. Que me deixo levar. Que sonho.

O grande responsável por este caminho de crescimento e aprendizagem do espectro de cores? Ele. Sem dúvida ele. Responsável por este caminho porque desde o primeiro dia viu em mim mais do que apenas o cor de rosa que me acompanha nos pequenos pormenores. Viu em mim o imenso espectro de cores e ensinou-me a reconhecê-las. Em mim. Nele. E em tudo o que nos envolve. Porque a vida não é apenas a preto e branco. Seria tão mais fácil se fosse. Mas não seria necessariamente melhor…

Gosto do imenso espectro de cores que faz de NósNós! Gosto dele tal como ele é. Gosto muito mais de mim desde que aprendi, com ele, a reconhecer todas as cores em mim. Gosto de Nós e do arco íris que pintamos diariamente há quase quase quase 2 anos. E mesmo no caminho que percorremos de mão dada a pintar o nosso arco íris o cinzento aparece. Mas rapidamente é ofuscado por todas as outras cores.

Aprendi com ele a ver todas as cores que nos envolvem. E já não passo sem elas. E sem ele

{#148.218.2025}

Tenho falado aqui algumas (poucas!) vezes sobre superação. Que é esse o objectivo que tracei para mim. Superar-me a mim mesma. Condicionada por um diagnóstico que eu não procurei mas que me encontrou e veio para ficar. Mas eu quero muito mais do que a previsão agreste e agressiva de uma doença neuro-degenerativa progressiva, com tratamento mas sem cura, um tratamento que existe mas que apenas vai tentar travar a progressão, não vai trazer melhoras, muito menos regressão das dificuldades que já tenho.
Quero mais. E quero melhor. Muito melhor! Quero superar essas dificuldades. Ir mais longe do que o diagnóstico me diz que posso ou que consigo. No fundo, o que quero é simplesmente superar-me!

A superação exige trabalho. Muito trabalho. Muito foco. Muita força de vontade para não desistir, porque os dias difíceis são mais do que os outros. E quando são difíceis são MUITO difíceis. Que ninguém duvide disso.

Mas há uma coisa que eu não duvido: estou muito bem acompanhada. Seja com o Yoga com o Professor Pedro, com a Fisioterapia com o Fisioterapeuta Zé da MoveClinics em Almada, seja com a presença dele à distância de um clique a 135km daqui.

Superação. É esse o meu objectivo. Superar-me a mim mesma. Posso chegar a casa de rastos depois de uma manhã na Fisioterapia e do Yoga ao fim do dia. Mas, seja num lado ou no outro, tenho muito orgulho do que já alcancei depois de 2 anos consistentes de Yoga e de 1 ano de trabalho diário na Fisioterapia.

E tenho um brilho e um sorriso especiais e diferentes por ter, praticamente há 2 anos, do meu lado alguém que cedo me pegou pela mão e me disse, ainda antes da confirmação do diagnóstico, que o caminho seria sempre feito a dois, de mão dada e que quando me fosse difícil caminhar me levaria ao colo.

Sou muito grata a este trio que me acompanha: o Pedro, o Zé e ele. Porque desde cedo viram em mim muito mais do que eu mesma via. Porque me desafiam todos os dias a ir um bocadinho mais à frente. Porque, mesmo sem nenhum deles saber, me inspiraram a traçar este objectivo para mim mesma: a superação!

É um dia de cada vez. Eu sei disso. Não sei se sou forte ou com garra como a Susana diz que sou. Mas quero mais!

{#147.219.2025}

Todos os dias me apaixono mais um pouco. Por ele, que é aquela metade de mim mesma que eu não sabia que me faltava. E que sem dúvida é o que de melhor me aconteceu há praticamente 2 anos. E é o que de melhor me acontece todos os dias.

