Category Archives: {Me me me!}

{Um dia}

O Google, por vezes, assusta-me. Como quando parece que me lê os pensamentos. E acontece tantas vezes.

Como hoje.

Porque me apetece Paris no Outono. Paris que “conheci” no Inverno, de passagem pelos túneis do Metro entre uma gare de comboios e outra a caminho de Bruxelas.

Bruxelas apetece-me também. Revisitá-la. Reconhecê-la 20 anos depois. Agora com o Tempo que os amores de Verão prolongados até ao Inverno e o ímpeto dos 17 anos não tinha.

Londres continua lá. À minha espera. Já esteve no topo da lista. Sempre pensei que se mantivesse lá para sempre. Já não está no topo.

Paris no Outono, Bruxelas no Inverno, Londres quando for.

Um dia, os três. Um dia.

image

{ Recado ao meu primo que está para nascer}

Chavalito, eu sei, sabemos todos, que ainda te faltam 4 dias (3 dias e umas horitas, vá) para terminar o teu contrato de arrendamento aí na barriga da tua mãe. Mas, como deves calcular, estamos todos desejosos que chegues rapidamente.
Hoje é noite de Lua Nova, sabias? Dizem os entendidos que os bebés são fãs da Lua Nova. Deve ser por ainda serem um bocadinho tímidos e assim aproveitam que não há luar e chegam um bocadinho às escuras.
Dizem também, outros entendidos, que a Lua Nova é o fecho de um ciclo e início de novo. É aquela altura certa para deixar o que ficou para trás e começar algo novo. Seja um projecto de trabalho, seja um projecto de vida. Seja, também (e porque não?), uma vida nova.

Não te quero apressar. Não te queremos apressar. Embora a tua mãe já só peça que te despaches! Queremos, sim, que chegues bem. Quando quiseres chegar. E hoje, chavalito, hoje era um dia perfeito para te fazeres à estrada. Mas vem com cuidado. Queremos-te deste lado sem stresses, sim?

Assinado: a tua prima que é só mais uma das muitas pessoas que estão à tua espera há muito tempo.

<3

image

{em paz}

Furacão de inquietação no fim de semana. Pés no chão, descalça na relva.

Em paz.

Emoções ao rubro. Sorriso ao canto da boca.

Em paz.

Saltaricar por aí. Cantarolar a cada segundo.

Em paz.

Abro as asas. Leve, permito-me voar. Sem a vertigem dos sussurros. 3 palmos acima do chão. Pés descalços na relva.

Em paz.

Sei exactamente o que não quero. Começo a perceber o que realmente quero.

Em paz.

image

{e apetece-me}

Apetece-me cantarolar e saltaricar descalça na relva, a sentir o vento no cabelo solto e o Sol a queimar a pele.

Apetece-me rir e, sobretudo, sorrir. Com sorrisos declarados ou tímidos ao canto da boca.

Apetece-me abraçar o céu azul e as nuvens brancas de algodão.

Apetece-me voar. Ou melhor: flutuar a 3 palmos do chão.

Apetece-me recordar o que há dias não me sai da memória. Apetece-me tentar traduzir o que se calhar é simplesmente como é sem ter tradução. Ou o que simplesmente foi assim porque foi, sem mais implicações. Mas a dúvida, essa, fica sempre. Porque é uma dúvida com sabor a certeza, mesmo que não assumida ou, até, consciente.

Apetece-me continuar com as noites em branco, mas tranquila. Apenas uma inquietação pequenina, mas suficiente para não me deixar dormir, porque em vez de dormir canto. E rio. E sonho acordada. E recordo. E comparo.

Apetece-me escrever sobre tudo e sobre nada.

Apetece-me tudo isto porque aprendi que:

– cantar todos sabem cantar, até eu, ainda que não seja afinada

– saltaricar recorda-me que já não sinto o peso do Mundo em cima dos meus ombros

– andar descalça na relva liga-me à terra, acalma-me, tranquiliza-me

– o cabelo comprido solto ao vento dá a sensação de vôo sem o risco da vertigem

– o Sol revigora não só corpo como o {estado de} espírito

– rir é {tão} melhor que chorar

– sorrir tira-nos o tom de cinzento e pinta-nos de cor de rosa, sejam sorrisos assumidos ou tímidos ao canto da boca

– os abraços são remédios mágicos que nos voltam a encaixar as peças

– flutuar 3 palmos acima do chão permite-nos sonhar sem perder o pé da realidade

– há memórias boas, muito boas, que se vão construindo ao longo do tempo, um ano, 3 anos, 5 anos, 7 ou 9 ou…mesmo que não se entenda o significado dos gestos, das palavras, das acções, porque se calhar não há nada mais para entender; e ainda assim sabe bem fazer essas compilações de pequenas histórias

– as noites em branco também podem ser de todas as cores e não apenas de um tom cinzento escuro e frio; e a inquietação não tem que ser apenas ansiedade da que faz deixar de respirar

– escrever para mim ou para {os} outros é terapêutico, libertador, chegando a ser, em muitas ocasiões, catártico. E ajuda tanto a pôr as ideias em ordem.

