Dia de acordar de manhã cedo, à hora de sair para a fisioterapia mesmo sem lá ir hoje…. Tomar o pequeno almoço e tentar olhar para o dia de frente e, mesmo sendo um dia vazio de agenda, fazer alguma coisa para não desperdiçar o calendário.
Não consegui, claro. Corpo demasiado moído e atacado por uma constipação como há muito tempo não tinha, confirmado com um teste triplo que não é mais do que isso, regressei à cama. Sem almoço, sem pressa, sem horário para cumprir, dormi. Ouvi o meu corpo, dei-lhe o que me pediu.
Ao fim da tarde foi obrigatória uma saída para beber um café, apanhar ar e dar um bocadinho de uso às pernas. E olhar para cima e encontrar nuvens cor de rosa. Como se fosse um sinal de que vai correr tudo bem…
Amanhã a agenda está mais preenchida. E vou acreditar que sim, vai correr tudo bem…
Vários meses depois, já não sei quantos, hoje foi dia de regressar às calças de ganga. Pouco depois das 18h deu-se o Equinócio de Outono. E, com tanta coisa a acontecer hoje, estas são as que eu posso dizer que não estava preparada para elas.
Bem…para entrar e sair do barco, de Cacilhas para Lisboa, também não estava preparada. Se foi fácil? Só sei que a frase mais repetida foi “Não me puxem!” e, desta vez, não me puxaram! Pelo meio da difícil tarefa de entrar e também para sair houve muita risota, muitas gargalhadas altas que escondiam o meu imenso medo de cair! Felizmente não me faltaram braços e mãos do pessoal de apoio do barco, que se riram comigo, não de mim!, que me acompanharam em cada passo inseguro de equilíbrio precário e me fizeram acreditar mais um bocadinho na bondade do ser humano.
O dia foi muito longo. E pelo meio ainda houve passagem no Hospital para a consulta de Cessação Tabágica. Dia de informar a enfermeira e o Pneumologista: 38 dias sem fumar! E perceber na consulta com o Pneumologista que não deverá ter muita gente com sucesso na decisão de deixar de fumar…
Volto à consulta daqui a 2 meses. E a minha intenção mantém-se: não voltar a fumar. E, se não me enganar nas contas feitas de cabeça e meio na diagonal, dia 21 de Novembro rondará o 100• dia sem fumar. E esse faço questão de celebrar! E se ao 38• dia o Pneumologista já está cheio de orgulho, ao 100• não sei bem o que estará. Mas eu sei que estarei orgulhosa e muito contente por não falhar comigo mesma nem no acordo que fiz com o microsobrinho. E só por isso já vai valer a pena.
Daqui a 2 meses, dia 21 de Novembro, dia de consulta no Hospital de Santa Marta em Lisboa, terei que pensar muito bem sobre a travessia do rio. Mas ainda falta algum tempo para estar já a preocupar-me com isso. Na altura logo se vê. Por agora desligo e simplesmente saboreio os 38 dias sem fumar. E o ter conseguido entrar e sair do barco sem cair.
Mas que fique claro: eu não estava preparada para a chegada do Outono…! Falta muito para o próximo Verão…?
O fim de semana devia ser aquele período semanal de 2 dias para descansar e recuperar da semana. Não para chegar ao Domingo à noite com a sensação de, só durante o fim de semana, ter sido atropelada por um comboio. Ou um camião. Ou, até!, por “ambos os dois em simultâneo ao mesmo tempo…“! E isto, claro, sem ter tido uma semana particularmente complicada e desgastante. Nada disso. Foi, até!, uma semana demasiado lenta e dedicada ao descanso.