135km de distância. Mas a distância não significa necessariamente separação. Posso eu não estar todos os dias. Pode ele não estar aqui todos os dias. Pode haver 135km para percorrer. Mas estamos juntos todos os dias. À nossa maneira. Da única maneira possível. Mas juntos, sempre de mãos dadas, vamos percorrendo os dias e construindo uma história. Que é a nossa história. Que já vem de longe. Tão longe. Outros tempos? Outras vidas…

Se, por algum motivo, tivesse que me apaixonar novamente, seria por ele. Disso não tenho qualquer dúvida. Não só mas também porque foi exactamente isso que aconteceu hoje: voltei a apaixonar-me por ele. Como se fosse a primeira vez. E hoje percebi o que me fez reconhecê-lo há praticamente 2 anos: foram os olhos. Para os outros, uns banalíssimos olhos castanhos. Para mim, os olhos que me cativam todos os dias, e que guardam e reflectem quem eu sou por inteiro.

Reconheceria, reconhecerei!, sempre aqueles olhos. Aquele olhar. Intenso. Profundo. Desconcertante. Que me faz tremer as pernas. Que me garante segurança. Que me vê. Que me reconhece também.

Todos os dias me apaixono mais um pouco. É verdade. Mas hoje? Hoje aquele olhar dele bateu mais forte. E voltei a apaixonar-me como no primeiro dia. Noutro tempo. Noutra vida…

{#146.220.2025}

O Mundo é um lugar cada vez mais feio. Para onde quer que se olhe, lá está ele: o ódio. A intolerância. A perseguição da diferença. Seja ela física, mental, espiritual, o que for. Fica cada vez mais difícil focar-me unicamente em coisas que me fazem bem, que me sabem bem.

Gostava tanto de poder fazer uma espécie de ctrl-alt-del ao Mundo. Forçar um processo para reiniciar e, com sorte, voltar ao último formato. Onde o Mundo continuava a ser imperfeito, claro, mas onde ainda era possível encontrar um lado bonito. Não é possível reiniciar o Mundo. E encontrar coisas bonitas, mesmo não sendo completamente impossível, é cada vez mais difícil.

…e é também por isso que a minha vontade é fechar-me, isolar-me longe de tudo aquilo que me dói. Porque olhar o Mundo de frente está cada vez mais difícil…

{#145.221.2025}

Se tudo fosse tão simples como pegar nos parafusos e respectiva chave e montar correctamente as peças de tudo o que nos é…

{#144.222.2025}

Sábado devia ser um daqueles dias sem despertador a tocar. Mas hoje tocou. Dia de análises para ver a actualização dos valores da Ferritina e perceber o estado da anemia 4 meses depois. E aproveitar também para ver os valores da Vitamina B12 que, no meu diagnóstico, é tão importante.

Os autocarros que passam por aqui são muito escassos ao fim de semana, por isso era preciso chegar a tempo à paragem. Porque ir a pé até à vila já não acontece. É “só” 1 km que, antes, fazia em 15 minutos. Hoje? 1 km é coisa para ser feita, talvez!, em 1 hora. Ou até mais…

Análises feitas. E após converseta com a moça da clínica que há anos me pica as veias e que não me punha a agulha no braço há muito tempo porque ultimamente a enxurrada de análises era feita no hospital, chegou a hora do penso rápido no braço. E não posso deixar de achar curiosa a forma como ela me colou os pensos…em cruz. Como quem diz que já chega. Dêem descanso a estas veias…

A meio da tarde os resultados das análises no meu email. Ferritina? É melhor não rir do valor. Subiu muito ligeiramente, é verdade. Mas continua vergonhosamente baixo. Bora lá continuar a comer beterraba (que adoro!) e afins e tomar as ampolas e a Vitamina C e depois logo se vê.
A Vitamina B12? Até está em valor ditos normais. Mas longe, muito longe!, do valor ideal! E ainda tenho que ver qual o valor ideal para o meu diagnóstico que, já sei, é superior ao tal ideal indicado pelo laboratório.

Queria ter dado uma caminhada na praia entretanto. Mas este diagnóstico e muito calor? Não combinam! Hei de voltar à praia, claro. Mas primeiro preciso de uma bolha fresca que me envolva e me proteja do calor para conseguir fazer as coisas mais simples.

De resto, o sábado termina com um esplendoroso par de olheiras. Vincadas. Pesadas. E sono. Muito sono…

Siga! Um dia de cada vez! Amanhã? Logo se vê!

{#143.223.2025}

Tão, mas TÃO cansada…!

