Category Archives: {#2025.Fevereiro}

{#039.327.2025}

As recomendações do Fisioterapeuta para o fim de semana, no que diz respeito à recuperação das minhas pernas, foram claras: pouco ou nenhum esforço. Para aliviar as dores. Para recuperar os músculos. Para chegar a segunda feira e recomeçar o trabalho. Que, agora já sabemos, terá que moderado para se conseguir alcançar objectivos.

Ontem, depois da fisioterapia e destas recomendações, foi um abuso para as minhas pernas. É verdade que, assim que cheguei ao sofá, lá pelas 19h, dormi directa até às 3h30m da manhã. Recuperei o corpo cansado, mas tinha algum receio de como estariam as minhas pernas, principalmente porque tinha uma aula de Yoga esta manhã que não queria perder de forma nenhuma.

A verdade é que esta manhã acordei cedo e, no banho, o bater da água quente nas pernas não prometia nada de bom… Mas não era o suficiente para me impedir de ir à aula, porque a ausência não é quarta feira por falta de condições nas pernas, especialmente falta de força!, foi sentida, não apenas em termos físicos mas especialmente mentais.

Depois do banho tomado, roupa vestida, pequeno almoço comido, desafiei as minhas pernas. Ainda sem beber café, saí em direcção à paragem do autocarro. Sendo sábado, já sabia que o autocarro iria chegar antes do horário previsto. E, claro, 8 minutos antes do que consta como horário de passagem, entrei no autocarro e segui viagem.

Cheguei cedo à paragem de saída ao lado da praia e a vontade, àquela hora, era ir espreitar o Mar por um bocadinho antes da aula. Mas já sabia que ia acabar por me atrasar. E ainda precisava de um café. Desisti de ver o Mar e pus-me a caminho. Imediatamente em frente à paragem do autocarro, um café aberto. Bastou atravessar a estrada. Ainda era cedo, tinha tempo para o meu café. Que, não sendo essencial, é quase obrigatório para começar o dia.

Cafés bebido, pus-me a caminho. Descer as escadas até à rua de baixo não foi demasiado difícil. Mas as pernas já davam sinais de precisarem de descanso. E, para chegar à aula de Yoga, foi preciso, como é sempre, subir ao primeiro andar numas escadas extensas e difíceis de subir. Não há um corrimão à direita e a entrada, no cimo das escadas, é feito à esquerda, o que me obriga a algum trabalho de equilíbrio com extremo cuidado. E é tão fácil, para mim, cair para trás ali…porque não há onde me agarrar de forma segura até me chegar toda à esquerda e alcançar a estreita passagem da porta.

Chegada à aula, não tive muito tempo para me sentar e descansar daquele esforço que é sempre subir aquelas escadas. As aulas começam, habitualmente, sentados no chão de pernas cruzadas e coluna direita para alinhar a respiração profunda e consciente ao momento. Sempre daria para descansar um bocadinho as pernas. Mas hoje começámos (e mantivemo-nos) em pé.

Activar as pernas, que é como quem diz puxar os músculos contraídos para ajudarem no equilíbrio, empurrar firme o chão com debaixo dos pés. Manter a respiração, alongar braços e tronco, esticar tudo ao máximo para abrir espaço permitindo que a respiração profunda e consciente transporte oxigénio a cada pedaço do corpo.

Aula dinâmica, como é sempre, e as minhas pernas a suportar o meu corpo. Sem queixas, mas a serem sentidas pelo trabalho efectuado. E quase todo de pé. Algumas posturas de alojamentos das pernas, agora deitada. E as minhas pernas agradeceram. Os alongamentos, sejam no Yoga ou na Fisioterapia, para além de muito importantes, são algo que me sabe sempre tão bem, que me alivia tanto o peso e a pressão das pernas.

Chegou então o momento Savasana, ou o relaxamento. Que não sendo Nidra, o relaxamento profundo, permite também pequenas viagens quando permitimos relaxar todo o corpo, desde o cimo do Craneo até à planta dos pés, percorrendo os braços e as mãos, cada pedaço que faz parte do corpo. E relaxei. Sem pressa. Mantive o foco na respiração. Deixei o meu corpo ir.

