Da frustração: não conseguir fazer coisas simples que sempre fiz com facilidade. A cada aula de Yoga, uma nova frustração. Porque há posições tão simples, que não implicam grande esforço, que noutros tempos fazia sem dificuldade e que hoje não consigo…
“Não consigo” é frase proibida nas aulas de Yoga. Porque posso de facto não conseguir a plenitude da posição, mas posso fasear para mais tarde alcançar. Sei que hoje há muita coisa que só faço faseado mas em Julho estarei a conseguir fazer.
Não é só no Yoga que vem essa frustração. No dia a dia também me deparo com vários “não consigo” em coisas simples. Coisas tão simples como, por exemplo, ler um livro. Tenho um livro para ler desde o Natal e não há forma de conseguir sequer chegar ao fim da primeira página. Não consigo concentrar-me. Não consigo lembrar-me da última frase que li… Mas também aqui vou ter que fasear. Voltar a tentar. Arranjar forma de conseguir um mínimo de concentração para avançar para a próxima frase. Já nem peço a próxima página. Respiro de forma profunda e consciente e tento novamente.
Porque, dizem-me à distância de um clique, “a melhor parte de não se conseguir fazer alguma coisa é que deixa espaço para tentar”…e tentar é positivo. E, neste momento, é disso que preciso: coisas positivas. E, por isso mesmo, vou continuar a tentar, seja ler o livro, seja mais uma posição de Yoga.
Frase proibida: “não consigo”. A alternativa: “vou tentar novamente”. Faseando a leitura, faseando a postura, vou acabar por melhorar e alcançar o que se pretende. E devagar e sempre sem pressa a frustração vai desaparecer. E vai desaparecer também a vontade de chorar depois de cada aula. Ou em qualquer outro momento do dia por não conseguir fazer coisas simples. Ou até mais complexas como trabalhar…
Mas não importa. O que importa é não desistir, é insistir mais um bocadinho até conseguir. O trabalho, para já, vai ter que esperar mais um bocadinho. Porque ainda não está no momento certo. Já tentei regressar e não correu bem. Foi demasiado cedo e tanta gente me avisou de que não era boa ideia regressar quando regressei. Não quis ouvir…mas hoje dou-lhes razão. Por isso, agora é altura de tratar de mim, pensar em mim, fazer de mim mesma a minha prioridade.
No meio de tudo isto, seguimos por aí, de mãos dadas à distância de um clique. E não estar sozinha com tudo o que me rodeia não tem preço. E basta um clique para ter as respostas que me faltam, o aconchego e a segurança que preciso e mereço.
Vou derrubando barreiras e recebendo o que mereço.
Amanhã ainda está tão longe, mesmo que já passe da meia noite. Mas já penso que vai ser um bom dia simplesmente porque acredito em dias bons. O resto? O Yoga? O livro? Com calma e, desta vez, prometo a mim mesma que tenho que melhorar para poder regressar ao trabalho com calma e serena.
E, à distância de um clique, ir derrubando barreiras.
