Daily Archives: 07/07/2022

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Quinta feira. Um dia sem trabalho, mas muito preenchido. Sair de casa à hora habitual de dia de trabalho, fazer tempo numa esplanada para a consulta programada e aproveitar para estudar.

Confirmar que, mesmo com percalços como o do último mês que me confirmou a minha fragilidade, estou no bom caminho. Reduzir a medicação e voltar à consulta no final do ano para reduzir ainda mais. Que tudo corra bem até lá, é só o que preciso.

Seguir o dia, com muito calor e um cansaço de quem precisa de férias. Antes de tratar de mim, voltar àquele jardim que já adoptei como sendo um bocadinho meu. Que me recorda desde há quase 5 anos aquele momento em que, depois esperar como sempre, um sorriso e uma risada me conquistaram e pensei para mim “já foste”.

E “foste” mesmo. Não sabia, naquele dia, não tinha como saber, que foi naquele jardim, num final de dia de um Outono recente, por causa de um sorriso e de uma risada que algo nasceu em mim. E que desde esse dia tem vindo sempre a crescer sem esforço e sem forma de controlo.

Gosto daquele jardim assim como gosto das memórias que me traz. E também por isso volto lá. E hoje foi dia de me deixar ficar por lá a fazer tempo antes de ir tratar de mim e aproveitar para estudar mais um bocado.

E, ao mesmo tempo que fazia tempo e tentava concentrar-me no estudo, a minha cabeça estava longe. A sonhar acordada, claro. A querer, a qualquer momento, ter retorno de uma resposta que dei ontem. Que não vou ter, claro. Não o retorno que queria, claro. A cabeça sempre longe. Lá onde não devia estar. Mas está. Sempre. Talvez por ainda acreditar nem sei bem no quê. Mas estar naquele jardim faz com que seja mais difícil não viajar nos filmes da minha cabeça que nunca se irão realizar.

Um dia. Um dia, quem sabe. Até porque “não sabemos o dia de amanhã”, como foi dito naquela conversa da terça feira que aconteceu. E se, nessa mesma conversa, confirmei o que já sabia, há frases que ficam e despertam um gut feeling teimoso.

Mas não quero, nem posso, deixar-me levar por estados de sonhar acordada. Não me fazem bem. E neste momento só preciso do que me faz bem.

Regresso a casa menos demorado. Muito calor. Cansada. Muito cansada. E ainda a cabeça lá longe, lá onde queria estar agora mas não estou.

Dia longo, este. E amanhã dia de voltar ao trabalho, novamente a partir de casa para entrar mais cedo e sair mais tarde. E, sendo que hoje não houve retorno nenhum, pode ser que amanhã haja. E era tão bom que houvesse… Porque eu sinto falta desse aconchego. É isso mesmo que é: aconchego. E eu sinto a falta mas não o exijo. Porque as coisas são mesmo assim.

Vou manter o meu ritual. É hora de desligar e enroscar, mas não o faço sem antes fazer o que faço todas as noites. E sei que não é só a mim que faz sentido, ou não me tinha sido apontada a mudança de comportamento quando tudo me doía. E saber que essa mudança foi notada ainda me deu mais certezas.

É uma treta. Mas um dia…um dia o meu gut feeling vai ter razão.

Por hoje chega. Dia demasiado longo e preenchido. Amanhã? Prevê-se muito trabalho. Mas será melhor e mais tranquilo. E voltarei a repetir o ritual matinal, depois de repetir hoje o ritual nocturno.

Sim. Amanhã será melhor. Por agora chega.