Foram 2 horas e meia mal dormidas. Entre inquietação e cantorias, entre reviver tudo aquilo que, novamente, me deixa dúvidas com certezas não assumidas, conversa de primas que se prolongam pela madrugada até ser dia há 1 hora e meia, nervoso miudinho pelo primo que está prestes a chegar.

Foram 2 horas e meia mal dormidas das quais acordei como adormeci: a cantar, a saltaricar, a pisar a relva, a abraçar o céu, a querer escrever.

Porque, também isto, é o tal do copo meio cheio. Que já não sei vê-lo de outra forma.

…já tinha saudades de me encontrar assim… =)tumblr_m5vd1b78kA1qjx19ao1_500

 

{das bolas de sabão}

Sempre gostei de bolas de sabão. Mas só há pouco tempo aprendi que, sim, podemos viver numa bola de sabão. Podemos pintá-la de uma única cor ou preenchê-la com todas as cores do arco-íris.
Pode ser opaca, mas eu prefiro-a translúcida.
Aprendi, também, que na nossa bola de sabão só entra o que e quem nós quisermos. Estranhamente só há poucos dias decidi mudar a casa que é a minha bola de sabão de todas as cores. Mudei-lhe também a porta de entrada (as bolas de sabão também têm portas de entrada) e a respectiva fechadura. A chave velha deitei-a fora, embora goste e “coleccione” chaves antigas. A chave nova só abre a porta nova ao que e a quem eu quiser. À porta, do lado de fora, fica tudo aquilo que não me faz bem.

Porque, na minha bola de sabão, sou eu que lá vivo. E na minha bola de sabão apenas pode entrar quem merece o meu tempo. Aquele que eu não tenho Tempo para perder.

Já tinha saudades das bolas de sabão. Mas tinha ainda mais saudades de me sentir assim: serena, tranquila, em paz. Comigo e com o Mundo.

E com o peso de uma bola de sabão: extremamente leve…♥

{desassossego}

de·sas·sos·se·go |ê|
 substantivo masculino
 1. Inquietação.
 2. Perturbação de ânimo.

 "desassossego", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/desassossego

É aquela inquietação que tem vindo a subir de dia para dia, quando tudo o que queria era manter aquela Paz que fui conquistando. É aquela perturbação de ânimo que se tem vindo a sentir de dia para dia, quando tudo o que queria era manter-me positiva e tranquila ao fim de tantas tempestades.

Inquietação que me corrói por dentro, que me amassa, que me faz voltar a não querer dormir. Porque, mesmo não querendo, acordou os fantasmas que vivem no interior da minha cabeça. E com os fantasmas vêm os demónios. Que me sussurram planos de vôo, que me dizem para os ouvir, que me incitam a criar asas. Que me fazem tremer novamente, porque sei que continuo a dar-lhes ouvidos mesmo que já saiba que daquelas vozes, que por vezes parecem doces, nada de bom vem.

Voa!, dizem-me. Mas eu não quero. Não o vôo destes demónios que me visitam quando a inquietação os acorda. Os fantasmas, esses, não me assustam. Apenas estão lá para me lembrar do que passou, do que foi, do que afinal não foi, do que podia ter sido mas afinal não. Esses, os fantasmas, não me sussurram, não me cantam, não me encantam. Mas os demónios…esses riem-se, divertidos. E dizem-me que voar é bom. E quanto mais alto melhor, dizem-me eles. Oiço-os tantas vezes, demasiadas vezes, a rirem ao meu ouvido, divertidos, e a garantirem-me que voar é bom. É libertador, dizem eles. Mas eu não quero. Não os quero ouvir. Mas oiço. E mesmo que não lhes faça a vontade, mesmo que não lhes obedeça, sinto-os muitas vezes a empurrarem-me. A puxarem-me do lado de fora do abismo. Para junto deles. E continuam a rir e a cantar.

Os demónios, mesmo quando estou junto ao chão, dizem-me para voar. Porque há tantas formas de voar. Mas eu não quero. Quero voltar a sentir-me de pés no chão, ainda que a cabeça seja um bocadinho de vento por vezes. É no chão que quero sentir cada um dos meus passos, cada um dos meus movimentos. Não quero conhecer a vertigem do vôo que os meus demónios me garantem ser tão boa. Não quero. Mas não consigo silenciá-los. Não agora. Já não.

