Dia de consulta com o terapeuta fofinho. E hoje posso dizer: que consulta! Há muito tempo que não pegávamos num tópico tão cheio como hoje. Tanto que a consulta foi para lá da hora. E só não foi mais para lá da hora porque ele não podia. Porque sei que, com ele, não é difícil ficar para lá da hora prevista. Ainda me lembro, no início, que chegámos a ter sessões de 2 e até 3 horas. Muito para lá daqueles 50/60 minutos previstos. E horas que não dávamos por passarem. É sempre assim quando a conversa é boa, mesmo que por vezes seja dorida.
Hoje não foi dorida. Ou, pelo menos, não muito dorida. Até porque já foi uma conversa repetida, já tínhamos pegado neste tópico antes. E provavelmente iremos pegar novamente. Relações. E o porquê de eu não as ter para lá da amizade. Porque não passam disso. E, das poucas, raras, vezes que as tive, correram mal. Brinco com esse facto de vez em quando e costumo dizer que é falta de pontaria. Mas hoje, mais uma vez, disse que todas as minhas relações têm um denominador comum: eu.
Sou eu. O problema sou eu. Não sei porquê, não sei sequer tentar explicar. Mas eu sou o único elemento comum. Por isso o problema tem que estar em mim.
Claro que ele diz que não, que numa relação há sempre duas pessoas, yadda yadda yadda. E eu sei que tem razão em muita coisa do que me diz. Mas depois páro, olho, analiso e lá estou eu. Numa relação? Não. Sozinha. Porque cada vez mais acho que, de facto, o problema sou eu.
E estou cansada disso. De estar sozinha e de ser o problema, o denominador comum.
Se calhar é o cansaço a falar mais alto. Já o disse antes: o cansaço deixa-me mais frágil e vulnerável. E os pensamentos intrusivos aproximam-se e entram e instalam-se e incomodam. Mas aliado ao cansaço vêm também os factos, os dos últimos quatro anos e meio e os dos últimos dias. Nem porto de abrigo, que já sei que não leva a lado nenhum e que é o que é, nem tempestade perfeita que se foi aproximando e de repente desapareceu… Haverá motivos para isso, não duvido. Mas, lá está, tanto num caso como no outro, há um denominador comum: eu.
E se num caso luto todos os dias para me ir afastando devagarinho, no outro estava a gostar da aproximação. E via alguma coisa lá mais à frente. O quê, não sei. Mas cheguei a acreditar que alguma coisa iria acontecer de bom e diferente, mesmo com o factor distância pelo meio.
Não sei…se calhar são filmes na minha cabeça. Eu, borderline, a fazer filmes na minha cabeça desde sempre. Porque é que neste caso havia de ser diferente?
Cansada. De estar sozinha. Cansada fisicamente. Mas com vontade de esclarecer hoje essa súbita ausência. Não vai acontecer, de certeza. Mas fica a vontade. Para saber em que pé estou e o que esperar daquilo que nem eu sei se quero mas cuja aproximação me agrada e me obrigou a agir.
Sei exactamente o que quero: não estar sozinha. Mas também sei o que não quero: estar sozinha.
E estou.
Denominador comum: eu.
Um dia talvez fique melhor. E talvez sozinha seja o que me espera mesmo…
