Jana. Nome da tempestade que me abanou e encharcou no caminho para casa. Que me fez tremer. E que me fez rir. Rir muito. Riso de gargalhada solta e sonora enquanto me debatia de frente com a força de um vento desmedido que teimava em tentar derrubar-me. Ri como há muito tempo, demasiado tempo!, não ria!
Em casa tento reorganizar as ideias na minha cabeça das mil e uma coisas que tinha em lista para fazer esta tarde. São 16 horas e das mil e uma coisas ainda não fiz uma única. Porquê? Porque teimo em deixar-me distrair por coisas pequenas. Até porque as coisas grandes estão todas na minha cabeça a causar dano quando penso nelas. E por isso permito-me ser distraída por coisas menores que não doem, que não magoam…
A vontade é fechar-me no quarto, em posição fetal em cima da cama, fechar-me sobre mim mesma numa tentativa de auto-protecção. Mas proteger-me de quê?
………acima de tudo, proteger-me de mim mesma. Já conheço demasiado bem o poder de auto-destruição que carrego comigo. O poder imenso de me magoar a mim mesma. E a vontade de me auto-punir por algo que, já sei, não procurei, não fiz por alcançar, mas que me encontrou e veio para ficar…
Não, não tenho qualquer responsabilidade no que me chegou. Ainda assim tenho aquela vontade imensa de auto-punição. Como se, de facto, a responsabilidade fosse inteira e exclusivamente minha…e qualquer auto-punição merecida.
Jana. Nome de tempestade que, lá fora, vai fazendo estragos e deixando marcas por onde passa. Cá dentro? Há uma outra tempestade com um nome para mim impronunciável que vai progredindo e fazendo estragos e deixando marcas. Em mim. Uma tempestade que não vai passar nem desviar-se da rota quando o único alvo sou eu.
Auto-punição? Merecida. Ou mecanismo de auto-protecção para navegar na tempestade que me atingiu? Na realidade não sei. Mas estou disposta a descobrir. Deitada em cima da minha cama. Em posição fetal…porque não vai doer mais do que já dói.
…………
22h15m…e das tais mil e uma coisas que tinha em lista para fazer esta tarde, fiz 2. As outras 999? Não me lembro de nem uma…o que eu tinha em mente para fazer perdeu-se por aí numa memória com sérias dificuldades em absorver informação. Não me lembro de nem uma coisa que tinha em mente para fazer, mas sei que há muita coisa que preciso de fazer e não consigo dar esse passo…
Amanhã. Amanhã logo se vê. Hoje não. Hoje recolho cedo. Porque amanhã é dia de Yoga logo de manhã cedo e o meu corpo está a cobrar-me o tão necessário descanso que insisto em não lhe dar…e ir até ao limite, ou para lá do limite!, não é nem bom sinal nem bom para mim. Seja a nível físico ou mental…