Quando regressei daquele momento, quando o meu corpo voltou a estar activo, a diferença entre o antes e o depois era, como é sempre, muito grande. Depois de cada savasana fico muito lenta, muito relaxada, muito tranquila. Sou sempre a última a sair. Porque depois do savasana não consigo simplesmente arrumar tudo à pressa e desaparecer, como acontece com as minhas colegas. O meu dia a dia já é tudo sem pressa, devagar, devagarinho. Depois de relaxar no savasana mas ainda mais no Nidra? É tudo ainda mais devagarinho. É muito lento, lentinho.

Desço sempre com o Professor Pedro, de braço dado com ele porque, oh espanto, não há corrimão. Aproveitamos para conversar um pouco. Para ele se manter actualizado sobre mim. Para trocarmos ideias. E hoje, ao chegarmos à saída, ele perguntou: “então, como é que sentes as pernas agora?” e foi aí que percebi que mal sentia a presença das minhas pernas como se se tivessem diluído no relaxamento. Partilhei essa informação com ele, ri-me, e percebi no olhar dele que ali está um bom mestre. Não apenas um bom professor de Yoga. Está ali alguém que, desde o primeiro dia em Maio de 2023, tem seguido e acompanhado o meu caminho, no Yoga e no diagnóstico, e está sempre disposto a ajudar-me, seja adaptando aulas e asanas, seja simplesmente conversando e/ou perguntando como estou.

E, ao despedirmo-nos hoje, deixou a recomendação sábia para o fim de semana: “tu agora tens é que dormir. Dormir muito.” Ri-me mas percebi a recomendação: dormir muito para o meu corpo recuperar.

A verdade é que, apesar de ter regressado cedo, eram 10h39m quando me instalei na esplanada do costume, depois de almoçar (tarde!) o meu corpo começou a ceder e a dar-lhe sinais de que estava na hora de enroscar e aninhar no sofá para dormir um bocadinho.

Sei que já passava das 17h quando enrosquei. Adormeci de imediato. E aquilo que seria dormir um bocadinho estendeu-se até à 1h da manhã…

Agora que já comi uma torrada e umas iogurte, que já estou a escrevi há muito tempo, tanto que já não sei quanto, o meu corpo está de novo a dizer-me que está na hora de aninhar e enroscar. E, por algum motivo que ainda não percebi, vou dormir acompanhada por uma gata que, nos últimos dias, não me larga.

Portanto, depois de mais uma fabulosa aula de Yoga logo pela manhã cedo, o mais do que merecido e necessário descanso que, para muitos, pode parecer uma perda de tempo, mas que para mim é tratar de mim. E agora que a madrugada já corre solta há muito tempo está mais do que na hora de desligar por hoje. Quanto a amanhã…? Logo se vê. Mas não deve ser muito diferente da tarde de hoje…

{#038.328.2025}

Dia muito comprido e, no final, extremamente dorido e absolutamente exausto….

A saber, então, que foi assim, em três partes…

O dia acordou chuvoso. Não tão frio na Costa como agora em Almada, mas há um factor em comum: o chão parece manteiga. Está escorregadio como tudo e eu nunca soube andar de patins. Por isso, subir aquele curto mas muito inclinado pedaço de passeio que já de si é perigoso, hoje vai ter que ser feito com extremo cuidado.
Felizmente já não chove, mas está frio e tudo muito escorregadio. Ou seja, muito perigoso para mim…

E se me disserem “amanhã acorda-me com um bom dia”, é certo que o Serviço de Despertar vai funcionar. Aquele serviço velhinho em que os TLP nos ligavam à hora previamente combinada e que começava sempre com “Serviço de Despertar, bom dia”. E hoje aconteceu. E eu assumi, com muito agrado, o papel de despertador.

Do outro lado da linha, ele já estava acordado. E fez-me companhia, de mão dada comigo como desde o primeiro dia, da Costa até Almada. E começar o dia com ele tão “já aqui” soube tão bem. Melhor maneira de começar o dia logo cedo do que esta? Não há.

