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Domingo estranho, este. Longo como há muito tempo não o sentia…

Aquele dia em que mais não fiz do que apenas existir. Sem planos, sem programa…quase sem vontade. De nada!

Até que me encontrei, ou será que me encontraram? Um reencontro, na verdade. José, David e Eugénio. E ainda a entrega do Pedro. Que não conhecia. Conheci hoje. O Poeta da Cidade. Poeta e dizedor de palavras em poesia.

Pedro. Não podia ter outro nome. Um nome tão comum, quase banal, mas que alonga a minha lista de contactos de nome Pedro. Pedro de apelido Freitas, que não conheço, não conhecia até hoje!, mas que me levou rapidamente a viajar nas palavras em poesia como há muito tempo não acontecia. E recordou-me o que eu reconheci, algures no início do ensino secundário, palavras que podiam ter sido escritas por mim num qualquer “Cântico Negro“.

13 anos, no máximo 14. Mas já sabia. Já reconhecia!

“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”

Recordo-me tão bem da primeira leitura de José de apelido Régio. E do impacto que estas palavras tiveram em mim. Porque, já com aquela idade!, eu afirmava com toda a certeza que “Sei que não vou por aí!”…

Domingo estranho, este. Longo, lento, demorado como há tanto tempo não o sentia…aquele dia em que mais não fiz do que apenas existir. E David, de apelido Mourão-Ferreira, pela voz de Pedro, recorda-me que, assim como os dias,

“E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos

e eu vou navegando nesses oceanos à espera da luz do meu farol que me guie até ao meu porto de abrigo. Ele

Ele porque Eugénio, de apelido de Andrade estava tão certo quando decretou uma urgência que resiste ao tempo e permanece igual…

É urgente o amor, é urgente permanecer.”

Domingo tão estranho, este…o reencontro com as palavras em poesia como há tanto tempo não as sentia. Tão minhas que não o são mas que podiam ser. Todas elas! As de José, as de David, as de Eugénio…! E de tantos mais poetas, mais conhecidos ou mais anónimos, mais inquietos ou mais ousados, há tanto tempo que não sentia as palavras em poesia como hoje…!

Domingo tão estranho, este…! Que, de tão estranho e a horas tardias, me levou a uma inquietação de um reencontro inesperado com José Mário

“Cá dentro inquietação, inquietação

É só inquietação, inquietação.

Porquê não sei, porquê não sei

Porquê não sei – ainda

Há sempre qualquer coisa que está pr’acontecer

Qualquer coisa que eu devia

perceber

Porquê não sei, porquê não sei

Porquê não sei – ainda

…Domingo tão estranho, este…

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