E cresce a inquietação. E com ela regressam os diálogos na minha cabeça. Que não passam de monólogos, é certo. Porque nunca chegaram, nunca irão chegar, aos destinos. Os diálogos onde te digo, tantas vezes, que a culpa não é apenas minha, é também tua. É dos dois. Ou quando te digo, a ti, que acreditei demais, confiei demais, aceitei demais. E que, se calhar, sonhei demais.

Os diálogos, que nunca irão chegar aos destinos, aconchegam os meus fantasmas, alimentam os meus demónios. E o desassossego que trago, novamente, cá dentro, perturba o ânimo, tolda-me o pensamento, deixa-me com dúvidas quanto ao próximo passo. Se em frente, de pés no chão, se para cima com a vertigem do vôo. Não. Não. Não. Não quero a vertigem. Não quero o vôo. Não quero estar, novamente, à beira do abismo. Porque, desta vez, sei que é tão mais fácil saltar. E eu nunca gostei do caminho fácil. Mas oiço os demónios a rir, contentes, felizes, e quase acredito neles. Quase confio neles. Quase quero dar-lhes ouvidos.

Os fantasmas e os demónios regressam sempre que me falta a luz de presença. Que neste momento não sei onde está. Onde encontrá-la. Não encontro farol que me guie. Abre os olhos, dizem-me, e vê. Está mesmo aí. Mas o único farol que vislumbro está apagado. Nunca teve a luz que julguei que tinha, que acreditei que lhe tinha visto. Não passava, essa luz, de um reflexo do que eu mesma procurava. Não era luz própria, não era luz de presença. É, por isso mesmo, um farol em que não posso confiar, porque pela ausência de luz própria ora o vejo como um todo e o reconheço, ora fico na dúvida se sequer existe.

Falta-me a luz. Mas não a quero procurar. Arrisco-me a confundir-me novamente. E em vez de uma luz de presença que julgo ver, posso encontrar as luzes de uma pista de aterragem de um vôo que não desejo mas que os meus demónios me garantem ser tão bom.

Tenho saudades de estar novamente em paz……paz que deixei escapar não sei quando nem sei porquê. Que trazia comigo e acreditava estar tão sólida, mas que afinal me era tão frágil ainda. E o tempo passa e olho para trás, um ano, é o suficiente, e recordo tudo. A ansiedade que me consumia, que me fez perder o Norte e me levou a procurar não sei bem o quê e que encontrei não sei bem como. A dúvida que veio depois. A certeza. E tudo o resto que veio daí. E a dor. Acima de tudo a dor. Não quero nada disto para mim novamente. Mas os meus fantasmas estão cá para me recordar de tudo. E os meus demónios a insistirem comigo para voar. Acaba-se o desassossego, dizem-me eles. E eu quase acredito. E quase confio. E quase quero voar. Quase. Quase. Quase. Não quero! Não. Não quero. Não quero este vôo. Mas, ao mesmo tempo, não quero reviver datas. Não quero revisitar memórias. Não quero nada disto. Não quero chorar novamente, mesmo que os olhos se inundem ao mesmo tempo que escrevo o que não quero. Não quero sentir tudo de novo, mesmo que agora seja unicamente a memória a fazer-se sentir. Não quero reviver os dias de Julho. E os meus demónios insistem, voa! Voa e não sentirás nada nunca mais. Não quero voar! Mas também não quero o Verão. Não quero os dias 18, 20, 22, 25, 28, 31. Não quero nada disto. Sei as datas de cor, sem olhar para cábulas, recordo-as todas. Mas não quero voar.

Quero, novamente, a paz que já encontrei e que sei que existe. Falta-me a luz de presença. Falta-me a âncora para me manter no lugar, falta-me a mão para me manter à tona, falta-me a bússola para me mostrar o Norte. Não, o caminho não é voar. É manter os pés no chão enquanto dou um passo de cada vez. Mas, para isso, preciso de não me afundar novamente…

……e, só por isso, por estar prestes a descarrilar, digo baixinho para mim mesma: preciso de ajuda.

Hoje é o dia Dela

Da Maior Mulher que conheço. A Mais Forte de todas as Mulheres.
Amiga, companheira incondicional nas horas boas, nas menos boas, nas horas felizes e nas horas doídas e doridas, sócia na hora do trabalho e na hora da parvoeira.
Porto de abrigo. Luz de presença. Com o seu Brilho que tanta gente lhe vê.

É Mulher, Irmã, Tia, Prima, Avó e Mãe. A minha Mãe.

Parabéns, Mãe ♥10256158_10152851520458800_414395797920367710_n

Há exactamente 5 anos

Há exactamente 5 anos, a esta hora, fazia frio. Muito mesmo. Havia vendaval lá fora, daquele de rasgar toldos de parques de estacionamento. Como rasgou.
Havia chuva também. A suficiente para incomodar quando batida a vento.

Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia uma ansiedade enorme que crescia desde as primeiras horas da manhã, ali a roçar o fim da madrugada. Mas era uma ansiedade daquela que deixa respirar. Apenas não deixa tirar os olhos do telemóvel sempre à espera de notícias. DA NOTÍCIA!

Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia em Santa Maria um acampamento. De futuros. Duas futuras avós. Dois futuros avôs. Uma futura tia. Um acampamento de futuros que, de vez em quando, recebia uma visita rápida para um cigarro de um futuro pai. Enquanto, lá em cima, algures num daqueles muitos pisos, para lá de escadarias, corredores, portas e mais corredores, uma futura mãe esperava a chegada de 3 futuros: o futuro filho, o futuro neto, o futuro sobrinho. Um futuro que já nos era totalmente presente, faltava apenas aquela passagem para o termos connosco.

Há exactamente 5 anos, a esta hora, fazia frio. Muito mesmo. Havia vendaval lá fora, daquele de rasgar toldos de parques de estacionamento. Como rasgou.
Havia chuva também. A suficiente para incomodar quando batida a vento.

Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia uma ansiedade enorme que crescia desde as primeiras horas da manhã, ali a roçar o fim da madrugada. Mas era uma ansiedade daquela que deixa respirar. Apenas não deixa tirar os olhos do telemóvel sempre à espera de notícias. DA NOTÍCIA!

Há exactamente 5 anos, a esta hora, havia em Santa Maria um acampamento. De futuros. Duas futuras avós. Dois futuros avôs. Uma futura tia. Um acampamento de futuros que, de vez em quando, recebia uma visita rápida para um cigarro de um futuro pai. Enquanto, lá em cima, algures num daqueles muitos pisos, para lá de escadarias, corredores, portas e mais corredores, uma futura mãe esperava a chegada de 3 futuros: o futuro filho, o futuro neto, o futuro sobrinho. Um futuro que já nos era totalmente presente, faltava apenas aquela passagem para o termos connosco.

Há exactamente 5 anos, a esta hora, essa passagem ainda fazia parte de um futuro que se fazia demorado, que nos fez esperar ainda muitas horas. Mas que, quando finalmente esse futuro se fez presente, fez também mudar tudo. Fez mudar o Mundo como o conhecíamos. Porque o conhecíamos apenas sem o meu Um, sem o meu Miguel, sem o meu Minhoca.

Há exactamente 5 anos, a esta hora, eu já sabia que as coisas iam mudar. Para melhor, claramente. Não sabia, não podia saber, que ser tia do meu Um, do meu Miguel, do meu Minhoca, seria uma bênção tão grande ♥

Se o Mundo está melhor, mais rico, com a presença do meu Um, do meu Miguel, do meu Minhoca? Sem dúvida. Houvessem mais como ele… =)

Hoje, a esta hora, como há exactamente 5 anos, espero. Impaciente. Para, amanhã, poder abraçar o meu Um, o meu Miguel, o meu Minhoca, enchê-lo de beijos, cantar-lhe os parabéns e dizer em coro com ele, muito alto, aos saltos e de braços no ar “VAMOS FESTEJAR OS CINCO ANOS”!SavedPicture-2015224114039.jpg

{há 2 anos}

Há 2 anos a esta hora, ansiedade ao rubro. Medo, muito. Incerteza, tanta.
Há 2 anos a esta hora, depois de uma agitação invulgar que não o deixava dormir, o sobrinho Minhoca diz “o mano já está pronto”.

Há 2 anos a esta hora, Twitter e Facebook em modo “thinking happy thoughts”.

Há 2 anos a esta hora, com 8 semanas de antecedência, chegava o ‪#‎microsobrinho‬ Pipoca ♥10931247_10152749572088800_7893640941884070673_n

{revolution}

Quando nada deve ficar por dizer, hoje fica.
Quando é tão mais fácil deixar-me ficar, sigo em frente.
Quando é tão mais simples desistir, resisto.

Quando não há Tempo para perder Tempo, hoje perco-o. Ganhando.

Quando pouco ou nada parece fazer sentido, eu procuro a revolução. Em mim. Nunca nos outros. Mas de braços abertos para quem se quiser juntar. Para quem quiser acompanhar. Para quem quiser fazer parte.

Porque é na minha revolução que encontro o Tempo para fazer aquilo de que já tinha desistido: planos.

{mais Amor. Por favor.}

10403131_10152741950813800_1489738312455241042_n

{não pensa, não dói!}

Em modo “diz que é uma espécie de terapia”.

Sim, são 3 da manhã.
Sim, já devia estar a dormir.
Sim, até tenho sono apesar dos últimos dias adormecidos.