E agora é hora de ir até à clínica de Fisioterapia de preferência sem patinar na manteiga espalhada por esse passeio fora. É que continuo a não ter vontade nenhuma de ir conhecer o chão de perto.

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Hoje não há Sol na esplanada depois da Fisioterapia, mas há a companhia da melhor Mãe do Mundo, que só por acaso é MINHA!

E agora vamos só ali algures comer qualquer coisa a que possamos chamar almoço e, depois, tratar de coisas chatas porque há pessoas teimosas e que não sabem o que andam a fazer com a vida dos outros. E tudo por causa de, oh espanto!, um simples papel! Só que eu também sou teimosa. Um bocadinho teimosa. Um bocadinho grande, vá! Pronto, está bem!, eu sou assumidamente teimosa. Nem que seja só por causa de um simples papel que eu preciso COM A INFORMAÇÃO CORRECTA!
Enfim…podia ser pior. Mas não precisava de ser assim, pois não? Pois não…pois não!

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Haja alguma coisa boa que me aqueça!
Na Fisioterapia hoje não exercitámos as pernas por causa das dores. Mas só desde que saí de lá já trabalhei o equilíbrio ao evitar escorregar no passeio molhado, já apanhei chuva suficiente para me molhar as calças e gelar as pernas, já viagem em pé no Metro de Almada porque as portas fecharam antes de eu ter tempo para sair, já lutei contra o vento que queria deitar-me ao chão e cheguei agora a um serviço público que fica num primeiro andar e que, por acaso!, até tem plataforma elevatória para utentes em cadeiras de rodas (e acho muito bem!) mas que, quem não vem com cadeira tem que vir em pé numa plataforma com equilíbrio precário. Ou seja, tive de subir 25 degraus a muito custo. Até porque, para ter acesso à plataforma, é necessário que alguém no primeiro andar informe a funcionária de serviço.
Custou, mas já estou cá em cima. São 15h05m e a minha marcação, feita online ainda algures em Janeiro, era para as 14h40m.

Está bem…todos os exercícios que não fiz na Fisioterapia para poupar as pernas e com recomendação do fisioterapeuta para muito pouco ou nenhum esforço no fim de semana foram todos feitos esta tarde depois da Fisioterapia.

E agora, 16h45m já depois de atendida no tal serviço público, perfeitamente esclarecida dos próximos passos a dar e confirmada a razão do meu lado (como eu sempre disse que estava porque eu SEI ler!), prestes a chegar a casa com mais dores do que era suposto e do que eu queria. Vou finalmente descansar as pernas, repousar e restauraram o corpo e desligar a cabeça por um bocadinho. E não vai ser preciso café para me aquecer e ninguém me tira de casa novamente hoje!

Muito cansada e com demasiadas dores e amanhã logo de manhã cedo tenho que estar em boas condições para a aula de Yoga…

Entretanto, são 16h57 e estou finalmente em casa. Posso ir ali aterrar no sofá por um bocadinho? Obrigada.

{#037.329.2024}

Depois do dia de hoje, que não se ficou pelo péssimo final da manhã, não posso esquecer-me do que escrevi há dois dias sobre as papoilas de Janeiro que resistem até Fevereiro.

Não me posso esquecer de me manter papoila de Janeiro, mesmo que, ou especialmente quando!, os desafios forem demasiado pesados. Como foi hoje. O dia todo… O desafio quase impossível de superar. Mas que consegues, a custo!, terminar com sucesso.

É isso. Vou querer continuar a ser papoila de Janeiro. Não posso ser de outra forma. Ainda que tantas vezes sozinha, é papoila de Janeiro que serei.

{#036.330.2025}

Dores. Falta de força. Fraca mobilidade. Pouca estabilidade. Equilíbrio? Sem estabilidade não funciona como deve ser. Foi assim a manhã das minhas pernas… O caminho de manhã cedo até à paragem do autocarro foi acompanhada como é todos os dias. A partir daí fico por minha conta. E o risco passa de grande estando acompanhada a elevado estando sozinha. E cada vez tenho mais percepção disso. Mas insisto nos meus caminhos sozinha. Numa tentativa de manter a minha autonomia e a minha independência o máximo de tempo possível. É, também, uma espécie de fuga à realidade? Claro que sim. É uma tentativa de voltar a ser quem já fui e não volto a ser…

Continuo a recusar o andarilho. Não quero. Não me reconheço com ele. É possível e até provável que venha a ter que ceder ao seu uso. Mas até nessa altura irei continuar a recusá-lo. Porque essa não sou eu!

