Category Archives: {#2024.Abril}

{#101.266.2024}

Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim. Ou um dia de merda…

Dia longo. E extremamente cansativo. Sair de casa pouco antes do meio dia porque, mais uma vez, os bombeiros chegaram mais cedo para me levarem à fisioterapia que só começa às 13h30. Eram 12h20 e estávamos no Hospital.

Apanhar um bocadinho de Sol no jardim do Hospital, passar pela cafetaria e arrastar-me para a fisioterapia. Sim, as minhas pernas já não estavam muito boas quando entrei. Doridas, muito. Dores, tantas. Não só nas pernas, um pouco por todo o corpo. E a dor de cabeça, mais uma vez, a instalar-se.

A conversa com a fisioterapeuta que me deixou (muito) apreensiva. Existe a real possibilidade de me darem alta da fisioterapia no final deste ciclo. E eu não quero isso. Porque ali é o único sítio onde estão, de facto, a fazer algo por mim. Nem que seja só a trabalhar o equilíbrio e a reaprender a andar o melhor possível. Vamos ver… Só sei que não posso perder esse apoio. Não estou ainda em condições de andar sozinha. E, claro, a frustração faz-se presente…

Sair da fisioterapia directamente para a Junta Médica da Segurança Social. Disseram-me que estava tudo muito atrasado e que ainda ia ter que esperar um bocado. Realmente, a sala de espera estava muito cheia, com muita gente a esperar de pé. Mas, afinal, acabei por não esperar tanto assim.

Gabinete 3. Estava apreensiva. Não sabia que técnicos me calhariam hoje. Ao entrar, percebi que eram os mesmos de Novembro. Que me ouviram na altura, que me renovaram a baixa, que foram informados sobre a suspeita que havia e cuja consulta de especialidade ainda não tinha acontecido e que, no final, me disseram “não se preocupe, a senhora está muito bem”. Na altura, já a sair do gabinete, ri-me para dentro. Já sabia das dificuldades que sentia e que não fazia ideia que iam piorar tão depressa.

Desta vez, pediram-me o relatório do neurologista, entreguei-o, olharam para ele na diagonal, confirmaram no relatório que necessito de canadiana para me deslocar tal como me apresentei hoje devido à dificuldade na marcha. Desejaram-me as melhoras, despediram-se e eu sem saber o resultado. Passei no balcão do secretariado, como é suposto, assinei o que tinha a assinar e só nessa altura percebi: a baixa estava autorizada. Não nego que me saiu um peso de cima.

Chegou a hora de voltar para casa. A paragem do autocarro não é demasiado longe. Mas a inclinação da rua é demasiado grande. Descer a rua foi um desafio. Felizmente não ia sozinha. Canadiana no braço esquerdo, agarrada à minha mãe com o braço direito… Custou. Muito. Demasiado para quem já não estava bem das pernas antes da fisioterapia, levou um novo tareão e trabalhou a sério as pernas, já tinha ido da paragem do autocarro até à Segurança Social e subido, também a custo, parte da rua demasiado inclinada.

Apanhar o autocarro de volta para casa, sair na paragem do costume e arrastar-me até ao café. Sem força, estabilidade e/ou coordenação nas pernas, eram 17h quando cheguei ao café… E, durante todo o percurso, pensar que seria chegar a casa, descansar uns minutos e voltar a sair para estar às 19h no Yoga…e sempre a pensar “eu não sei como vou aguentar ir até lá, fazer a aula e regressar a casa”. O Yoga fica a 1km de distância. Ida e volta são 2km. Não é muito. Faz-se bem. Mas hoje essa distância ganhou uma dimensão insuportável. Não estava em condições para caminhar mais 2km. Nem para dar mais dois passos!

Estive um pouco na esplanada do costume. A 100 metros do meu prédio. Não sei como consegui caminhar até casa. Só sei que estou, de facto, em casa. E, mal consegui mudar de roupa, aterrei no sofá e automaticamente adormeci. Dormi profundamente por mais de duas horas, tal era o cansaço que trazia comigo. Acordei, jantei e agora cadeirão. Com muitas dores nas pernas, sem força e a ter que me arrastar até à cama.