É verdade que cheguei a sexta feira ao final da tarde com a prova da existência de uma amigdalite activa. Sábado dei início à toma de antibiótico para me livrar rapidamente desta infecção, especialmente estando a tão poucos dias de fazer as análises de controlo pré-infusão. Mas a verdade é que Domingo ainda não me convenceu de que o que se passa comigo é unicamente uma crise de rinite alérgica porque a gata esta tarde se lembrou de aninhar ao meu lado e me deixou assim…
Não, não estou muito convencida. Aliás, não estou nada convencida! A única coisa que sei é que não posso ficar doente. Nem agora a 9 dias das análises e a 15 dias de nova infusão, e muito menos ainda depois da infusão quando estiver completamente imunossuprimida…
Não quero. Ponto. Não quero nem posso ficar doente. O risco existe e os resultados não me agradam…
Não vou pensar nisso agora! Domingo, já para lá das 23h30m. Não são horas para pensar em nada que me faça perder o sono. Para isso, já basta o silêncio que se fez presente todo o fim de semana…
O corpo manda parar sempre que não está bem, sempre que pede atenção e cuidado. E, desta vez, tal como foi em Agosto, a confirmação de mais uma infecção na garganta, com um enorme ponto branco exactamente no mesmo sítio e alguma dificuldade/sensibilidade a engolir.
Febre? Não sei se tenho. Não a sinto. Mas não quer dizer nada. Só não quero dar uso ao termómetro.
Antibiótico e uma grande dose de paciência. O primeiro dispensado na farmácia, o segundo não faço ideia de onde encontrar…e farta, tão farta disto tudo. Da patologia de base que me condiciona em tantas áreas, ao cansaço persistente, à amigdalite repetente 1 mês e meio depois, ainda passando pelas dores no joelho em que a infiltração teve um resultado igual a zero e não melhorou a anca por arrasto como estava previsto acontecer…
Não era sobre nada disto que eu queria escrever. Parar todos os dias para um momento de reflexão, foi assim que eu me habituei a ver esta minha prática diária que já dura há 11 anos e não me apetece largar. Mas, quando nada acontece nos meus dias para além da aprendizagem que o diagnóstico da minha patologia de base trouxe, também não há muito sobre o que reflectir.
…e se, há uns meses, dizia em conversa que este blog também se poderia chamar “Diáriode uma Depressão“, hoje quase parece um caderno de apontamentos de doenças e queixas sem fim, e não necessariamente de alguém apenas hipocondríaco…
Tenho saudades daquilo a que sempre me habituei a chamar de vida normal. Quando esse tal normal ainda fazia parte da norma, tão igual todos os dias, sem grandes dificuldades e limitações físicas a condicionar, por exemplo, o ir até ao café ou, porque não?, ao paredão ver o Mar sozinha num qualquer momento inesperado, sem depender de ninguém… A verdade é que tudo isso mudou. O meunormal é novo. É diferente. Não sei se melhor ou pior, ou sequer comparável. Só sei que estou, ainda, a (aprender a) adaptar-me ao meu novo normal. E, mesmo sendo uma novidade ainda tão recente, já estou tão farta disto tudo…
Um dia de cada vez, certo? Não dá sequer para ser de outra forma. Só era escusado ser tanto e nada a acontecer ao mesmo tempo…
…e quando o teu corpo diz “Pára!”, tu páras. Fazes um brutal kaput em cima da cama a meio da tarde e acordas só para jantar e pouco mais…mas o importante é parar quando o corpo pede!
Última resposta enviada há mais de 10 horas, ali a rondar a hora de almoço.
Entregue. Lida.
Há mais de 10 horas que aguarda uma qualquer reacção… Dizem, por aí!, que o silêncio também é uma resposta. É. Sem dúvida que é.
Confirmo: terças e quintas feiras não há Fisioterapia. Pelo menos até ao final do mês, altura em que termina o actual ciclo de tratamentos. Já sei que, mesmo que não queira mais, a Fisioterapia veio para ficar e tornar-se rotina. Segundas, quartas e sextas feiras por agora. Confirmo então que, amanhã, quinta feira!, não há Fisioterapia. Estarei por casa. E depois?
