Segunda feira, um calor infernal e impeditivo de ir à rua, um café em casa que aconteceu já há algum tempo, os lápis de cor da minha bolha que se resumem ao lápis preto enquanto esperam por uma oportunidade para a abertura do leque de cores que, durante algum tempo, me preencheram os dias, o silêncio de quem tem a pressa de quem perdeu o encanto do que é novidade e não se queda mesmo com medo, mesmo com dúvidas porque encontra em mim aquele contraponto que é o não ter pressa. Que eu não tenho. Deixei de ter.
Porque eu opto sempre pelos caminhos mais difíceis, porque eu opto sempre por cuidar do que existe de facto, porque eu opto por fazer crescer tudo aquilo que construo. Sim, mesmo com medo. Sim, mesmo com dúvidas. Sim, mesmo cansada. Por dentro, onde me pesa tanto tudo o que sinto, tudo o que vivo. Mas deixei de ter pressa.
A armadura prende-me os movimentos para evitar aquele passo que sei ser desastroso. Protege-me do impacto silencioso do confronto com uma realidade que me chegou sem convite.
O silêncio. E eu não tenho pressa. De armadura que me protege do silêncio. Acolhida pela minha bolha onde os meus lápis de cor aguardam pacientemente o seu tempo também sem pressa.
Terminou o encanto da novidade? Para mim não. Todos os dias, desde que sem pressa, encontro novos pontos de encanto que me fazem querer dar uso aos lápis de cor fora da minha bolha. Mas, por agora, será na minha bolha que permaneço sem pressa. Ainda a deixar-me levar pelo encanto do todo, novidade ou não. Até ao dia em que, na minha bolha, a minha armadura me impeça de dar mais um passo que seja. Em direcção ao silêncio. De quem tem pressa e deu por terminado o encanto da novidade…