Amanhã, felizmente, não tenho nada a acontecer. Irei acordar à hora que for. Queria muito ir até à praia à tarde, mas acho que vou optar por descansar. Recuperar de um diagnóstico muito longo, muito cansativo, muito difícil. E, entretanto, a dor de cabeça continua presente. E eu só quero que me ajudem com tudo isto. Porque eu já não sei mais o que fazer. E não posso, de maneira nenhuma, ter alta da fisioterapia. O único local onde têm feito alguma coisa para me ajudar…

{#100.267.2024}

E, ao centésimo dia do ano, ela continua com vontade de chorar e não consegue. E ela sou eu.

Acordar como acordo todos os dias: com dores. Em todo o lado. E, por causa das dores, ter grande dificuldade em sair da cama. Todos os dias as dores, especialmente nas costas, me dificultam muito a saída da cama. Coisa que parece tão simples…

Tomar o pequeno almoço, beber o meu café, preparar-me para sair. Porque o desafio, mais uma vez, foi lançado: “vamos ao parque. Vamos até onde conseguires.” Esta premissa é obrigatória.

Fomos devagar, claro. E, mesmo com o auxílio da bengala, muitas vezes me desequilibrei, outras tantas tive que, à última da hora, agarrar-me à minha mãe para não cair…

Chegadas ao parque, sentámo-nos naquele que é o nosso banco favorito. Que é mais alto do que os restantes e nos deixa com os pés no ar a balançar como miúdas pequenas.

Tratar do que tinha para tratar ao telefone e, depois disso, entrar um pouco mais no parque. Ficámos a meio, mais ou menos. Mas suficientemente para ver o caminho até à praia, onde queria tanto ir. Cheguei a pensar (e a dizer) “eu consigo ir até lá”.

Passava das 14h, ainda não tinha almoçado, já sentia pernas cansadas e doridas, joelhos presos… Sim, eu conseguia chegar ao paredão para ver o Mar. Mas tive que optar: voltar para casa enquanto ainda conseguia andar de forma mais ou menos segura e ainda com alguma força nas pernas ou fazer o restante caminho do parque até ao paredão para ver o Mar e saber que o regresso seria bastante mais difícil e muito mais doloroso.

Optei por voltar para casa. E não foi fácil. Sempre muito devagar, sempre a agarrar o braço da minha mãe para não me desequilibrar e cair. Não, não foi fácil o caminho até casa. Ter que subir os 5 degraus de acesso ao pátio, entrar no prédio, subir mais 5 degraus de acesso aos elevadores e as dores fortes sempre que subia mais um degrau…

Cheguei a casa completamente de rastos. Com muitas dores. Com pouca força nas pernas. Almocei e aterrei no sofá depois de, a muito custo, ter passado pelo cadeirão para beber o meu café. Cada vez que tive que me levantar, fosse do cadeirão ou do sofá, para ir à casa de banho ou à cozinha, as dores sempre presentes e cada vez mais intensas e praticamente incapacitantes. As minhas pernas só estavam bem sossegadas e sem esforço no sofá…

Ainda pus a hipótese de voltar à rua ao final da tarde para apanhar um bocadinho de ar e beber um café na esplanada do costume. Mas as dores, mais uma vez, não deixaram.

O que me acompanhou também durante o dia todo foi a visão dupla. Agora, mesmo com os óculos, já não consigo ler as legendas porque o texto vem sempre sobreposto e em duplicado. E eu já não aguento isto tudo…

A única coisa que eu peço e que sei que não vai acontecer tão depressa como gostaria é que fechem o diagnóstico. Ou seja, todos aqueles exames cujos resultados ainda estão atrasados deviam ficar prontos rapidamente. Porque havendo resultados é possível fechar o diagnóstico. E, com o diagnóstico fechado, tenho acesso à medicação que toda a gente me diz que me vai permitir ter qualidade de vida e até uma vida o mais perto possível do dito normal.

