Dos regressos. A sítios com História e com histórias.
Regressar a Torres Vedras para mais um mercado de Natal. De ano para ano é uma espécie de regresso a casa. Uma casa temporária, é certo, mas uma casa. Onde nos recebem sempre com um sorriso ainda que nos vejamos apenas uma vez por ano. Onde nos recebem, desde o primeiro dia, com os braços abertos.
Regressar, também, ao sítio onde se nasceu. Onde se passou a infância a correr pelos corredores de película, onde se brincou com médicos e enfermeiros, onde se cresceu ao ritmo das árvores da quinta. Regressar a onde já não se é, mas onde ainda se pertence. E onde, novamente, de alguma forma se volta a pertencer.
E se o regresso a Torres é sempre esperado, planeado, programado, natural, o outro regresso é inesperado, não programado, mas ainda assim tão natural. E tão estranho. Não pelo que é, mas por ser onde é. Como se desde sempre tivesse que ser ali. Como se ali tivesse escrito, há muito tempo, noutro tempo, um bilhete postal. Escrito não sei onde mesmo sendo ali, não sei quando mesmo não tendo sido agora, mas que chegou, finalmente, ao destino.
E parecendo tão estranho, como que uma espécie de linhas cruzadas de outros tempos, é-me tão certo.
E se em Torres tenho uma espécie de casa temporária, ali tenho raízes. E sim, faz sentido. Faz sentir. Tanto sentido. Tanto sentir. Porque ali não estou. Ali sou. Eu. Por inteiro.