Mas tenho a cabeça a mil. E é preciso desligá-la. Dos problemas, das dúvidas, das certezas, dos receios, de tudo aquilo que não me deixa dormir.

Não há terapia melhor a esta hora. E ainda por cima gosto disto.

E já dizia o grande Kot-Kotecki: “respira, não pensa! Não pensa, não dói!”
{Kot-Kotecki pode não ser grande para vocês. Para mim é. Tive a oportunidade de aprender muita coisa com este Senhor. E realmente “não pensa, não dói”…}

10891613_10152736333998800_5310100720058108889_n

O melhor de 2014…? Vocês!

Entrámos naquela fase em que, por todo o lado, seja em que área for, se lê “o melhor de 2014” em tudo.

Tem-me feito pensar. Tem-me feito olhar para trás. Tem-me feito reflectir.

Se, há um ano atrás, a esta hora, estava desejosa que 2013 acabasse porque, achava eu, tinha sido demasiado mau, hoje não tenho pressa que 2014 acabe. Não pensava, não sabia, não previa, há um ano atrás, que 2014 podia ser muito semelhante a 2013. Achava que não, que nada poderia ser pior. Também não posso dizer que foi pior, na verdade. Apenas diferente. E semelhante em simultâneo. Semelhante na profundidade dos dias negros, dos dias maus, dos dias que se querem esquecer. Achava, ingenuamente, que 2014 seria tranquilo.

Não foi.

Os primeiros seis meses foram dedicados a digerir os acontecimentos do final de 2013. A gerir ansiedade. A tentar aceitar e seguir em frente. A não conseguir chorar e, assim, a não conseguir digerir. A constantemente negar. A recusar que o portão não se voltaria a abrir.

Encerrou-se um capítulo. Abriu-se, de imediato, outro. Que me transportou para um lugar escuro. Demasiado escuro. Negro. Dorido. Doído, ainda hoje. Um lugar que me fez descobrir em mim um lado que desconhecia. Que nunca achei ser possível. Porque a dor, essa, faz-nos descobrir esses lugares negros, esses lados irreconhecíveis. Um capítulo que durou pouco, muito pouco tempo, mas que se irá manter sempre. Porque a memória, essa, perdura no tempo. Ameniza a dor, dizem, com o tempo. A saudade idem. Mas a memória, essa, fica sempre.

Se 2013 tinha sido dorido, 2014 transformou-se no pior dos cenários que poderia imaginar. Porque nunca sonhei sequer que assim poderia ser, que assim iria acontecer, que faria parte do meu caminho, da minha História. Mas foi. Assim. Dorido, tanto. Doído, ainda. Mas foi também esse capítulo que abriu outro. Melhor. Que me fez perceber que não, não estou sozinha. Nunca o estive, na verdade. Mas nem sempre me lembrava disso. Foi preciso descer bem fundo, ao fundo daquele lugar negro de onde, admito, cheguei a pensar em não querer sair, porque é sempre mais fácil ficar, foi preciso descer ao fundo do fundo, para perceber que não estou sozinha. Estou rodeada de pessoas lindas. Que, de uma maneira ou de outra, estiveram lá. Que me lançaram escadas. Que empurraram alavancas. Que me puxaram. Que me abriram os braços. Que me estenderam a mão. Já o tinham feito em 2013, é um facto. Mas 2014 trouxe-me a certeza que esses gestos têm um nome: Amor. E foi esse Amor, esses gestos, esses braços abertos, essas escadas lançadas, essas alavancas empurradas, essas mãos estendidas, foi esse não estar sozinha que me trouxe até aqui. Dia 30 de Dezembro do ano mais negro de que tenho memória, 2014. E hoje mais forte, muito mais, do que em Junho, Julho, Agosto. Até mesmo que Setembro.

E foi por esses gestos de Amor, essas bolas de sabão, esses pirilampos, esses pontos de fuga, essas luzes de presença, esses nascer do Sol, essas noites de Lua, Cheia ou Nova, que me fizeram perceber que é o Amor que importa. É o Amor, aquele do A maiúsculo, que nos faz crescer, que nos faz viver, mesmo quando acreditamos que apenas sobrevivemos e quando não, não queremos sair do fundo do poço. Porque, acreditem, o fundo do poço, por muito escuro, muito negro, muito horrível que seja, é confortável. E é demasiado fácil deixarmo-nos ficar ali, quietos. Sem reacção. Sem falar. 3 dias sem falar…como é possível? Não sei, mas foi. E, por estranho que possa parecer, apesar de hoje olhar para trás e saber que foram provavelmente os piores dias de sempre, foram também os mais fáceis. Porque é tão fácil, tão demasiado fácil, acomodarmo-nos à dor, ao escuro. E simplesmente ficar ali.