…e depois, nada! Houve uma intenção e várias ideias para fazer acontecer. Algumas perguntas. Todas as respostas? Começo a perceber que não. E, se calhar, estou, ou estive!, estava?, não sei!, a pedir demais. Mesmo que me tenha sido dito “Não, não é pedir muito…”
……não sei. Não sei mesmo. Não sei nada! O que sei é que eu tenho vontade de fazer acontecer. Mas, muitas vezes, tantas vezes!, demasiadas vezes?, essa minha vontade de fazer acontecer é altamente condicionada. Por factores externos, por pessoas mais ou menos próximas, não interessa! Há sempre alguma coisa que condiciona essa vontade de fazer acontecer. E esse condicionamento tantas vezes se traduz em “Não vai ser possível”…
Eu começo a ficar cansada de respostas negativas. Muitas das quais nem sequer entendo o porquê, outras que vão acontecendo ao sabor do vento e ao longo do tempo… A verdade é que já tenho uma extensa colecção de “Não vai ser possível” e deixo uma pergunta no ar: terei algum dia direito a uma resposta positiva…? Não é por mais nada…é só porque, pronto…sei lá…também mereço…?!
Agora vou só ali continuar a Fazer de Conta. E esta minha representação, este meu brincar ao Faz de Conta, vai ter que ser adicionado à lista a falar amanhã à tarde na consulta. Começo a desconfiar que não é um sinal de boa saúde mental…(e para meu bem: se calhar começava a fazer alguns cortes…por muito que venha a doer depois…porque em primeiro lugar estou eu!)
A frustração pode ser acompanhada por acessórios que nos aliviam e ajudam.
Não é o uso dos acessórios que aumenta a frustração, mas sim o que originou a sua necessidade…
E não, ainda não aceitei que este é o meu novo normal…e não duvido que, à minha volta, há muita gente que também não aceita. E o que é pior…? É que também não me aceita a mim! Tal como estou. E que me faz perceber que também nunca me aceitou tal como sou. Só assim se entende, ou só assim eu entendo!, a não existência da tal rede de apoio de proximidade…
…se estou em guerra comigo mesma…? Comigo mesma e com o resto do Mundo…sim, estou! E não queria estar…
Ontem era a dor. Um pouco por todo o corpo. Dor muito presente. Dor muito activa. Dor muito intensa. Dor demasiado forte para simplesmente passar com a toma de Paracetamol. Não passou. Roçou o ser incapacitante. As costas. A lombar. A cintura. O pescoço. A anca. O joelho. Eu…!
Mais perto do fim do dia, para acompanhar a dor: tirar uma t-shirt da gaveta e de imediato activar a rinite alérgica. Espirros constantes. Muita comichão no nariz que spray nenhum aliviou. Esgotar os pacotes de lenços. Esgotar o papel higiénico. Recorrer ao papel de cozinha enquanto os espirros se sucediam e a comichão no nariz persistia.
Hora de ir dormir. Estender o corpo muito dorido na cama e encontrar uma posição confortável. Continuar a espirrar porque a comichão do nariz não acalma. Não há dúvida, a t-shirt que há anos estava guardada na gaveta da cómoda activou a minha alergia. E, neste caso, nem sei bem a que é que a minha rinite reagiu…só sei que a t-shirt esteve a uso muito pouco tempo, mas o suficiente para provocar uma crise intensa…
Conseguir adormecer já depois da meia noite. Sempre com a preocupação de não tapar o ombro esquerdo para não despertar aquela dor excruciante que não sei descrever, que está activa maioritariamente à noite e sempre só em casa…! Para evitar surpresas desagradáveis, conseguir adormecer sem entretanto ter que lidar com aquela dorexcruciante implica uma pequena toalha molhada no ombro/braço. O ponto de origem é sempre mais ou menos no mesmo local mas com dissipação para lugares próximos, sempre na zona superior do braço esquerdo que, tantas vezes, nos picos de dor prende o ombro, prende o pescoço, pode até prender a omoplata…! Para evitar tudo isso, a pequena toalha molhada foi posta perto da curva para o ombro na parte superior do braço esquerdo.