Dia tão longo. Tão comprido. De tal forma que, ao separá-lo por partes, todas elas parecem intermináveis…

E, mais uma vez, a noite roça a madrugada. E, se calhar, eu já devia estar a dormir…

Amanhã. Amanhã tiro o dia para dormir e descansar. Na cama. Não no cadeirão, com os olhos quase fechados e a cabeça a cambalear. Como está agora…

{#142.224.2025}

Já falei nisto antes: superação. É o que pretendo alcançar. Transpôr limites. Limites que o meu corpo me impõe. Limites pré-definidos por um diagnóstico que me chegou sem convite e que me apanhou na curva. Vejo esses limites. Sinto esses limites. E, ao perceber a sua existência, na minha cabeça ecoa a frase “tu vais chegar onde quiseres chegar”. E vou. Vou chegar mais além do que aqueles limites pré-definidos. Aqueles obstáculos que se apresentam no meu caminho. Irei superá-los. Todos. Porque quero superá-los. Porque quero superar-me. Porque quero!

O que tem isso a ver com as flores? Nada. Mas, se já vão na terceira floração desde há pouco mais de um mês e em condições não tão ideais como se gostaria, é porque também os brincos de princesa quiseram, e conseguiram!, transpôr limites e obstáculos. E eu também VOU chegar onde EU quiser!

{#141.225.2025}

Dias que começam cedo e que eu, estupidamente, faço por prolongar noite dentro. Como agora…

Não posso continuar neste registo. Mas ainda não me mentalizei que tenho que me impôr um horário mais saudável e mais responsável para dar o dia por terminado.

Mas ainda não é hoje…

{#140.226.2025}

Cara de segunda feira. Assim me viu o Zé, o Fisioterapeuta, logo às 9h30 da manhã. Só me viu os olhos por causa da máscara, mas foi o suficiente para perceber o que eu escondia. A verdade é que, de há uns dias, semanas?, meses?, para cá, uma simples frase resume bem o que sinto: estou farta. De tudo. E, apesar de saber que o caminho faz-se caminhando um passo de cada vez, sem pressa, devagar, devagarinho, há dias, momentos?, em que o desânimo aliado ao cansaço fazem-me querer desistir… São momentos mais frágeis onde a vulnerabilidade se mostra, se expõe e quase perde a esperança e a força para continuar.

São momentos. Que podem durar dias, é verdade. Mas são apenas momentos. De fragilidade. De vulnerabilidade. De desânimo. De cansaço. Físico, psicológico, mental. É, também, perder o Norte. Mas até essa perda é um momento. Que vem. Que chega quase de mansinho. Tantas vezes sem aviso prévio. Mas não deixa de ser apenas um momento. Que não permito, que não posso permitir!, que se instale de forma permanente. Sim, estou farta, dificilmente deixarei de o estar, dificilmente direi, sobre tudo isto, que quero mais. Não quero. Na verdade, nunca quis nada disto. Um isto tão cheio de tanta coisa que nem eu sei exactamente o que é. Sei apenas que é muito.

Sei, também, que por muito que este isto seja um muito que é tanto, não será isso que me irá derrubar. Os momentos de desânimo são válidos. São legítimos. São, também, necessários. É durante esse desânimo, quase desalento, que percebo que estou cansada. Que preciso parar um bocadinho. O tempo suficiente para descansar. Dormir. Recuperar, corpo e alma. E voltar. Voltar a erguer os olhos do chão, cabeça erguida, peito aberto. E, novamente, seguir passo a passo em frente. Voltar para trás não é possível. Quem estava lá atrás, a outra Eu anterior, já não existe. Não pode existir. Não tem como. Por isso aprendo aos poucos a conhecer esta nova Eu, ainda que não a reconheça.

Estas duas, que sou eu!, não são muito diferentes. Cruzam-se no caminho e a minha Eu anterior deixa há minha nova Eu o tanto que a acompanha desde sempre e que a fez ser quem e como é. Ou era. Ou…já não sei. Mas é todo esse tanto que une estas duas que sou Eu: a anterior que já não existe, mas resiste!, a nova que reaprende coisas pequenas que são gigantes. Enormes. Imensas. Como caminhar, simplesmente. Há tanto tempo dado como garantido e que, afinal, não o é…

Cara de segunda feira. Era, para mim, muito pior que isso…não sei exactamente o que era, mas era pesado. Dorido. Mau… Cansaço, no fundo. Em vários níveis. Em diferentes áreas. Mas, acima de tudo, cansaço.

