Daily Archives: 12/08/2024

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Segunda feira. E, para já, a semana promete ser longa.

Último dia deste ciclo de Fisioterapia, consulta de avaliação com o Fisiatra. Dia de lhe dizer que não, não estou melhor e que o foco do tratamento não pode ser (só) o reforço do tónus muscular das pernas e alguma marcha, que acho sempre pouca. O foco principal tem que ser o equilíbrio. Foi com foco no trabalho de equilíbrio que saí da Fisioterapia hospitalar a conseguir andar mais a direito e sem necessidade de me apoiar à direita para além da bengala à esquerda. Lembro-me das palavras do Miguel, o último estagiário que apanhei e que trabalhou muito comigo e puxou pelo meu equilíbrio, quando me disse “Catarina, não precisa da bengala para nada!” Treinámos equilíbrio, subida e descida de escadas, marcha de várias formas e velocidades no corredor do Hospital, chegámos a experimentar a marcha no exterior, onde o piso de calçada mais me atrapalha, especialmente quando existe inclinação como houve nessa experiência. E foi depois desse exercício que me disse que não preciso da bengala…

No dia seguinte, curiosa com o que ele me tinha dito, eu e a minha mãe decidimos atravessar o parque até ao paredão. E foi ainda no parque, longe do paredão que lhe disse “hoje levas tu a bengala, vou experimentar ir até ao paredão sem qualquer apoio…”. E consegui! Atravessei o parque sem bengala e sem me apoiar a ela. Atravessei a estrada. Subi a rampa de acesso ao paredão. Andei um pouco por lá para ver como me sentia e como corria caminhar sem bengala e sem apoio. E correu bem.

Na hora de regressar a casa, fazer novamente o percurso até ao parque, atravessar o parque, atravessar a avenida, vir pela rua de sempre e rumar até casa. Sempre sem qualquer apoio. Foram 3 km que me deixaram cheia de orgulho pelo resultado do trabalho de muitas sessões, de muitas horas de trabalho intenso e sempre focado no equilíbrio. No dia seguinte o Miguel já não estava no Hospital, já tinha terminado o estágio. Mas estava a fisioterapeuta responsável pelos estagiários e que me acompanhou nas últimas sessões. E partilhei com ela os 3 km de sucesso e orgulho. Porque também foi ela que me ajudou no processo, também por ser ela a responsável pelos estagiários. Foi, no fundo, um bom trabalho de equipa. E eu estava feliz com a possibilidade de largar de vez a bengala. Mas também me lembro de, quando fui à última consulta de avaliação com a Fisiatra do Hospital, ela me ter dito que, com as lesões que apresento, largar de vez a bengala vai ser praticamente impossível…

Ouvi e, calada, aceitei. Mas sempre a pensar que, se calhar, com muito trabalho, talvez pudesse largar a bengala. Por muito difícil que pareça dado o desequilíbrio que sinto e, pelos vistos, dada também a lesão que tenho, de facto, no cérebro.

Duas ou três semanas de pausa, sem qualquer trabalho de natureza nenhuma à espera de uma vaga na Clínica de Fisioterapia. E, logo depois de ter iniciado o primeiro ciclo, o calor abrasador à hora de almoço, à torreira do Sol no caminho até ao autocarro. 1,5km sem qualquer sombra nem ponto de repouso. E comecei a sentir-me a regredir. Não só pelo calor mas também por perceber que não havia qualquer trabalho de marcha ou equilíbrio… No ciclo seguinte a mesma coisa. Tónus muscular das pernas e movimentação dos membros inferiores. Até que o ciclo foi interrompido porque o meu corpo decidiu pregar-me uma partida de dia da criança num sábado aborrecido e sem planos.

Mais um período de tempo à espera de nova vaga, noutro horário agora já com autocarro a 450 metros de casa. Mas o trabalho? Igual…

Em nova consulta com o Fisiatra falei na questão da marcha e do equilíbrio. Continuou o tónus muscular como trabalho principal, mas inserindo agora (algum) trabalho de marcha. Equilíbrio? Nada

Esse último ciclo terminou hoje e na consulta de avaliação com o Fisiatra reforcei a urgência de trabalhar o equilíbrio. Já sei que vou ter que esperar uma a duas semanas até ter nova vaga para tratamento. E estou muito curiosa com o que vai acontecer com o trabalho de equilíbrio…

Hoje saí de casa mais cedo para chegar a casa mais tarde do que o habitual. Sozinha, fui a todos os sítios que tinha que ir depois da Fisioterapia e da consulta de avaliação. Caminhar custou-me horrores. As dores nas pernas, com o calor infernal que está, intensificam-se e caminhar é doloroso. Mesmo agora, tantas horas depois de chegar finalmente a casa, as dores nas pernas estão presentes e incomodam bastante.

Mas, com ou sem dores, com mais ou menos desequilíbrios, está na hora de descansar. Dar o dia por terminado e ir dormir. Amanhã, ao contrário do que estava previsto, vai ser mais um dia igual aos outros. Quem sabe não vá até à praia. Não aquela que me obriga a atravessar o parque, mas outra onde o autocarro me pode levar e onde não existe escadaria de acesso à praia. Vamos ver. Agora o urgente é ir descansar. Amanhã? Logo se vê. Por hoje o dia está dado como terminado. E foi longo, difícil e doloroso