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Há dias em que, na Fisioterapia, ir à marquesa é sinónimo de dor, lágrimas que não caem e muito “não quero!”…

Eu sei que a Fisioterapia diária é a minha maior aliada para continuar a conseguir, simplesmente, ir. Não interessa onde. Apenas conseguir ir. Com passos pequenos, inseguros nunca incertos, equilíbrio precário, mas ir!

Hoje foi um desses dias carregados de “não quero!”, muitas dores nos músculos das pernas moídas pelo calor e muitas lágrimas que não caem. Que continuam a não cair. Nem com as dores violentas nas pernas, ao fazer aqueles exercícios tão simples, tão básicos!, nem assim as lágrimas ousaram cair…

Sim, a Fisioterapia hoje foi, novamente, uma manhã de choro sem lágrimas. O que eu queria agora? Um colo. Aquele colo que me acolhe, me aconchega, me protege, me permite ser eu como sou e como estou. Aquele colo onde me permitiria desabar, cair, barafustar, explodir para não implodir…e finalmente sentir as lágrimas a molharem o meu rosto.

…porque desde as 9h30m, hora a que entrei na Fisioterapia, ainda não parei de chorar. Chorar sem lágrimas, mas chorar…

Some days are better than others. E hoje tem sido particularmente mau, difícil e muito doloroso…

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…passa das 20h30m e eu já devia estar em casa para jantar com aqueles que são, serão (para) sempre!, os homens da minha vida. Já não aplico o diminutivo “homenzinhos” porque, quando já olho um deles nos olhos a direito sem necessidade de olhar para baixo, deixa de ser possível aplicar o diminutivo.

São os 2 homens da minha vida que crescem a olhos vistos, quando o mais velho já está só a 2 cm de ter a mesma altura que eu e que, já me disse, já percebeu porque é que lhes estou sempre a pedir abraços. E dá-os tão bem e tão bons.

Nenhum dos dois me chama pelo nome. Chamam-me pelo que lhes serei sempre e para sempre: tia. E, já sabemos, não troco esse título por nada.

O que eu queria mesmo agora era um daqueles abraços do Miguel, que desde cedo se habituou a dar abraços à tia mas que só recentemente a irmã de 18 meses o fez perceber o quanto são bons, o quanto sabem bem, o quanto fazem bem…

Passa das 20h30m e eu voltei à esplanada do costume, aquela onde venho há 16 anos e da qual acumulo uma lista interminável de queixas…

…e, ao sentar-me à mesa da esplanada, exactamente no mesmo sítio onde há uns anos chorei copiosamente ao ouvir uma música na rádio, a mesma rádio desse momento passa agora exactamente a mesma música que me fez chorar tanto enquanto escrevia no meu caderno o que tanto me doía…

Hoje, a mesma música, uma vontade imensa de chorar e as lágrimas sem cair, o caderno na mochila e a caneta sem ser usada, e a cabeça tão longe daqui novamente a 135km de distância…

Quando voltar para casa não vou pedir um abraço ao Miguel. Sei que rapidamente mo daria, sem questionar. Mas também é provável que eu chore, como neste momento, ainda que sem lágrimas. E não quero que ele me veja assim. Nem ele nem o Filipe, os 2 homens da minha vida que o serão sempre e para sempre.

Nem a mesma música na mesma rádio e sentada no mesmo lugar na mesma esplanada me consegue fazer chorar. As lágrimas insistem em não cair…e eu estou à beira da implosão. Tal altamente não recomendada…

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