{dar}

Dar. É isso. É tão isso. Dar. Assim sem mais. Sem quê nem porquê, nem porque sim nem porque não. Apenas dar.

Gosto de dar. Dar tempo, dar atenção, dar mimos, dar colo, dar. Dar coisas também, mas não é esse dar o mais importante. É aquele das coisas que não são coisas mas são. Que não vemos, mas sentimos. Dar sorrisos. Dar motivos. Para sorrir, por exemplo. Dar abraços. Dar beijos e beijinhos. Dar ombros para chorar, dar mãos para sossegar, dar braços para confortar.

Ou simplesmente dar tempo. Ou palavras. Ou gestos. Ou não dar nada dando tudo. Não, dar tudo não dando nada. Sim, é isso, é o tudo que vem do nada. Vem de dentro, apenas. Apenas? Não. O que vem de dentro nunca é apenas. Mas é isso tudo.

Gosto de dar. E dar não exige nada a não ser isso mesmo: dar. E vontade de dar. E gosto em dar. E eu tenho tudo isso: a vontade, o gosto. Quase como se dar fosse, para mim, uma necessidade, uma força maior do que eu. Porque dou. Assim, sem mais. Sem pedir nada. Não, não quero nada em troca quando dou. Seja o que for que dê. Seja o sorriso, o abraço apertado, o beijo na testa de conforto, o tempo e a distância para respirar, o tempo e a proximidade para falar. Não peço nada, não quero nada. Quero apenas poder continuar a, isso mesmo, dar. Sem condições, sem exigências, sem restrições.

Não custa dar. Custa mais darmo-nos. Mas se nos dermos enquanto damos nem damos por isso. E não, dar não custa nada. Apenas é preciso que nos permitam dar o que temos.

E eu gosto tanto de dar. De dar tudo o que trago cá dentro. Que já não cabe e tem que ser dado, porque fica demasiado apertado, sufoca, prende. E dando, partilhando, cresço, cresce em mim mais espaço para dar. E sim, a dar é que me sinto bem. Sem pedir, nunca, nada em troca. Só porque sim, mas também sem quê nem porquê, nem porque sim nem porque não. Simplesmente dar.

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