Sexta feira e o total desânimo…
E ter medo de desapontar aqueles que ainda apostam em mim. Ele, que mesmo à distância de um clique, me dá força todos os dias só por estar lá, do outro lado, mesmo a 135 km de distância. E o professor Pedro que, depois de ler o que lhe escrevi ontem sobre a minha frustração, me responde hoje com a indicação de que vai traçar um plano de asanas específico para mim e me indica uma modalidade do Yoga que eu não conhecia e que é específico para quem tem determinadas dificuldades. Como eu, neste momento… É o Iyengar Yoga.
A fisioterapia continua, mas os exercícios não me convencem. Não sinto que me ajudem por aí além. Mas, se tenho que continuar, seja! Acredito que o Yoga me irá ajudar mais (e melhor) com as questões do equilíbrio do que a fisioterapia, mas que raio sei eu? Sei como estou, como me sinto e comparo com o trabalho realizado no Hospital…
30 minutos de Viparita Karani hoje ao final do dia. Que passaram rapidamente. Que souberam muito bem. Que podiam perfeitamente ter sido muitos mais minutos. O professor Pedro sugeriu 15 minutos de manhã depois do pequeno almoço, 15 minutos ao final do dia antes de jantar. Ainda não consegui organizar os meus horários para encaixar os 15 minutos de manhã, mas vou ter que conseguir. Porque me alivia as dores nas pernas, me relaxa, me sabe bem, me faz bem.
Mas o desânimo é total… Só me apetece chorar. Mas, como sempre, não consigo…
Já devia estar a dormir? Já. Vontade de ir para a cama? Não tenho. A vontade é apenas uma: chorar.
Segunda feira tenho consulta com o psiquiatra. E vou ter que lhe dizer que estou profundamente deprimida e a precisar de ajuda. E que preciso de chorar e NÃO CONSIGO! Eu sei que é sexta feira à noite, mas segunda feira à tarde ainda parece estar tão longe…e eu não sei até quando e como vou continuar a aguentar tudo isto.
Recordo-me das palavras do psiquiatra quando lhe disse, em Abril, que me sentia sozinha e andava ao sabor do vento. Disse-me: “não está sozinha, Catarina, tem uma vasta equipa de médicos à sua volta a tratar do seu caso”. Passados quase quatro meses, não houve avanços e sinto-me cada vez mais sozinha, cada vez mais ao sabor do vento. E não aguento muito mais…
Sim, eu preciso de ajuda. Urgente. E não quero desapontar ninguém: ele, que está sempre lá mesmo que à distância de um clique e o professor Pedro que continua a apostar em mim e a encontrar alternativas para que eu não desista do Yoga, que seria o mesmo que desistir de mim. Mas, acima de tudo e mais importante, não quero nem posso desapontar-me a mim mesma! Mas está cada vez mais difícil…
Já é tarde. Já devia estar a dormir há muito tempo. Amanhã é dia de Yoga no horário habitual mas em local mais distante. Vai mexer com os meus horários e fazê-los corresponder com os horários dos autocarros. E eu não quero ir dormir…quero chorar. E não consigo…
Mas, o dia de amanhã, logo se vê. E mesmo esta noite será assim: logo se vê.