Mais uma noite em branco, para esquecer. Inquieta. Vontade de chorar sem motivo e não conseguir fazê-lo. A pressão a aumentar cá dentro, o desconforto, o precisar de dormir e não conseguir apesar do sono. O choro não sai… Recorrer aos químicos de SOS às 4 da manhã, despertador marcado para as 5h30. Não acordar, claro.
De manhã cedo a minha mãe segue sem mim para um trabalho que é o meu.
Acordar às 10h. Mais bem disposta, ou talvez apenas mais tranquila. Mais serena? Mais calma? Ou apenas em modo automático dos químicos da madrugada?
Vontade de sair de casa? Zero. Vontade de “socializar, estar com pessoas, ver gente“? Absolutamente abaixo de zero.
Chegar ao Jardim e não lhe reconhecer a magia que lhe sentia noutros tempos. Tempos nem tão longínquos quanto isso. Dizem que a magia ainda lá está. Não sei. Não a sinto. Não a reconheço. Pela primeira vez em 10 anos de presença assídua mensal naquele Jardim não quero lá estar. Quero ir-me embora dali. Não pertenço ali. Já não.
Não quero ver ninguém, e está lá tanta gente. Não quero falar com ninguém, e tanta gente quer saber de mim. Quero ir-me embora.
Fecho-me. Isolo. Não faço as visitas habituais. Não digo olá, nem hello nem wie gehts. Não digo nada. Escondo-me. Fecho-me. Afasto-me.
Quero chorar, só porque sim. Ou será porque não? Não choro, não consigo, não sai! Os efeitos dos químicos da madrugada ainda muito presentes, aliados ao aumento da dosagem dos químicos habituais. Pedrada. Lenta. Parada. Não reactiva. Sorrisos poucos, muito forçados. Não saem de outra forma.
Não quero isto.
Não quero estar assim.
Não quero ser isto. Não quero ser assim.
Mas estou e sou.
Quieta no meu canto. Não quero ver ninguém. Não quero falar com ninguém. Não quero ouvir ninguém. Não quero responder a ninguém.
Esta também sou eu. Miserável. Sem rumo. Sem força. E sozinha.