Vou andando ao sabor do vento. Tenho fisioterapia onde em todas as sessões me desafiam um pouco mais. E onde caminhar em solo liso é muito mais fácil. Na vida real, ou seja na rua, é tudo menos fácil caminhar. E até em casa não consigo caminhar sem me apoiar para não cair…

Estou farta disto. Disto que não pedi, não procurei, que me apanhou na curva nem sei porquê. Mas que, em tão pouco tempo, progrediu bastante. Para pior…

Mais uma vez só tenho vontade de chorar. E, para variar, não consigo. E sim, preciso muito de apoio psicoterapêutico, que já não tenho, e que entenda disto. Porque, sozinha, não sei até onde vou conseguir aguentar…

Amanhã? Com o que está agendado para depois da fisioterapia, é bom que seja melhor… Logo se vê…

{#099.268.2024}

Já tenho dito por aí que digo Olá a todos os cães e gatos que se cruzam comigo por aí. E, às vezes, acontece eles responderem-me olhando para mim e acabando por se aproximar de mim para receberem festas. E basta um simples Olá. Um bocadinho como aquele Olá que deixei a 5 de Julho. Não foi um cão ou um gato que se aproximou, mas alguém que olhou para mim. E bastou um simples Olá que se mantém 9 meses depois.

Mas, dizia eu, páro sempre para lhes dizer Olá. E, esta tarde na papelaria, não foi excepção quando me voltei a encontrar com o Thor. Disse-lhe simplesmente Olá. E a reacção foi erguer aquela cabeça enorme do chão e olhar para mim. Trocámos mimos, claro. E, quando se levantou, mostrou que pode ser um cão de muito grande porte, mas é uma delicadeza sempre que nos encontramos.

É um cão enorme, com uma cabeça monstruosa e umas patas extraordinariamente grandes e pujantes. Quem não o conhece pode ficar apreensivo. Mas é uma delícia de cão mimalho.

Vou continuar a dizer Olá por aí sempre que me cruzar com um cão ou um gato. Mas só a eles. Porque aquele Olá que dei a 5 de Julho já me trouxe tudo o que procurava e não sabia.

Se me preocupa o facto de dizer Olá a cães e gatos que se cruzam comigo? Não, nem um pouco. Mas começa a preocupar-me um bocadinho (grande) o meu estúpido hábito cada vez mais recorrente de falar sozinha. Seja para “mandar calar” quem está a fazer barulho na esplanada ou a fazer obras aqui ao lado, seja para resmungar porque me dói a cabeça ou as pernas. Ou seja simplesmente porque sinto necessidade de vocalizar e dizer alguma coisa que não interessa a ninguém e que só eu entendo o contexto. Ou ainda estar a ditar o que estou a escrever no telemóvel.

Também é um facto que me preocupa sempre que começo a cantarolar sem sentido e que toda a gente ouve ou quando começo a gemer entre dentes porque alguma coisa me dói. Levantar-me (a custo) do cadeirão então é uma sinfonia de ais e uis e o caminho a percorrer até ao sofá ou até ao meu quarto é toda uma outra experiência sonora significativa.

A sério que isto começa a preocupar-me. Porque eu não era assim.
But then again, claro que falo sozinha. Às vezes preciso de ouvir “experts” seja lá sobre o que for.

Não, começo a não achar piada a isto. E começa mesmo a preocupar-me. Se até um cão a ladrar eu mando calar e depois passo horas no cadeirão a falar comigo mesma que é o mesmo que dizer que passo horas a falar sozinha…

É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. Nothing to see here. Move on…

{#098.269.2024}

Domingo, dizem, é dia de descansar. Ou dia de não fazer nada. Acordar às 8h da manhã sem necessidade é que não tem piada.

