Domingo que começou demasiado cedo, sem necessidade. E sem a consulta semanal com o terapeuta fofinho que tanta falta me faz. Especialmente quando, como agora, tento soltar o que é para deixar ir e preciso de falar sobre isso com quem me ouve sem julgamentos e me orienta para que, eu mesma, encontre o caminho a seguir.
Deixei de contar os dias de silêncio, mas sei que já são treze. O recorde está nos vinte. E, parece-me, rapidamente será batido. Não vou procurar quebrar o silêncio. Não me cabe a mim fazê-lo. Não fui eu que o iniciei. Não fui eu que mudei. Não fui eu que descartei cinco anos de algo que, sei agora, significa zero. Se me afastei? Pode dizer-se que, de certa forma, sim. Ou simplesmente me remeti ao meu lugar.
Logo se vê se o silêncio será quebrado. E, se acontecer, quando. E, claro, o jantar não vai acontecer. Mas isso eu já sabia desde o primeiro dia. Ainda quis acreditar que seria possível. Estava apenas a iludir-me a mim mesma, como quiseram fazer comigo. E eu, até certo ponto, deixei.
Não deixo mais. Para mim não faz sentido pegar num assunto e sugerir algo quando, na verdade, não há vontade para que aconteça. Para mim esse comportamento, essa atitude, não faz sentido. E, talvez por isso, me magoe. Mas não me vai magoar por muito mais tempo.
Uma das características da Perturbação de Personalidade Borderline é passar do 8 ao 80. One day you care, the next you don’t. Quis acreditar que isso não iria acontecer neste caso, mas está a acontecer. Não gosto de sentir isto desta forma, mas vejo esta mudança como um mecanismo de defesa. Para evitar continuar a magoar-me.
Não me vou alongar muito mais sobre o assunto. Não o quero fazer. Assim como não quero saber se ou quando o silêncio será quebrado. Mas preciso da orientação do terapeuta fofinho para me ajudar a perceber se estou, ou não, no caminho certo…
Amanhã? Será melhor. Um dia atrás do outro atrás do um. Se há alguém aqui que sai a perder, não sou eu…
