Monthly Archives: November 2025

{#310.056.2025}

As histórias são para serem escritas devagar. Pelo menos as boas histórias. Sem pressa. Sem pressão na procura de algo que não existe: a perfeição.

E, se calhar, a verdadeira perfeição é precisamente a sua não existência

Não sei. Não me interessa. O que me interessa é saber que, todos os dias, a nossa história é escrita por nós, do nosso jeito. E uma certeza que se confirma: nada na nossa história é too much. Nada…a não ser a distância que dificulta, e muito!, aquela reacção química?, eléctrica?, tectónica?, aquela reacção única de quando duas pessoas se tornam uma só. Eu e ele. Ele e eu. Nós. Quando 2 somos 1 só.

A perfeição, já sabemos, não existe. Mas o que existe entre Nós é único e escrito num livro a dois sem pressa e com a certeza de que a distância, que é too much, também pode ser anulada. E nesse momento………a magia torna-se real

{#309.057.2025}

…no dia em que as palavras me faltem…

…será o meu olhar a ditar o que há para dizer…

…e a minha colecção lexical já foi muito mais vasta…

{#308.058.2025}

…um bocadinho perdida por aí…sendo que quem diz “um bocadinho” pode bem querer dizer “completamente”…

Eu sei, estar em casa de baixa há mais de 2 anos não faz bem a ninguém. Não ter condições para voltar ao trabalho também não promete nada de bom. Dar sentido aos meus dias, ter como me sentir minimamente útil e, no limite!, sentir-me uma pessoa perfeitamente normal, como qualquer outra pessoa, tudo isto são “objectivos” difíceis de concretizar.

Nada do que tenho em mente para fazer com o meu tempo é impossível de alcançar. Pode não ser tão fácil como estalar os dedos e já está. Mas é perfeitamente exequível. Só preciso de me organizar.

…e enquanto não me organizo, assumo o Lucky Luke que há em mim e termino os meus dias em direcção ao pôr do Sol…porque perdida por perdida, porque não?

{#307.059.2025}

Trinta e três mil.

33.000

O total de descargas eléctricas que caíram de Norte a Sul na última madrugada. Madrugada assustadora, de vento, chuva, trovoada. Uma noite medonha de sono interrompido ali pelas 4h30m da manhã…

Ainda antes da tempestade se fazer presente, quando chegou a hora de ir dormir a minha vontade era tão simples e tão complicada como enroscar nele, aninhar nele e dormir naquele abraço…

…depois a tempestade chegou, o vento que quase me arrancou as janelas e que fez tanto barulho que me acordou para a realidade: na minha cama um lugar cativo continua vazio e não existe ali a presença daquele abraço…

O dia não foi melhor. Não sei o número de descargas eléctricas do dia todo. Mas garanto que foram muitas. Ao ponto de me fazerem ficar em casa. De manhã não quis arriscar a chuva e o muito vento no caminho até à Fisioterapia, preferi a segurança de ficar em casa. Ao fim da tarde, a dor excruciante no meu braço/ombro aliada ao frio, ao vento e à chuva…tudo junto!, foi mais do que suficiente para não ir ao Yoga. E o que eu detesto faltar…

Não saí de casa o dia todo. Tal como ontem. Amanhã? Quero muito sair! Mas logo se vê. Porque antes de o amanhã chegar ainda há esta noite para passar. E, mais uma vez, não sei se ele vai estar presente durante esta noite do outro lado do ecrã à distância de um clique ou não. Mais uma vez, é como tudo o resto: logo se vê. E há tanta coisa que eu não sei até que ponto é que vou esperar por esse logo…não sei mesmo

Enfim…estou cansada de mais um dia ocupado a ver passar o tempo. E, ao mesmo tempo, a tentar organizar as minhas gavetas mentais, aquelas onde vou acumulando ideias de como dar algum significado aos meus dias. E acumular é muito fácil. Mas agora, antes de organizar para depois arrumar, é urgente fazer uma triagem. Porque eu sei que algumas das ideias que fui atirando para dentro das minhas gavetas mentais são perfeitamente inúteis. Ou por serem descabidas ou por serem impossíveis ou…sei lá eu! Por isso é que, nesta parte da triagem, preciso tanto de parar o Mundo por um bocadinho, pegar em papel e caneta e começar a riscar, a escrever, a orientar, a organizar…

…falta-me só saber com quem o fazer. Porque também aqui preciso de uma luz de um farol que me guie para porto seguro…e ontem à noite houve 33.000 descargas eléctricas de Norte a Sul. E eu só preciso de uma luz de um farol

{#306.060.2025}

O braço que descobriu a forma mais rápida e fácil de não me deixar dormir: o meu braço esquerdo. Que, sei lá eu como (até sei, mais ou menos…), descobriu que provocar dores excruciantes é mais do que suficiente para não me deixar dormir.

Inicialmente as dores só me acordavam a meio da noite, mas apenas esporadicamente. Depois começaram a fazer-se presentes a partir da hora de jantar.

Nessas alturas, a dor tinha um ponto de origem muito bem definido: a parte exterior do braço por cima do cotovelo. Depois passou também para a parte interior logo acima da minha tatuagem.