Passava da meia noite. Os espirros tinham diminuído. Tinha encontrado uma posição confortável para aconchegar todas as dores do meu corpo. A pequena toalha molhada estava no seu lugar. Tinha conseguido adormecer…
…para acordar à 1h30m da madrugada, a espirrar muito!, com demasiado calor ao ponto de não aguentar o toque do lençol, com a dor excruciante de volta em picosagressivos de dor que já nem a toalha molhada, e agora muito quente como reacção aos picos de dor, já nem a toalha molhada aliviava…acordar à 1h30m da madrugada para não conseguir, demaneira nenhuma!, voltar a adormecer…!
No fundo foi uma noite inteira passada embranco. Sem ter como aconchegar as dores do corpo, acalmar as comichões do nariz, esbater os picos daquela dor excruciante que sódesperta em casa…maioritariamente à noite, mas sempre só em casa…! A fisioterapia marcada para a manhã como sempre, com foco no joelho, não aconteceu. Não tinha condições físicas para ir até Almada e voltar menos de uma hora depois. Em vez disso, e já depois das 8h, consegui adormecer. No sofá da sala? Acho que sim. Mas já não me lembro… Lembro-me, sim, que passava pouco das 10h quando continuar a dormir deixou de ser opção…
Já não sei o que me acordou de manhã . Sei que o restante do dia foi passado a precisar de dormir e descansar. O que não aconteceu… Porque percebi que não posso continuar a fazer de conta, seja qual for o motivo que me leva a fazer de conta. E também isso, juntamente com mil e um outros motivos, fez-me não largar o telemóvel durante horas enquanto escrevia, para ele, 500.985 mensagens. Onde não lhe disse nada que ele não saiba já. Mas onde me deixei levar, e talvez até hipnotizar!, pela fluidez das palavras e onde usei e abusei da construção semântica para, muito provavelmente, me proteger. Não sei exactamente do quê. Mas, sem dúvida, parame proteger…
Seriam 18h quando terminei as 500.985 mensagens para ele. Se ele já as leu? Tenho sérias dúvidas. Como lhe disse, tantas mensagens exigem tempo e atenção. E apostaria mais na manhã de amanhã para reservar esse tempo. Se, sequer!, ele as vai ler? Quero tanto acreditar que sim. Já se vai dar resposta a cada um dos (poucos) assuntos abordados? Tenho tantas dúvidas…porque, como também lhe disse a ele, “it takes two to Tango“, que é o mesmo que dizer que, quando 1 não quer, 2 não dançam.
O dia foi, portanto, o autêntico caos onde reinou a falta de descanso. Não saí de casa. Não saí, sequer, do pijama! Queria ter feito desta segunda feira um dia melhor? Já nem digo que, de facto, queria. Mas gostava, claro que sim… Não foi possível fazer deste um dia melhor, mas a Teleconsulta ao fim do dia, que era para não ser muito longa porque eu já estava muito cansada e acabou por durar duas horas, foi quase como abrir uma caixa cheia de boas surpresas e boas notícias. É mais um passo essencial para tomar conta de mim e ficar a saber melhor quem sou. Porque, isso, quem sou?, não faço a mais pequena ideia! Sei como sou. Não faço ideia de quem sou. Mas, devagar, com muito trabalho, sem pressa…acho que até vou descobrir quem sou. Confesso que tenho alguma curiosidade. Ou muita curiosidade, vá…
Mas, já sabemos, sempre sem pressa…! E sempressão. Especialmente vinda de mim mesma… Devagar. Devagarinho. Ao meu ritmo…à minha velocidade…
Às vezes, saber IR não é o mais importante. Às vezes, o mais importante é saber NÃO IR. Porque nem sempre basta querer. É preciso, também, poder! Ser capaz de! Em segurança. Sempre!