Foi preciso um murro na mesa. Foi preciso um abanão. Foi preciso um desafio para voltar à tona. Para ter vontade de voltar à tona. Para voltar a ver cor. Para voltar a querer ver cor. Para começar a dar importância às coisas mais pequeninas. Para começar a parar todos os dias por um bocadinho para reflectir. Para apreciar o momento, por mais simples que seja. Para aceitar o que a vida nos traz. Seja bom ou menos bom. E para agradecer. Agradecer o simples facto de acordar todos os dias. Com mais ou menos vontade de sorrir. Mas simplesmente acordar. Ter direito a mais um dia, a mais um aqui e agora.

Foi preciso isso tudo para que os últimos meses de 2014, depois de 6 meses de ansiedade angustiante, seguidos de 3 meses de dor e escuridão, foi preciso tudo isso para que o final de 2014 me trouxesse tantas coisas boas. Que não esperava. Que achava, achei durante tanto tempo, que não merecia. Síndrome de patinho feito, talvez. E trouxe, também, ou precisamente por isso, uma tranquilidade imensa, que não sei explicar, mas que está cá. Tranquilidade? Paz. Estou em paz. É isso. O final de 2014 trouxe-me paz. Interior. Coisa que, estranhamente, não conhecia.

2014, vejo-o hoje, tem sido o início de um caminho interior que não tem previsão para terminar. Porque é daqueles caminhos que não têm meta, porque se fazem um dia após o outro. 2014 trouxe-me ensinamentos muito valiosos, preciosos. Trouxe-me mudanças. Minhas. Interiores. Para melhor. Trouxe-me a tempestade das tempestades, é verdade. A dor das dores. O negro da escuridão. Mas, e pegando em frases feitas, é preciso passar pela escuridão para ver a Luz.

E hoje, depois deste ano de montanha russa, é a Luz que trago comigo em busca do ritmo da roda gigante. É o Amor. O que recebo, claro, mas acima de tudo o que dou. Porque é a dar que me sinto bem.

E se descobri a força, o poder do Amor, esse do A maiúsculo, devo-o tanto a todos os que, de uma forma ou de outra, estiveram do meu lado, ao meu lado, com a vossa Luz na minha escuridão. Porque foi o vosso Amor, a vossa incomensurável generosidade, que me trouxeram até aqui, onde estou hoje. Em Paz. E por isso mesmo sou tão grata por tudo. Por quem esteve, por quem não esteve, pelo que de bom aconteceu, mas também pelo que de mau 2014 trouxe.

Agora? Agora é sorrir, agradecer todos os dias a benção de mais um dia, e seguir em frente em cada novo aqui e agora.

Obrigada, tanto, por terem estado aí.10377351_10152704257438800_7064521997928093794_n

“A vida sem Catarina”

Ali ao lado no Twitter o Público partilha um link {entretanto corrigido}.
O título fez-me seguir a ligação. “A vida sem Catarina”, dizia.

Segui o link. Como resposta recebo “Página não encontrada”…

…faz sentido. {e, de repente, faz-me pensar. Em vazios e páginas em branco. No fundo, páginas não encontradas.}

 

Dos planos que não vale a pena fazer

Escrevi isto há 13 dias. Achando eu, convicta há 13 dias, que ia ser assim. O Natal, mesmo que sem árvore, seria em minha casa.

…mas já devia ter aprendido que não posso fazer planos. Nenhuns. Nem os mais simples, como ficar sossegada no meu canto.

Porque a vida tem o dom de nos trocar as voltas à última da hora. E por isso mesmo tenho, na noite de Natal, exactamente o que não queria: grávidas e bebés…

Cá em casa não há árvore de Natal.

Aliás, cá em casa não há Natal. Não aqui, em casa. É, desde há muitos anos, tantos que já lhes perdi a conta, sempre em casa de alguém que não a minha.

Já me incomodou mais. Já me importei mais. No tempo em que ainda ligava ao Natal.
Hoje não. Não me incomoda porque cada vez estou mais longe desse espírito de decorações com data marcada e prazo de validade. Cada vez mais longe desse espírito de consumo desenfreado para tentar agradar alguém em data própria.

Estou, sim, cada vez mais perto de abrir os braços todos os dias para aqueles que me são importantes. Mais perto de oferecer sorrisos, abraços, carinho, Amor, sem data nem porquê apenas porque sim aos que são meus.

Não, cá em casa não há árvore de Natal, decorações datadas ou prendas desgarradas. Mas há tudo o resto. Há o mais importante. Há Amor. Todos os dias.

Este ano passo, finalmente, essa data em minha casa. Não que não pudesse passar noutro lado, como habitualmente. Apenas porque, finalmente, posso. E também porque quero.