Ao chegar, a muito custo, à Fisioterapia falei nas dores, da força de que ontem senti a abandonar as minhas pernas, da fraca e muito difícil mobilidade, a falta de estabilidade e equilíbrio. Em conjunto, decidimos exercícios leves, com muito pouca incidência no esforço das pernas. Eu já sabia o quão prejudicial é o frio intenso nas minhas pernas, mas ainda não tinha havido necessidade de abordar o assunto como hoje.

Fisioterapia em modo suave terminada, hora de regressar. Não resisti à esplanada ao Sol e por lá fui ficando. O calor do Sol quente nas minhas pernas geladas permitiu-me a capacidade de caminhar, com extremo cuidado, até à paragem do autocarro.

No caminho de regresso a casa, sentada no autocarro, percebi que o resto do dia não ia ser fácil. Ao sair do autocarro, a minha mãe pronta para me acompanhar, as dores cada vez mais intensas, a dificuldade em caminhar cada vez mais extrema, o cansaço pesado já instalado. E, ao final da tarde, a aula de Yoga…

…à qual consegui ir. Não tinha como…e custa-me tanto faltar ao Yoga. Mas é preciso ouvir o que dita o corpo. E o meu ditou que o descanso é prioritário.

Hoje não foi fácil. Nada mesmo. O ponto alto do dia? O Sol na esplanada a aquecer-me. Amanhã? Logo se vê.

{#035.331.2025}

O que é que me encanta, cativa, me faz gostar tanto das papoilas de Janeiro que, em Fevereiro, resistem cheias de cor e vida?

A resiliência. Não apenas a resistência de quem enfrenta o frio gélido de Janeiro, o vento, a chuva, todas as agressões que não pode controlar. Mas a forma como se fazem regressar ao seu máximo esplendor no Verão depois de tantas agressões no Inverno.

Tenho que aprender a ser papoila de Janeiro. Sempre me considerei resiliente, mas o último ano tem-me posto à prova como nunca. E eu tenho tentado resistir a todas as agressões de um Inverno que, para mim, começou em Junho de 2023…

Dia de regresso à Fisioterapia. E, hoje, sozinha. Companhia até entrar no autocarro cedo de manhã. Companhia desde a saída do autocarro no regresso a casa. Todo o restante caminho sozinha. E não é um caminho fácil. Chão não muito irregular, é verdade, mas com demasiadas texturas, demasiados tipos de solo que atrapalham o caminhar em segurança, incluindo os carris do Metro de superfície de Almada que, quer queira que não, sou obrigada a atravessar.

A parte mais difícil vem depois. Aquela inclinação até chegar à entrada do prédio da Fisioterapia…acompanhada já não é fácil. Sozinha é uma aventura. E, já percebi, de um risco de queda bastante elevado. Mas não quero obrigar ninguém a ir comigo até à Fisioterapia para ficar quase 2 horas à minha espera só por causa de uma inclinação. E, quando digo “alguém”, refiro-me obviamente à minha mãe. Que também começou a fazer Fisioterapia na mesma clínica mas que, agora que terminou o ciclo de tratamentos, está à espera de vaga para recomeçar. Eu, doente neurológica, já não preciso de esperar entre ciclos, posso começar de imediato. Mas, desta vez, pedi uma semana de descanso. Porque os exercícios podem parecer muito simples. Para os outros talvez sejam. Mas não para mim. E, mesmo tendo estado de fora uma semana, o regresso provou-me que não posso parar.

