Mais uma voltinha, mais uma viagem, mais uma (neuro)consulta.
Dia de mexer nas feridas. E escarafunchar. Não até fazer sangue. Já nos contentamos, a Neuropsicóloga e eu, em fazer as lágrimas cair.
Vamos ver o que se consegue… O bloqueio vai ter que ser desbloqueado…doa a quem doer. Que, neste caso, serei só eu…
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…a preocupação existe. Da Neuropsicóloga e minha. As lágrimas insistem em não cair…
O trabalho de casa que não foi passado para o papel, mas que está perfeitamente estruturado no labirinto que é a minha cabeça, tem até dia 3 de Outubro para ser escrito. Com tanto que está previsto acontecer (ou não…) até lá, pode haver alterações significativas. Também pode acontecer, e era bom que acontecesse, o bloqueio emocional dar lugar às lágrimas.
É importante relembrar a diferença entre implosão e explosão. E a força da pressão acumulada com enorme potencial para grandes estragos não pode ser descurada.
Sei que, um dia, irei quebrar. Irei cair. Mas, ao acontecer, que seja o resultado do recomendável e saudável processo de explosão. Não por implosão, que traria danos mais severos e, até, perigosos…
Percebo agora que este bloqueio emocional se deve, e muito!, à deficiente rede de apoio. Deficiente para não dizer logo ausente. Inexistente. Porque só me permito explodir e desmoronar tendo a garantia da presença de quem me ampare num colo acolhedor, me aconchegue num abraço protector, me estenda a mão para me permitir reerguer-me. E essa suposta rede de apoio tem-se mostrado muito deficiente, ou mesmo completamente inexistente. E, sem uma rede de apoio funcional, a pressão do que continuo a engolir vai aumentando…
Já optei por manter em silêncio o que me poderia permitir extravasar. Porque “já chega”, “já percebi” e “não é a hora nem o local”, a frustração de quem não pode fazer nada para me ajudar quando eu própria lido com a frustração de já não ser o que era, quem era…fico em silêncio. A engolir. A aumentar e acumular a pressão…
Mais uma vez, e há muito tempo que não o digo, primeiro os outros. Porque a frustração dos outros é causada pela minha própria frustração. E eu não quero ser um fardo para ninguém. Por isso, primeiro os outros. Eu…? Quando der…
…logo se vê. Um dia. Não sei quando. Não sei como. Mas um dia…
Implosão vs Explosão. E, neste momento, nem ele me poderá levar ao colo como prometeu há dois anos que faria…
…logo se vê…