Não há árvore de Natal este ano. Como há muitos, tantos anos não há. Talvez um dia volte a haver.

Até lá, continua a haver Amor. E isso é que conta.

10846227_10152658247303800_8597304087237435817_n

Não gosto de injustiças

Como tal, não gosto de ser, eu própria, injusta.
E fui.

Fui quando escrevi, no post anterior, que tenho estado sozinha no meu processo de “recuperação dos dias bons”. E apesar de ser, obviamente, um processo que é apenas meu, é tão não verdade que estes 90 dias para trás e especialmente os anteriores tenham sido ultrapassados sozinha. Tão não verdade. Porque durante todos estes 90 dias + os anteriores fui tão acompanhada, tão guiada, tão mimada por tanta gente. E seria uma injustiça manter que percorri este caminho sozinha.

Hoje, o já não sozinha tem outro significado. Mas a verdade é que nunca estive, de facto, sozinha nos últimos meses.

E sou tão profundamente grata por isso a cada um de vós que tem estado ao meu lado

Tic Tac. Tic Tac. Tic Tac…

E de repente percebo que o tempo passa. Passou. Continua a passar. Sem pedir autorização, licença ou qualquer outra coisa. Passa, apenas. Mesmo sem que dê por ele, passa e leva lá para longe o que já foi, o que já não é, o que nunca chegou a ser, o que agora é e pode continuar a ser. Haja tempo e dê o tempo tempo ao tempo.

Nunca percebi porque gosto tanto de relógios. Talvez porque me relembram que as 23 horas e 44 minutos de hoje não sejam, nunca, porque nunca poderiam ser, iguais às 23 horas e 44 minutos de ontem, e nunca serão, porque nunca poderão ser, iguais às 23 horas e 44 minutos de amanhã. Essas que nem sequer sabemos se irão chegar. Essas que, em chegando, serão tão diferentes das de hoje. Porque o tempo passa e não pode ser outra coisa que não preenchido de coisas novas. Boas, menos boas, más, não-más, o que for. Acho que é isso, acho que é isso que me faz gostar de relógios, saber que nunca nada é igual, nem foi nem será.

Diz o tempo que o tempo passa porque tem que passar. Porque, diz o tempo, quando o tempo deixar de passar nada acontece, nada está a acontecer nem voltará a acontecer. Seja esse nada o que for, seja um nada ou seja um tudo.

É a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a cada dia. É a cada momento que páro e penso “é agora”. E é aqui. Não é ali num qualquer lugar que pode nem existir porque posso nunca lá chegar, sequer. É aqui. E, claro, é agora.

E é tudo tão confuso quando é tudo tão simples. Tão simplesmente confuso, ou tão confusamente simples. Nem sei. Sei lá. Não importa. O que importa é o que escolho agora. E o que escolho agora é o que me faz bem. Embora o agora-agora não seja tão exactamente aquilo que escolhi, mas é. Porque podia ter escolhido o oposto e o agora-agora não existiria, seria apenas um qualquer outro agora. Não sei se um outro agora melhor do que o agora-agora. Nem sei se pior. Sei apenas que diferente do agora-agora. E o agora-agora é bom. Ou melhor, o agora. O que é hoje. O que quero que continue a ser daqui a 10 minutos. O que quero que continue a ser amanhã. O que quero que continue a ser, um dia de cada vez.

Sim. O tempo passa. Tão depressa e tão devagar ao mesmo tempo, tão cheio de nada e tão vazio de tudo. Ou é ao contrário? Tão cheio de tudo e tão vazio de nada. Só sei que é tão tão. Tão cheio. Tão vazio. Apenas tão. Tanto. Raio do tempo! Passa tão depressa porquê? E tão devagar porquê?

Espera tempo. Espera. Deixa-me aproveitar-te. A cada minuto. Porque não quero perder nem um segundo de agora. Já te disse que o agora é bom? É esse agora que quero manter. Mas não. Não posso pedir-te que esperes, pois não? Porque tu passas, tempo, sem pedires licença, sem pedires autorização, sem pedires nada. Mas, ao mesmo tempo, esperas tanto em troca da tua passagem. E é isso que quero dar-te. Tanto. Com tempo.

vintage_clock_by_yellowcandyfloss-d4vemni

Do Amor, aquele do A maiúsculo

O Amor, aquele do A maiúsculo, também é isto. É escrever em jeito de desabafo que Yann Tiersen tinha concerto marcado para dia 19 de Outubro. E que seria um plano perfeito para esse dia, na altura ainda tão longínquo. E dizerem-me, como resposta, pessoalmente, alguns dias depois “vamos ver o que conseguimos”. Não, não foram estas as palavras exactas, essas guardo-as para mim, porque só a mim foram ditas e para mim. Mas a mensagem era esta. “Vamos ver o que conseguimos”.

