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Não foi a sexta feira que idealizei. Que programei. Que desejei. Mas que não planeei. Foi a sexta feira que não aconteceu. Como previsto, aliás. E em modo repetição daquela terça feira que não aconteceu.

Afinal, aquela súbita disponibilidade não é assim tão disponível. E o “quando tu quiseres” também não funciona assim.

Nada que me surpreenda muito, na verdade. Por algum motivo, já esperava que acontecesse assim. Desde o primeiro momento que achei que era demasiada disponibilidade para quem, já sabia, na realidade não a tem. Ainda não percebi o porquê dessa súbita disponibilidade, dessa abertura para um pôr do Sol na baía. Não sei, sequer, se algum dia irei perceber. E não sei, também, se tudo isto não me fará mal…

Sei que tenho que me colocar a mim em primeiro lugar. Novamente eu primeiro. Sem me deixar levar por falsas promessas. E há muito tempo que deixei de acreditar em promessas. Assim como deixei de fazer planos. Já repeti esta conversa há uns meses, quando aquela terça feira que não aconteceu foi adiada três vezes. Desta vez não sei, ainda, quantas vezes vai ser adiado o pôr do Sol na baía. Nem sei quais serão as desculpas. A de hoje não pega, especialmente por estar tudo apalavrado desde há vários dias. Se afinal havia tanta coisa a acontecer hoje, já devia estar na agenda há vários dias. Porquê, então, avançar com a ideia de algo que já se sabia não poder acontecer?

Não pega…

Agora espero até segunda feira. Para ver se o pôr do Sol na baía acontece ou se haverá uma nova desculpa.

Não, não foi a sexta feira que idealizei. Não foi o pôr do Sol que desejei. E, às vezes, penso que foi o pôr do Sol que eu mereço…sozinha, à porta do cemitério, a olhar lá para o fundo, em busca de cores bonitas para não partilhar com mais ninguém…

Quero, sempre, acreditar que mereço mais. Mas depois é isto que tenho. Sozinha. A ver o Sol a despedir-se por entre os prédios. Quando podia estar a partilhar esse momento do pôr do Sol na baía com alguém que se mostrou disponível e com vontade para isso. Mas que, afinal, nem a disponibilidade existe nem a vontade parece ser muita.

Sim, mereço melhor. Mereço mais do que isto. Mas é isto que tenho…

Talvez tenham sido o meu silêncio e a minha ausência que despertaram essa súbita disponibilidade e essa vontade. Não sei. Sei, sim, que foi preciso eu ficar sossegada, quieta e calada no meu canto para haver uma espécie de iniciativa. Mas que acabou por não se concretizar.

Vamos ver se segunda feira acontece. É bom que aconteça. Não sei se vou aguentar uma nova desmarcação sem me zangar a sério. Sei que pouco direi, se isso acontecer. Mas, tal como fiz hoje, alguma coisa direi. E farei questão, como hoje, que se perceba que não fiquei contente.

Enfim…sexta feira que não aconteceu. E eu a começar a habituar-me a esses adiamentos. Não posso. Nem quero. Porque, mais uma vez o digo a mim mesma, mereço melhor, mereço mais.

Por agora volto a remeter-me ao silêncio. Volto a avançar com a ausência. Já disse o que tinha a dizer sobre o que (não) aconteceu. Já confirmei a segunda feira. Só volto a perguntar como fazemos no Domingo à tarde. Ou à noite, para me organizar. Se não perguntar só na segunda feira de manhã. Logo se vê. E se, por acaso, houver iniciativa do outro lado para dizer alguma coisa entretanto, não sei se vou ter vontade de responder…

Sexta feira que não aconteceu. Tão simples como isso. Se custou a encaixar? Custa sempre. Mas, desta vez, já estava preparada. E é sempre preferível estar preparada para a desilusão do que ser apanhada de surpresa como aconteceu há uns meses.

Veremos agora como corre segunda feira… Até lá, é esperar. Mais uma vez, esperar.

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