E às vezes é o próprio caminho que nos diz quando é para NÃO IR. Como disse hoje. E eu, obediente, não fui. Não me faltou a vontade. Não me faltou a coragem. Não me faltou a capacidade de. Faltou-me a segurança. E, só por isso, soube NÃO IR. E, por isso, não fui.
Ontem, já à noite: anti-inflamatório conhecido pelo violento poder de acção aliado a relaxante muscular, a mistura de ambos lentamente introduzida no meu corpo via um catéter doloroso.
Hoje, o dia todo: a única reacção possível à medicação? Dormir! Muito! O dia inteiro! O corpo lentamente a recuperar da agressão química. Amanhã? Logo se vê…
Na marquesa da Fisioterapia também se chora. Ou eu choro! Sem lágrimas porque elas, por algum motivo bloqueadas!, teimam em não cair!
…mas choro! Na marquesa da Fisioterapia ou onde for que a dor me faça chorar! Choro sem lágrimas. Choro a seco! Mas nem por isso deixo de chorar…!
E se, ao ligar para a Saúde24, me encaminharem para as Urgências do Hospital…eu vou! Para ser observada, para ser avaliada e, finalmente, para ser tratada! Não para, como afirmou o imberbe enfermeiro da triagem!, “entupir as Urgências“.
De manhã, chorei a seco na marquesa da Fisioterapia. À tarde e noite, chorei a seco entre gabinetes, cadeirões, salas de espera, máquina de TAC, enfermaria para colocação difícil de catéter para medicação e, mais tarde, dolorosa remoção do mesmo para poder regressar a casa.
Foi um longo dia. Foram muitas as dores. Foram ainda mais as lágrimas, aquelas que chorei a seco por se recusarem a cair…
Não sei do que quem estudou e conhece fala, nunca vi nos números outro significado que não o quantitativo. Para mim, números são isso mesmo: números.
Gosto de brincar com eles quando se apresentam numa qualquer ordem quantitativa, tantas vezes aleatória. Gosto também de brincar com eles quando se apresentam em quantidades mais redondas, seja lá isso o que for.
Não lhes dou muito mais significados do que aquilo que nos dizem:
0 – o vazio, o nada. O tal “redondo” que não excesso de peso e que só é celebrado com outros números à esquerda…
1 – o início de alguma coisa, da contagem de algo, mais ou menos importante, é sempre a unidade que dá início a alguma coisa…
9 – depois do vazio, a unidade seguida de outros números que complementam a contagem que termina aqui. No 9. Logo a seguir vem a dezena. E repetem-se os números sem grande valor.
Como, por exemplo, o 7. Tantas vezes visto como um número mágico carregado de significado. Que não sei se é assim ou não. É só o número 7.
…ou não! É o MEU número 7. Como também é o número 7 dele. Não fôssemos ambos da fabulosa colheita de 1977…
1 do início, 9 do fim…um 7 para ele…um 7 para mim…seja lá isto o que for…mas há aqui, depois de um início e de um fim, um encontro de um 7 com outro 7…seja lá isso o que for!
Mas 9/9/2+0+2+5=9 grita-me um fim. De alguma coisa…não sei o quê…mas um fim de ciclo…um fim de alguma coisa.
