…os meus dias começam a perder a cor… Aliás, já começaram a perder a cor há algum tempo…mas continuo a fazer de conta!
A fazer de conta que estou bem quando estou longe, tão longe!, de estar bem…
A fazer de conta que nada disto me está a consumir e a destruir aquela parte de mim que teima em enfrentar e resistir e que aceita todos os desafios…
A fazer de conta que não sinto absolutamente inútil e um imenso fardo para quem me está mais próximo…
A fazer de conta que chorar não é para mim, quando é!, quando me é urgente!, quando me é tão necessário, quando…quando chorar é tudo o que me resta para lamber as feridas, aceitar isto que me apanhou na curva, aceitar as minhas já imensas dificuldades e limitações, quando chorar, neste momento, é o que mais preciso e nem isso consigo…
Os meus dias começam, ou continuam!, a perder a cor. Cor que tenho usado para continuar a fazer de conta. Cor que me é negada quando tento, quase desesperadamente, extravasar o que continuo a engolir calada e me dizem “já chega!”, “já percebi!” e “não é a hora nem o local para isso”…
Lamento! NÃO CHEGA! NÃO percebeste! NÃO HÁ hora ou local certo quando tudo isto me DÓI! TODOS OS DIAS! E TODOS OS DIAS VAI CONTINUAR A DOER!
Deixem-me falar…deixem-me extravasar…quero, preciso!, de recuperar a COR nos meus dias cada vez mais negros, sombrios, doridos e doídos! Por isso…
…não me exijam que me cale…
Não é justo para vocês? E para mim? É?!
Só peço um espaço seguro onde possa extravasar, dizer o que me dói, dizer o quanto me dói… Sem ter que perguntar “e EU?!”
…os meus dias começam a perder a cor…e eu preciso de a reencontrar. Rapidamente. E em segurança. Porque brincar ao Faz de Conta também cansa. E, acima de tudo, destrói…
(…não me exijam que me cale…porque eu não aguento muito mais…)