Não faz mal, 10h da manhã de um Domingo parece-me uma boa hora para enroscar e voltar para a cama. Foi sono directo até às 14h. Se era o que eu queria? Não. Mas era o que eu precisava. Como agora que são 17h15m o meu corpo pede sofá depois de muito tempo, demasiado tempo, no cadeirão. Deu tempo para tudo que se resume a nada e ainda receber dois telefonemas.

Mas as dores um pouco por todo o corpo dizem-me que é tempo de sofá. Não há, infelizmente, um botão de reset que reponha o corpo em condições, por isso é melhor ouvi-lo e satisfazer os seus pedidos. Por isso, com licença, vou só ali assumir a minha relação de proximidade com o sofá. E, sendo Domingo, não dá nada de jeito na televisão. Que é o mesmo que dizer que vou adormecer em menos de nada.

Se eu queria que a minha vida estivesse reduzida a isto? Não, de todo. Mas fui apanhada na curva por algo que veio para ficar e, ainda sem qualquer tipo de medicação, vou-me adaptando como posso e como sei. Por isso, e mesmo sem botão, vou só ali tentar fazer um reset. Depois? Logo se vê.

——-

E o reset no sofá durou até às 19h e pouco. Agora, que é quase meia noite, estou a lidar com o sono que tenho há horas mas estou em luta comigo mesma. Sei que tenho que ir dormir, sei que tenho que acordar cedo amanhã, sei que devia fazer um horário de sono decente. Mas, como disse, estou em luta comigo mesma. Porque os meus dias se têm resumido a nada e eu quero sempre mais. Mas, já sei, não posso. Por isso, e porque tenho de facto muito sono, vou para a cama. Ainda tenho algumas coisas para fazer antes de dormir. Mas esta luta comigo mesma não me traz nada de bom.

Amanhã é, novamente, dia de fisioterapia. Novamente me vou queixar das dores. E, novamente, o Miguel, fisioterapeuta estagiário, vai puxar por mim. E, o mais certo, é levar um novo tareão.

Estou cansada das dores. Os desequilíbrios mantêm-se em alta mas, de uma forma ou de outra, vou-me apoiando aqui e ali em casa e na muleta na rua. Mas as dores…nas pernas, nos joelhos, nas costas…em suma, no corpo todo, não sei como as tratar. Só sei que, nestes dois dias do fim de semana, o meu corpo me pediu para parar. E foi isso mesmo que eu fiz. Parei para descansar, dormir e recuperar. Mas, ainda assim, me sinto muito cansada, com muito sono e muitas dores.

Vamos ver como acordo amanhã e como corre a fisioterapia. Depois? Logo se vê. Mas, por hoje, deixo de lutar comigo mesma…

{#097.270.2024}

A vontade era, como é todos os dias, ir até ao paredão ver o pôr do Sol na praia. Não sendo muito longe, para mim neste momento está a uma distância incrível. Na quinta feira à tarde fui ver o Mar. Ir foi simples, voltar já custou. E o resultado na sexta feira foi ter os músculos todas das duas pernas e os joelhos também completamente presos. Muito presos.

Ontem, na fisioterapia, levei um tareão, é verdade, mas as pernas continuam num estado ainda longe do normal e o joelho esquerdo está miserável. A recomendação do fisioterapeuta para o fim de semana: caminhar. Nunca deixar de o fazer.

Hoje foi dia de Yoga e foi acordar de manhã sentindo-me um poço de dores. E, desta vez, não só nas pernas e joelho. As costas também. A aula de Yoga hoje, apesar de ter sido uma aula muito suave e relaxante, foi também extremamente difícil e muito dorida. No final da aula, a conversa habitual com o professor. Falei-lhe do meu estado na sexta feira depois da ida ao paredão na quinta. Resposta dele: se estás assim é porque foi demais. Recomendação para o fim de semana: parar e descansar! E foi o que fiz.