{#139.227.2025}

Os dias até podem terminar com cores bonitas lá fora. Mas não quer dizer que todos os dias sejam bons dias. Porque os dias menos bons, ou até maus!, também existem. São uma realidade. E hoje foi um desses dias. Dos maus, não apenas menos bons.

Mais uma vez me senti a navegar um Mar revolto. Sozinha. Sem conhecer as correntes que arrastam para longe ou a violência das ondas capazes de destruir qualquer um.

Não preciso de muito. Preciso da ajuda médica que não estou a ter, o acompanhamento clínico de quem me pode dar respostas. A consulta que, em Outubro!, foi marcada para Junho, foi desmarcada. E era nessa consulta, que não faço ideia para quando será remarcada, que a lista de questões, dúvidas, sinais e sintomas enviada em Janeiro, seria devidamente avaliada e respondida.

Transferência para outro Hospital com serviço dedicado? Onde há acompanhamento regular, com uma equipa multidisciplinar que está a dar cartas pela qualidade do acompanhamento? Uma hipótese que foi posta em cima da mesa e que levou (novamente) uma resposta negativa sem eu perceber exactamente porquê por parte da clínica geral que me viu hoje.

Por outro lado, não preciso de validação quando me queixo de dores, de cansaço, de mau estar, de não entender uma série de coisas à minha volta, de não conseguir aceitar isto que me apanhou na curva. Preciso, apenas!, que me permitam exteriorizar o que, de facto, estou a experienciar. A viver. Quase a sobreviver… Que me permitam dizer as coisas exactamente como as sinto. Se o faço de forma negativa? Não existe alternativa. Não posso falar de forma positiva sobre algo que não me traz nada de positivo. E se digo que tenho dores, tantas vezes muitas dores!, não me peçam para não ser negativa sobre isso.

Não estou demasiado focada na doença. Estou, isso sim!, a aprender a viver com algo que não procurei e que ainda desconheço. Estou a tentar encontrar essa nova Eu que me disseram que ia acabar por surgir…

Um dia de cada vez. É assim que estou a levar isto. Mas não é NADA fácil lidar com o desconforto do desconhecido. E se lhe juntarmos as dores e as dificuldades, é bastante mais difícil.

Não peço muito. Apoio. Colo. Paciência. Compreensão. Tolerância…

{#138.228.2025}

Dia de eleições. Não podía faltar, claro. O meu voto vale tanto como o de outra pessoa qualquer, mais rica ou mais pobre, não há qualquer diferença. O voto de um tem exactamente o mesmo valor que o voto do outro. E, com mais ou menos dificuldade, fui. E fiz valer o que vigésimo quinto dia do quarto mês do ano de 1974 me deu, servido por Capitães decididos a mudar o que estava errado. E graças a esses Capitães, homens de imensa coragem, foi-me possível 51 anos depois, e mais uma vez, deixar clara a minha posição, aquilo que considero ser o certo para lutar contra o que está mal e alcançar o que é mais correcto e justo.

Foi-me fisicamente doloroso. Penoso. Mas fui. E votei. Ao contrário de tantos que não se deram ao trabalho de levantar o rabo do sofá.

E, ao início da noite, as primeiras projecções trouxeram uma sombra. Composta por ódio, oportunismo, tantas coisas negativas que não quero apontar mais nenhuma. É uma sombra que nunca pensei ver de perto, no meu país, que me habituei a ver luminoso. A ver livre. E que, por muitos defeitos que possa ter, não precisa, não pode!, voltar atrás no tempo!

