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É-me cada vez mais necessário escrever. Desta vez não para exorcizar fantasmas como até há uns tempos, mas simplesmente para comunicar. Para me sentir viva como se, ao escrever, ao comunicar, provasse a mim mesma que sim, existo. Que sou real. Que faço parte. Do quê, não sei. Mas de alguma coisa…

Nem sempre é bom sinal quando dedico demasiado tempo às palavras escritas que vou deixando aqui e ali. Mas também não posso dizer que seja um sinal de alarme. Não é. Porque of que escrevo hoje já não é sofrido, doído como há uns tempos. É apenas algo que sai de mim. Que faz parte de mim. Do que vivo mas, acima de tudo, do que sinto. Como sinto. Intensamente, como sempre.

Escrever faz parte de mim. Já não o faço em papel há muito tempo. Vou soltando palavras no éter. Que ficam por lá para quem as quiser ler. Nunca procurei leitores e vou continuar a não procurar. Não é isso que me interessa. Interessa-me, apenas, deitar cá para fora o que vai cá dentro.

Começo a dispersar a escrita quando, em tempos, aceitei que este seria o meu local de reflexão ao final do dia. Continua a ser. Mas a verdade é que vou tendo, ao longo do dia, vários momentos desses. Não sei se é bom. Se calhar é apenas um reflexo do muito tempo que passo sozinha com a minha cabeça. Mas, recentemente, percebi que páro muitas vezes para escrever (muito) sobre o que trago comigo.

Não é um sinal de alarme. Não estou mal, muito pelo contrário. Mas nem por isso deixo de perceber o quanto me tenho dedicado à palavra escrita…

…e a palavra escrita sabe-me tão bem, tão certo… Será, claro, para continuar. No éter, sempre no éter. Lê quem quiser e eu não preciso de saber se alguém lê. Basta-me escrever. Para mim é o suficiente.

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