{#234.132.2025}

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta. Escolho-me a mim mesma para ser, estar e sentir tudo. Seja o que for. É na minha bolha que continuarei a fazer de conta.

Este fazer de conta que é um reflexo de medos e dúvidas e inseguranças que me fazem procurar o conforto da minha bolha onde sou intocável. Porque só entra na minha bolha quem eu quero.

Estes medos e dúvidas e inseguranças, que nada mais são do que resultados de trauma distante, de abandono real, são digeridos falando sobre eles. Extravasando cada um dos medos, cada uma das dúvidas, da uma das inseguranças. Fazê-lo em silêncio comigo mesma seria tarefa impossível, dado o ruído no interior da minha cabeça.

Sozinha e em silêncio. É assim que me imagino, dentro de não muito tempo, para me reencontrar. Longe daqui. Num qualquer lugar tranquilo. Num qualquer lugar com árvores. Não apenas para me reencontrar mas também para me reconectar comigo mesma e aceitar que um diagnóstico não muda quem sou, o que sou, como sou.

Continuo e continuarei a ser EU. Porque a minha essência não se deparou com qualquer novo trauma que me force a recolher à minha bolha. Aquela mesma essência que lida diariamente com o trauma do abandono, com medos e dúvidas e inseguranças e que extravasa num tentativa frustrada de chorar as lágrimas que não caem.

Extravaso. Partilho. Falo. Porque a minha cabeça é um lugar com excesso de ruído e só me oiço a mim mesma, só assim me reencontro, só assim me reconecto.

Entendo e aceito o silêncio e a solidão. Fazem parte de um processo muito pessoal, muito individual. Tal como a minha bolha, o brincar ao Faz de Conta que está tudo bem quando as minhas palavras dizem exactamente o oposto.

Dou espaço. Dou tempo. E não o dou só a mim. Respeitando o processo de cada um. Até mesmo o meu próprio processo.

Para depois cada um se reencontrar, se reconectar consigo mesmo.

Até lá, continuo a brincar ao Faz de Conta. Porque não é a qualquer um que me permito chegar sem a minha armadura…

Na minha bolha a brincar ao Faz de Conta…

…até que me seja dada resposta ao ruído na minha cabeça…

{comentários}

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.