E os números que se foram apresentando e confirmando ao longo da noite trouxeram-me dois sentimentos que dispensava:

  • Vergonha alheia pela quantidade de gente que não se deu mesmo ao trabalho de levantar o rabo do sofá. São, por norma, os que mais barulho fazem para reclamar do que está mal, do que é decidido por aqueles escolhidos por terceiros. E, para mim, quem não se dá ao trabalho de levantar o rabo do sofá para decidir sobre o próprio futuro não tem o direito a reclamar…
  • Ainda vergonha alheia também por todos aqueles milhares que colocaram uma cruz no quadrado errado. Uns demasiado novos para, sequer, já terem nascido antes de 1974. Outros, que vêm de há mais tempo, que experimentaram aquele tempo não tão longínquo assim, parecem ter perdido a memória e agora escolheram remar para trás. Como se, atrás, é que fosse bom. Não era!
  • Medo. Muito medo. Vivemos tempos estranhos. Não só por cá. É global. E agora, depois destas eleições e da aproximação dessa sombra já tão demasiadamente visível por cá, é o medo que se apresenta legitimamente. Mas não vou permitir que o medo me domine. E o que puder fazer para dissipar essa sombra, farei…

Decidi que, só por hoje!, não quero saber! Números, posições, reacções, não quero saber! Hoje não! Amanhã o problema vai continuar presente. Nessa altura irei tomar conhecimento dos resultados finais. Hoje não. Só por hoje não quero saber.

…nunca esperei ver o meu país a, devagar, começar a voltar para trás. E no entanto…

Triste. Muito triste com o dia de hoje. Mas com a noção de que cumpri com a minha obrigação: mesmo a muito custo, fiz valer o meu voto!

{#137.229.2025}

Serviço de Neuroradiologia, aquele sítio que define o início do bunker e que, na sala de espera, meio metro mais ao lado já não há rede. De dados móveis, de telemóvel, nada passa por aquelas paredes forradas de chumbo.

Já pela porta, passo eu. E continuarei a passar recorrentemente. 1 ou 2 vezes por ano. Não interessa. Se é para ir, vou!

E hoje foi dia de pedir ao meu Cérebro o melhor sorriso que, a um Sábado de Sol e calor, podia dar para tirar umas quantas fotos. E, a julgar pelos disparos da máquina, foram muitas!

Não tenho problema nenhum, nunca tive!, em ficar deitada e quieta dentro daquela máquina, com aquilo a que chamam Gaiola a prender-me a cabeça para só conseguir mexer os olhinhos. Mas entendo perfeitamente quem se sente mal ali, quem se sente preso, quem é claustrofóbico. E os disparos da própria máquina deixam qualquer pessoa desconfortável. Aqueles que chegam por baixo da marquesa? Até a mim incomodaram.

O exame devia ter demorado 45 minutos. Demorou quase 2 horas… A certa altura, a técnica começou a visitar-me: “D. Catarina, mexeu-se. Temos imagens tremidas…” e passado um pouco “D. Catarina, está a mexer-se! Não se mexa!” e novamente “D. Catarina, já temos mais de 30 minutos de imagens tremidas! Não pode ser! Vamos ter que repetir! Não se mexa! Estamos quase a terminar!” e eu a pensar “eu, a mexer-me? Só se for os olhinhos!”

Percebemos entretanto que eu me mexia, sim!, quando estava a………respirar! “Faça respirações mais curtas!” e assim teve que ser. E eu a precisar TANTO de respirar fundo e encher os pulmões! E não podia…

Já conhecia o “Não se mexa! Não respire!” imediatamente seguido de “Pode respirar!”. Mas não conseguir fazer uma Ressonância Magnética Craneo Encefálica em 45 minutos porque estou a respirar? Now that’s a first…

Mas está feito! E é o que importa!

{#136.230.2025}

Todas as aulas de Yoga terminam com Savasana. O momento do relaxamento. Já me aconteceu, em tempos, terminar o relaxamento a chorar baba e ranho. Outros tempos, outra vida, outras dores.

Estou com o Professor @pedro0912andrade há praticamente 2 anos. No Savasana com ele nunca chorei baba e ranho. Mas já fiz grandes viagens.

Como quando fomos até ao Azul. Onde flutuámos, vimos estrelas e planetas, o nosso planeta lá em baixo, furámos nuvens até chegar lá acima e nesse momento de relaxamento lembro-me que a vontade que tinha na altura era de rir como quando tinha 4 anos. Porque estava tão feliz naquela viagem!!