Foi um regresso duro. Em que só a muito custo consegui fazer os exercícios todos. E quando envolveu a perna esquerda, voltei a comprovar o mau estado em que está. Pesa 3 toneladas. Erguê-la requer um esforço enorme para conseguir completar os exercícios. A nível sensibilidade não sei como está, mas nos exames hospitalares de há um ano a percentagem de falta de sensibilidade já denotava limitações. E é, de facto, na perna esquerda que sinto maiores dificuldades para tudo…

O frio não ajuda. E senti os seus efeitos no regresso a casa. Dificuldade em caminhar, mesmo em casa, já é habitual. Mas hoje senti a ausência de força nas pernas sempre que me desloquei em casa. E isso nunca tinha sentido, com maior ou menor esforço das pernas, nunca tinha sentido a força a abandonar-me…

Amanhã repete-se a manhã: companhia até à paragem do autocarro de manhã, prosseguir sozinha até à clínica, fazer os exercícios, voltar sozinha até à paragem do autocarro ao pé de casa, companhia até casa. Depois vai ser almoçar, descansar a cabeça que continua entregue a uma caixa de som e vibração ininterrupta, esticar-me, aquecer e relaxar no sofá até serem horas de sair para o Yoga que, a partir de amanhã, acontece às quartas feiras em vez das quintas.

Quero conseguir descansar o suficiente para ir mais cedo. A tempo de um café enquanto vejo o pôr do Sol na praia. Se vou conseguir? Não sei. O que sei é que não me posso esquecer da resiliência das papoilas de Janeiro que resistem em Fevereiro e se voltam a erguer no Verão. Eu sempre disse que, quando crescer, quero ser uma árvore. Hoje altero o desejo. Hoje digo que, quando crescer, quero muito (tanto!) ser uma papoila de Janeiro!

{#034.332.2025}

8h30 da manhã parece-me uma boa hora para chegar ao serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta. Mas, pela vontade da enfermeira da Linha SNS24 tinha sido na última noite às 2h da manhã. Hora em que não há ao serviço os especialistas que eu preciso. Agora é esperar pela triagem e depois…logo se vê.

Mais de 8 horas depois, a pulseira amarela que há em mim teve alta. Passei com distinção por todos os testes e análises, até aquelas que (me) foram difíceis de recolher. TAC Craneo Encefálica sem alterações, o que é muito bom. Não se confirmam as suspeitas da enfermeira da Linha SNS24. Suspeitas essas que me preocuparam mas, acima de tudo, me assustaram. Muito!

Já em casa, longe do barulho e confusão que é a sala de espera de uma urgência hospitalar, garanto: a caixa de som e vibração que existe dentro da minha cabeça continua a bombar. E, disse o médico que me deu a alta, não há como desligá-la. Ou, em português corrente, “é aguentar e esperar que passe”.

Está bem. Só que não…porque eu não aguento o barulho que não existe e que só eu consigo ouvir e sentir!

Às 18h45m chegavam, pela minha janela, as últimas cores do final do dia depois do pôr do Sol às 18h01m. E eu, muito cansada, demasiado cansada!, a considerar seriamente voltar para a sala de espera da urgência do Hospital. Porquê? Porque durante as mais de 8 horas que lá passei hoje, muito devido ao barulho que existe sempre nas salas de espera da urgência de um Hospital, a caixa de som e vibração que está instalada na minha cabeça não me incomodou. Não sei se esteve sempre em silêncio, sossegada, ou se foi o ruído à minha volta que abafou o incómodo que é ter esta caixa constantemente a funcionar e a perturbar o meu sossego. O que sei é que, mal saí do Uber que nos trouxe de volta, ainda na rua, o ruído e a vibração voltaram… E, pelo que percebo, voltaram em grande força. Já não os consigo suportar. O incómodo é demasiado. A perturbação é imensa. E eu estou muito cansada. Dizia-me esta madrugada a enfermeira da Linha SNS24 que eu preciso de descansar e isto, seja lá isto o que for, não me está a deixar. E não está mesmo…

Agora que tratei de jantar o mais cedo possível vou aninhar e enroscar. Se tomo a medicação que me obriga a descansar? Não queria. Mas tomei. O que sei é que amanhã é dia de regressar à fisioterapia às 9h30 e preciso de estar (minimamente) descansada. Coisa que não estou nem consigo estar…

Mas, se alguém souber como se desliga a caixa de som e vibração que existe dentro da minha cabeça, por favor diga alguma coisa porque eu não aguento muito mais…

{#033.333.2025}

Nunca fui, desde que a marca chegou a Portugal, grande fã da Mr. Wonderful. Nem grande fã nem apreciadora mediana, diga-se de passagem. Sempre achei que demasiado açúcar enjoa e a marca sempre me enjoou.