E poucos dias antes de dia 19, quando já nem sabia os dias que marcavam o calendário, quando já não pensava no concerto, quando já Outubro corria solto, “arranja lá a tua companhia, temos dois bilhetes para ti”.

Bilhetes de primeira plateia, 4ª fila, praticamente a meio, com uma proximidade brutal de um palco que se revelou minúsculo para tanta energia, tanta força, tanta intensidade de música. E enorme por me sentir tão pequena no meio de tanta genialidade.

Esqueçam Amélie. Yann é, sempre foi, tão mais do que Amélie, já de si genial. Mas é tão mais do que apenas Amélie. É uma força do Universo, que se entrega a cada música com a intensidade de quem Ama o que faz.

E o Amor, aquele do A maiúsculo, também é isto: são os bilhetes, é a entrega. Sim, é tudo isto também.

E fica-me na memória, fica-nos na memória, aquilo que não é possível descrever.

10469459_10152554809023800_4353057730560109517_n

Ouvido por aí

“O Amor são duas solidões que se encontram”

e

“O passado já ficou lá atrás, só podes garantir o futuro”

Erros tão grandes, em duas frases que podiam ser bonitas. Ou só bonitas. Mas erradas. Porque o Amor, esse, se construído na base de duas solidões que se encontram tem a mesma resistência que castelos de areia moldados a copos de vinho ou chávenas de café. Porque duas solidões que se encontram, mesmo que deixem de olhar para o que ficou lá atrás, moldando os castelos que se querem fortalezas que resistem ao tempo, apenas conseguem alcançar o que já foi e o que ainda não é. E carregam em si areia, amontoando sobre si mesmas, as solidões, mais areia ainda.

Não importa se moldar a areia em copos de vinho ou chávenas de café tem um efeito bonito. Porque a areia é temporária quando apenas se tenta olhar para o que ainda não veio. Para o que ninguém garante que venha. O futuro.

Duas solidões que se encontram serão sempre isso mesmo: duas solidões. Daí só nascerá Amor quando ambas deixarem de existir e passarem a ser outra coisa que não solidão. Porque na solidão não há a ocupação do Amor. E por muito que duas solidões se encontrem falta preencher, em ambas, essa ocupação que não existe.

E essa ocupação pode ser preenchida com areia. Mas olhando sempre a única coisa que é garantida: o aqui e agora. E sim, pode ser areia moldada a copos de vinho ou chávenas de café. Mas precisa também de tantos outros materiais. Que chegam sempre com o aqui e agora e fortalecem esse castelo que se quer de todas as cores, de todos os formatos, com toda a força do Amor.

Não. O Amor não são duas solidões que se encontram. O que podemos garantir não é o futuro porque amanhã quem sabe. Não. O Amor não é nada disto. Mas é, também, a areia que se molda e fortalece no aqui e agora.

 

Da vulnerabilidade da mente num corpo exausto

Num corpo dorido do peso dos dias que começam ainda de noite, atravessam a manhã ainda a correr, sobrevoam a tarde e terminam com o brilho da Lua que marca presença sempre.

Num corpo que pede descanso, a mente solta-se, liberta-se de filtros e vagueia em ideias recorrentes de reciprocidade. De afectos. De sorrisos escondidos ao canto da boca. Não. Escondidos não. Assumidos. Como o brilho nos olhos que se detecta à distância e não precisa de legendas. A tradução é óbvia. É clara. E é simples.

E é nessa vulnerabilidade da mente que o corpo exausto procura o corpo conhecido onde encaixar. Pernas que procuram pernas para se enrolarem. Dedos que procuram dedos para se entrelaçarem. Olhos que procuram olhos para devolver o brilho dos sorrisos. Dos sorrisos assumidos, pintados de beijos que são sopro de vida.

E com essa vulnerabilidade da mente num corpo exausto é deixar-me levar sem pressas porque o tempo não tem pressa nem tem tempo para se perder. E é ficar assim, quieta, a viver o momento, em silêncio porque as palavras são dispensáveis quando os olhos já disseram tudo e o sorriso denunciou o que assume.

É simplesmente deixar-me ficar com dedos a enrolar o cabelo, a arrepiar a nuca. Sem mais que não seja tudo.

E é viver nessa bola de sabão até ao próximo nascer do Sol, mesmo que o Sol apague a Lua.

Porque nessa vulnerabilidade da mente num corpo exausto, sem filtros, sem freios, sem receios, nada mais importa que não seja tudo. E tudo, sendo tanto, pode ser tão pouco como uma bola de sabão ou o nascer do Sol. E eu quero o nascer do Sol.