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Dia estranho este que começou cedo e se prolongou para uma tarde sem História, apenas um apontamento de histórias ao final da manhã: a marcação de consulta que costumava acontecer no 53 da Avenida do Brasil. Dia 20 de Outubro, dentro de 11 dias quando a incógnita era grande. Foi uma espécie de respirar de alívio, um acalmar da ansiedade de não saber o que esperar ou quanto tempo esperar. A partir desse dia já não estarei fora de pé sem saber nadar. Ou, pelo menos, já não estarei a nadar quase sozinha num mar que ainda não identifiquei. Mais uma vez encontro o caminho para melhorar.

E preciso muito desse caminho. Porque hoje, mais uma vez e novamente sem motivo aparente, voltou a vontade de chorar. Posso pôr as culpas na TPM? Posso. Mas é demasiado redutor…

Tem-me valido a companhia diária e quase constante de quem, na realidade, está longe. Mas, hoje em dia, do longe se faz perto e estamos à distância de um simples clique. E é essa presença que me tem impedido de cair novamente. Porque cair é fácil e, sei-o bem, depois da queda chega-se a um lugar que sabe ser demasiado confortável. E sair de lá, por ser confortável apesar de ser um lugar feio, não é fácil. E eu não quero voltar a esse lugar. Feio. Escuro. Até assustador. Porque, não duvido, ao voltar a esse lugar não vou querer sair tão cedo.

Mas, também sei, tenho neste momento motivos para não querer cair. Para não me permitir cair. Há uns anos, quando caí, tinha todos os motivos para me deixar ficar lá. Até que o dia 307 aconteceu e voltei a sentir que tinha vontade de estar bem.

E, desta vez, não sei como ou quando aconteceu, sei apenas que algo aconteceu. Independentemente da distância, dos “mas“, seja do que for!, alguma coisa aconteceu. E está a acontecer. Todos os dias mais um bocadinho. E esse acontecer tem-me mantido à tona. Tem-me permitido não desistir de mim quando era tão fácil desistir.

Dia 20 está quase aí. E, mesmo que amanhã volte a ter, como hoje, vontade de chorar sem motivo aparente, sei que à distância de um clique alguém não me vai deixar cair.

Não sei o que aconteceu, não me atrevo a dar-lhe um nome. É um mecanismo de protecção não nomear o que sinto? É. Mas, chamem-lhe o que quiserem chamar, aconteceu e é bom. Sabe(-me) bem. Faz(-me) bem. Não sei o que aconteceu nem como nem em que momento. Mas não importa saber isso tudo. Afinal, não posso querer controlar tudo. Por isso, deixo acontecer, deixo fluir. E é tão bom poder ser assim. Mesmo que este assim seja a única forma de ser. Não interessa.

Não, não vou voltar a cair. Sei que estou meio perdida, meio sem Norte, a empurrar problemas com a barriga, problemas que continuam a estar no mesmo sítio sempre. Mas não estou sozinha. Não, desta vez não estou sozinha. E isso faz toda a diferença.

Dia 20 está quase aí. E, como sempre, é um dia de cada vez. Sem pressa. Sem pressão. E eu em primeiro lugar. O resto? Logo se vê. Amanhã será melhor. Porque eu quero que assim seja.

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