Contam-se pelos dedos de UMA MÃO (e ainda sobram muitos dedos) o número de vezes que entrei na loja por vontade própria. Entrei em Maio para ir ter com a minha mãe que estava lá com uma amiga já há demasiado tempo e, até eu me espantei!, acabei por comprar um caderno. Um caderno sem açúcar, bastante simples, mas com uma mensagem que, desde o diagnóstico, eu repetia na minha cabeça todos os dias: “I’ll do it my way“.

No final do ano, a minha cabeça começou a fervilhar de ideias do que quero, posso e (ainda) consigo fazer! Mas precisava de um suporte físico para organizar as ideias e, na loja online, encontrei exactamente o que procurava.

A encomenda chegou às minhas mãos na segunda feira passada, dia 27/Janeiro às 15h50m. Fui beber café, vim para casa pouco depois e depositei a caixa (por abrir) numa cadeira na sala. Hoje, 2/Fevereiro às 23h35m a caixa continua no mesmo sítio e no mesmo estado: por abrir

Sei exactamente o que vem lá dentro. Mas também sei que, para começar a dar-lhes uso, primeiro tenho que organizar a confusão que vai dentro da minha cabeça. E é uma confusão de processamento cognitivo, não uma confusão espacio-temporal como o fabuloso psicólogo queria à força que fosse. Sei exactamente dia do mês, mês respectivo, ano e também onde estou. E ele pareceu-me desiludido quando me disse “afinal não está assim tão confusa e baralhada como diz…”

Do que eu preciso com alguma urgência? Que alguém se sente comigo, com tempo e paciência, sem pressa mas com sabedoria para me ajudar a desfazer este nó que tenho na minha cabeça. Que me ajude a baixar a temperatura que leva ao fervilhar de tantas ideias para que eu consiga identificar uma que seja e comece a passar para o papel tudo o que tenho na cabeça e, posteriormente, também com tempo e calma, organizar e dar uso ao que está dentro da caixa que ainda não abri.

E sim!, isto É um pedido (grande) de ajuda…que continuo a não ter…

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Sábado é dia de Yoga. E, a partir de hoje, com novo horário: 9h da manhã, em vez das habituais 10h.

Ter aula às 9h obriga a sair de casa um bocadinho antes das 8h para chegar à paragem do autocarro a horas de o apanhar. Até porque, já sabemos, ao Sábado chega sempre antes do horário! O horário diz que passa às 8h25m. Entrei no autocarro às 8h17m…são 8 minutos que fazem tanta diferença! E já o fez anteriormente. Por isso, sair cedo de casa para quem, como eu, (já) não consegue andar rápido, é essencial. E assim aconteceu esta manhã, depois de adormecer perto das 2h da manhã. Que é coisa que não pode continuar a acontecer. Especialmente quando no dia seguinte tenho que acordar muito cedo…

Tinha pensado em, quando saísse do autocarro, ir espreitar o Mar logo ali, tão perto da paragem do autocarro. Acabei por não ir. Porque o sono era mais do que muito e não tive tempo para beber café antes de sair de casa. Apesar de ter chegado à paragem de saída muito cedo, tive medo de conseguir o que consigo tantas vezes quando até chego cedo: acabar por me atrasar

Àquela hora, ainda muito ensonada, consegui ser ainda mais lenta do que o habitual. E, talvez com o frio, talvez com o sono, talvez com “ambos os dois em simultâneo ao mesmo tempo“, o meu corpo, ou parte dele, parecia estar preso. Como se tivesse um nó do lado esquerdo do corpo que não me permitia caminhar tão direita como queria, como precisava…

Cheguei cedo, claro. Fui subindo, mesmo não sabendo se o professor Pedro já lá estava ou não, eu queria era enfrentar aquela escadaria horrível de subir devagar e ter tempo para respirar ao chegar lá acima.