Hoje não fomos ao Azul. Mas tínhamos presentes 3 elementos: o Sol, o Céu e o Mar. E quando ele nos disse para nos focarmos nos elementos, foi impossível não seguir o Sol, que não podia ver!, a mergulhar no Mar. E o Céu a cobrir com o seu manto esse cenário de fusão entre elementos.

O que custou mais neste momento de relaxamento? O mesmo que custa sempre: regressar. Voltar a encaixar cada pedaço de mim no meu corpo deitado no tapete. Custa sempre tanto. Mas hoje? Hoje, por algum motivo, foi muito mais demorado, um reencaixe muito mais intenso.

Não sei que “magia” o Professor Pedro tem feito nestes 2 anos. Aliás, sei que não tem feito magia nenhuma! Mas tem sido um percurso extraordinário! E que quero tanto que continue!

Sei que para a grande maioria dos que lerem isto, não vos diz absolutamente nada. Mas garanto-vos duas coisas!

1- há aqui quem me entenda tão bem
2- não, ainda não enlouqueci! Mas, se enlouquecer passar por isto, não tenho qualquer receio!

{#135.231.2025}

Diz-nos o Priberam:

exaustão
|z|
(e·xaus·tão)

nome feminino

  1. Acto ou efeito de exaurir. = ACABAMENTO, ESGOTAMENTO, EXAUSTAÇÃO
  2. Estado de grande cansaço físico ou mental (ex.: trabalhou até à exaustão). = ESGOTAMENTO, FADIGA, PROSTRAÇÃO

E digo eu: é tudo isso que está lá em cima.

É isso tal e qual o que sinto. Como me sinto. E como assim, não fui à Fisioterapia para poder descansar e recuperar o meu corpo, acordei muito tarde depois de todas as horas que precisava dormir, não fiz mais nada a não ser participar de um webinar de hora e meia e, assim que terminou o webinar, fiquei absolutamente esgotada…?

Nunca pensei que uma simples participação de um webinar me deixasse assim. Tal como ontem fiquei absolutamente esgotada depois de uma simples conversa sobre um assunto complexo…

…e assim vão os meus dias. Sem energia. O apagão na Península Ibérica aconteceu a 28 de Abril, mas a minha energia só em Maio começou a escassear…e não me apetece um apagão em mim.

Acho que está na altura de me dedicar ao auto-isolamento. Sair das redes. Afastar-me de TODA A GENTE…dedicar-me exclusivamente a mim. Para poder descansar, recuperar e reorganizar a distribuição da minha energia.

Não, não quero chegar ao ponto do apagão em mim. Mas o estado de exaustão, vincadamente marcado nos últimos dias, exige-me que trate de mim. Porque mais ninguém o pode fazer. E não, não me apetece ir mais uma vez à urgência do Hospital. E, até, eventualmente ficar por lá uns dias. Não me apetece…

Por isso, redes? Logo se vê. Quem quiser sabe como e onde me encontrar. Em último caso, o telemóvel mantém a função básica de atender chamadas. E até recebe as velhinhas SMS…

O que sei é que estou demasiado cansada. Fadiga, que não é o mesmo que cansaço, temos. Exaustão? À beira disso. E não me apetece…

(Colo? Quero tanto. E está a faltar-me…)

{#134.232.2025}

Às vezes, e é preciso perceber quando!, é preciso parar. Parar para descansar, para recuperar o corpo que todos os dias é submetido ao trabalho e esforço da fisioterapia. Porque o que faço lá é trabalho puxado. Que põe o corpo todo a mexer e a trabalhar músculos, tendões, articulações. Não há nada que não seja trabalhado ali. E isso cansa em situações normais. No meu caso? Esgota-me!

Já não sei há quanto tempo faço o trabalho diário ininterrupto. Sei que é necessário, claro que sim. Mas também é necessário parar de vez em quando para descansar. E eu já estou nesse momento…preciso tanto de descansar da fisioterapia! O corpo dá os sinais todos e eu tenho que o ouvir e obedecer-lhe. E, neste momento, grita-me que páre!