Entretanto, as mudanças de temperatura dentro de casa despertavam-me as dores. Um aumento mínimo de temperatura era suficiente para me fazer doer. Uma manga de uma t-shirt. Um lençol na minha cama. Ficar encostada no sofá a ver televisão…

Depois, a dor começou a expandir. A ganhar terreno. Subiu ao ombro, prendeu-me músculos do pescoço, desceu a omoplata. O frio começou também a disparar a dor…e eu já não aguento muito mais sentir tudo isto a queimar por dentro!

…e se uma noite destas tiver a visita da GNR a desoras a perguntar o porquê dos vizinhos se estarem a queixar de me ouvir, não me vou admirar. Sei bem o barulho que faço nos picos da dor que me chega em ondas com intervalos de poucos segundos

{#305.061.2025}

Passos pequenos, inseguros nunca incertos. Sempre devagar. Muito devagar. Mas também sempre sem pressa. Ter pressa nunca me levou a lado nenhum, não era agora que iria levar. E eu só queria ter ido até ao paredão ver o Mar e o pôr do Sol e o espectáculo de cores no céu com a luz do final do dia.

Não fui. Claro que não fui. À hora a que saí de casa, e ainda era cedo!, e com passagem pela esplanada das mesas infinitas para um café, nunca iria chegar a tempo ao paredão. A menos que tivesse boleia, que não tenho mas isso iria implicar ter que estar com outras pessoas e acho que não ia ser muito boa companhia para ninguém. Se nem para mim estou a ser……

18h15m, a esta hora já o Sol se despediu e mergulhou na linha do Horizonte. Está escuro na rua e ainda não acenderam as luzes do parque. Mas é sentadinha no banco do parque que estou. Naquele banco onde os pés não chegam ao chão e é possível abanar as pernas, quase como se de um baloiço se tratasse…e é tão bom!

E em conversa com a minha mãe admiti a minha vontade de me meter num comboio e ir por aí. Mas não me parece que vá a lado nenhum…

Está cada vez mais escuro no parque. 18h20m e as luzes teimam em não acender quando a noite já se instalou. Acho que era este o sinal que eu precisava para voltar para casa. E se, no caminho para casa, eu chorar………por favor, não me peçam para não o fazer. Neste momento, é bem mais forte do que eu. E conseguir fazê-lo é uma coisa extremamente rara. Por isso, por favor!, não me peçam para não o fazer…

19h40m

Muito, mas mesmo MUITO mal disposta! Daquela disposição directamente ligada com o humor. Que é exactamente o mesmo que dizer que estou de extremo mau humor! E pronta a responder seja a quem for “NÃO QUERO SABER!” ou “NÃO ME INTERESSA!“…

Péssima companhia seja para quem for. Mas sobretudo para mim mesma! E tudo o que eu queria era uma porcaria de um sítio aberto para beber um café! Mas, das QUATRO hipóteses aqui à porta de casa, ZERO estão abertas! Quando às 19h40m de um Domingo até era suposto que 2 estivessem a funcionar…não estão!

A outra coisa que eu queria, que eu precisava!, que preciso TANTO: chorar! E simplesmente NÃO ACONTECE

…deixem-me…! Deixem-me estar! Deixem-me ser!…mas por favor deixem-me…agora ou para sempre, não me interessa! Não quero saber…!

………

{#304.062.2025}

…querer fazer tanta coisa, querer fazer tudo ao mesmo tempo, resulta em não fazer nada…!

É assim que estou. Quero iniciar um caminho muito meu, muito pessoal, absolutamente de crescimento por dentro de quem sou, do que sou, caminho agregador de conhecimento que não é só de sabedoria.

Tenho, na minha cabeça, traçado uma espécie de rascunho, desenhado numa folha velha de papel, amachucada, suja, rasgada, com todos os pontos que preciso de organizar em condições para me orientar no meu caminho. E já percebi que, não sei exactamente quando mas terá que ser em breve!, terei que parar o Mundo e passar para uma nova folha limpa o esquema certo de tudo o que pensei, tudo o que preciso e tudo o que quero fazer.

E queria tanto ter uma presença física ao meu lado, a acompanhar o meu processo de mão dada comigo, dando-me todo o apoio e toda a segurança que preciso… Não sendo possível, tenho que encontrar em mim mesma esse apoio e essa segurança para seguir em frente sem desistir por medo de falhar

O caminho que pretendo percorrer não me assusta. Mas devia…acho eu. Pelo tamanho, pela dimensão, pela complexidade, por tanta coisa que traz consigo, por tanta coisa que vou deixar pelo caminho ao perceber que não é para mim, que não me preenche, que não me faz crescer…

Parando um bocadinho para pensar, tudo o que tenho anotado nesse rascunho numa folha velha de papel amachucada, suja, rasgada, é um caminho longo e complexo, mas não é impossível. O mais urgente neste momento é parar o Mundo um bocadinho, o meu Mundo, pelo menos!, para me concentrar na organização do meu caminho, e deixar de querer fazer tudo ao mesmo tempo que, já sei, resulta em não fazer absolutamente nada