O professor Pedro já lá estava, abriu-me a porta da sala e disse-me para ir entrando. Tirar o casaco e pendurá-lo no cabide. Atravessar a sala. Tirar os blocos. Estender o tapete. Tirar as calças de ganga que vão sempre por cima das calças de Yoga. Descalçar as meias. Tudo a um ritmo muito lento. Devagar, devagarinho. O ritmo de quem ainda não estava completamente acordada, com falta de café e, sobretudo, a sentir metade do corpo preso num nó. Posso ter sido a primeira aluna a chegar. Mas, com tudo isto, fui a última a sentar-me no bloco…

Parar. Respirar. Alongar o corpo. Manter a respiração tranquila, profunda e consciente. Alongar mais um bocadinho. E ninguém imagina o bem que me soube. E o bem que fez.

Pôr de pé. Pés juntos, que é coisa para me tirar o equilíbrio rapidamente, hoje não tirou e foi relativamente fácil de conseguir. Fechar os olhos. Hoje o professor Pedro não o disse, mas costuma dizer: “fechem os olhos. Todos menos a Catarina”. Porque já sabemos que, de olhos fechados, é-me mais difícil encontrar o ponto de equilíbrio e por isso não os fechei mas foquei-me num ponto fixo mesmo à minha frente para me ajudar a manter o equilíbrio.

Respirar fundo de forma consciente. Sempre. Inspirar e esticar os braços para cima. E aqui comecei a sentir que aquele nó que me prendia o lado esquerdo continuava lá e começou a atrapalhar. Se era para esticar os braços para cima alongando o tronco com o peito para fora mantendo todo o corpo alinhado e direito, o que eu sentia era o nó que me prendia, que me condicionava os movimentos, que me fazia sentir um alinhamento muito torto. Estivesse a fazer o que estivesse, era torta que me sentia…

Asanas de equilíbrio em pé? Outro objectivo que tentei alcançar o melhor que consegui. A ideia para garantir um melhor equilíbrio é vincar bem os pés no chão. Tenho conseguido fazê-lo. Mas hoje as dores na sola dos pés voltaram. Não percebo de onde vêm estas dores, porque ao caminhar não dou por elas. Mas ali…ali de vez em quando aparecem.

Fui sempre tentando e ao falhar um asana repetia a postura desde o início até as dores me dizerem “hoje não”.

Depois do relaxamento final, descer as escadas de braço dado com o professor Pedro e ir conversando sobre a aula. Referir o nó que me prendia o lado esquerdo do corpo, as intensas dores nos pés que me impediram de alcançar os asanas e ouvi-lo dizer “eu reparei. No início estava a correr muito bem, mas lá para meio complicou.” Tal e qual…

Regressar na boleia habitual e ir onde tinha que ir com urgência: à esplanada do costume beber o primeiro café do dia!

Café bebido e fui-me deixando ficar por lá por mais um bocadinho. Não por não querer voltar para casa, que é o sentimento habitual. Mas apenas por me estar a sentir bem ali, mesmo que com muito sono ainda e muito relaxada depois da aula e do relaxamento final.

Voltei para casa perto da hora de almoço. Mudei de roupa a custo, especialmente porque em casa está sempre mais frio do que na rua. Almocei. Bebi o meu café e fumei o meu cigarro. Fui para o sofá…

…e enroscada nas mantas, aninhada com as almofadas térmicas quentinhas, adormeci de imediato enquanto ainda estava a escrever no telemóvel.

A mensagem acabou por ser publicada mais tarde. Muito mais tarde. Bastante mais tarde! Porque só fui acordadas para jantar. O meu corpo hoje decidiu fazer uma espécie de reset. Apagar para reiniciar. E é, de facto, o que preciso: um reset ao meu sistema. Aquele sistema que, já sabemos, tem bug. E a esta hora, quando a noite já roça a madrugada, ainda aqui estou, a escrever, a descrever o meu dia praticamente ao pormenor como se interessasse a alguém, mas que me servirá de cábula quando for preciso recorrer à memória e não conseguir.

Mas, mesmo depois do reset que foi feito durante toda a tarde, é urgente fazer um novo ctrl+alt+del para reiniciar o sistema em condições.