Eu apenas brinco com os números e a sua qualidade quantitativa. Não vou muito além disso. Mas, às vezes, só mesmo muito às vezes!, vem alguém que me desvia a atenção e a forma como vejo os números e dou por mim a (tentar) ler nas entrelinhas. Como se os números tivessem entrelinhas…
9 é o fim de ciclo. Seja que ciclo for, é no 9 que termina. É, pelo que vejo por aí, a julgar pela data de hoje 09/09/2025, que se pode também ler 9/9/2+0+2+5 -> 9/9/9, que também nos leva a ler 9+9+9=27 ~ 2+7=9, a data certa para pôr fim a algum ciclo que veio depois do nada, do vazio, do 0 e iniciou a contagem logo a seguir no 1, a unidade…
…eu sei, está aqui uma confusão das grandes. Que provavelmente até nem faz sentido para ninguém. Mas para mim faz…
…as segundas feiras deviam, todas elas!, chegar suavemente. Levar o seu tempo para se manifestar. Assim como o café leva o seu tempo para se fazer sentir, também as segundas feiras deviam demorar o seu tempo para começar…
…especialmente depois de mais uma noite interrompida pelo calor e pela dor. Aquela dor que não sei descrever, que se move à volta de um mesmo ponto no braço esquerdo, que mais ou menos entendo o que a pode despertar, que não faço ideia de como fazê-la parar quando me acorda de madrugada…
As segundas feiras deviam demorar mais tempo a chegar e a trazer consigo o regresso à rotina do meu novo normal, que de normal tem tão pouco que chega a não ter nada. A única coisa que sei é que não interessa que dia da semana é, a dor excruciante chega só porque sim e principalmente durante a noite quando me encontra aconchegada no meu ninho, aquecida o suficiente para, no que ainda resta do Verão, não ter aquele frio desconfortável que não deixa dormir. Porque, se é para não dormir, há uma dor que trata disso…
…no meio de ausências e silêncios, depois de uma exaustiva repetição de erros anteriores com exactamente os mesmos resultados, a pergunta que não quer calar:
…por que raio é que eu sequer tento?!
Não abro a caixa das respostas. Deu demasiado trabalho conseguir reunir todas para, por breves momentos, fazer de conta que é tudo novidade e que a resposta vai ser diferente e que, desta vez, a culpada não sou eu…
…depois de ontem, quando no final do dia aceitei tomar aquele comprimido SOS que durante anos não fazia qualquer efeito e que agora me derruba, só me resta mesmo aceitar a derrota e permitir que o comprimido me obrigue a parar e, de alguma forma, recarregar.
Lutei o dia todo contra o derrube, lutei para responder a mensagens dele em que, por vezes, não tinha energia suficiente para sequer escrever uma única palavra…imagine-se uma frase inteira…
Ontem o dia foi todo ele estranho, é verdade. Mas o final do dia podia, devia?, ter corrido melhor… A aula de Yoga foi, da minha parte, uma desgraça. Para mim, um falhanço completo. Só assim consigo aceitar o que correu mal porque EU fiz mal. E, no final da aula, tive que fazer aquilo que, para mim, era a única coisa possível de fazer depois de falhar tanto: apresentar o meu pedido de desculpas ao professor Pedro. Que merece muito mais e muito melhor do que a minha prestação de ontem… Diz ele que o mais importante é o ter feito tudo e o ter tido uma aula anterior em que fiz tudo tão bem. Mas, e agora digo eu!, isso foi numa aula anterior. Foi no antes. E o importante é o agora. E o agora foi mau…
Se calhar, se fosse noutra altura, numa fase menos comprometida com progredir na prática como me sinto hoje, teria tudo para ter sido o último dia de prática. Seria dia para arrumar o tapete a um canto e esquecer-me até da sua existência. Ontem tinha tudo para desistir do Yoga…
O dia ontem terminou mal. Quis, MUITO!, chorar! E, mais uma vez…nada! Os olhos encheram-se de lágrimas. Senti-o! Mas aquela barreira que impede as lágrimas de caírem…não consigo derrubá-la…
Rendi-me então ao comprimido SOS que me derrubou e apagou completamente. Mas que duvido tanto que me tenha feito um reset, um CTRL+ALT+DEL que tanto estou a precisar…
E agora, mesmo não sendo ainda 22h30m de um Sábado de Setembro, vou permitir que o sono condicionado me conduza pela noite…e amanhã logo se vê…
Hoje. Era hoje! Se eu conseguisse chorar ERA HOJE! De dores no joelho! De uma aula de Yoga que correu MAL! De dores excruciantes no braço/ombro esquerdo que hoje acordaram com o ar mais fresco quando costumavam despertar com o calor…
Hoje. Se eu conseguisse chorar ERA HOJE! Mas continuo a não conseguir…e cada vez a precisar mais…e, repito, não consigo chorar…!
