Continua a faltar-me a cor. Mas, desta vez, já não me falta café. Que é quase a mesma coisa…só que não!
Há dias mais difíceis do que outros. E o de hoje, que começou estupidamente cedo sem nada programado para o início da manhã, foi longo, dorido e difícil…
Há muito tempo que digo isto: toda a gente devia ter um psicólogo. E hoje foi dia de consulta. E foi daquelas doridas e difíceis. Porque há pontos que fazem doer quando tocados. E todos temos esses pontos. Que doem quando tocados e têm que ser trabalhados por quem sabe: o psicólogo. Ou, neste caso, a psicóloga. Que é quem veio tomar o lugar do terapeuta fofinho de quem sinto muito a falta!
Mas ela, a minha nova terapeuta, pode não me conhecer tão bem como o terapeuta fofinho já me conhecia. Mas bastou-me dizer-lhe que a cor me fugiu para ela saber exactamente onde mexer…!
Foi difícil? Muito. Doeu? Mais do que eu estava à espera. E mexeu cá dentro com tanta coisa que, mesmo depois daqueles 90 minutos de conversa, fui espalhando por aí os danos. E não queria.
Foram gritos de socorro? Foram. Foi a insegurança da falta de colo, da ausência de validação de mim por inteiro, foi o silêncio ensurdecedor que me grita para estar calada quando preciso tanto de extravasar, foi………foi a abertura de uma autêntica caixa de Pandora. Que me assusta. Claro que sim. Porque sei que guardar tudo bem guardado nas respectivas gavetas da caixa de arrumação de tanta coisa que tenho para arrumar vai dar trabalho, vai levar tempo, vai-me deixar vulnerável, vai fazer-me cair. E pode ser que caiam também as lágrimas que teimam em não cair e que eu preciso tanto de soltar…
Claro que ele foi quem levou por tabela. E eu não queria nada que isso acontecesse… Só quero, só preciso!, que ele continue de mão dada comigo. Que não me negue colo quando mais preciso. Que não me invalide nesta minha nova realidade…
A cor continua a faltar-me. Mas há café, que é quase a mesma coisa. Só que não…
Por agora? Preciso muito de tempo. E de espaço. E de colo. E da certeza que não estarei sozinha quando chegar o momento de secar as lágrimas que teimam em não cair…