Depois do almoço, aninhei no sofá e adormeci. Está na hora de assumir a minha relação com o meu sofá…não passo sem ele.
As dores continuam, o joelho esquerdo está miserável, andar é uma dolorosa aventura, mesmo em casa. Mas, pelo menos, dei ao meu corpo o que ele estava a pedir: descanso!

Portanto, voltar a ver o pôr do Sol na praia vai acontecer. Só não sei nem como nem quando. Mas sei que vai…

Até lá, obedeço às ordens do meu corpo: descansar e não abusar. Sim, preciso de caminhar, dar uso às pernas, fortalecer os músculos. Mas, neste momento e com tantas dores e tamanhas dificuldades, não consigo… Aprendi no Yoga que a frase “não consigo” é uma frase proibida. Mas neste momento não consigo mesmo. Continuo como de manhã: um poço de dores. E muito cansada… Diz quem sabe que não é mero cansaço, é fadiga. Que também faz parte do que me apanhou na curva. E eu ainda estou a aprender a lidar com isto…mas já sei que obedecer não meu corpo é obrigatório. Por isso, seja!

Amanhã não vai haver consulta. Na realidade nem sei se voltará a haver… Mas, já sei, amanhã o despertador não vai tocar às 10h ou a outra hora qualquer. Vou deixar o meu corpo descansar enquanto lhe apetecer. E, já sei, é bem possível que acorde às 8h só porque sim. Logo se vê. O que já está decidido para amanhã é que não há caminhada para lado nenhum. O resto? Logo se vê. Mas, acima de tudo, é dar descanso ao corpo. É ele que mo exige. E eu obedeço-lhe. Já não é possível contrariá-lo. Por isso, mesmo que amanhã não saia de casa, logo se vê.

{#096.271.2024}

Hoje não há muleta. Hoje estreia-se a bengala que me ofereceram no jantar de aniversário. É linda. E, oh espanto!, é minha.

Se foi um bom dia para a estrear? A julgar pelas dores que tenho hoje nas pernas, com os músculos e os joelhos muito presos como estão hoje, se calhar não… E garanto: já estivemos mais longe de usar duas muletas para caminhar… E, a vontade de chorar, essa ninguém me tira…
Bora lá para a fisioterapia. A ver se alguma coisa melhora… (Não, o dia não está fácil. Nem bom…)

Ontem abusei. Era para ser só uma caminhada até ao parque. “Vamos até onde conseguires”, disse-me a minha Mãe. Claro que eu fiz questão de ir até ao paredão ver o Mar. Não o via desde Janeiro e achei que conseguia sem stress. E consegui… Mas depois houve o caminho de volta. Entre ir e voltar foram 2,5km. Não é muito. Para vocês. Para mim é imenso. Tanto o é que hoje estou como estou…

Fisioterapia terminada por hoje. Comecei com tudo preso. Pernas e joelhos principalmente. Com enorme dificuldade em andar. Mas depois fui entregue ao Miguel, o estagiário que agora me põe a mexer e parece que fui passada a ferro por um rolo compressor.

Não há nada que não me doa, essa é que é essa. Mas também não há nada que não tenha sido mexido e trabalhado. Só faltou porem-me a correr. E mesmo assim não faltou muito…Usain Bolt no corredor do hospital, diz-me ele que é assim que me quer. Está bem. Logo se vê.

Vamos ver como corre o jogo deste fim de semana (e eu não ligo a futebol), mas já lhe disse que quem vai ganhar é aquele que está em primeiro com menos um jogo, ao que ele respondeu logo que não, que quem vai ganhar são os encarnados. E que, se por acaso perderem, na segunda feira vem zangado para a fisioterapia e vinga-se em mim. Vamos ver.

A verdade é que, apesar de ser apenas estagiário, está muito bem preparado para trabalhar comigo.
Se um rolo compressor tiver nome, chama-se Miguel. E eu só posso agradecer o trabalho que está a fazer comigo.