Não fui à fisioterapia de manhã. Dormi até às 10h30m. Acordei já a sentir-me cansada. Diz quem sabe que é normal. Acredito que sim. Porque já me é habitual este cansaço logo ao acordar, independentemente do número de horas que tenha dormido. Tanto que já assumi que, ao acordar de manhã, a minha bateria já só tem 85%. E esgota muito rapidamente…e hoje esgotou ainda antes do almoço!

Depois de acordar, pequeno almoço no cadeirão seguido de café e uma conversa. Uma simples conversa com a minha mãe sobre o meu regresso ao trabalho. Que, afinal, não é assim tão simples. Porque toda a minha situação é tudo menos simples. Requer alterações. Grandes alterações. E aquilo que era suposto ser uma simples conversa revelou-se algo bastante mais complexo. E essa complexidade apresentou-me a fadiga provocada por cansaço mental. Já conhecia o cansaço mental em dias de formação ou em dias em que atendida clientes mais exigentes e difíceis. Mas nunca tinha percebido que esse cansaço mental fosse tão sentido a nível físico. Mas hoje…

…hoje de manhã esgotei completamente a minha reserva de energia antes do almoço! E à tarde tinha que estar em condições para ir ao Yoga. Na sexta feira não fui. Motivo? Cansaço que afinal é fadiga e não são a mesma coisa… Depois de almoço, já o tinha decidido, enrosquei no sofá para conseguir dormir um pouco. O suficiente para descansar e recuperar energias.

Dormi uma hora. Não de forma muito profunda, mas o suficiente para acordar com um pouco mais de energia. O suficiente para sair de casa animada para o Yoga. E a aula, mais uma vez, foi tudo o que eu estava a precisar. Foi, também, conseguir alcançar e manter posturas que não conseguia. Uma que facilmente me derrubava e tantas vezes me fez ir ao tapete. Outra que antes, na minha primeira experiência de Yoga, conseguia fazer facilmente mas que desde que estou com o Professor Pedro, faz agora dois anos, nem com a ajuda dele eu consegui alcançar. Sarvangasana. Que eu sempre consegui fazer facilmente. Mas que há dois anos tentava reconquistar. E hoje…hoje o objectivo era apenas meio Sarvangasana. E que, de repente!, sem o esperar, alcancei à primeira tentativa! Meio Sarvangasana alcançado, mas prontíssima para o Sarvangasana completo!

Parece ser pouca coisa. Mas para mim é muito! Neste momento, estas pequenas coisas são vitórias imensas. Não serão a superação que pretendo, mas são conquistas. São a voltar a ser um bocadinho de quem eu já fui. E é tão importante sentir, perceber!, que afinal eu ainda cá estou!

Claro que entretanto cheguei a casa cansada. Mas ao mesmo tempo cheia de uma qualquer energia que me impede de ir dormir… Mas a noite já roça a madrugada. E eu preciso de descansar. Preciso de dormir. Rapidamente. Para já é isso que vou fazer. Quanto a amanhã? Neste momento não quero nem saber…

{#133.233.2025}

A miúda dos olhinhos de sono e que está farta do look t-shirt + calções desportivos para a fisioterapia foi beber um café ao final da tarde e decidiu abdicar desse look batido! A opção? Uma blusa catita e uma saia de ganga com pregas. Como as pessoas crescidas, portanto!

Um café com um amigo que é P de Presença é sempre um bom café. E é também com ele que, de vez em quando, tiro algumas dúvidas. Principalmente sobre trabalho. Mesmo quando eu continuo de baixa e nem trabalhamos na mesma área.

No caminho de regresso, e já não me lembro a que propósito, disse-lhe: estou chateada, zangada, frustrada, revoltada e continuo a fazer de conta. A fazer de conta que está tudo bem, quando não está. E à conta disso ainda irei ganhar o Oscar de melhor Faz de Conta.

