Sabia que podia acontecer. Não estava à espera que já tivesse acontecido. Fiquei hoje a saber que sim, o que eu temia aconteceu… A mesa do café manter-se-á para um. O café ou o jantar são promessas que não se vão cumprir. O porto de abrigo não sei se continuará a sê-lo. Sei que algo se perdeu. Mas também percebo agora que já se perdeu há algum tempo. Só eu não sabia.
Soube hoje. A frio. De forma seca. Doeu? Claro que sim. Ainda estou a encaixar aquela frase. Ainda me tira o ar. Ainda me faz tremer por dentro.
Estou na primeira fase do luto. Porque será um luto por algo que se perdeu. Ainda estou em negação. Ainda estou a precisar que me digam novamente, mas agora com outras palavras. Mais cuidadas. Mais sensíveis.
Não vai acontecer, claro. Nem sei quando ou se vamos conversar sobre o que foi dito hoje. Sei apenas que doeu. Muito. Ouvir o que ouvi e ver o pouco que vi.
Mas é o que é. Sabia que podia acontecer. E aconteceu.
Estou triste? Claro que sim. Se vou chorar? Espero que não.
Mantenho o que sempre disse: o que trago comigo, cá dentro, em mim, é bonito. Por ser puro e desinteressado.
Como vai ser daqui para a frente? Não faço ideia. Mas volto a pensar no tal denominador comum que falei há uns dias: eu. Mais uma vez digo que o problema sou eu. Porque tudo me diz que sou.
Dizem-me que não posso pensar assim. Mas não penso, simplesmente sinto. E, mais uma vez, sinto que não fui o suficiente…
Não, hoje não foi um dia bom como ontem achei que fosse. Amanhã? Continuarei na fase um do luto: a negação.