E, depois de chegar a casa, foi hora de me instalar no sofá. Ainda cheia de dores. Desconfortável. Muito cansada. Ainda não eram 17h30 quando enviei a última mensagem antes de adormecer. Para acordar só às 21h10. Ainda cheia de dores. Sem saber o que fazer às pernas, porque já não as aguento e não tenho posição para elas. E amanhã às 9h e pouco é hora de ir até ao Yoga. E quem vai tem que voltar… A recomendação do Miguel, o fisioterapeuta, para o fim de semana é caminhar. E, só de manhã, vou ter de fazer, ida e volta, mais de 2km. Vai doer. Muito. Mas não vou faltar ao Yoga. Se vou caminhar à tarde? Não faço ideia. Vai depender de como vão estar as minhas pernas depois de voltar do Yoga.

Eu sei que tenho que caminhar. É o melhor remédio que tenho neste momento. Mas não deixa de ser verdade que as dores têm agravado. Assim como os desequilíbrios. E hoje foi prova disso.

Eu quero ver melhoras. Mas também quero senti-las. E não as vejo nem as sinto. Essa é que é essa. Trabalho muito na fisioterapia. Faço tudo o que me dizem para fazer. Mas não me sinto melhor…

Sei que tenho que continuar e não desistir. Mas, por enquanto, só posso continuar a esperar por um diagnóstico que nunca mais está fechado. E eu não sei até quando vou conseguir aguentar. Estou cansada. Cansada de esperar. E muito cansada disto que me apanhou na curva e não vai passar, que veio para ficar.

Sim, estou muito desanimada. Muito. Tanto. E, mais uma vez, a vontade é de chorar. Mas, como já vem sendo hábito, não consigo…

Amanhã, com mais ou menos dores, a manhã está preenchida. A tarde? Em parte vai ser para recuperar da manhã. E tentar não desanimar ainda mais. Vai ser fácil? Não. Não mesmo. Mas não posso, de todo, desanimar. É respirar fundo, levantar a cabeça e avançar. Depois logo se vê…

{#094.273.2024}

Se me pedissem para fazer um resumo dos últimos dias, já não sei quantos, conseguia fazê-lo muito rapidamente: dores de cabeça intensas e persistentes. Depois de alguns meses sem sinal delas, voltaram em força… E, para já, o que é que me dizem que posso tomar? Ben-u-Ron. Que tem em mim o mesmo resultado que beber um copo de água. Não resulta, portanto…

Tem sido assim todos os dias outra vez. E, claro, já sei que não havendo ainda um diagnóstico fechado o neurologista não sabe como me medicar para a dor de cabeça…

Noites mal dormidas, dias complicados, humor cada vez mais deprimido…

Hoje foi dia de fisioterapia. E foi a doer. Muito trabalho de pernas e equilíbrio. E, pelo meio, alguns exercícios de Yoga. Entrei na fisioterapia cheia de dores de cabeça e vontade de chorar. Entretanto a vontade de chorar passou, mas a dor de cabeça continuou.

Foi, também, dia de Yoga. Novamente a dor de cabeça. Repetir os exercícios que já tinha feito na fisioterapia. Não conseguir fazer o básico do equilíbrio. Mais uma vez…

Chegar a casa tarde. Jantar tarde. E a dor de cabeça sempre presente. Já devia estar a dormir há muito tempo. Mas, apesar da dor de cabeça, não há forma de desacelerar o pensamento. Sinto-me a mil, apesar de cansada e de sentir as pernas muito moídas. E a vontade de chorar a voltar…

Vou tentar dormir. Amanhã? Logo se vê. Se não me doer a cabeça ou se simplesmente doer menos já vai ser bom…

{#093.274.2024}

Tenho vontade de comunicar. Falar com pessoas. Estar com pessoas. E conversar. Seja sobre o que for, estou aberta a qualquer assunto. Bem, a futebol talvez não. Mas quero muito conversar.

