Dor neuropática.
Neuropatia.
Nevralgia.
…e mais uma lista imensa de nomes e termos técnicos da área da Neurologia que, de repente e sem convite, entraram pela minha vida a dentro, viraram-me do avesso, reviraram a minha vida de pernas para o ar e eu aqui vou andando, perdida no meio desta nova confusão que ainda não entendo, que ainda vou, devagar, conhecendo e, todos os dias, aprendendo mais um pouquinho…
Mas…
…aprender à força de uma dor excruciante cuja origem não se entende a 100% mas que se percebe, mais ou menos!, qual o seu ponto de origem, mesmo que se expanda por ali ou até mesmo que mude de lugar para um sítio não muito longe…que desperta quase sempre da mesma forma, com um muito ligeiro aquecimento provocado pelo toque de uma manga curta de uma t-shirt, ou simplesmente por pousar o lençol em cima do meu ombro quando quero aconchegar-me para dormir, ou até mesmo por encostar o ombro nas costas do sofá que me aquece desde a omoplata até ao braço, passando pelo ombro…não! Aprender assim, à força de uma dor excruciante que não passa com nada, não há comprimido que alivie mas que, sabe-se lá como ou porquê, assim como aparece……também desaparece…aprender assim é o mesmo que dizer que não se aprende nada..!
Mas entretanto já me acordou de madrugada, a pôr-me a guinchar muito alto de dor a meio da noite e a arriscar-me a acordar algum vizinho mais sensível. Sem saber o que fazer, experimento uma toalha molhada com água fria. Não tira a dor, é verdade. Mas alivia…excepto quando, claro!, me arranca um grito de dor porque a toalha molhada parece uma placa de gelo que queima profundamente ao toque…
Por isso, não! Não aprendo nada sobre isto. Não aprendo a evitar que a dor desperte tantas vezes sem aviso. Não aprendo a evitar até quando mordidas ligeiras no braço servem de pré-aviso! A única coisa que se aprende? É a dizer, de várias formas que nem sempre inteligíveis!, que esta estupidez dói muito! Bastante! Demais! E só apetece dizer que esta estupidez desta imensa e absurda dor excruciante não tem explicação! Mas tem…só não me peçam para explicar mais do que usar a imagem de 2 fios eléctricos descarnados que se tocam e provocam curto-circuito… Foi esta a explicação breve que o meu fisioterapeuta me deu e que o meu neurologista não discordando disse só que não é tão simples assim…
Não sei! Só sei que aqueles três nomes lá em cima que identificam este cenário deviam também servir de sinónimos para dor imensa, violenta, excruciante e que não se aguenta!
E, quando não se dorme de noite porque a dor não o permite, dorme-se de dia. Dorme-se entre os pingos da chuva, que é o mesmo que dizer que se dorme nos intervalos das ondas de dor que faz gritar, mas que nem isso me põe a chorar…
É tarde…vou aproveitar que estou sem dor e vou tentar dormir. E, se conseguir dormir a noite inteira, fico tão contente que me esqueço que preciso de chorar e não consigo…