…posso despejar o meu compêndio de asneiras das muito feias…?! É que eu não aguento muito mais…
Esta tarde, depois de chegar à esplanada das mesas infinitas, recordei o motivo que me fez querer tirar a carta de condução e que me fez perceber que não podia não avançar: poder ir onde quisesse quando quisesse sem estar dependente de ninguém para ir. Simplesmente ir. A qualquer lugar. A qualquer hora.
A ida até à esplanada das mesas infinitas foi à boleia do braço da minha mãe. Mais uma vez. Porque fazer o caminho sozinha é arriscado. Não é impossível, mas o risco existe. Risco de queda. E admito que me assustam as potenciais consequências de uma queda. E muito por isso não tenho arriscado ir sozinha até alguns sítios. Mesmo que vá sozinha ao Yoga ou à Fisioterapia, por algum motivo que não entendo não arrisco largar o confronto e a segurança da boleia do braço de alguém. E depois entro em conflito comigo mesma…porque não me quero sentir desprotegida, insegura e em risco de cair. Mas, ao mesmo tempo, quero muito ir! Simplesmente ir! A qualquer lugar! A qualquer hora! Sem estar dependente de ninguém!
Foi assim que me decidi a tirar a carta de condução há mais de 20 anos. Recordo-me perfeitamente do momento em que tomei essa decisão: um sábado à tarde em que já esperávamos há umas horas, eu e a minha mãe, pela nossa boleia que nos tinha ligado para irmos beber um café a algum sítio provavelmente nos arredores de Lisboa. E esperámos. Continuámos a esperar. Até que me fartei e decidi: ia tirar a carta de condução! Segunda feira passava na escola de condução para saber valores e o que era necessário e pronto. Não havia volta a dar. E o que eu queria era tão simples como poder ir. Simplesmente ir! Onde quisesse. Quando quisesse. Sem estar dependente da disponibilidade de ninguém!
Já hoje de manhã não fui à rua beber café por estar sozinha. Não fui ter com a minha mãe ao barco porque implicava ter que ir sozinha até à paragem do autocarro. E tudo o que eu queria era simplesmente ir! Sentir-me um pouco mais normal novamente. Ser como as outras pessoas que simplesmente vão! Porque querem. Porque podem. Porque não dependem da boleia do braço de ninguém! E vão…simplesmente vão!
E é isso que eu tenho que começar a fazer! Simplesmente ir! Devagar. Com cuidado, claro que sim! Mas simplesmente ir! Porque na verdade eu posso simplesmente ir! Se vou sozinha para o Yoga e para a Fisioterapia, porque raio não hei de ir também sozinha ao Parque, à esplanada das mesas infinitas, onde eu quiser?!
Não quero muito. Quero simplesmente ir. Onde quiser. Quando quiser. E sem depender da disponibilidade da boleia do braço de ninguém…
Quarta feira e o meu calendário ficou ali pela segunda feira porque terça foi dia de unicamente ver o tempo passar. E, tendo o calendário ficado lá atrás de alguma forma, tanto se perdeu que ficou por saber…
Há tanta coisa que não sei. E que não sei se quero saber. Resta-me seguir com os meus dias, ao meu ritmo, quer o calendário siga também ou não.
Há tanta coisa que não sei. Que não sei se quero saber. Porque também há tanta coisa que eu sei que não quero saber. Por medo de saber? Sim, por medo. De saber o que não quero saber…