Tenho a minha mãe sempre por perto e, claro, conversamos todos os dias. Passamos também muito tempo tempo cada uma no seu mundo. Ela a ver as suas séries na televisão, por exemplo, e eu a fazer scroll mais tempo do que o recomendado (seja lá qual for o tempo recomendado) e a ouvir música. Mas o que eu quero mesmo, o que eu preciso!, é de comunicar e conversar!

Há dois telefonemas que quero fazer, um dos quais ainda no rescaldo do jantar de sexta feira. Há, também, um pedido de desculpas que quero fazer, embora tenha plena noção de que é uma coisa irrelevante. Mas ainda assim… E esse pedido de desculpas que quero fazer será por mensagem escrita porque é o meio de comunicação habitual entre nós.

Ainda não fiz nada disso que quero fazer porquê? Porque, por muito que queira conversar, tenho percebido que falar ao telefone me agrava a dor de cabeça que regressou em força. Como no sábado que, numa escala de 0 a 10, bateu no 9. E ainda não me largou, embora não passe do 7.
Escrever o pedido de desculpas também está difícil. Porquê? Porque, dentro da minha cabeça cheia de dores, está uma grande confusão instalada. E sei que enviar esse pedido de desculpas pode iniciar aquilo que, no fundo, quero e preciso que é conversar, mas que simultaneamente temo porque me custa comunicar com a confusão que vai aqui dentro… Até escrever isto tudo foi difícil…

Não, não está fácil ter que lidar (e aguentar!) novamente com as dores de cabeça intensas e persistentes. Por isso, em vez de fazer aquilo que quero, comunicar, faço o que o tempo lá fora recomenda: recolho-me e faço de conta que não se passa nada.

Amanhã? Pode ser que a dor de cabeça dê tréguas. Logo se vê. Mas, por agora, está difícil. Quero comunicar. Preciso de conversar. Sentir-me minimamente normal. Mas não me sinto em condições para isso. Não agora. Amanhã logo se vê…

{#092.275.2024}

Há dias mais difíceis do que outros. E hoje, depois de 3 noites mal dormidas e uma dor de cabeça épica pelo meio, ao chegar ao Hospital e depois do café pré-fisioterapia, não se previa nada de bom. Muito sono, dor de cabeça a querer instalar-se e pouca vontade de fazer a fisioterapia. Mas, felizmente, estou acompanhada por uma equipa de profissionais que me põem a mexer e ainda me acordam a boa disposição.

Fazer este corredor depois do café a caminho da fisioterapia custou muito. Por todos os motivos expostos acima e também porque as minhas pernas queriam seguir em sentido contrário. Porque elas, como eu, não tivemos escolha sobre o que nos apanhou na curva e a vontade é fazer rewind até um qualquer momento que nem eu sei qual e fazer a curva para o outro lado.

Mas, dizia eu, tenho uma boa equipa de fisioterapeutas à minha volta. Que puxam por mim na hora de trabalhar a sério como hoje trabalhámos mais uma vez, que conversam comigo e que me fazem rir.

Sim, o dia não prometia nada de bom para a fisioterapia. Mas por hoje está feito. Já conversei. Já ri. Quarta feira repetimos. E, daqui a pouco, quando chegar a casa lamento mas o meu companheiro sofá espera por mim.

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E o sofá que esperavas por mim lá estava a chamar por mim quando cheguei a casa muito cansada. E, depois de uma visita de uma vizinha e uma boa conversa com muita risota pelo meio, simplesmente apaguei. Dormi profundamente durante duas horas para acordar cheia de dores nas pernas não pelo exercício mas pelo calor de tantas mantas e uma gata em cima de mim. E aquilo que, no início da fisioterapia, era só uma moínha assumiu o seu papel de dor de cabeça intensa declarada…

São 23h00…é uma boa hora para deitar a cabeça na almofada e acreditar que vai passar, porque ainda me lembro das dores de cabeça intensas e persistentes do ano passado e não tenho vontade nenhuma de as repetir. A noite passada também não foi fácil e talvez por isso esteja novamente aflita. Quero muito que esta noite seja melhor. Só assim a dor de cabeça amanhã não volta…