Já em casa, a fragilidade e vulnerabilidade que o cansaço carrega vieram ao de cima. E, com elas, a armadura quebrou, deixando entrar os medos que alimentam a insegurança. E, com a insegurança ao rubro, descarreguei em quem não devia: em quem está a 135km daqui, ele. E o tanto que eu o queria (e quero!) aqui. Agora. Não para desfazer a minha insegurança que amanhã já estará mais segura depois de me permitir descansar. Mas para ser acolhida num abraço quentinho e protector para ter a noite de descanso que preciso tanto…

Dia tão estranho, este… E a certeza de que é obrigatório descansar rapidamente porque já estive mais longe do ponto de rotura. Um dia destes volto a abdicar da t-shirt e volto a apostar no look de pessoa crescida. Mas há “coisas” das quais não abro mão: um amigo que é P de Presença e ele que é aquela metade de mim que eu não sabia que me faltava.

{#132.234.2025}

Já sabia que isto que me apanhou na curva era uma caixinha de surpresas, nenhuma delas simpática. Sabia também que todos os dias eram diferentes do anterior. Também sabia que, apesar da medicação, não é de esperar que haja melhoras. Porque uma doença que não tem cura e que é progressiva só terá melhoras com a ajuda de um milagre. E eu não acredito em milagres, claro.

Sei de tudo isso. Ia dizer que já assumi que não irei melhorar e que a tendência, com o tempo, será de agravamento do que já está mau. Ou até do que ainda nem se manifestou. Mas não é verdade. Ainda não assumi nada disso porque assumir seria aceitar o diagnóstico. E eu ainda não aceitei. Eu ainda não aceito…

Estava preparada para que, com o tempo!, começasse a haver novos sinais, novos sintomas. Mas seria sempre com o tempo! Não agora! Assim de repente! E, mais uma vez completamente por acaso, começar a perceber que (mais) alguma coisa não está como devia…ser, novamente, apanhada de surpresa e perceber a falta de sensibilidade onde era suposto haver, juntando à dificuldade sentida na sexta feira a fazer algo que supostamente não devia ser difícil…não! Não estou preparada para isto agora. Era suposto ser com o tempo! Não agora!

Tenho, obviamente, a cabeça a mil com isto. Amanhã converso com o Fisioterapeuta para, pelo menos, tirar teimas. Já que a consulta com o neurologista foi desmarcada, neste momento só posso mesmo recorrer ao Fisioterapeuta. Que, já sei, me vai dizer o que me diz sempre: tenho que falar com o neurologista.

E tenho, claro que sim. E desde Outubro que espero pelo dia 16 de Junho, dia em que teria, finalmente!, consulta com o neurologista e que, entretanto, foi desmarcada. Para quando é que vai ser remarcada? Não faço ideia. O meu médico vai deixar o Hospital, como tantos outros antes dele? No secretariado disseram que não, que se vai manter. Mas e se no secretariado não souberem de tudo? Não seria impossível não saberem. Mas dizem-me que não, que ele vai continuar. E eu só tenho que confiar, acreditar e esperar por remarcação da consulta. De preferência para o mais cedo possível. Porque não posso continuar ao sabor do vento…

Preciso, muito!, de falar com o neurologista. Ter a consulta que estava prevista para lhe apresentar a minha lista de sinais que não sei interpretar, que poderão ou não ser sinais, sintomas ou danos já instalados. Sei que a lista já está bem composta. As dúvidas são muitas. As perguntas também. E eu sinto-me completamente às escuras a navegar num mar agitado, revolto!, que desconheço. Às escuras e sozinha… Sei que, neste momento, posso colocar questões a uma ou outra pessoa na mesma situação que eu, mas não tenho á-vontade para isso. São pessoas que não conheço, com quem me cruzei por acaso nas redes. Mas são pessoas que navegam neste mar há muitos anos. Conhecem isto muito bem…

Já não sei… Não sei o que sentir, não sei o que pensar, não sei o que fazer. Sei, sim, que volto mais uma vez ao ponto de querer chorar e não conseguir…e esse bloqueio não me faz bem nenhum.

Mas só por hoje, e há muito tempo que não pegava nesta máxima!, só por hoje não vou pensar mais em nada disto. Não quero! Não posso! Amanhã logo se vê! Por hoje não quero mais…

E, sim!, navego este mar revolto às escuras. E sozinha…e não quero.